sábado, 5 de julho de 2025

Comentário Devocional: Salmos 119.9-16 Letra Bete (בַּ)


Estamos degustando o Salmo 119. Ele contém 22 divisões que correspondem às 22 letras do alfabeto hebraico — portanto, trata-se de um salmo em forma poética acróstica.

Já vimos a primeira estrofe deste salmo (versículos 1–8), que se inicia com a primeira letra do alfabeto hebraico: Álef (א).

Neste texto, veremos a segunda estrofe (versículos 9–16), que começa com a letra Bete (בַּ). Essa segunda letra do alfabeto significa “casa” em hebraico. Assim, utilizando a linguagem poética, podemos fazer do nosso coração um lar para a Palavra de Deus.

Essa estrofe se inicia com uma pergunta retórica: Como pode o jovem — ou seja, a próxima geração — manter puro o seu caminho (ou o seu coração)?

Por que o jovem?

O livro de Provérbios nos dá a resposta: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele” (Pv 22.6). Portanto, o salmista está pensando na nova geração e em como preservar suas mentes e corações das contaminações nocivas e nefastas produzidas por uma sociedade doente e depravada.

Os jovens são entusiastas, mas completamente desprovidos da experiência da vida — como exemplifica a parábola do filho pródigo. Assim, a única esperança para as novas gerações está em ensiná-las a amar a Palavra de Deus e a viver por ela, pois ela se constitui no único Caminho para a verdadeira felicidade.

O jovem Daniel e seus amigos, apesar de terem sido levados cativos para o coração da Babilônia — símbolo do que havia de mais depravado e idólatra na época —, mantiveram-se firmes em seus princípios de fé. Isso porque suas mentes e corações estavam amalgamados com a Palavra de Deus. Rejeitaram toda sorte de atrativos e pressões que lhes sobrevieram. Nem a fornalha aquecida sete vezes, nem a cova dos leões foram capazes de demovê-los de suas convicções.

Daniel e seus amigos verdadeiramente aprenderam a amar a Palavra de Deus e a guardá-la em seus corações.

Qualquer outra escolha os teria levado à infelicidade — e à morte.

Estamos contemplando os resultados de gerações que têm se afastado, cada vez mais, da Palavra de Deus, optando por andar em seus próprios caminhos. O que vemos é uma geração fútil e tola, obstinada e intratável.

O versículo 9 levanta uma pergunta retórica: “Como pode o jovem manter pura a sua conduta neste mundo atolado no lamaçal do pecado?” O próprio texto oferece a resposta: por meio da Palavra de Deus. No entanto, essa pergunta se aplica a todos nós, independentemente da idade. A única coisa que pode manter nosso caminho — nossa vida — puro e limpo é a Palavra de Deus.

Embora o termo “pureza” esteja quase completamente em desuso, seu significado permanece atual e necessário: viver com fidelidade a nós mesmos e aos princípios divinos, sem concessões. Infelizmente, poucos estão dispostos a aceitar esse desafio.

Expressões distorcidas como “o novo normal” têm levado milhares de jovens — e também adultos — a negociar seus princípios de fé, adotando como normativas de vida os nefastos valores sociais antibíblicos e anticristãos.

Enquanto os “Happy Hours” lotam os bares e multiplicam o consumo de bebidas alcoólicas, as igrejas estão se esvaziando.

verso 10 - “De todo o meu coração te busco.” Talvez o salmista tivesse lido — ou ouvido — as palavras de Jeremias (29.13): “Buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração.” Ele não desejava apenas obedecer às leis de Deus, mas ter comunhão com Ele.

Vivemos o boom do saber enjaulado — academicista, autorreferente e distante da vida real. Cursos de mestrado e doutorado se multiplicam nas esferas teológicas. Nunca se produziu tanto conhecimento bíblico-teológico como em nossos dias. O conhecimento acadêmico virou vitrine.

Mas a questão fundamental é: Quanto desse conhecimento tem contribuído para uma vida mais santa e compromissada com as verdades imutáveis da Palavra de Deus? Quanto desse saber tem sido transferido do cérebro para o coração?

Saber sobre Deus não é o mesmo que vivenciar Deus na vida cotidiana. O quanto desse conhecimento biblicista tem produzido genuíno arrependimento e transformação de caráter? Infelizmente, não se respira nos centros acadêmicos uma atmosfera de contrição, mas sim de orgulho e arrogância dos saberes.

Mas a declaração de fé do salmista vem acompanhada de uma oração fundamental:

“Ó, não me deixes desviar dos teus mandamentos.”

Em palavras simples: “Ajuda-me a obedecer a todos os teus mandamentos.”

Quando o salmista olha para si mesmo, ele reconhece o mesmo dilema descrito pelo apóstolo Paulo: “O bem que quero fazer, não faço; mas o mal que não quero, esse prático. Miserável homem que sou!” (Romanos 7.19).

O salmista tem plena consciência de que, sem a ajuda de Deus, ele não será capaz de vivenciar a Palavra nem de fazer a vontade divina. Ele entende que não conseguirá manter puro o seu coração, sua mente e suas ações por esforço próprio. Por isso, sua oração é humilde, sincera e urgente — um clamor por graça para obedecer.

Essa não pode ser uma oração-mantra, repetida mecanicamente; deve ser uma oração sincera e madura, vinda de um crente que verdadeiramente deseja viver uma vida de pureza — uma vida que agrade a Deus, e não a si mesmo ou à sociedade.

“Ajuda-me” deve ser o grito de uma alma que deseja ter uma única fonte de felicidade: Deus. Asafe, no Salmo 73, compartilha sua terrível crise existencial, na qual, por muito pouco, não se afastou por completo de Deus. Depois de duvidar de tudo e de todos, Deus, com paciência, lhe mostra o fim do caminho dos ímpios e o fim do caminho dos justos — daqueles que mantêm puro o coração. Então Asafe faz uma declaração maravilhosa: “A quem tenho eu no céu senão a ti? E na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti” (Salmo 73.25).

E como completaria Davi: “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará” (Salmo 23.1). Ou seja, Yahweh é o bem maior — no céu e na terra. Ele é o que temos de mais precioso na vida. E, quando Ele é tudo, nada mais é necessário para nos satisfazer.

Verso 11 – O melhor lugar para guardar a Palavra de Deus: “Escondi a tua palavra no meu coração.” O coração é o centro da vida. A prática vivencial tem demonstrado que as ações nascem no coração e movem o cérebro. Por isso, muitos dos nossos maiores erros — talvez 90% deles — têm origem no coração.

A sabedoria de Provérbios nos alerta: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” (Provérbios 4.23)

Jesus também confirma essa verdade ao afirmar: “A boca fala do que está cheio o coração” (Lucas 6.45). E Ele vai além, revelando a profundidade do que habita no interior humano: “Porque de dentro, do coração dos homens, procedem os maus pensamentos, os adultérios, as imoralidades sexuais, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a devassidão, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a insensatez. Todos esses males vêm de dentro e contaminam o homem.” (Marcos 7.21–23)

Por isso, o salmista declara que o melhor lugar para guardar a Palavra de Deus é o coração — não apenas a memória, não apenas os lábios, mas o centro da vida, onde decisões são geradas e valores são formados. Quando a Palavra está escondida ali, ela se torna escudo contra o pecado e guia para a santidade.

Verso 12 – Louvor: “Bendito és tu”

É uma expressão de louvor e uma declaração de reconhecimento de que todas as bênçãos vêm da parte de Deus. Nossas orações devem sempre refletir essa mesma verdade: tudo de que necessitamos — inclusive discernimento e sabedoria para tomarmos decisões e fazermos escolhas — vem da direção de Deus. Viver sem esse reconhecimento é viver loucamente, conduzido pelos ditames de nossas mentes e corações contaminados pelo pecado.

No pedido que completa a frase – “Ó Senhor, ensina-me os teus estatutos” - o salmista expressa sua insuficiência para apreender a essência do ensino bíblico. Sem a ação capacitadora do Espírito Santo somos analfabetos tentando ler seus textos, sem jamais alcançar o entendimento correto de suas verdades. O que nos leva à cena do diácono Felipe e o funcionário governamental Etíope. Percebendo que aquele homem está lendo um texto do profeta Isaías, lhe faz uma pergunta: você compreende o que está lendo? A resposta sincera do Etíope é de que não, pois não há quem lhe explique. Então convida Felipe a subir na carruagem e ouve atenciosamente a explicação e finalmente declara sua fé em Cristo e solicita que Felipe o batize.

O salmista faz o mesmo pedido em sua oração – “ensina-me os teus estatutos”. Quantas vezes lemos a Bíblia como se fosse um livro qualquer, sem discernirmos que trata-se da Palavra de Deus. Esta pequena oração sintetizada em uma pequena frase, faz toda diferença quando se trata das Escrituras. O Espírito Santo a inspirou (soprou) e somente Ele pode nos capacitar a apreendermos genuinamente seus ensinos.

A História do Cristianismo está repleto de homens e mulheres que se utilizaram (e continuam se utilizando) da Bíblia para ensinar as mais terríveis heresias e mentiras. O próprio Satanás teve a ousadia de tentar Jesus, utilizando-se das palavras registradas de Deus ... “não está escrito...”, mas Jesus o repreende utilizando-se do correto ensino bíblico. Antes de lermos a Bíblia tenhamos o cuidado de orarmos como o salmista – “ensina-me Seus estatutos”. Quando assim fizermos estaremos tendo uma postura de humildade diante de Deus, qualquer outra postura é contaminada pela arrogância e soberba da vida.

Verso 13 – o salmista canta que vai repetir as palavras da Tora, mas aqui não trata-se de uma repetição religiosa mecanizada, mas a ideia é de dar testemunho das verdades ali contidas, ou compartilhar com outras pessoas o que tem aprendido. Ele quer aprender para ensinar. Este foi o último imperativo de Jesus para os discípulos (de ontem e de hoje), “sede minhas testemunhas”, ou seja, tudo que vocês viram e ouviram, compartilhem com todas as pessoas. O conhecimento bíblico não compartilhado torna-se perigoso, pois tal pessoa torna-se arrogante e intolerante. O cristão que não testemunha torna-se uma lagoa, onde prolifera toda sorte de micróbios que adoecem e matam a alma; o cristão que testemunha, compartilha, torna-se semelhante a um rio que se renova e produz vida...em abundância.

Verso 14A Genuína Felicidade e Alegria – as Escrituras se constituem na única fonte genuína de prazer e satisfação, pois nelas usufruímos da comunhão com Deus (ouvimos o que Ele tem para falar) e não apenas usuários de Suas bênçãos. Ao nos criar à Sua imagem e semelhança Deus nos tornou únicos em toda Criação. Somos os únicos seres habilitados à conhece-Lo e dialogar com Ele. Uma das cenas mais lindas da Criação é quando Deus na viração do dia (o dia judaico inicia-se ao pôr do sol) Deus passava pelo jardim do Éden para dialogar com Adão e Eva. Infelizmente o pecado rompeu esse diálogo, mas em Cristo Jesus somos novamente habilitados a dialogarmos com Deus, agora por meio de Sua Palavra. O ser humano sem Deus é um infeliz maltrapilho vagando por este mundo árido e ressequido pelo pecado. Sem a comunhão com Deus a raça humana não passa de um “vale de ossos secos".   

Verso 15Meditar na Palavra de Deus (de dia e de noite – Salmo 1) é o segredo para mantermos nossa mente e coração sintonizados com a Vontade de Deus em todo o tempo.

Verso 16 – Conclui a segunda estrofe com uma declaração de amor e um voto.

Vou pular de alegria – explosão de alegria (torcedor de futebol). Em ter entendimento do Valor da Palavra de Deus.

Voto – Eu não me esquecerei da Tua Palavra! Mas o voto é consequência direta das ações anteriores: o pensar/meditar/estudar gera satisfação, e a satisfação ajuda a memória e a prática. Havia dito: “Meditarei em teus preceitos”; e “me alegrarei em teus estatutos”; o que produz um benefício adicional: “não esquecerei tua palavra”. A mente/memória se concentra naquilo que o coração se alegra; e o coração é onde está o tesouro (Mateus 6.21). Os ímpios não se alegram com a Palavra de Deus e por isso não se lembram dela.

Deste modo, todas as vezes que nos “esquecemos” da Palavra de Deus, nos assemelhamos aos ímpios e degenerados. Todos aqueles que não amam a Palavra, todos os seus preciosos ensinamentos entram por um ouvido e sai pelo outro – nada aproveitam.

Mas esse prazer na Palavra de Deus não deve ser uma mera especulação — assim como os hipócritas têm seus gostos e seus lampejos — mas em crer, praticar, obedecer. As Escrituras não são apenas para serem admiradas e enaltecida em suas belezas literárias e princípios universais, mas acima de tudo, para serem amadas e vivenciadas. Parafraseando o apostolo Paulo – “não sou eu quem vive, mas a Palavra de Deus vive em mim e através de mim” (Gálatas 2.20).

Questões Para Reflexão

v O quanto da bíblia você já memorizou desde sua conversão?

v Por que o salmista se dirige aos “jovens”?

v Como podemos nos afastar do pecado que nos assedia?

v O que significa buscar a Deus de “todo o coração?”

v Quem ou o que é seu bem maior?

v Por que guardar a Palavra de Deus no coração e não na mente?

v Quais as implicações na expressão “Bendito és Tu”?

v Você tem orado para que Deus te ensine a Palavra?

v Você tem ensinado a Palavra de Deus a outras pessoas?

v Neste mundo tenebroso, onde está a genuína fonte da felicidade?

v Você tem se esquecido da Palavra de Deus?

 

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/

 

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Referências Bibliográficas

ARNOLD, Bill T.; BEYER, Bryan E. Descobrindo o Antigo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.

BAXTER, J. Sidlow. Examinai as Escrituras. v. 3. São Paulo: Vida Nova, 1993.

BRIDGES, Charles. An Exposition Of PSALM 119. grace-ebooks.com (eBook).

BULLOCK, C. Hassell. An Introduction to the Old Testament Poetic Books. Chicago: Moody Press, 1988.

CALVINO, João. O livro dos Salmos. Tradução de Valter Graciano Martins. São Paulo: Edições Parakletos, 2002.

CHOURAQUI, André. A Bíblia – Louvores II (Salmos). v. 2. Tradução de Paulo Neves. Rio de Janeiro: Imago, 1998. (Coleção Bereshit).

HARMAN, Allan M.  Comentários do Antigo Testamento - Salmos. Tradução Valter Graciano Martins. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.

KIDNER, Derek. Salmos 73-150 – introdução e comentáriov. 14. São Paulo: Sociedade Vida Nova e Mundo Cristão, 1981. [Série Cultura Cristã].

MANTON, Thomas. An Exposition of Psalm 119. Monergism (eBook).

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Eclesiastes: Leitura Devocional – A Cosmovisão Correta (1.8-11)

 



Em Eclesiastes aprendemos a forma correta de vermos a vida. O escritor contrasta a Cosmovisão humana/perecível que ele denomina de “debaixo do sol”, com a Cosmovisão divino eterna.

O que é Cosmovisão?

ILUSTRAÇÃO: uma pessoa que tem dois óculos, um para leitura (perto) e outro para enxergar longe. O óculos para leitura não serve para enxergar longe e o óculos para longe não serve para leitura.

Após a Queda (pecado) a Cosmovisão do ser humano o limita a enxergar somente o aqui e agora (material/perecível).

Somente em Cristo podemos ter uma Cosmovisão que enxerga os valores espirituais e eternos.

A diferença entre o Cristão e o Não Cristão é a Cosmovisão. A forma como enxergam a Vida e o Mundo.

O livro de Eclesiastes está tratando justamente sobre essas duas Cosmovisões. Suas argumentações partem da percepção humana – para a percepção Divina.

O nome comum de Deus (Elohim) aparece constantemente no livro, mas não o nome (Yahweh) [nome pessoal de Deus na Aliança]. Pois o escritor está falando da percepção humana de Deus.

A grande maioria das pessoas tem uma concepção de um Ser Maior que eles chamam de deus, mas somente em Cristo podemos de fato conhecer e experimentar uma relação pessoal com Yahweh – o Deus da Aliança. 

Os versos 1 e 2 declara o propósito do Eclesiastes, os versos 3 e 4 abordam a atividade do ser humano e nos versos 5 a 7 ele utiliza a Criação para corrigir a percepção errada da vida; e aqui nos versos 8 a 11, a necessidade insaciável de satisfação da humanidade.

Verso 8 - "Todas as coisas estão cheias de trabalho". As palavras mais falada e ouvida: estou cansado; exausto; frustrado; decepcionado...quanto mais se trabalha menos satisfeito ficamos.

“O olho nunca se farta de ver, nem o ouvido de ouvi”

Os sentidos são apenas servos da alma. A alma deseja olhar – e põe os olhos para verem. A alma deseja ouvir – e coloca os ouvidos para ouvirem. A alma nunca se satisfaz plenamente. Nada na terra pode satisfazer a alma! Tudo que o mundo oferece, apenas deixa a alma com desejo de mais... É triste pensar quão limitadas são as cousas materiais e sensitivas.

Salomão está citando o que os filósofos materialistas ensinam e a forma genérica como as pessoas em geral pensam e vivem suas vidas. "Comamos e bebamos, então, pois amanhã morreremos". As pessoas que vivem desta forma não possuem uma perspectiva mais elevada da vida é uma percepção animal, pois não possuem quaisquer percepção da eternidade.

A humanidade, em todos os seus esforços para melhorar a si mesma, é apenas como Sísifo de fábula antiga, rolando uma pedra pesada colina acima; no momento em que a mão é retirada, ela corre para o vale novamente. 

Nunca as pessoas tiveram tanto e nunca elas vivem tão insatisfeitas.

Assim, elas passam de fantasia à fantasia e de uma quimera a outra, até que a morte chegue e subverta todos os seus projetos imaginários de felicidade e as faça saber por experiência própria que o mundo inteiro é vaidade e que todos seus esforços é apenas correr atrás do vento. 

O salmista Asafe deixou a insatisfação dominar e controlar sua alma, a ponto de duvidar de que Deus de fato e de verdade poderia satisfaze-lo plenamente. Somente depois de uma longa e desgastante crise existencial Asafe entendeu e corrigiu sua cosmovisão da vida e somente então ele pode descansar sua alma e seu coração: No céu e na terra eu só tenho a Ti! (Salmo 73.25-26).

Versos 9-10 - "O que foi - será de novo, o que foi feito - será feito de novo. Não há nada de novo sob o sol! Existe algo de que se possa dizer: 'Veja! Isso é algo novo? Já estava aqui, muito tempo atrás; estava aqui antes do nosso tempo!"

O que o Eclesiastes quer dizer? Apesar do progresso e dos avanços científicos-cibernéticos, há uma sensação de futilidade em tudo isso porque, em última análise, o ser humano, continua exatamente o mesmo, desde Adão - até agora. Sua natureza, sentimentos, apetites, seus pecados, corrupções e enfermidades - são sempre os mesmos. A constatação deste fato expõe de forma nua e crua o orgulho humano e exorta a humildade em reconhecer que não são tão originais ou excepcionais quanto desejam fazer acreditar.

NADA MUDOU REALMENTE!

Estas declarações ressaltam a natureza temporal e fugaz da memória e dos legados humanos. Apesar dos esforços que as pessoas fazem para deixar uma marca no mundo, é como escrever na areia – levadas pelas ondas do tempo. Mesmo os mais notáveis do passado acabam por desaparecer na obscuridade, esquecido pelas gerações futuras.

Essa reflexão sobre a natureza fugaz da fama e da memória serve como um lembrete da natureza transitória das atividades terrenas e da necessidade de buscar valores mais elevados e eternos. As palavras se amalgamam com a temática da vaidade de buscar realização em atividades mundanas em contraste com a cousas de valor eterno. O corpo físico constituído de pó, a ele voltará, mas o espírito permanecerá, pois pertence à eternidade. 

O famoso refrão entoado por milhões de pessoas ao redor deste mundo – “muito dinheiro no bolso, saúde para dar e vender – se torna completamente inútil diante da lápide fria da morte. Milionários morrem, assim como morre um sem teto.

Jesus ilustra isso ao contar uma história de um homem muito rico e um mendigo chamado Lazaro que comia das migalhas que lhe eram oferecidas. Mas o mendigo morreu e posteriormente o homem rico igualmente morre. Acabou? Não! Pois Lazaro foi para o “seio de Abraão” (uma figura do céu), enquanto o rico despojado de sua riqueza material, foi para um lugar de tormentos eternos.

A grande pergunta que precisa ser feita não é: Quanto você tem ou possui? Mas é: Onde você passará a Eternidade? Se você não tem resposta para esta pergunta, você precisa repensar a sua vida, enquanto há tempo.

As pessoas gostariam de fazer algo novo, de serem lembradas por fazer uma contribuição significativa para o mundo; eles anseiam e se esforçam por um significado duradouro, mas os resultados são frustrantes. Não importa quão grandes sejam as realizações, neste mundo não alcançarão o significado duradouro que desejam. Raros são aqueles que conseguem por algum tempo (breve, momentâneo) causar qualquer impacto significativo no curso da história humana, já que a esmagadora maioria vive e morre na obscuridade. O verso 11 enfatiza o ponto introduzido no verso 4.

Futilidade e Vazio Existencial

O propósito do Eclesiastes é mostrar a futilidade da vida humana sem colocar Deus na equação. O que assistimos diariamente na lavagem cerebral mediática é de que Deus está ultrapassado e pode ser substituído por quaisquer outros conceitos sem qualquer problema. Mas quando se toma a pílula vermelha (Matrix) e sai de um mundo ilusório criado pelos influencer mediáticos e passa-se a enxergar o mundo real — o que se vê é uma humanidade totalmente perdida cujas vidas não encontram qualquer sentido em absolutamente nada do que se faz e se busca, devastado, controlado e sombrio.

São vidas fúteis e superficiais, sem valores duradouros ou propósitos reais e permanentes. Uma busca cada vez mais frenética por coisas efêmeras, como fama, aparência ou riqueza, em detrimento e/ou menosprezo de valores mais profundos e eternos. Poderosos que na ânsia de prolongarem um dia a mais em sua miserável existência, matam milhões e/ou bilhões de pessoas com seus experimentos pandêmicos pseudo científicos. Nunca em toda a existência humana se produziu e vendeu tantas medicações, mas também nunca se reproduziu tantas doenças, como nos dias atuais.

Há somente uma solução: Em Cristo somos feitos NOVAS CRIATURAS; em Cristo TUDO SE FAZ NOVO; somente Nele possa se pode viver em NOVIDADE DE VIDA!

Um novo nascimento, um novo coração, uma nova mente, novas esperanças, novas perspectivas, novos desejos; novos amigos para amar, novos irmãos para amar!

Sim, uma nova realidade - um novo reino para herdar! Todas as coisas na graça são novas - todas desconhecidas antes.

“Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram AS COISAS NOVAS que DEUS tem PREPARADO para aqueles que estão EM CRISTO JESUS” (1 Coríntios 2.9)

Ao instituir a Ceia como símbolo de Sua morte e ressurreição, Jesus declara: ESSA É A NOVA ALINÇA, FEITA ATRAVÉS DE MEU SANGUE. Todo aquele que crê no Senhor Jesus vive nesta NOVA ALIANÇA!

Vamos orar!

 

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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Historiologia Protestante

 

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Referências Bibliográficas

KIDNER, R. Derek. Provérbios - Introdução e Comentário. Tradução de Gordon Chown. São Paulo: Edições vida Nova e Mundo Cristão,1980. [Série Cultura Bíblica].

TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia - cultura cristã, v.4. Tradução da Equipe de colaboradores da Cultura Cristã - São Paulo: Cultura Cristã, 2008. [em cinco volumes].

WALTKE, Bruce. Comentários do Antigo Testamento – Provérbios, vol. 01. Tradução de Susana Klassen. São Paulo, Editora Cultura Cristã, 2011.

 

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Salmo 51 – Desnudado Diante de Deus: O Contexto ou Ocasião

Para a grande maioria das pessoas a palavra “pecado” não significa nada. Até mesmo para uma crescente parcela de evangélicos pós modernista o termo parece bastante desgastado pelo tempo e já não incomoda a mente deles a ponto de tirar-lhes o sono.

Mas para o genuína crente, que tem como propósito maior da sua vida agradar a Deus e fazer a vontade dEle, o pecado foi, é e continuará sendo algo pernicioso e danoso; algo que deve ser evitado a todo custo; algo que quando por descuido ou displicência é praticado, deve ser imediatamente confessado e abandonado. Nada na vida de um crente é mais odioso do que o pecado, em quaisquer de suas nuances.

Uma das táticas do inferno é produzir na mente das pessoas de que o pecado é algo natural e até mesmo desejável na vida delas. É lhes bombardeado diariamente que não tem nada de mais um “pouquinho” de pecado em suas vidas cotidianas, tão chatas e rotineiras. O que você diria se lhe dissesse que um “pouquinho de veneno” diário não lhe fará mal algum?

O pecado será ilustrado nesse Salmo como sendo “células cancerígenas” que corrói e destrói as células saudáveis até levar a total falência dos órgãos morais e espirituais das pessoas. Mais ainda, o pecado apodrece os ossos; destrói o corpo e finalmente mata a alma.

Esse Salmo 51 é um momento em que o crente - uma vez confrontado com seu pecado - fica totalmente desnudado diante de Deus. Lança fora toda roupagem religiosa, toda autopiedade, toda transferência de culpa – e encara seu pecado de frente, ciente de suas consequências nefastas.

Para o salmista sua única saída é apelar para a misericordiosa graça de Deus! Qualquer outra solução é apenas paliativa; o único remédio que pode de fato e de verdade curar sua alma, mente e corpo – são doses homeopáticas do perdão gracioso de Deus.

Quero convidar você a iniciar com o salmista este tratamento radical do pecado em sua vida. Quero te convidar a se desnudar diante do Deus eterno que é onisciente e conhece cada um de seus pensamentos, que sabe tudo que você fez em todos os verões passados de sua vida desde seu nascimento até esse exato momento.

E assim, como o salmista, você vai descobrir o quão terrível e maligno é o pecado, mas também descobrirá a grandeza, profundidade e largura da imensurável graça perdoadora e revivificadora de Deus.

“pecado é qualquer falta de conformidade ou transgressão da Lei de Deus”

O título do Salmo nos dá o cenário.

Em nossas versões em português um título ou enunciado deste Salmo vem em destaque: “Salmo de Davi. Ao regente do coro. Escrito depois que o profeta Natã falou com Davi a respeito do pecado que este havia cometido com Bate-Seba”.

Desta forma os dois primeiros versos na bíblia hebraica, identifica o contexto do cântico, de maneira que o nosso verso um é o verso três na versão hebraica.

Todas as cópias hebraicas que hoje podem ser encontradas trazem esse enunciado/título, portanto, discutir a veracidade dele é uma falácia exegética completamente inútil. A realidade é que o Salmo descreve em pormenores essa terrível circunstância de pecaminosidade do rei Davi – aquele que é chamado um “homem segundo o coração de Deus” 1 Samuel 13.14.

E aqui termos um primeiro alerta para mim e para você, pois se Davi se deixou envolver por tão profundo lamaçal de pecado, o que não pode vir (ou quem sabe) já esteja acontecendo em a nossa própria vida?

Primeiramente é necessário não nos enganarmos, por causa do enunciado, de que se trata apenas e tão somente de um caso específico de pecado cometido por Davi, ou, por alguém que venha a cometer tal ação pecaminosa especifica. 

Este Salmo, bem como todos os 150 que compõem a totalidade do Saltério, foi elaborado e destinado para o uso comunitário. Era para ser entoado por todos que se apresentassem para adorar no templo, para ser usado na reunião pública do povo de Deus para adoração. Portanto, trata-se de uma forma didática pedagógica para ensinar princípios permanentes para uma vida de comunhão correta e abençoadora com Deus e com a comunidade adoradora.

O caso aqui ilustrativo do rei Davi é um modelo de como devemos lidar com nossos pecados. Mas todo pecado tem uma história e toda história tem um começo, que no caso prenuncia uma série de tragédias. Não há pecado que não gere consequências.

O início desta tragédia está registrada no segundo livro de Samuel em seu capítulo 11. Certa ocasião, na primavera, enquanto seus exércitos estavam em batalha, o rei Davi, que deveria estar liderando seu exército, andava ociosamente    pela varanda do palácio, quando seus olhos foram atraídos por uma cena – uma mulher se banhava. Imediatamente seus olhos acionaram todos os seus sentido sensoriais sexuais; ele ordena (somos rápidos em pecar) que aquela mulher (ele tinha outras mulheres no palácio) fosse trazida à sua presença. Ela foi levada a alcova real e ali se consumou o ato sexual ilícito/pecaminoso. Para agravar ainda mais o nome dela era Bate-Seba, e tratava-se da esposa de Urias, um de seus generais, que estava no campo de batalha (onde Davi também deveria estar). Todas as vezes que estamos onde não deveríamos estar, nos colocamos em risco de pecarmos contra Deus.

Com o passar dos dias Bete-Seba vem comunicar ao rei que está grávida – consequência direta do pecado. Era o momento de Davi reconhecer seu pecado e se arrepender, mas... suas próximas ações - engano/dissimulação e violência vão apenas avolumando pecado sobre pecado (um abismo chamando outro abismo).

O que Davi não contava era com a índole nobre de Urias, marido da mulher. Enquanto a atitude de Urias faz resplandecer a beleza do caráter dele, o de Davi vai desfalecendo até virar apenas uma caricatura do que deveria ser. Imagina o culto onde a Santidade de Deus fosse um enorme espelho que refletisse o caráter de cada um dos adoradores...como seria o seu reflexo?

Uma vez que suas ações iniciais não surtiram nenhum efeito para reverter aquela situação constrangedora (pecaminosa), Davi vai puxar um abismo ainda maior – assassinato. Davi ordena que Urias retorne ao campo de batalha e entregue um documento ao alto comando. No documento há a ordem de que se coloque Urias à frente da próxima batalha. Joabe obedeceu ao rei e depois da próxima grande batalha, Urias estava morto. Imediatamente o rei é comunicado. Ufa! Caso resolvido. Será?

A grande ilusão do pecador é que ele vai resolver o problema do pecado, pecando ainda mais.

Marido morto, marido posto. Passado os dias da viuvez, Bate-Seba é levada para o palácio real. No tempo próprio nasceu o bebê, resultante de um adultério e assassinato.

Davi em sua mente cauterizada pela concupiscência dos olhos e soberba da vida 1 João 2.16, pode ter pensado que sairia ileso de toda está horrível tragédia. Mas Deus vê todos os nossos pecados, mesmo aqueles que suspeitamos serem cometidos em segredo. Então, Deus envia seu profeta Natã para confrontar Davi com o pecado dele. Inicialmente Natã conta uma historinha aparentemente fictícia ao rei e conclui perguntando – o que o rei acha que se deveria fazer com tal pessoa tão maligna – e Davi cheio de si mesmo declara – deveria matar tal pessoa. Natã olha bem nos olhos de Davi e diz em alto e bom som – esse homem que fez todas essas atrocidades e que é digno de morte é você ó rei 2 Samuel 12!

Davi agora tinha que escolher (novamente) – continuaria no caminho dos pecadores? Mandaria silenciar o velho profeta de Deus?

Veremos no próximo artigo...

 

 

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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