VERBETE – SADUCEUS [Ampliado]
Apesar de ser menos numerosos que os fariseus, eles detinham muito poder
político-religioso, pois este grupo era intimamente ligado ao Templo e ao
Sacerdote. Alguns estudiosos afirmam que o nome se origina na palavra grego “syndikoi”, que na história ateniense
significa aqueles que defendem as leis
existentes contra a inovação.
A primeira menção histórica deles por nome ocorre nos escritos de
Josefo, indicando que se opunham aos fariseus na última metade do segundo
século AEC. (Jewish Antiquities [Antiguidades Judaicas], XIII, 293 [x, 6]), mas
estas informações precisam ser aceitas com reservas. Alguns estudiosos fazem
uma associação com o Sumo Sacerdote “Zadoque” ainda nos dias de Davi (2 Sm
8.17; 15.24) e Salomão (1 Rs 1,34,35; 1 Cr 12.28). O profeta Ezequiel atesta
sua linhagem sacerdotal (Ez 40,46; 43,19; 44,10-15). Assim o grupo era visto
como o partido dos Sumos Sacerdotes e das famílias aristocráticas, entretanto,
nem todos os sacerdotes eram saduceus.
Exerciam poder político; apoiavam os governantes asmoneanos (Herodes).
Através do Sinédrio exerciam o poder político e assimilaram a cultura helenista
e por esta razão contavam com a simpatia das autoridades romanas. Por outro
lado, enfrentavam feroz e violenta oposição dos fariseus e zelotes.
Eram mais conservadores e optavam por uma interpretação literal da Torá
(lei de Moisés) e rejeitavam a lei oral ou tradição; conforme Atos (23.8) eles
não criam na ressurreição, nem anjo, nem espírito [racionalistas e
anti-supernaturalistas]; foram eles que levantaram a questão da ressurreição e
do casamento, mas Jesus responde-lhes com os escritos de Moisés (Pentateuco),
única parte da Bíblia que diziam crer (Mt 22.23-34; Mc 12.18-27; Lc 20.27-40).
Diante do Sinédrio Paulo levanta questões que opõem os saduceus e fariseus
(Atos 23.6-10).
Enfatizavam a importância fundamental do Templo e todo o sistema
sacrificial, pois era sua base política e fonte econômica (os mercadores do
Templo pagam taxas aos sacerdotes). Eles ensinavam que era especialmente no
Templo e no ensino e nas ordenanças provenientes dos sacerdotes, investidos em
sua própria autoridade, o único guia suficiente para orientarem as pessoas [qualquer
semelhança com o clericalismo protestante histórico ou o neo-evangelicalismo
brasileiro, não é mera coincidência].
Eles também, desconsideravam a interferência de Deus nas atividades
humanas (nossos deístas atuais).
Associam-se ao fariseus e zelotes em oposição a Jesus e depois contra a
Igreja Primitiva, unicamente por que anteviam um prejuízo econômico e político.
No julgamento e condenação de Jesus os saduceus tiveram um papel decisivo,
visto que o Sumo Sacerdote Caifás era saduceu e um grande número de membros do
Sinédrio também (Mt 26.59-66; Jo 11.47-53; Atos 5.17,21).
Transparece que é pela iniciativa deles que o Sinédrio tenta impedir o
avanço da mensagem cristã após a morte e ressurreição de Jesus, primeiramente ameaçando
Pedro e João e posteriormente autorizando o apedrejamento de Estevão (Atos
4.1-23; 5.17-42; 9.14).
Desapareceram do cenário após a destruição do Templo em 70 d.C.
Me. IPG
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