Pois o que recebi, passei a vocês como de
primeira importância: que Cristo morreu pelos nossos pecados segundo as
Escrituras, que foi sepultado, que ressuscitou ao terceiro dia segundo as
Escrituras, (1 Coríntios 15.3).
Apesar
de o Comércio ter se apropriado da Páscoa, ela foi, é e continuara sendo
fundamentalmente Cristã em sua essência. Assim como a primeira Páscoa estava
carregada de simbolismo da libertação do povo israelita da escravidão egípcia,
a nossa Páscoa Cristã é o fundamento de todo o processo de nosso resgate da
escravidão do pecado e da morte. Como tão bem se traduz no título da obra
literária de John Owen “A Morte da Morte
na Morte de Cristo”.
Cada
página da Bíblia aponta para a Cruz – de Gênesis a Malaquias apontam para a
expectativa da Cruz e de Mateus ao Apocalipse apontam para o cumprimento da
Cruz e seus efeitos eternos. Portanto, a morte de Jesus Cristo na cruz que se
constitui no foco central da Páscoa Cristã é um assunto de interesse
inexaurível para toda a cristandade.
A
desvalorização da Páscoa, assim como do Natal, é uma maquinação forjada do
inferno, para a desvalorização da mensagem evangélica. Na mesma proporção em
que se minimiza a morte de Jesus, esvazia-se a mensagem da Cruz – que pelo
menos para o apóstolo Paulo se constitui no coração da mensagem cristã “Porquanto
decidi nada saber entre vós, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado (1
Coríntios 2.2). Pedro tenta afastar Jesus da Cruz e a resposta do Senhor
foi enfática "Para trás de mim, Satanás!” (Mateus 16.23). Os
púlpitos que deixam de proclamar a Cruz vai se tornando cada vez mais
antropocêntrico em suas temáticas e vai perdendo o poder da mensagem que emana
do Calvário, o resultado é que as igrejas estão cheias de pessoas que querem
melhorar de vida (prosperidade), mas continuam caminhando para o inferno, pois nada
sabem da Salvação que vem por meio da Cruz.
Há
muitos aspectos pelos quais podemos abordar a questão da Páscoa, mas escolhi
apenas dois: a morte de Cristo foi natural e a morte de Cristo foi
sobrenatural. Não estou elaborando uma pergunta, mas estabelecendo uma
afirmativa e as duas não se contrapõe, mas se amalgamam na mais extraordinária
ação de Deus em nosso favor – Jesus Cristo morreu na cruz como nosso substituto.
A
Morte de Cristo foi Natural
Para que Jesus Cristo pudesse de fato e verdade ser nosso
representante ele precisava nascer e morrer como um ser humano. O evangelista
João abre sua narrativa declarando a deidade eterna de Jesus, mas conclui
exatamente como os demais colegas com a paixão de Cristo. João utiliza um
capítulo para falar da divindade de Jesus, Mateus e Lucas utilizam dois
capítulos para falar do nascimento dele e Marcos vai direto ao batismo que
demarca o inicio de seu ministério terreno; mas todos eles utilizam a maior
parte de suas narrativas para descrever em detalhes seus últimos passos até a
Cruz. Todos eles tinham plena consciência de que o propósito para o qual Jesus
Cristo abriu mão de toda sua glória celestial e se revestiu da plenitude de
nossa humanidade – era a morte e morte de cruz!
Aquele que foi tomado, pelas mãos dos injustos, e
abandonado pelos seus mais chegados discípulos e amigos; aquele que foi
cruelmente torturado e humilhado sem precedentes; aquele que teve que carregar
a cruz; aquele que teve suas mãos e pés transpassados pelos grossos pregos no
madeiro e foi levantado; aquele que mesmo na cruz continuou sendo vituperado e
flagelado; aquele que grita: “Deus meu, Deus
meu porque me desamparastes”; esse Jesus Cristo na plenitude sua humanidade
– morreu a nossa morte! Uma morte real e amplamente registrada em detalhes
pelos quatro evangelistas e registrada nos anais da história judaica e romana.
O apostolo Paulo compreendeu essa verdade plenamente e ao
escrever aos crentes filipenses sintetiza de forma incomparável: “embora
sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia
apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante
aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi
obediente até a morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2.6-8). Ao abrir mão
de sua glória e assumir a nossa humanidade ele também sofreu a nossa morte! Ao
clamar na cruz: “Pai nas tuas mãos
entrego meu espírito”, constatamos o quão humano foi sua morte, e ainda
mais quando seus queridos tiram seu corpo inerte do madeiro e o depositam na
sepultura, como se fazem com todas as pessoas ao morrerem, e ali permaneceu até
ressurgir ao terceiro dia.
A
Morte de Cristo foi não-Natural
Apesar de tudo que acima foi mencionado seja integralmente
verdadeiro, a morte de Jesus foi antinatural. Quando os escritores bíblicos
declaram que Jesus assumiu a plenitude de nossa humanidade, e isso inclui a
morte, não significa que a morte tenha domínio sobre Jesus Cristo, ao
contrário, na sua ressurreição Ele derrota e rompe os grilhões da morte, como
Paulo e os crentes do primeiro século cantavam a pleno pulmões: "Onde
está, ó morte, a sua vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão? O aguilhão da
morte é o pecado, e a força do pecado é a Lei” (1 Coríntios 15.55-56).
Jesus Cristo venceu a morte e cumpriu perfeitamente toda a Lei, e por esta
razão a morte não pode contê-lo. Na sua morte Jesus Cristo cumpre toda a
Escritura e satisfaz plenamente a justiça de Deus.
Houve um tempo em que a frase acima mencionada e aqui
repetida “A morte da morte na morte de
Cristo” fazia todo o sentido e era suficiente para satisfazer a vida do
crente e prepara-lo para o dia derradeiro quando também haveria de morrer. Uma
quantidade expressiva de hinos e cânticos expressavam essa expectativa e até
mesmo este anelo pelo momento da transição desta vida para a vida eterna: “Havemos
de encontrarmos, além do Jordão que belo será; se tú chegares primeiro que eu,
ó diga que eu, também chego já!”. É assustador contemplar nesses últimos
dias o medo aterrorizante e paralisante que a perspectiva da morte tem
produzido na vida dos crentes do século XXI. Nós que deveríamos estar
proclamando que Jesus Cristo venceu a morte e que o morrer em Cristo é lucro,
covardemente nos calamos e nos escondemos – como se a morte não pudesse nos
encontrar. Damos mais importância e credibilidade às narrativas mediáticas
anticristãs do que às narrativas bíblicas. Que esta Páscoa possa ser o momento
de retornarmos aos princípios bíblicos e cantarmos como os primeiros cristãos
que caminhavam para os Coliseus romanos cantando:
“Porque nada pode nos separar do amor de Deus, que está
em Cristo Jesus – nem a morte!”.
Porque Ele vive, posso crer no manhã
Porque Ele vive, temor não há
Mas eu bem sei, eu sei, que a minha vida
Está nas mãos de meu Jesus, que vivo está
Deus enviou seu Filho amado
Para morrer em meu lugar
Na cruz sofreu por meus pecados
Mas ressurgiu e vivo com o Pai está
E quando, enfim, chegar a hora
Em que a morte enfrentarei
Sem medo, então, terei vitória
Verei na Glória, o meu Jesus que vivo está
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