segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Páscoa – Conciliação dos Eventos Relacionados à Crucificação de Jesus


          Todas as narrativas evangélicas contidas no Novo Testamento culminam com a Cruz. Toda pregação neotestamentária é centrada na Cruz. Paulo sintetiza toda sua teologia e pregação ao escrever aos Corintos: “nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos,” e “Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado”. (1Co 1.23; 2.2) e aos Gálatas: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu, para o mundo” (Gl 6.14), não por acaso duas das mais complicadas comunidades neotestamentária.

         A Igreja Cristã inicia sua decadência na mesma proporção de que se afasta da Cruz de Cristo. Os cristãos de antigamente de refugiavam na Cruz de Cristo, hoje as igrejas pós-modernas escondem a Cruz. Não se prega, fala ou se vive a cruz. Se para os evangelistas, Paulo e todos os crentes dos primeiros séculos a mensagem do Evangelho que Salva o pecador culminava na Cruz, hoje o evangelho líquido renega a cruz à um amuleto.

         O simples fato de que todos os quatro evangelistas concluem suas narrativas com os eventos relacionados à cruz é motivo suficiente para pararmos e fazermos uma profunda reflexão sobre os valores que tem sido predominantes em nossa vida cristã hoje.

         Abaixo você encontrará uma pequena relação coordenada dos eventos finais da jornada de Jesus Cristo à Cruz. Enquanto lemos cada referência façamos uma revisão do lugar que a cruz tem ocupado em nosso viver cotidiano.

1. Jesus chegou ao Gólgota (Mateus 27.33; Marcos 15.22; Lucas 23.33; João 19.17).

2. Ele recusou a oferta de vinho misturado com mirra (Mateus 27.34; Marcos 15.23).

3. Ele foi pregado na cruz entre os dois ladrões (Mateus 27.35-38; Marcos 15.24-28; Lucas 23.33-38; João 19.18).

4. Da cruz deu o primeiro grito: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que estão fazendo” (Lucas 23.34).

5. Os soldados levaram as vestes de Jesus, deixando-O nu na cruz (Mateus 27.35; Marcos 15.24; Lucas 23.34; João 19.23).

6. Os expectadores judeus zombaram de Jesus (Mateus 27.39-43; Marcos 15.29-32; Lucas 23.35-37).

7. Ele conversou com os dois ladrões (Lucas 23.39-43).

8. Ele declara ao ladrão arrependido: “Eu te digo a verdade. hoje você estará com Eu no paraíso” (Lucas 23.43).

9. Ele fala consolando Maria: “Mulher, aqui está o seu filho” (João 19.26-27).

10. As trevas cobrem toda a terra em pleno meio-dia às 15h. (Mateus 27.45; Marcos 15.33; Lucas 23.44).

11. Ele clama ao Pai: “Deus meu, Deus meu, por que me abandonaste” (Mateus 27.46-47; Marcos 15.34-36).

12. Uma vez mais Jesus clama: “Estou com sede” (João 19.28).

13. Oferecem-lhe “vinagre ou vinho azedo” (João 19.29).

14. Jesus declara: “Está consumado” (João 19.30).

15. Sua boca é umedecida com vinagre de vinho numa esponja (Mateus 27.48; Marcos 15.36).

16. Ele clamou pela última vez. “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lucas 23.46).

17. Ele entrega Seu espírito por um ato de Sua própria vontade (Mateus 27.50; Marcos 15.37; Lucas 23.46; João 19.30).

18. A grossa cortina do templo se rasga de cima abaixo (Mateus 27.51; Marcos 15.38; Lucas 23.45).

19. Diante de tudo que viram os soldados romanos declaram: “Certamente Ele era o Filho de Deus” (Mateus 27.54; Marcos 15.39).

 

Resgatemos para nós mesmos o valor incomparável da Cruz!

 

Utilização livre desde que citando a fonte

Guedes, Ivan Pereira

Mestre em Ciências da Religião.

Universidade Presbiteriana Mackenzie

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quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

EVANGELHOS EM IMAGEM – Parábola do Semeador


Os três primeiros relatos evangélicos contidos no nosso Novo Testamento (Segundo Testamento) são chamados de “sinóticos”, pois os escritores registram o mesmo acontecimento, mas cada um deles o faz por uma ótica distinta, utilizando um vocabulário próprio (ainda que bastante semelhante) e o faz dentro da organização literária própria. Portanto, eles não utilizam apenas tipo - cópia e cola -, mas na leitura de cada uma temos lições próprias a serem extraídas (para isso é necessário examinar atentamente o contexto em que são inseridas).

PARABOLA DO SEMEADOR

Mateus 13.1-9

Marcos 4.1-9

Lucas 8.4-8

1-No mesmo dia, tendo Jesus saído de casa, sentou-se à beira do mar

2-e reuniram-se a ele grandes multidões, de modo que entrou num barco, e se sentou e todo o povo estava em pé na praia.

3-E falou-lhes muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a semear.

4-e quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e comeram.

5-E outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda

6-mas, saindo o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou-se.

7-E outra caiu entre espinhos e os espinhos cresceram e a sufocaram.

8-Mas outra caiu em boa terra, e dava fruto, um a cem, outro a sessenta e outro a trinta por um.

9-Quem tem ouvidos, ouça.

 

1-Outra vez começou a ensinar à beira do mar. E reuniu-se a ele tão grande multidão que ele entrou num barco e sentou-se nele, sobre o mar e todo o povo estava em terra junto do mar.

2-Então lhes ensinava muitas coisas por parábolas, e lhes dizia no seu ensino:

3-Ouvi: Eis que o semeador saiu a semear

4-e aconteceu que, quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram.

5-Outra caiu no solo pedregoso, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda

6-mas, saindo o sol, queimou-se e, porque não tinha raiz, secou-se.

7-E outra caiu entre espinhos e cresceram os espinhos, e a sufocaram e não deu fruto.

8-Mas outras caíram em boa terra e, vingando e crescendo, davam fruto e um grão produzia trinta, outro sessenta, e outro cem.

9-E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

 

4-Ora, ajuntando-se uma grande multidão, e vindo ter com ele gente de todas as cidades, disse Jesus por parábola:

5-Saiu o semeador a semear a sua semente. E quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho e foi pisada, e as aves do céu a comeram.

6-Outra caiu sobre pedra e, nascida, secou-se porque não havia umidade.

7-E outra caiu no meio dos espinhos e crescendo com ela os espinhos, sufocaram-na.

8-Mas outra caiu em boa terra e, nascida, produziu fruto, cem por um. Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

 

 

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Guedes, Ivan Pereira
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sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Jesus Cristo Conclui o Antigo Testamento e Abre o Novo Testamento

               As literaturas bíblicas antes de qualquer outro motivo ou razão é eminentemente teológicas. Cada frase, capítulo e livro, bem como suas duas bibliotecas tem como propósito comunicar a nós JESUS CRISTO e sua obra redentora. Todo e qualquer outro assunto, assunto ou proposta que se possa inferir dos textos bíblicos são secundários e muitos supérfluos e irrelevantes.

               O Espírito Santo não compôs a Bíblia, denominada pelas gerações anteriores de crentes de Sagradas Escrituras, para ser uma enciclopédia de curiosidades excêntricas, ou para ser uma fonte interminável de especulações exotéricas cristãs ou como atualmente um reduto de produções literárias religiosas. A Bíblia é, foi e continuara sendo até o último dia desta dispensação final, o meio pelo qual o pecador pode conhecer e reconhecer Jesus Cristo como único Senhor e Salvador de suas vidas. Ele é o Alfa e o Ômega das Escrituras. A Bíblia somente tem sentido com e nele, e se tirarmos Jesus da Bíblia ela se torna um livro sem sentido e sem propósito.  

Mateus deixa isso claro desce as primeiras linhas de sua narrativa evangélica. Ao final da genealogia que utiliza para abrir seu registro histórico, no verso 17, o evangelista faz uma observação peculiar sobre o nascimento de Jesus: "Assim, todas as gerações, de Abraão a Davi, são quatorze; de Davi à deportação para a Babilônia, quatorze; e da deportação para a Babilônia para Cristo, quatorze".

Mateus gosta muito de usar a numerologia três e sete no desenvolvimento de sua narrativa. Uma razão é de que ambos os números carregam a simbologia de totalidade ou perfeição quando referidos à pessoa e ações de Deus. E ao utilizar três grupos de sete gerações ele está indicando desde as primeiras linhas que Jesus é o início e a conclusão da História humana escrita pelo próprio Deus desde antes do mundo e o ser humano virem a existir (como dirá Paulo ao escrever a epístola aos Efésios 1.4).

A genealogia apresentada por Mateus é deliberadamente esquemática, pois ele não esconde ou camufla sua intenção teológica. Esse arranjo ensina que a história do Antigo Testamento pode ser concentrada ou sintetizada em três períodos de eventos críticos:

1º iniciado com o estabelecimento da Aliança de Deus com Abraão e estendendo-se até o estabelecimento da Monarquia israelita;

2º da dinastia iniciada com Davi até a queda e rompimento do sistema monárquico com o exílio babilônico;

3º a partir do exílio e o retorno dos judeus até a vinda propriamente dita do Messias na pessoa e obra de Jesus Cristo, o único que poderia restaurar o Reino e de se assentar no trono definitivo.

               Mateus deixa claro, portanto, que Jesus é “a conclusão” no que se refere à história do Antigo Testamento (ainda que muitos tentam esticar esta história). Jesus percorreu toda jornada preparatória para isso, e finalmente seu objetivo e clímax foram alcançados.

As páginas do Primeiro Testamento estão prenhas de esperanças futuras. Toda história veterotestamentária aponta para Aquele que viria. Este movimento escatológico (do grego eschaton, "evento final" ou "conclusão final"), é irreversível e nem uma força humana ou infernal podia detê-la, nem mesmo a incredulidade dos israelitas (reino do Norte) e dos judeus (reino do Sul) foram capazes de anulá-la, pois Deus manteve em todo o tempo uma raiz que voltaria a brotar seu renovo escatológico até a vinda de Jesus Cristo.   Esse projeto Redentivo estava fundamentado no conceito do próprio Deus como Aquele que nunca deixou de estar continua e constantemente ativo dentro da história, com um propósito definido, trabalhando na direção de Seu objetivo desejado para Seu povo escolhido e para a própria humanidade.

Desta forma, Mateus sintetiza toda essa história da salvação na forma de uma genealogia, e na conclusão dela no verso 17 ele deixa claro que o propósito histórico de Deus foi plena e perfeitamente alcançado em Jesus. A genealogia proclama a todos que queiram ouvir: a preparação está completa! O Messias chegou! Nesse sentido, Jesus é o Ômega, a conclusão, o fim. A partir de então, Mateus vai fazer ecoar essa maravilhosa notícia (boas novas) do Evangelho, primeiramente aos judeus e ao final expandido para todas as nações, povos e etnias da Terra.

"O tempo se cumpriu, o reino de Deus está próximo, já chegou, está em vós."

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Guedes, Ivan Pereira
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Referências Bibliográficas

BROADUS, John A. El Evangelio Segun Mateo. Traducción Sarah A. Hale. Casa Bautista Publicações. [Comentario Expositivo sobre el Nuevo Testamento, Tomo 1].

DURVALL, J. Scott & VERBRUGGE, Verlyn D. (Editors). Devotions on the Greek New Testament. Zondervan, Grand Rapids, Michigan: 2012. [Roy E. Ciampa - Learning from Joseph’s Righ teous ness].

GIBSON, John Monro. The gospel of St. Matthew. London: Hodder and Stoughton, 1935. [The Expositor’s Bible].

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – Mateus, v.1. Tradução de Valter Graciano Martins. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001. 

HUIZENGA, Leroy A. The New Isaac Tradition and Intertextuality in the Gospel of Matthew. BRILL, Leiden, Boston, 2009. [Supplements to Novum Testamentum ; v. 131].

MOUNCE, Robert H. Novo comentário bíblico contemporâneo – Mateus. São Paulo: Editora Vida, 1996.

RIENECKER, Fritz. Evangelho de Mateus – comentário esperança. Tradução Werner Fuchs. Curitiba-PR: Editora Evangélica Esperança, 1998.

SADLER, M. F. The Gospel According to St. Matthew, 3ª ed. Nova York: James Pott & Cia., 1887.