segunda-feira, 30 de outubro de 2023

Antigo Testamento: A Didática dos Livros de Reis


          Na nossa bíblia, seguindo a organização da versão grega (Septuaginta e/ou LXX) os livros a partir de Josué até Ester são classificados como históricos. De fato, estes livros narram a história de Israel desde quando adentram à Canaã até o retorno judaico do cativeiro babilônico.

Na Bíblia Hebraica os dois livros dos reis se constituem em um único volume, eles foram desmembrados pela primeira vez pelos tradutores da Septuaginta (século III a.C.); a nossa versão segue esse arranjo editorial. Inicia-se de forma festiva com a ascensão de Salomão e fecham com uma marcha fúnebre com a destruição da amada capital Jerusalém. No início, vemos o templo construído e ao final, temos a terrível cena do templo queimado.

Os dois livros juntos cobrem um período de cerca de quatrocentos anos de história. Logo após o reinado de Salomão temos a cisão política da unidade nacional – os dois reinos passaram a ser conhecidos respectivamente como Israel, compreendendo dez das tribos e denominado de Reino do Norte (as tribos ficavam ao norte do território); enquanto o reino de Judá, restrito apenas a duas tribos - Judá e Benjamim, torna-se o Reino do Sul, todavia manteve a cidade de Jerusalém e o Templo.

          Os primeiros onze capítulos, ainda como um único reino, são dedicados a Salomão e seu reinado de quarenta anos, com expansão de território, prosperidade material, mas também o princípio do fim, pois ele escancarou a nação à idolatria e posterior luxuria, que levara à divisão do reino e aos cativeiros pela Assíria e depois pela Babilônia. Os onze capítulos restantes, do primeiro volume, cobrem aproximadamente os primeiros oitenta anos dos reinos separados de Israel e Judá.

          O tema dominante nestes dois volumes é: a estabilidade e o bem-estar da nação dependia, em última análise, de sua fidelidade à aliança estabelecida por Deus/Yahweh, e a medida para todos os governantes era e continuava a ser a obediência à Torah. Por esta razão o escritor (ou redator) não tinha a intenção de exaltar os reis de Israel e/ou Judá, a razão por que omite algumas façanhas que encantam tanto os olhos humanos, como o reinado de Omri. Sua proposta, como veremos, era mostrar como cada governante sucessivamente se relacionava com Deus/Yahweh em suas responsabilidades de aliança.

          Por isso, os livros dos Reis tornam-se livros didáticos de Deus para o seu povo em todas as épocas (o apostolo Paulo entendeu perfeitamente isso Rm 15.4; 1 Cor. 10.11. São verdadeiras aulas ilustrativas de como se deve viver ou não viver neste mundo. Cada rei é apenas um espelho onde podemos nos autoanalisarmos, de como estamos vivendo em relação a Deus e a Sua Palavra. Como dirá o profeta Elias nos seus dias, não é possível servir a Yahweh e a Baal simultaneamente, é preciso tomar uma posição e ao fazê-lo definiremos o que somos e para onde estamos indo. Jesus endossa as palavras do profeta declarou: Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida – não um entre outros, mas ÚNICO.

          É possível destacarmos alguns temas pedagógicos que fluem dessas literaturas históricas:

ü  A primeira é muito simples, Deus é realmente Deus. Ele não deve ser confundido ou incluído em quaisquer panteões de deuses construídos ao longo dos séculos 1 Reis 12.25–30; 2 Reis 17.16; 19.14–19. Tais deuses são frutos dos desvarios das mentes decaídas e, portanto, são impotentes e fúteis 1 Re. 11.5; 16.13; 18.22–40; 2 Reis 17.15; 18.33–35). Yahweh (Senhor), ao contrário, é o único Criador de todas as coisas 1 Reis 8.23; 2 Reis 19.15, totalmente distinto da criação 1 Reis 8.9, 14–21, 27–30; 18.26–38, mas permanece interagindo e conduzindo a história humana, que por meio da própria Natureza 1 Reis 17–19; 2 Reis 1.2–17; 4.8–37; 5.1–18; 6.1–7, 27), quer por meio da própria História 1 Reis 11.14, 23; 14.1–18; 22.1–38; 2 Reis 5.1–18; 10.32–33; 18.17–19.37. Este é o verdadeiro papel pedagógico dos profetas bíblicos interpretando e indicando os movimentos históricos 1 Reis 11.29–39; 13.1–32; 16.1–4; 20.13–34; 2 Reis 19.6–7, 20–34. Ainda que Yahweh dê liberdade para que o ser humano possa exercer sua vontade própria – Ele nunca abriu mão de conduzir todas as coisas para a realização de Seu propósito eterno 1 Reis 18.15; 2 Reis 5.15.

ü  Em segundo lugar, consequentemente Yahweh não divide sua glória com nada e ninguém – exige adoração exclusiva, e aqui está a pedra em que todos os israelitas/judeus tropeçaram e caíram (é nós continuamos tropeçando e caindo). Essa adoração exclusiva não é apenas para os israelitas/judeus, mas para todos os povos e nações da Terra 1 Reis 8,41–43, 60; 2 Reis 5,15–18; 17.24–41. No livro dos Reis (e toda a bíblia e nitidamente evidenciado no livro do Apocalipse) o fiel da balança está na questão cúltica/adoração 1 Reis 11.1–40; 12.25–13.34; 14.22–24; 16.29–33; 2 Reis 16,1–4; 17.7–23; 21.1–9).

A questão da centralidade do culto/adoração no Templo é para confrontar os chamados "lugares altos" locais de idolatria 1 Reis 3.2; 5.1–9.9; 15.14; 22.43; 2 Reis 18.4; 23.1–20. Outro aspecto relacionado é a ênfase nos erros morais, pois a genuina adoração implica em uma vida moral elevada e em harmonia com os princípios estabelecidos na Torah 1 Reis 21; 2 Reis 16.1–4; 21.1–16, assim como, a verdadeira sabedoria é amalgamada com genuína adoração e obediência de todo o coração – são os dois lados da mesma moeda 1 Reis 1–11. A sabedoria de Salomão se torna ineficaz/inútil na mesma proporção em que sua adoração começou a ser contaminada com a idolatria de suas mulheres estrangeiras.  

ü  A Torah torna-se o padrão de justiça pelo qual todos devem ser medidos, seja rei 1 Reis 11.9-13; 14.1–18), profeta 1 Reis 13.7–25; 20.35–36 ou súdito comum 2 Reis 5.19–27; 7.17–20. Nem sempre a sentença é imediata, ainda que todos sejam igualmente informados de que a bênção/aprovação de Deus vem somente sobre aqueles que obedecem 1 Reis 2.1–4; 11.38. Isso se deve ao caráter misericordioso e longânimo do justo Juiz, que não tem prazer nem mesmo na morte do ímpio e está sempre pronto para encontrar motivo pela qual a sentença deva ser adiada ou atenuada 2 Reis 13.23; 14.27; 1 Reis 21.25–29; 2 Reis 22.15–20. A graça de Deus encontra-se em toda parte no livro de Reis (como permeia todas as Escrituras), confundindo as expectativas que o leitor formou com base na letra da Lei 1 Reis 11.9-13; 15.1-5; 2 Reis 8.19. Mas que ninguém se engane, o pecado pode, no entanto, acumulam-se a tal ponto que o julgamento recaia não apenas sobre os indivíduos, mas sobre culturas inteiras 2 Reis 17.1–23; 23.29–25.26 – cf. ilustradas no diluvio e o juízo sobre Sodoma e Gomorra e os próprios povos canaanitas.

ü  As Promessas de Deus fundamentadas no bojo da Aliança se constituem no coração do comportamento gracioso de Yahweh para com Seu povo. A mais extraordinária das promessas em Reis é a da dinastia eterna davídica. O seu aspecto paradoxal (como ocorre em outras partes das Escrituras) desnorteiam os leitores desatentos (os sábios deste mundo ficam horrorizados e frustrados cf. 1 Coríntios 1.22-24.

Em grande parte da narrativa, tomamos conhecimento do porquê da dinastia davídica sobreviver, quando outras dinastias não o fazem, apesar da desobediência dos sucessores de Davi 1 Reis 11.36; 15.4; 2 Reis 8.19. A promessa é vista, em outras palavras, como incondicional (alguma semelhança com a nossa salvação?). Em outros, é possível vermos uma obediência positiva destes descendentes de Davi 1 Reis 2,4; 8,25; 9,4–5. Com a queda do reino do Norte as atenções voltam-se para o pequeno reino do Sul, entretanto, no final, as recorrentes desobediência traz o julgamento de Deus sobre Judá tão severamente quanto sobre Israel 2 Reis. 16.1–4; 21.1–15; 23.31–25.26. E, no entanto, Jeoaquim vive 2 Reis 25.27–30 em meio a um desastre quase total, assim como aconteceu com Joás antes dele 2 Reis 11. Esses detalhes históricos indicam que a promessa feita por Yahweh transcende o pecado do próprio Davi e seus descendentes de maneira que a graça triunfara na história do futuro de Israel/Judá.

Uma promessa anterior está vinculada aos eventos de Reis - a promessa a Abraão, Isaque e Jacó de descendentes e a eterna posse da terra de Canaã. Esta promessa explica o tratamento dado por Deus aos seus descentes na história 2 Reis 13.23, e implicitamente em 1 Reis 4.20–21, 24; 18.36, esta promessa é o contexto da oração de Salomão em 1 Reis 8.22–53. A graça é real pois esta fundamenta no caráter e nas promessas de Deus.

Esta é a razão pela qual os judeus se referem a estas literaturas como “narrativas proféticas”. Nelas encontramos os temas teológicos, como aliança, pecado, castigo e renovação, tão centrais nas pregações dos profetas. Por sua vez, quando ouvimos/lemos os profetas percebemos suas pregações estão fundamentadas no tempo/espaço histórico. Em suas mensagens podemos encontrar características históricas:

v Diferentemente do imaginário popular os profetas olham mais para o passado histórico do que para o futuro escatológico.

v Toda pregação dos profetas falando do futuro relaciona-se com as promessas que Deus fez quer a indivíduos ou à nação como um todo 2 Samuel 7.7–17.

v O contexto de suas mensagens enfatiza eventos que cumprem uma visão profética do passado no presente e/ou futuro.

v Os personagens são avaliados com base em em seus respectivos comprometimentos com a Torah.

v Na narrativa histórica ressoa a exortação ao arrependimento como caminho para a restauração e bênção.  Única forma de evitar o juízo eminente ou futuro é voltar-se para Deus e submeter-se aos termos da Aliança estabelecida e estabelecida na Torah. Essas características são evidentes em Josué-Reis e em Isaías, Jeremias, Ezequiel e os profetas menores.

O fascinante de examinar pacientemente as narrativas históricas que perfazem os livros de Reis e correlatos históricos é o de percebermos que Deus nunca, nem mesmo nos períodos mais tenebrosos, deixou de interagir na História de Seu povo.

 

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante

 

 
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Referências Bibliográficas

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ARNOLD, Bill. T. e BEYER, Bryan E. Descobrindo o Antigo Testamento – uma perspectiva cristã. Tradução Suzana Klassen. São Paulo. Cultura Cristã, 2001.

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BRIGTH, Jonh. História de Israel. 7ª. ed. São Paulo. Paulus, 2003.
ELLISEN, Stanley A. Conheça Melhor o Antigo Testamento, ed. Vida, Florida, 1991.
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HILL, Andrew E. e WALTON. J. N. Panorama do Antigo Testamento. Tradução Lailah de Noronha. São Paulo. Editora Vida, 2006.

HOFF, Paul. Os livros históricos. São Paulo. Vida, 1996.
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MERRILL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento. Tradução Romell S. Carneiro. CPAD, Rio de Janeiro, 2001.

PROVAN, Iain W. 1 & 2 Kings. Michigan: Published by Baker Books, 1995. [Understanding the Bible Commentary Series].

SCHULTZ, Samuel J. A História de Israel no Antigo Testamento. Tradução João Marques Bentes. São Paulo: Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, 1997.


 


sexta-feira, 27 de outubro de 2023

Os Patriarcas nas Narrativas Evangélicas - Mateus


 As figuras dos patriarcas israelitas Abraão, Isaque e Jacó está amalgamado na consciência histórica dos judeus e como veremos irão fecundar as narrativas evangélicas. A vinda de Cristo e a subsequente iniciação histórica da igreja é uma consequência direta da história iniciada e renovada na vida destas extraordinárias figuras veterotestamentária. Os evangelistas irão interpretar e incorporar o testemunho patriarcal em suas respectivas narrativas evangélicas.
        A figura de Abraão é paradigmática, de maneira que ele será apresentado como a gênesis da tradição judaico-cristã. A vida de Isaque torna-se um protótipo de Cristo e Jacó torna-se o portador da própria nação israelita prenha de toda profecia messiânica.
Os Patriarcas no Antigo Testamento
        Evidente que as promessas de Deus em relação a Adão e Eva, bem como Noé, continham aspectos universais. Mas há um diferencial nas promessas feitas a Abraão (Gênesis 12-25), pois aqui se introduz a figura de uma nação em particular e uma linha genealógica especifica, sem, entretanto, jamais perder sua dimensão universal (Gn 12,3; 17,4-6.16; 18,18; 22,18]).
        A partir de Abraão, a linhagem passa pelo seu filho Isaque e o neto Jacó, que após uma experiência pessoal com Deus tem seu nome modificado para Israel e cujos filhos haverão de constituir as doze tribos embrião da nação israelita/judaica.
        No contexto veterotestamentário os patriarcas são as pontes estabelecidas por Deus na relação com a dinastia/nação em formação e continuará sendo após seu estabelecimento definitivo em Canaã/Palestina.  Esta aliança forjada na bigorna do tempo de Deus (kairós) será continuamente trazida à memória do povo israelita/judaica através do Calendário Festivo/Religioso pelos sacerdotes, bem como pela boca dos profetas e salmistas e finalmente nas páginas da Torah. 
Abrão no Contexto Evangélico de Mateus
        O evangelista abre sua narrativa evocando a figura do primeiro patriarca Abraão 1.2 deixando claro aos leitores primários (provavelmente judeus convertidos) que Jesus é o cumprimento literal das promessas Abraâmica. Para o evangelista Jesus é o novo Abraão em sua obediência a Deus. Mateus revela preocupação com a verdadeira descendência Abraâmica, estabelece uma tipologia de Isaque e apresenta a tríade patriarcal dentro de uma moldura escatológica. Para ele a história da salvação, objeto de toda sua narrativa, começa com Abraão e culmina em Jesus 1.17, o descendente de Abraão e o herdeiro definitivo de todas as promessas contidas na Aliança por Deus estabelecida com Abraão e renovada em Isaque e Jacó e no transcorrer da história do povo israelita/judaica.
        Utilizando o bojo da aliança Abraâmica o evangelista inclui o conceito universal nas figuras representativa dos gentios 1.17 na inclusão das mulheres 1.5,6, raríssimo se não inédito em genealogias judaicas, constituindo a abrangência universal da obra de Jesus na cruz Is 9.1-2 em Mt 4.12-16; Is 42.1-4 em Mt 12.17-21, e conclui sua narrativa reafirmando claramente o propósito universalista das promessas germinais em Abraão 28.16-20.
        Infelizmente os judeus não entenderam e continuam não entendo que eles eram apenas o canal das promessas dadas a Abraão e que elas se cumprem literalmente somente na vida daqueles que professam a fé em Jesus Cristo. Em suas narrativas evangélicas os escritores deixam claro que o simples fato de ser portador da descendência Abraâmica é insuficiente, como deixa bem claro a pregação de João Batista às margens do emblemático rio Jordão (porta de entrada à Canaã/terra prometida) 3.11,12.
Isaque no Contexto Evangélico de Mateus
        A figura de Isaque não se revela de explicita, como a de Abraão, mas implícita. Mateus apresenta o segundo patriarca apenas através do mecanismo da alusão, todavia, lendo com a devida atenção os textos bíblicos veterotestamentários, em seu contexto do século I, podemos ver que em Mateus evidencia-se uma tipologia significante de Isaque que se harmoniza bem com os temas mateanos de Jesus como novo templo e último sacrifício (HUIZENGA, 2009, p. xii). Jesus bem como Isaque são filhos da promessa e gerados de forma sobrenatural; filhos amados que vão obedientemente à morte sacrificial às mãos dos seus respectivos pais no tempo da Páscoa.
        Mateus faz ao menos três alusões a Isaque em sua narrativa: primeiro, "Filho de Abraão" 1.1 e ouve-se aqui ecos de uma tipologia que complementa a tipologia messiânica estabelecida por "Filho de Davi"; o anúncio do nascimento do anjo a José 1.20-21 alude ao texto de Génesis 17.19, no texto evangélico o anjo do Senhor diz a José: "Não temas receber Maria como tua esposa. . . Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus”, enquanto em Gênesis Deus diz a Abraão: "Sara, tua mulher, te dará à luz um filho, e chamarás o seu nome Isaque". Por fim, uma alusão retórica[3] reforça a possibilidade da conceção virginal: se Deus produziu vida no ventre da idosa estéril Sara, Deus também é capaz de fecundar o ventre da jovem e saudável Maria.
        Por duas vezes Mateus registra as vozes celestes, no momento do batismo 3.17 e na transfiguração 17.5 ambas remetendo o leitor a Gn 22.2,12,16. Na narrativa evangélica Jesus é chamado de "meu filho amado".
        As duas alusões tipológicas apontam para a vocação sacrificial e posterior glorificação de Jesus Cristo. No caso de Isaque um carneiro foi provido, no caso de Jesus ele próprio era o cordeiro. Mas como diz o escritor de Hebreus 11.17-19, Abraão creu que mesmo que Isaque fosse morto, Deus o ressuscitaria dentre os mortos, e Jesus ressuscitou ao terceiro dia!
Quando se chega na narrativa da paixão elaborada por Mateus a tónica está na obediência de Jesus Mateus 26,.6-56. Jesus diz aos discípulos que estão com ele: "Sentai-vos aqui enquanto eu vou além orar... 26.36, enquanto em Génesis 22.5 Abraão diz aos seus servos para "esperem aqui" (na Septuaginta - kathisate autou – parar para sentar-se) enquanto ele e Isaque vão adiante para adorar.
        A cena alusiva fica mais evidente na sequência da composição narrativa do evangelista. Uma multidão "com espadas e paus" (meta machairōn kai xylōn Mt 26.47,55) vem e colocam as mãos sobre Jesus, provocando a reação imediata de um dos Doze estendendo a mão para pegar na sua espada (ekteinas tēn cheira . . . tēn machairan Mt 26.51), mas imediatamente Jesus intervém e faz a declaração sobre o destino daqueles que pegam na espada (hoi labontes machairan Mt 26.52). No texto de Génesis 22, Abraão empunha uma "faca" (machairan – LXX Gn 22. 6.10) e "madeira" (xyla - LXX Gn 22.3,6,7,9) como instrumentos de sacrifício, e estende a mão (exeteinen Abraão tēn cheira - LXX Gn 22.10) para pegar na sua espada (labein tēn machairan - LXX Gn 22.10) para matar Isaque, mas é impedido por um anjo que lhe diz não ponha as mãos no seu filho (mē epibalēs tēn cheira sou epi to paidarion  - LXX Gn 22.12). A relação está em que Abraão, o pai, empunhava a faca e a madeira para para realizar o sacrifício do seu filho amado, Deus Pai empunhou a multidão com as suas espadas e paus para para levar a cabo o sacrifício do seu Filho amado.
        Abraão, Isaque e Jacó são mencionados conjuntamente apenas duas vezes na narrativa mateana, sendo a primeira no relato da cura do servo do centurião romano Mt 8.5-13 e depois na controvérsia com os saduceus sobre a ressurreição Mt 22.23-33. Ambos os casos dizem respeito ao eschaton (escatologia).
        Na primeira narrativa, a demonstração de fé do centurião suscita as palavras de Jesus sobre muitos que vêm "do Oriente e do Ocidente e se sentam à mesa com Abraão, Isaac e Jacob no reino dos céus" Mt 22.11, enquanto "os filhos do reino" são excluídos; aqui o leitor primário (e nós) depara-se com os temas de inclusão e de inversão dos gentios, referido desde a abertura da narrativa na genealogia Mt 1.2-17 e na história dos sábios do Oriente que vem para adorar Jesus, enquanto Herodes e "toda a Jerusalém" com ele rejeitam Jesus Mt 2.         E o próprio Jesus recorre ao facto de que Deus fala a Moisés sobre a sua relação com Abraão, Isaque e Jacó Ex 3.15, para enfatizar aos saduceus que estes três permanecem (são testemunhas vivas/eternas) e, portanto, a ressurreição é uma realidade. A colocação de Jesus implica que a "ressurreição" é equivalente à vida eterna vida eterna imediatamente após a morte, uma vez que Deus disse estas palavras muito antes do eschaton; de maneira que Jesus interpreta estas palavras num sentido futuro, antecipando uma ressurreição no fim dos tempos.
        Quando paramos e contemplamos cada um e a totalidade destes detalhes narrativos é impossível não sermos tomados por um temor e tremor diante da ação redentora de Deus em nosso favor.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
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Referências Bibliográficas

GIBSON, John Monro. The gospel of St. Matthew. London: Hodder and Stoughton, 1935. [The Expositor’s Bible].

HENDRIKSEN, William. Mateus, v.1 São Paulo: Cultura Cristã, 2001. [Comentário do Novo Testamento].

HUIZENGA, Leroy A. The New Isaac Tradition and Intertextuality in the Gospel of Matthew. BRILL, Leiden, Boston, 2009. [Supplements to Novum Testamentum ; v. 131].

MOUNCE, Robert H. Novo comentário bíblico contemporâneo – Mateus. São Paulo: Editora Vida, 1996.

RIENECKER, Fritz. Evangelho de Mateus – comentário esperança. Tradução Werner Fuchs. Curitiba-PR: Editora Evangélica Esperança, 1998.

SADLER, M. F. The Gospel According to St. Matthew, 3ª ed. Nova York: James Pott & Cia., 1887.



[1] Diferença marcante é que Jesus é gerado sem a participação de José.

[2] Diferença marcante é que Isaque não foi imolado, mas Jesus padeceu na cruz.

[3] A alusão é uma figura de linguagem caracterizada pelo uso de uma referência ou citação a um fato ou pessoa (real ou fictícia), necessariamente conhecido pelo interlocutor, no nosso caso leitor. Faz parte da intertextualidade, só que na alusão, não se aponta diretamente o fato em questão; apenas o sugere através de características secundárias ou metafóricas.[4]




Reflexão: Você Tem Medo?


       Todos nós temos medo de alguma coisa. É aquela sensação que nos deixa apreensivos pelo receio de que alguma coisa ou alguém nos ameaça. A ideia de que uma pessoa corajosa é aquela que não tem medo de nada é equivocada. A pessoa realmente corajosa é aquela que aprende a controlar e/ou dominar o medo.

       Uma das barreiras para confiarmos plenamente em Deus é o medo/receio de que não temos fé suficiente. O termo medo é mencionado ao menos trinta e cinco vezes nas páginas do Novo Testamento e seus correlatos oitenta e três vezes.  

        Ao longo da Bíblia encontramos expressões como estas: "Não tenhais medo", ou "Não temais". É interessa que estas frases são as mais repetidas no contexto de toda a bíblia. Uma passagem bastante conhecida são as palavras de Deus dirigida a Josué em um dos momentos cruciais de sua história e dos israelitas, quando estão prestes atravessar o rio Jordão e tomarem posse da terra de Canaã – “Não fui eu que lhe ordenei? Seja forte e corajoso! Não tenha medo, nem desanime, pois o Senhor, o seu Deus, estará com você por onde você andar1.9.

       Certamente as palavras de Deus "Não tenham medo" é um balsamo para nossas almas angustiadas e apavoradas, mas também se constituem nas mais difíceis de obedecermos, pois naturalmente olhamos para nós mesmos e percebemos todas nossas debilidades e limitações e nos apavoramos. Uma ilustração interessante é a cena em que Pedro obedecendo as palavras de Jesus começa a caminhar sobre as águas, indo ao encontro Dele, mas de repente Pedro começa a olhar a impetuosidade dos ventos: “Mas, quando reparou no vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: "Senhor, salva-me!" Mt 14.22-36.

O grande desafio do crente está justamente em confiar e continuar a confiar em Deus mesmo quando as coisas parecem muito ruins ou não parecem fazer sentido. As primeiras palavras do anjo à jovem Maria, que teria sua vida e história totalmente transformada foram: "Não tenha medo" Lc 1.30. Quando Jairo, um dos chefes da sinagoga judaica, se aproxima de Jesus e lhe pede ajuda em relação à sua jovem filha que está à beira da morte (e de fato morreu), antes de qualquer outra cousa, Jesus o olha nos olhos e diz: "Não tenhais medo; crê somente" Lc 8.50.

Na maioria das vezes, a palavra traduzida como "medo" é a palavra grega “phobeo” [φοβέω],[1] cuja raiz é “Fobos”, sendo muitas vezes traduzida como "medo". Entretanto, Phobeo significa ser ou estar atemorizado/assustado, mas também pode vir a ser usado para significar temor reverente, como em: "O temor [medo] do Senhor", no sentido de se reconhecer/admirar a imensidão grandiosa de Deus. Enquanto este último sentido é mais comum no Antigo Testamento, a ideia, em seu sentido negativo, de medo/pavor é usada com mais frequência no Novo Testamento.

no sentido negativo de ter medo ou medo.

Há outras palavras gregas que se relacionam com medo – deeper (alarmado/tremulo) Lc 24.5, Atos 24.25; deilia ou seu derivado deiliao, que expressa timidez ou covardia 2Tm 1.7, João 14.27; e Ekphobos, que essencialmente traz a ideia de assustar-se, aparecendo apenas uma vez nos textos neotestamentários, onde descreve a reação dos discípulos diante da transfiguração de Jesus Mt 9.6.

Paulo escrevendo ao seu jovem sucessor Timóteo e tendo o propósito de animá-lo e fortalece-lo diante de seu eminente martírio lembra-o: "Porque Deus não nos deu um espírito de timidez/covardia (deiliao), mas espírito de poder, de amor e de autodisciplina" 2Tm 1.7.

As palavras de João são maravilhosas e esclarecedoras: "No amor não há temor, mas o amor perfeito expulsa o medo. Porque o medo tem a ver com o castigo, e quem teme não foi aperfeiçoado no amor" 1João 4.18. Aqui está a fórmula para anularmos o medo, principalmente no que tange ao futuro eterno – o amor. E como é que temos acesso a esse amor, ou como é que somos "aperfeiçoados no amor"?

O velho apostolo relaciona o medo ao juízo de Deus. Por sua vez o amor relaciona-se diretamente com a graça. Desta forma, ao experimentarmos da graça emanada da cruz, podemos confiar plenamente na justiça de Cristo que nos reveste, nos tornando justos e/ou justificados no tribunal de Deus, de maneira que não mais somos dominados pelo medo da condenação eterna. Quando deixamos de lado o medo, podemos

podemos confiar na graça de Deus, o que nos torna perfeitos aos olhos de Deus. Não apenas nos livramos do medo, mas o substituímos por algo infinitamente melhor – o amor.

O escritor C. S. Lewis se expressa de forma incomparável nesse ponto:

“Amor perfeito, nós sabemos, expulsa o medo. Mas assim fazem várias outras coisas: ignorância, álcool, paixão, presunção e estupidez. É muito desejável que todos nós avancemos para essa perfeição do amor, na qual não teremos mais medo; mas é muito indesejável, enquanto não tivermos atingido essa fase, que permitamos que qualquer agente inferior elimine o nosso medo!”[2]

E aqui encontramos uma das maiores ironias bíblicas, pois o amor que nos assusta - o ágape que é generoso e abnegado - é o tipo de amor que anula/neutraliza o fhobeo. Esta é a razão pela qual o escritor de Hebreus declara com ousadia que podemos, com toda tranquilidade, aproximar-nos do trono da graça com confiança e sem medo Hebreus 4.16.

Há de fato uma tensão gerada pelo termo grego. Somos instruídos a temer a Deus, mas não de termos medo de Deus. E phobeo trás em si ambas as ideias - medo ou respeito. Entretanto, "o temor de Deus” vai além do trivial respeito que temos para com nossos semelhantes e autoridades.  É muito mais profundo, pois implica em reverência e temor.

Temer a Deus significa que temos uma visão correta do tamanho de nós mesmos e da grandeza de Deus. O teólogo reformado João Calvino tinha como sua tese primário que na mesma medida em que conhecemos a Deus haveremos de conhecermos a nós mesmos. Quanto mais pobre e medíocre é o nosso conhecimento de Deus, mas pobre e medíocre será o conhecimento de nós mesmos.

Paulo possuía um conhecimento correto a respeito de Cristo, por isso declara: "Posso fazer todas as coisas por meio de Cristo, que me fortaleceFp 4.13. Ele não tinha medo porque era bom e capaz, mas porque estava focado em Cristo e não nele mesmo. Quando tememos a Deus, não precisamos temer mais nada.

O SENHOR É A minha luz e a minha salvação. Quem será capaz de me assustar?

O Senhor é à força da minha vida; de quem eu poderia ter medo?

       Salmo 27.1

 

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Guedes, Ivan Pereira
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[1] Strong's Greek: 5399. φοβέω (phobeó) — 95 Ocorrências.
[2] C. S. Lewis, “The Christian Hope—Its Meaning for Today,” Religion for Life, Winter 1952. Republished as “The World’s Last Night” in The World's Last Night and Other Essays (New York: Harcourt, 2002), 109.

  



terça-feira, 24 de outubro de 2023

Segundo Samuel: Introdução Geral


(o Reinado de Davi; Expansão e Consolidação da Nação)

Autor: Veja comentários em 1 Samuel.

Data: 930 a.C. e posteriores.

Nome: Veja comentários em 1 Samuel.

Tema e Propósito: Sem provocar um rompimento, II Samuel continua a narrativa do desenvolvimento do reino de Israel começando com a morte de Saul e continuando com o reinado de Davi. Está centralizado no reinado de quarenta anos de Davi (5.4-5) e pontilhado pelos seus triunfos e tragédias que incluem os pecados de adultério e assassinato, e as consequências na sua família e na nação. O tema, como II Samuel reconta o reinado de Davi, poderia ser resumido em " como triunfar sobre o pecado e as dificuldades ". Considerando que o reino foi estabelecido por Saul, é ampliado por Davi. O reinado de Saul trouxe estabilidade para a nascente nação israelita em relação ao conturbado período dos juízes, mas foi o reinado de Davi que trouxe crescimento e expansão. Na forma franca com que Bíblia conta a história de seus líderes, com defeito e virtudes, II Samuel desnuda o rei Davi.

Palavra-chave: Como o nome de Davi ocorre umas 267 vezes (NASB), o nome dele se torna claramente uma palavra chave.

Versos chaves: 7.12-16 “Quando teus dias forem completos, e vieres a dormir com teus pais, então, farei levantar depois de ti a tua semente, que procederá de ti, e estabelecerei o seu reino.  Este edificará uma casa ao meu nome, e confirmarei o trono do seu reino para sempre.  Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho; e, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens e com açoites de filhos de homens.  Mas a minha benignidade se não apartará dele, como a tirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.  Porém a tua casa e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono será firme para sempre.”

12.12-14 "Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol. Então, disse Davi a Natã: Pequei contra o SENHOR. E disse Natã a Davi: Também o SENHOR traspassou o teu pecado; não morrerás. Todavia, porquanto com este feito deste lugar sobremaneira a que os inimigos do SENHOR blasfemem, também o filho que te nasceu certamente morrerá”.

Capítulos chaves: Capítulo 5 é um capítulo chave, pois registra o reinado de Davi como rei sobre todo o Israel, mas os capítulos 11-12 são talvez os mais difíceis, pois neles se registram o pecado de Davi com Bate-Seba e o assassinato de Urias marido dela, a repreensão dele por Natã o profeta, e a disciplina que entrou na casa de Davi como resultado.

Pessoas chaves: Davi, Bate-Seba, Natã, Absalão, Joab, Amon e Aitofel.

Cristo como Visto em II Samuel: Com a exceção dos seus pecados, Davi permanece um tipo de Cristo como o rei de Israel.  O Reinado de Davi, estabelecido por Deus, em última instância terá sua realização plena na pessoa de Cristo.

Esboço: Segundo Samuel subdivide-se em três seções naturalmente: Os Triunfos de Davi (1-10), as Transgressões de Davi (11), e as Dificuldades de Davi (12-24).

I. Os Triunfos de Davi (1-10)

A. A Coroação do Rei (1.1-5.6)

B. A Consolidação do Reino (5.7-6.23)

C. O Pacto Relativo ao Reino (7.1-29)

D. As Conquistas do Rei (8.1-10.19)

II. As Transgressões do Rei (11.1-27)

A.O Adultério do Rei (11.1-13)

B. O Assassinato Causado pelo Rei (11.14-27)

III.As Dificuldades do Rei (12.1-24.25)

A. Dificuldades em Casa (12.1-13.36)

B. Dificuldades no Reino (13.37-24.25)

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