segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

SADUCEUS - Verbete

VERBETE – SADUCEUS [Ampliado]
Apesar de ser menos numerosos que os fariseus, eles detinham muito poder político-religioso, pois este grupo era intimamente ligado ao Templo e ao Sacerdote. Alguns estudiosos afirmam que o nome se origina na palavra grego “syndikoi”, que na história ateniense significa aqueles que defendem as leis existentes contra a inovação.
A primeira menção histórica deles por nome ocorre nos escritos de Josefo, indicando que se opunham aos fariseus na última metade do segundo século AEC. (Jewish Antiquities [Antiguidades Judaicas], XIII, 293 [x, 6]), mas estas informações precisam ser aceitas com reservas. Alguns estudiosos fazem uma associação com o Sumo Sacerdote “Zadoque” ainda nos dias de Davi (2 Sm 8.17; 15.24) e Salomão (1 Rs 1,34,35; 1 Cr 12.28). O profeta Ezequiel atesta sua linhagem sacerdotal (Ez 40,46; 43,19; 44,10-15). Assim o grupo era visto como o partido dos Sumos Sacerdotes e das famílias aristocráticas, entretanto, nem todos os sacerdotes eram saduceus.
Exerciam poder político; apoiavam os governantes asmoneanos (Herodes). Através do Sinédrio exerciam o poder político e assimilaram a cultura helenista e por esta razão contavam com a simpatia das autoridades romanas. Por outro lado, enfrentavam feroz e violenta oposição dos fariseus e zelotes.
Eram mais conservadores e optavam por uma interpretação literal da Torá (lei de Moisés) e rejeitavam a lei oral ou tradição; conforme Atos (23.8) eles não criam na ressurreição, nem anjo, nem espírito [racionalistas e anti-supernaturalistas]; foram eles que levantaram a questão da ressurreição e do casamento, mas Jesus responde-lhes com os escritos de Moisés (Pentateuco), única parte da Bíblia que diziam crer (Mt 22.23-34; Mc 12.18-27; Lc 20.27-40). Diante do Sinédrio Paulo levanta questões que opõem os saduceus e fariseus (Atos 23.6-10).
Enfatizavam a importância fundamental do Templo e todo o sistema sacrificial, pois era sua base política e fonte econômica (os mercadores do Templo pagam taxas aos sacerdotes). Eles ensinavam que era especialmente no Templo e no ensino e nas ordenanças provenientes dos sacerdotes, investidos em sua própria autoridade, o único guia suficiente para orientarem as pessoas [qualquer semelhança com o clericalismo protestante histórico ou o neo-evangelicalismo brasileiro, não é mera coincidência].  
Eles também, desconsideravam a interferência de Deus nas atividades humanas (nossos deístas atuais).
Associam-se ao fariseus e zelotes em oposição a Jesus e depois contra a Igreja Primitiva, unicamente por que anteviam um prejuízo econômico e político. No julgamento e condenação de Jesus os saduceus tiveram um papel decisivo, visto que o Sumo Sacerdote Caifás era saduceu e um grande número de membros do Sinédrio também (Mt 26.59-66; Jo 11.47-53; Atos 5.17,21).
Transparece que é pela iniciativa deles que o Sinédrio tenta impedir o avanço da mensagem cristã após a morte e ressurreição de Jesus, primeiramente ameaçando Pedro e João e posteriormente autorizando o apedrejamento de Estevão (Atos 4.1-23; 5.17-42; 9.14).
Desapareceram do cenário após a destruição do Templo em 70 d.C.


Me. IPG


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