sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Jeremias: O Profeta e Sua Poesia – Lamentações


            O livro que iremos abordar faz parte daquele subgrupo subestimado de forma geral pelos cristãos e em particular dos estudiosos e comentaristas bíblicos. Outros livros que compõe esse subgrupo de literatura bíblico inspirado, mas desapreciados são os profetas Ageu e Obadias, bem como Filemom, a segunda e terceira epístolas de João e a de Judas.
            De forma especifica uma das razões pela qual o livro referido não atrai muitos fãs está em seu próprio título – Lamentações. Nesses dias de um evangelicalismo hedonista e materialista, a única coisa que não interessa à maioria é um livro que se constituiu em lamentos; um livro que trata de derrotas e destruição. A pseuda teologia da prosperidade impregnou de tal forma na mente e coração dessas pessoas - a felicidade está no sucesso material - de maneira que qualquer coisa que tenha aparência de insucesso é automaticamente rejeitada – e o profeta Jeremias está Lamentando a maior e mais trágica derrota sofrida pelos judeus em sua historia bíblica (repetida definitivamente nos anos 70 d.C., quando os exércitos romanos destruíram a cidade e o templo).
            Todavia, dentro da literatura bíblica poucos são tão atuais e necessárias de serem recuperadas pelos evangélicos brasileiros como esse pequeno livro de lamentos poéticos. O Brasil nunca esteve tão próximo do fim, como nos dias atuais; o cerco do mal está se fechando sobre a nação; nunca um judiciário e um parlamento se depravaram e se prostituíram tanto quanto nessas últimas três ou quatro décadas. As leis são elaboradas nas bigornas da corrupção; a justiça é torcida pelas mentes bestiais que enaltecem a maldade e a depravação, enquanto mantém a população sobre a tensão e o medo.
            É preciso urgentemente nos voltar para esse pequeno conjunto de cinco poemas de lamentações de Jeremias! É preciso resgatar sua mensagem e fazermos uma profunda reflexão sobre o seu contexto histórico. O que levou Deus a se irar a ponto de enviar sobre a cidade de Jerusalém os terríveis exércitos babilônicos? O que aquelas pessoas fizeram para se tornarem alvos do juízo divino? Estamos a poucos passos de como Jeremias, termos que rasgar as nossas vestes e nos cobrir de saco e cinza e nos assentar e lamentar a eminente destruição de nosso país, de nossa sociedade.
            Por quarenta anos Jeremias pregou sua mensagem de arrependimento e conversão ao Senhor, mas as pessoas tamparam seus ouvidos para não ouvir, e fecharam seus olhos para não verem as realidades do eminente juízo de Deus sobre eles, e cauterizarão suas mentes para não compreenderem a mensagem do profeta. Então, assim como o profeta havia dito, os exércitos de Nabucodonosor vieram sobre eles e a destruição foi total – a cidade e o templo destruídos completamente; milhares morreram e outro tanto foram levados como escravos para a Babilônia e os que sobreviveram ficaram em completo opróbrio e penúria.
Agora somente resta ao velho e cansado profeta, o cobrir-se de cinzas e saco, e chorar, e lamentar a ignorância e a estupidez de seu povo, que preferiu sofreu as consequências do implacável juízo, do que se arrependerem e se converterem e assim, usufruírem da misericórdia e graça de seu Deus. E se o juízo veio sobre o “povo de Deus” daqueles dias, porque não sobreviria sobre o “povo de Deus” dos dias atuais? A única coisa capaz de reverter o juízo eminente de Deus sobre a nação brasileira é um arrependimento e conversão sincera daqueles que possuem o conhecimento da palavra de Deus - nos humilhar, orar, e buscar genuinamente a Deus. Caso contrário os exércitos corruptos do mal não deixaram pedra sobre pedra desta nação.
Lamentações 1
Como está abandonada a cidade tão povoada! Assemelha-se a uma viúva a grande entre as nações. Rainha entre as províncias, ficou sujeita ao tributo.
Ela chora pela noite adentro, lágrimas lhe inundam as faces, ninguém mais a consola de quantos a amavam. Seus amigos todos a traíram, e se tornaram seus inimigos.
Judá partiu para o exílio em miséria e dura servidão. Habita entre as nações sem achar repouso. Atingiram-no seus perseguidores entre as suas fronteiras.
Estão de luto os caminhos de Sião, e ninguém mais vem às suas festas. Suas portas todas estão desertas, gemem seus sacerdotes, afligem-se as virgens, e ela mesma vive na amargura.
Apossaram-se dela seus opressores, e tranquilos vivem seus inimigos, pois o Senhor a aflige por causa do número de seus crimes. Partiram cativos os seus filhos diante do opressor.
Desapareceu da filha de Sião toda a sua glória. Seus príncipes se tornaram como cervos que não encontraram pastagens e que fogem, esgotados, diante dos que os perseguem.
Nestes dias de males e vida errante, recorda-se Jerusalém das delícias dos tempos idos. Agora que seu povo sucumbiu sob os golpes do inimigo e ninguém vem socorrê-la! Olham-na seus inimigos, e zombam de sua devastação.
Graves foram os pecados de Jerusalém: ela ficou uma imundície. Quem a honrava, agora a despreza porque lhe viram a nudez. E ela geme e esconde o rosto.
Vê-se sua mancha sobre suas vestes. Ela não previra esse fim. É imensa a sua decadência, e ninguém vem consolá-la. Olhai, Senhor, para a minha miséria, porque o inimigo se ensoberbece.
O adversário lançou a mão sobre todos os seus tesouros. E ela viu os pagãos penetrarem em seu santuário, aqueles dos quais dissestes que não entrariam em vossa Assembléia.
Geme todo o seu povo à procura de pão. Por víveres troca suas joias a fim de recuperar as forças. Vede, Senhor, e considerai o aviltamento a que cheguei!
Ó vós todos, que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual à dor que me atormenta, a mim que o Senhor feriu no dia de sua ardente cólera.
Até aos meus ossos lançou ele do alto um fogo que os devora. Sob meus passos estendeu redes e me fez cair violentamente, enchendo-me de pavor. Eu ando amargurado o dia inteiro!
O jugo dos meus crimes está ligado pelas suas mãos. Pesa-me ao pescoço um feixe que faz vacilar minha força. O Senhor me entregou em mãos das quais não posso libertar-me.
Rejeitou o Senhor todos os bravos que viviam em meus muros. Enviou contra mim um exército a fim de abater minha jovem elite. O Senhor esmagou no lagar a virgem, filha de Judá.
Eis o motivo por que choro; fundem-se em lágrimas os meus olhos, porque ninguém a meu lado me consola, nem me alenta. Vivem consternados os meus filhos, porque triunfa o inimigo.
Sião estende as suas mãos sem que ninguém a console. Mandou o Senhor contra Jacó inimigos sem conta. Jerusalém se tornou entre eles objeto de aversão.
O Senhor é justo, porque fui rebelde à sua voz. Escutai todos vós, ó povos, e vede a minha dor. Minhas virgens e meus jovens foram conduzidos para o exílio.
Implorei a meus amigos e eles me iludiram. Meus sacerdotes e os anciãos pereceram na cidade enquanto buscavam alimento para revigorar as forças.
Vede, Senhor, a minha angústia! Tremem minhas entranhas, e meu coração está perturbado por causa de minhas revoltas. De fora mata a espada, de dentro alastra a morte.
Meus suspiros são ouvidos sem que ninguém me console. Meus inimigos, vendo minha ruína, sentem-se felizes com a vossa intervenção. Fazei vir o dia por vós predito! Que a mesma sorte lhes advenha!
Que todos os seus crimes vos estejam presentes! Tratai-os como a mim me tratastes por todos os meus crimes! Porque não cessam meus gemidos, e está doente meu coração.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Outro Blog
Historiologia Protestante

Artigos Relacionados
Juízo Sobre Uma Sociedade Sem Justiça (Onde Está a Voz Profética?)
Profetas: Amós e a Justiça
O Período Clássico do Profetismo no Primeiro Testamento - Século VIII
O Desenvolvimento do Profetismo em Israel/Judá
Uma Revisão desde a Divisão do Reino – Judá
História do Antigo Israel: Uma Revisão desde a Divisão do Reino – Israel
Historia do Antigo Israel: Judá e o Exílio Babilônio
Livros Poéticos e de Sabedoria - Introdução Geral

Referências Bibliográficas
ALONSO SCHÕKEL, Luis; MATEOS, Juan e VALVERDE, José Maria. Jeremias. Madri: Cristiandad, 1967.
ALTER, Robert; KERMODE, Frank. Guia literário da Bíblia. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1997
ARNOLD, Bill T. e BEYER, Bryan E. Descobrindo o Antigo TestamentoSão Paulo: Cultura Cristã, 2001.
BERG, Meint R. Vander. Jeremias: Una Introducción a sus Profecias. Barcelona: felire, 2000.
BRIGTH, Jonh. História de Israel. 7ª. ed. São Paulo: Paulus, 2003.
BULLOCK, C. Hassell.  An Introduction to the Old Testament Poetic BooksChicago. Moody Press, 1988.
CASTEL, Francois. Historia de Israel y de Judá. Desde los orígenes hasta el siglo II d.C. Estella: Editorial Verbo Divio, 1998.
CONDAMIN, Albert. Poémes de la Bible. 2d ed. Paris: Gabriel Beauchesne et ges Fils, 1, 1993.
DAVIDSON, F. O Novo Comentário da Bíblia, v.2. São Paulo: Edições Vida Nova, 1963.
DAVIDSON, Robert. Jeremiah and Lamentations, vol. 1. Philadelphia: Westminster, 1983. (Daily Bible Study Series).
GUNNEWEG, Antonius. Hermenêutica do Antigo Testamento. São Leopoldo: Sinodal, 2003.
HARRISON, R. K. Jeremias e Lamentações: Introdução e Comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 1980.
HOLLOWAY, Jeph. A Wound Incurable - The Laments of Jeremiah as a resource for Ministers in crisis. In: http: ''www.christianethicstoday.com Acesso em 21 /10 /09.
LASOR, Wílliam S., HUBBARD, David A. e BUSH, Frederic, W. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 1999.
MESQUITA, Antônio Neves de. Estudo nos livros de Jeremias e Lamentações de Jeremias. 2ª ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1980.
NOTH, Martin. Historia de Israel. Barcelona: Ediciones Garriga, 1966.
PLAMPIN, Richard T. Jeremias – seu ministério, sua mensagem: um comentário cronológico. Rio de Janeiro: JUERP, 1987.
SCHÕKEL, Alonso. Manual de Poética Hebrea. Madrid: Cristiandad, 1987.
SCHREINER, Josef. Palavra e mensagem do Antigo Testamento. Tradução Benôni Lemos. 2ª ed. São Paulo: Editora Teológica, 2004.
SICRE, José L. Los Profetas de Israel y su Mesaje: antologia de textos. Madrid: Ediciones Cristiandad, 1986.
TENNEY, Merrill C. (Org.). Enciclopédia da Bíblia. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.
TOSAUS ABADIA, José Pedro. A Bíblia Como Literatura. Petrópolis: Vozes, 2000.
VIEIRA, Geraldo. D. A Grande Ruina: Teologia e Pedagogia do Castigo Divino em Jr 1:11 - 6:30. Juiz de Fora: s.n., 2008.
WILSON, Robert R. "Poetry and Prose in the Book of Jeremiah". In: CHAZAN, Robert; HALLO, William; SCHIFFMAN, LawTence. Ki Bamch Hu. Winona Lake: Eisenbrauns, 1999.
WELCH, Adam Cleghom. Jeremiah: His Time and His Work. Oxford: Oxford University Press, 1928.
WESTERMANN, Claus. Comentário al Profeta Jeremias. Madrid: Ediciones Fax, 1972. (Westminster Bible Companion).
WISEMAN, Donald. “Jeremias’’. In: BRUCE, Frederick F. Comentário Bíblico NVI - Antigo Testamento. Editora Vida, 2009.
WOLTERSTORFF, Nicholas. Lamento: A Fé em Meio ao Sofrimento e à Morte. Viçosa: Editora Ultimato, 2007.
YOUNG, E. J. Introdução ao Antigo Testamento. 2012.
ZOGBO, Lynell & WENDLAND, Emst. La Poesia dei Antiguo Testamento: Pautas Para su Traduccion. Miami: Saxedads Bíblicas Unidas, 1989. 305p.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Eliseu o Profeta Abençoador



“Diga-me, peço-te, todas as grandes coisas que Eliseu fez” (2 Reis 8.4).
[Heb ˒ĕl šā˓ אֱלִּישָע]
            Apesar dos feitos extraordinários realizados pelo profeta Eliseu ele continua à sombra de seu mentor, o profeta Elias, o qual veio a suceder. Essa pequena série iniciada tem propósito apenas resgatar o papel relevante que esse profeta exerceu na história israelita e sua significação para a história neotestamentária que haveria de ser escrita. Encontrarmos os links da vida e ministério de Eliseu e a vida e ministério de Jesus nos fascinam e concomitantemente nos revelam a unicidade das narrativas bíblicas.
Elias e Eliseu
Os ministérios de Elias e Eliseu, perpassando os reinados de Acabe, Acazias e Jeorão (850-800 AEC), demarcam o momento em que as atividades proféticas começaram a se manifestarem mais intensamente no palco da história israelita. Até aqui os protagonistas foram os sacerdotes, cujo apogeu foi a vida de Samuel e os reis com inicio frustrante de Saul, o apogeu com o reinado de Davi e a decadência (moral e espiritual) de Salomão. Nesse período os profetas aparecem esporadicamente e suas atividades são rápidas e ligadas diretamente ao trono e seus ocupantes.
Mas com Elias e Eliseu inicia-se um período de intensidade crescente da participação efetiva dos profetas no direcionamento histórico, das agora duas nações, Israel e Judá. A partir dos ministérios desses dois servos de Deus a boca profética não mais se calará e suas mensagens ferirão os ouvidos sensíveis de reis e sacerdotes corruptos que não mediram esforços para calá-los, mesmo que para isso tenham que mata-los. O profeta Jeremias passa a maior parte do tempo de seu longo ministério de 40 anos preso e muitas vezes jogado em um poço coberto de lama, mas como fizera com Elias, Deus providencio o seu sustento e o livrou da morte certa.
Elias e posteriormente Eliseu foram a pedra na sandália da dinastia de Onri. Apesar deste rei ocupar apenas alguns poucos capítulos nas páginas bíblicas do Primeiro Testamento, seu reinado foi longo e o reino de Israel (Norte) alcançou um apogeu politico econômico poucas vezes igualado, mas também poucos reinados produziram uma corrupção religiosa tão profunda quanto de Onri e seus descendentes: “E fez Acabe, filho de Onri, o que era mau aos olhos do Senhor, mais do que todos os que o antecederam. E, como se fosse pouco andar nos pecados de Jeroboão, filho de Nebate, ainda tomou por mulher a Jezabel, filha de Etbaal, rei dos sidônios, e foi e serviu a Baal, e o adorou” (1 Reis 16.30-31). Foi durante o reinado de Acabe que Hiel, o betelita, afrontou ao Senhor e reconstruiu a cidade de Jericó, ao qual Josué havia declarado com imprecação de maldição sobre aqueles que reedificassem a referida cidade canaanita (Josué 6.25). E essa imprecação se cumpre literalmente: Quando lançou os seus alicerces, morreu-lhe Abirão, seu primogênito e quando colocou as suas portas, morreu-lhe Segube, seu filho mais moço conforme a palavra do Senhor, que ele falara por intermédio de Josué, filho de Num” (1 Reis 16.34). Acabe e seu reinado é uma afronta aberta contra Deus, seu orgulho e prevaricação contra a Lei de Deus nos faz lembrar os governantes atuais que se acham donos e senhores de si mesmos.
Foi justamente durante esse ato abominável de Hiel que o profeta Elias será chamado para exercer seu ministério árduo (1 Reis 16.34; 17.1). Elias é cheio do poder do Espírito Santo e sua pregação e ministério é independente do templo e do trono. Assim também o será Eliseu, que receberá porção dobra do poder do Espírito Santo, e a mão do Senhor o usará de forma totalmente autônoma em relação às lideranças religiosas ou políticas. Essa será sempre a marca distintiva de todos os demais profetas que virão após eles.
Mesmo nos dias mais escuros e tenebrosos da história de Israel/Judá e posteriormente da Igreja, quando a retidão parece que vai sucumbir diante da depravação e do mal, Deus sempre levantou seus profetas, pois o deserto humano e o celeiro de Deus (Mateus 14.15-21).
Apesar de Elias e Eliseu compartilharem muitas coisas em comum, podemos distingui-los nos detalhes e particularidades de cada um. Elias exercerá um ministério de juízo, mais combativo e não se deterá mesmo quando tiver que liderar a matança dos profetas de Baal ao fio da espada. O ministério de Eliseu será marcado pela manifestação da graça em favor da vida de outros. Mas essas diferenças apenas realçam seu papel de protótipos de Jesus Cristo. Assim como Elias o Senhor Jesus afronta e contesta o mal em todas as suas formas, e por esta razão é perseguido e morto. Mas como Eliseu o senhor Jesus manifesta sua graça salvadora a todas as pessoas indistintamente, fosse judeu ou estrangeiro, pobres ou ricos, homens ou mulheres. A tristeza e a rejeição de Elias pelo mundo terminam com seu arrebatamento para o céu; o ministério poderoso de Eliseu o faz resistir diante de todos os poderosos e o sustenta em honra e triunfo nesta terra. Elias e Eliseu prenunciam as características celestes e terrenas do Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus e Senhor sobre todos os reis da terra.
            Vai ser fascinante examinarmos calmamente a história do profeta Eliseu. Apercebermo-nos dos detalhes e nuances de seu ministério. Contemplarmos como um profeta mantem sua postura inabalável mesmo diante das opressões dos inimigos que desejam destruir sua vida. Vermos a ação graciosa e misericordiosa de Deus sendo manifestada através da vida de Eliseu e alcançando a vida de tantas pessoas indistintamente.
            Da mesma forma o mesmo Espírito que levantou, capacitou e sustentou Elias, Eliseu e todos os profetas, continua a levantar, capacitar e sustentar homens e mulheres para serem testemunhas e pregadores do Evangelho do juízo e da graça. Paulo ensina que somos um perfume agradável para os que creem, mas cheiro de morte (juízo) para os que rejeitam a mensagem da graça salvadora. Todo cristão verdadeiro é Elias e Eliseu.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante


Artigos Relacionados
Profeta Elias: Aspectos Pessoais
Primeiro Livro de Reis: Introdução Geral
Juízo Sobre Uma Sociedade Sem Justiça (Onde Está a Voz Profética?)
O Período Clássico do Profetismo no Primeiro Testamento - Século VIII
O Desenvolvimento do Profetismo em Israel/Judá
Os Profetas e as Questões Sociais
Profeta Oséias: Contexto Histórico

Referências Bibliográficas
BERGEN, Wesley J. Elisha and the End of Prophetism. England: Published by Sheffield Academic Press Ltd, 1999.
BRIGTH, J. História de Israel. São Paulo: Ed. Paulus, 1980.
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de bíblia, teologia e filosofia. São Paulo: Hagnos, 2006.
DAVIDSON, F. O Novo Comentário da Bíblia, v.2. São Paulo: Edições Vida Nova, 1963.
DOUGLAS, J. D. and TENNEY, Merrill C. (Edited) [Revised by Moisés Silva]. Zondervan Illustrated Bible Dictionary. Zondervan, Grand Rapids, Michigan, 2011. [Excelente verbete sobre o profeta Eliseu].
EDERSHEIM, Alfred. Elisha the prophet: the lessons of his history and times. Eugene, Oregon: Wift and Stock Publishers, 2018.
ELLISEN, Stanley A. Conheça Melhor o Antigo Testamento, ed. Vida, Florida, 1991.
FALCÃO, Silas Alvez. Panorama do Velho Testamento. Casa Publicadora Batista, Rio de Janeiro, 1965.
FRANCISCO, Clyde T. Introdução ao Velho Testamento. Tradução Antônio Neves de Mesquita. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações, 1969, [1ª ed].
HOFF, Paul. Os livros históricos. São Paulo: Ed. Vida, 2003.
KRUMMACHER, F. W. Elisha. Edinburgh and New York: T. Nelson and Sons, 1870.
SICRE, José Luís. Profetismo em Israel – o profeta, os profetas, a mensagem. Tradução: João Luís Baraúna. Petrópolis: Editora Vozes, 2002.
SMITH, Hamilton. Elisha – the man of God. London: The Central Bible Truth, 2007.
TENNEY, Merrill C. (Org.) Enciclopédia da bíblia – cultura cristã. São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 2008.
WALLACE, Elijah and Elisha: expositions from the Book of Kings. Eugene, Oregon: Wift and Stock Publishers, 2013.

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Ação de Graças [εὐχαριστία - eucharistía]


        Todo mês de novembro, em muitos lugares do mundo, milhões de pessoas comemoram o dia de Ação deGraças. A data foi instituída no Brasil pela Lei n.° 781, de 17 de agosto de 1949, mas como não é um feriado (ex. Estados Unidos), nem todos comemoram o Dia de Ação de Graças no país. Essa comemoração fica a cargo de algumas igrejas protestantes.
A palavra grega [εὐχαριστία - eucharistía] é composta pelo prefixo “eu” que significa bem, em todos os sentidos (bom, agradável, justo) e pelo substantivo “charis” [ χαρις ] que significa graça, Graça, favor, generosidade e a tradução dela é “ação de graças”.
            No Primeiro Testamento (Antigo Testamento) o termo que expressa “ações de graças” é a palavra “todah” e que era relacionada a um sacrifício (pacífico), seguidos de cânticos e uma refeição onde a família e amigos eram convidados para “agradecer” a Deus por um grande livramento de perigo, doenças ou espada. A importância desta oferta pode ser aferida nas palavras de um antigo ensino rabínico: "Na era messiânica vindoura, todos os sacrifícios cessarão, mas a oferta de agradecimento [todah] nunca cessará" (Retirado do Pesiqta, conforme citado em Hartmut Gese “Essays On Biblical Theology (Minneapolis: Augsburg Publishing House, 1981). A refeição se constitui em um cordeiro seria sacrificado (Templo) e o pão para a refeição seria consagrado no momento em que o cordeiro fosse sacrificado. O pão e a carne, juntamente com o vinho, constituiriam os elementos da refeição sagrada da todah , que seria acompanhada de orações e cânticos de ação de graças, como o Salmo 116.
Foi o rei Davi que introduziu o “todah” na liturgia do culto israelita. Após trazer a Arca da Aliança para Jerusalém Davi ordena que se façam "ofertas pacíficas" e a “todah” era a oferta pacífica mais importante e comum. Todos os elementos da todah estavam presentes, pois o rei ofereceu pão e vinho junto com a carne dos sacrifícios (1Cr 16.3), e Davi (compositor e cantor) fez com que os levitas liderassem o povo em “cânticos todah” , isto é, cânticos de “ação de graças” (1Cr 16.8-36). Alguns exemplos de salmos de ação de graças (todah) são: 16, 18, 21, 32, 65, 100, 107, 116, 124, 136. E mais ainda, o rei estabeleceu através de Asafe que os levitas devessem agradecer e louvar a Deus "continuamente" (1Cr 16.7, 37, 40), caracterizando a partir daquele momento que a adoração no Templo seria pautada por uma liturgia todah, ou seja, uma liturgia de ação de graças. As orações pelo sacrifício da manhã e da noite foram caracterizadas pelo todah de ação de graças (1Cr 16.40-41).
 No grego o termo “ação de graças” está associada diretamente a outra palavra (ainéo) elogio, louvor e ambas expressam a reação ou resposta em relação à outra pessoa e, mormente no grego clássico quando estão conectadas essas ações de graça e louvor é reservado para uma divindade, o que era frequentemente destacada com um estilo de escrita específico (formato) em uma correspondência. Epiteto fala de “tó eucháriston”, como uma atitude ética básica, enfatizando o dever de se dar graças a Deus.
            Nos escritos neotestamentário é mais utilizado pelo apóstolo Paulo em suas epístolas (24 vezes na forma verbal e 12 vezes na forma substantiva); nos escritos evangélicos aparece apenas 11 vezes e sempre na forma verbal. Na forma adjetiva apenas uma única vez na carta de Paulo aos Colossenses (3.15). Todas as referências são sempre relacionadas a Deus e apenas em três destas passagens se referem a uma pessoa (Lc 17.16; At 24.3 e Rm 16.4).
            O apóstolo Paulo utiliza com frequência esta palavra, na abertura de suas cartas, para expressar sua gratidão a Deus pela vida dos seus destinatários, independentemente dos temas espinhosos que muitas vezes terá que tratar no transcorrer de sua correspondência (Rm 1.8; 2Co 1.11; Ef 1.16; Cl 1.3; 1Ts 1.2; 2Ts 1.3; Fm 1.4).
            Todas as vezes que se relaciona a Deus a forma substantiva é sempre empregada no modo absoluto, de maneira que ação de graças e louvor se constituem em uma atitude fundamental e permanente da vida do cristão. Deve ser manifestadas em nome de Jesus (Ef 5.20); toda oração e súplica devem ser acompanhadas de ações de graça (Fp 4.6; Cl 2.7; 4.2; 1Tm 2.1).
Nas narrativas evangélicas, quando da multiplicação dos pães, Jesus segue a tradição judaica de dar ações de graça antes das refeições [Louvado sejas, Javé, nosso Deus, rei do universo...] e ora dando graças ao Pai antes de efetuar o milagre e alimentar aquela grande multidão (Mc 8.6).
Mas é quando Jesus faz a instituição da Ceia que podemos perceber a mais significativa relação com a “todah” veterotestamentária. Evidente que a Ceia é instituída dentro e com os elementos da refeição pascoal, cujas implicações teológicas são indiscutíveis. Todavia, a ceia celebrada no cenáculo, é uma refeição de Páscoa e de “ação de graças”. A Páscoa contém todos os mesmos elementos encontrados na todah : pão, vinho e sacrifício de um cordeiro, junto com hinos e orações. De fato, os salmos de Hallel (113-118), cantados durante a refeição da Páscoa, eram todos salmos de todah. Philo, um judeu do primeiro século, descreve a Páscoa como um festival de ação de graças: "E este festival é instituído em memória e como forma de agradecimento [eucaristia – ação de graças] pela grande migração que eles fizeram do Egito" (Philo, The Special Laws, II, 145. The Works of Philo, trans. by C.D. Young (Peabody, MA: Hendrickson Publishers, 1993).
Quando os discípulos veem Jesus partindo o pão e pronunciando palavras de “ação de graças” (eucaristia), eles estão apenas recordando a grande libertação do Egito (Êxodo), mas o que eles vão entender somente depois da morte e ressurreição é que Jesus está contemplando muito além da história da salvação de Israel – pois através de Sua morte e ressurreição milhões haveriam de serem salvos (libertados) em todas as nações. E Jesus estabelece essa verdade como fundamento da “Nova Aliança” ordenando: “Façam isso em memória de mim, até que eu venha” (Lc 22.19). Trazer à memória as ações salvadoras de Deus é o grande objetivo da “ação de graças” (todah). Portanto, a Ceia cristã é uma celebração e não um ato fúnebre. A nossa adoração e participação da Ceia deve ser permeada pela ação de graças, pois somos lembrados perpetuamente do grande dom (presente) que Jesus nos deu através de seu sacrifício na cruz por nós – nas palavras de João Batista – o Cordeiro de Deus que tira o (nosso) pecado do mundo.
O apóstolo Paulo compreendeu como poucos a importância da ação de graças na vida do cristão.             Além de utilizar o termo nos prólogos de suas epístolas, o apóstolo Paulo utiliza ação de graças por tudo quanto Deus esta fazendo na vida das comunidades e dos cristãos: pelo crescimento espiritual na vida comunitária (2Co 4.15); pela participação na herança escatológica (Cl 1.12); pela aceitação da pregação evangélica (1Ts 2.13); pelas coletas recebida (2Co 9.11s). Os projetos de Paulo são seus motivos de gratidão a Deus (1Ts 3.9); para o apóstolo a ausência de ação de graças é reflexo de deficiência no conhecimento de Deus (Rm 1.21) e uma triste marca da sociedade sem Deus. Desta forma, todas as ações do cristão devem ser feitas em espírito de gratidão (Ef. 5.4) e para o apóstolo a fé em Jesus Cristo somente é genuinamente expressada quando temos disposição e coragem para sermos gratos a Ele por tudo ou em todas as circunstâncias.
            No livro do Apocalipse tanto na forma substantiva quanto verbal “ação de graças” está na composição das doxologias e hinos apocalípticos (Ap 4.9; 7.12). Todos os seres vivos querem celestiais ou terrestres oferecerão permanentemente ação de graças ao Cristo glorificado que se assenta no trono e reina. Mas esses cânticos não decorrem do temor e sim da gratidão por tudo quanto Ele faz. Enquanto vivemos nesse mundo tenebroso nem sempre é perceptível o quanto Deus age bondosamente em nosso favor, mas na glória, livre de todos os males que nos afligem, haveremos de oferecer a Cristo ação de graças permanentemente.   



Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante

Artigos Relacionados
AMILENISMO
AMÉM
EVANGELHO
AMOR
PAI OU PAPAI

Referências Bibliográficas
COENEN, Lothar (editor). O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, v.1, ed. Vida Nova, 1989. 
BARCLAY, William. New Testament Words. The Westminster Press, 1974.    
ROTH, Cecil. Enciclopédia Judaica – A-D. Rio de Janeiro: Editora Tradição S/A, 1967. [Biblioteca de Cultura Judaica]
KITTEL, Gerhard e FRIEDRICH, Gerhard (Org.) Dicionário teológico do Novo Testamento. Tradução Afonso Teixeira Filho, João Artur dos Santos, Paulo Sérgio Gomes, Thaís Pereira Gomes. São Paulo: Cultura Cristã, 2013.
TENNEY, Merrill C. (Org.). Enciclopédia da Bíblia, v. 1. Tradução da Equipe de colaboradores da Cultura Cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.
TURNER, Nigel. Christian Words, 1980. Dictionary of Christian Theology, Angeles, 1985.
VINE, W. F., UNGER, Merril F. e WHITE JR., William. Dicionário Vine – o significado exegético e expositivo das palavras do Antigo e do Novo Testamento. 1ª ed. Tradução Luís Aron de Macedo. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.


sábado, 7 de setembro de 2019

Evangelho Versus Religião



            Quando examinamos as quatro narrativas evangélicas em conjunto um tema torna-se recorrente: o embate da mensagem evangélica de Jesus e a religiosidade judaizante.
            Todo o ministério terreno de Jesus acontece no território da Palestina judaica. Seus ouvintes primários são os judeus que nasceram e cresceram aprendendo a forma religiosa judaica. Os maiores opositores de Jesus e sua mensagem são as lideranças judaicas representadas em todas as suas fragmentações. E isso fica evidente quando no final esses segmentos religiosos, antagônicos entre si, se unem pela primeira e única vez, tendo um propósito especifico - elaborar e executar um plano que pudesse eliminar Jesus.
            Por que tanto ódio a Jesus? A resposta é simples. A mensagem evangélica de Jesus se contrapunha em grau, gênero e número a todas as formas de expressões religiosas do judaísmo. E isso não é inédito na história israelita/judeu, pois existe uma longa linhagem de Profetas que se levantaram e confrontaram o sistema religioso estabelecido em suas épocas. Jesus apenas vem concluir o trabalho iniciado pelos profetas que o antecederam. O escritor de Hebreus faz um longo testemunho (capto 11) de que ao longo da história de Israel/Judá inúmeros homens e mulheres foram mortos simplesmente porque contestaram o status quo dos religiosos de seus dias. Já no final de seu ministério Jesus conta a parábola do dono de uma vinha que cansado de enviar mensageiros, que eram espancados e mortos, por fim enviou seu próprio filho, na esperança de que as pessoas pudessem ouvi-lo, mas a reação daquelas pessoas foi ainda mais violenta contra o filho do que contra os mensageiros.
O Evangelho de Jesus foi e continua sendo rejeitado simplesmente porque as pessoas não querem mudanças em suas vidas. Estão felizes com sua religiosidade vazia e fútil, mas que lhes proporciona uma falsa sensação de paz e esperança. Mas o Evangelho não é apenas rejeitado, mas muitas vezes produz reações violentas por parte de seus ouvintes, pois quando entendida a mensagem evangélica lhes tira todos os suportes de vida e eles são obrigados a respirarem sem aparelho e verem a miserável e terrível situação em que realmente estão vivendo. No filme Matrix um personagem trai o grupo simplesmente porque ele prefere ou escolhe viver a ilusão a dura realidade e a cena é justamente ele saboreando um suculento bife que sabe não ser real. É a mesma escolha que as pessoas fizeram diante Pôncio Pilatos: Solte Barrabás e mate Jesus. Quando uma pessoa experimenta do Evangelho, nenhuma religiosidade o satisfaz mais. As glórias deste mundo tenebroso não são mais irresistíveis, pois sabem que tudo são apenas ilusões temporárias e seus olhos agora contemplam as glórias celestiais que são eternas. Estão dispostas a abrirem mão de tudo, pois descobriram um grande tesouro, vão adquirir uma perora de grande valor.
            O Evangelho não é uma nova religião. O Evangelho é libertação: "conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" (João 8.32), pois "se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres" (João 8.36). E o apóstolo Paulo compreendeu corretamente e o declara em suas epístolas como um brando de vitória: "foi para liberdade que Cristo nos libertou" (Gálatas 5.1), pois "onde o Espírito do Senhor está há liberdade" (II Cor. 3.17). O Evangelho não é religião, mas Vida em abundância (João 10.10). O Evangelho genuíno é a presença e dinâmica da vida do Jesus ressurreto sendo manifestada na vida de cada convertido.
            Todavia, essa liberdade de vida e adoração era completamente estranha para aqueles que viviam aprisionados nas estruturas do judaísmo e a dúvida da mulher samaritana expressa o sentimento das pessoas de forma geral: onde devemos adorar? Qual é o monte que devemos subir para adorar? E a resposta de Jesus é libertadora: não importa onde, mas como se deve adorar – em espírito e em verdade! Aquela mulher sente-se pela primeira vez na vida completamente livre para adorar a Deus e imediatamente vai anunciar aos demais moradores de sua vila – fui liberta! Agora posso adorar a Deus livremente!
            O judaísmo dos dias de Jesus é apenas um representativo da perversão religiosa – uma amalgama de legalismo, exclusivismo, moralismo, racismo, nacionalismo, etc... que aprisionava a todos e os asfixiava. A mensagem evangélica de Jesus é a antítese radical e o contraste final de todas as religiosidades em todos os lugares e épocas. Os fariseus “piedosos”, os escribas conhecedores da Lei, os saduceus com seu templo, os zelotes e herodianos com sua política, e os essênios com seu asceticismo, todos e cada um deles rejeitaram e convergiram para matarem Jesus e silenciarem sua mensagem libertadora.
            Ao declarar aos seus discípulos, encantados com a beleza do Templo de Jerusalém, de que em pouco tempo aquele espaço religioso seria transformado em um monturo de pedras, Jesus está declarando que o Seu Evangelho está completamente livre de toda e quaisquer estruturas religiosas. Especificamente no primeiro século e depois perdurando até o quarto século, os cristãos conviviam em qualquer espaço possível, com um mínimo de estrutura eclesiástica. Somente após o “reconhecimento” efetuado por Constantino, que lhes ofereceu uma superestrutura eclesiástica, com liturgias suntuosas e templos riquíssimos é que a igreja cristã tornou-se apenas mais uma religião no Império Romano. Alguns séculos depois a própria instituição religiosa denominada de Igreja Católica Romana estará perseguindo e matando quaisquer pessoas ou grupos que ouse anelar por liberdade fora das estruturas da santa igreja. Estamos sempre voltando aos dias de Jesus na Palestina. As palavras do Jesus glorioso aos religiosos da igreja em Laodicéia são um alerta permanente para todos os religiosos incrustrados dentro das igrejas em todas as épocas: “Você diz: ‘Eu sou rico, tenho tudo o que necessito; não preciso de coisa nenhuma’. E não percebe que espiritualmente você é um desgraçado, um miserável, um pobre, um cego e um nu. O meu conselho a você é que compre de mim ouro puro, ouro purificado pelo fogo - só então você será verdadeiramente rico. E que adquira de mim Vestes brancas, limpas e puras, para que não fique nu e envergonhado; e que obtenha de mim remédio para curar os seus olhos e devolver-lhe a sua vista” (Ap. 3.17-18). Jesus nunca aceitou a substituição do Evangelho pela religiosidade, por mais correta teologicamente.
            Concluo me apropriando das palavras desafiadoras do profeta Elias, após vencer o desafio com os profetas de Baal, no monte Carmelo: “Escolhei hoje o que preferem para suas vidas: Evangelho ou Religião?”  

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/

Artigos Relacionados
Sua Alma Está Salva?
Como Conhecer a Deus?
A Síndrome da Cegueira (Reflexão)
Um Luto Que Termina em Festa
Tempus Fugit
A Mulher à Beira do Poço
O Grande Amor de Deus
Salmo 23.1 - O Cuidado Pastoral de Deus
Profeta Elias: Aspectos Pessoais