quinta-feira, 27 de outubro de 2016

GEOGRAFIA DAS CIVILIZAÇÕES DO MUNDO BÍBLICO - Introdução Geral

Cada matéria do curso teológico tem sua importância e complementa as demais para que o aluno possa ter uma ampla visão dos temas correlatos à teologia.
            A Geografia destaca-se pelo simples fato de que ela procura responder à nossa exigência espacial – “Onde realmente aconteceu aquele acontecimento?” A Historia utiliza os documentos para elucidar a questão, mas a Geografia nos transporta para o palco dos acontecimentos e proporcionando-nos uma visão tridimensional dos acontecimentos passados.
            Mais particularmente a Geografia bíblica, nos possibilita a oportunidade de reconstituirmos os caminhos percorridos  e delimitarmos os espaços. Afrânio Peixoto coloca muito bem a interdependência e complementabilidade entre a História e a Geografia: “A Geografia será assim a ciência do presente, explicada pelo passado; a História, a ciência do passado, que explica o presente." (apud, ANDRADE, 1987).
            A bíblia é um livro composto de registro de fatos, lugares e pessoas reais que podem serem localizados no tempo (historia) e no espaço (geografia). Partindo do livro de Gênesis empreenderemos uma viagem longa e riquíssima até o livro do Apocalipse. As informações geográficas contidas nas páginas bíblica podem serem reconstituídas com um grau significativo de fidelidade e exatidão. Na medida que localizamos, fixamos e documentamos os registros bíblicos, a geografia bíblica substancia e proporciona a estes relatos mais consistência e autenticidade, bem como uma perspectiva mais viva.

Geografia: Definição
Etimologicamente, a palavra geografia vem de dois vocábulos gregos: geo, terra e graphein, descrever. Assim, Geografia é a ciência que tem por objeto a descrição sistemática e ordenada da superfície da Terra. Detém-se ela no estudo dos seus acidentes físicos, solos, vegetações e climas. A Geografia detém-se ainda na pesquisa do estudo das relações entre o meio natural e os diversos grupamentos humanos.
Deste modo, dentro da Geografia Geral temos a Geografia Bíblica, cujo propósito é o conhecimento das diferentes áreas da Terra relacionadas com as Sagradas Escrituras. Na proporção que se descreve e delimita os registros bíblicos, damos-lhes maior consistência e autenticidade, contribuindo para uma melhor interpretação e compreensão dos fatos bíblicos.
Inicialmente a Geografia limitava-se apenas a descrever a Terra, mas a partir do Século 19 assume um caráter cientifico e além de descrever, passa também a ter a função de explicar os fatos. Há diversas definições do que vem a ser Geografia e cito dois exemplos: para Alfred Hettner, Geografia é o ramo de estudos da diferenciação regional da superfície da terra e das causas desse diferenciação, e para Richard Hartshorne ela possibilita a descrição bem como a interpretação, de maneira precisa, ordenada e racional, das características variáveis da superfície da Terra. A questão esta em se definir o que vem a ser a “superfície da Terra”. A Enciclopédia Mirador Internacional esclarece esse ponto:
Tomar como tal apenas a face exterior da camada sólida e líquida, iluminada pela luz do Sol, eqüivale a suprimir do campo de interesse geográfico as minas e a atmosfera. Nesta ocorrem os fenômenos meteorológicos e se configuram os tipos climáticos de profunda influência na vida de todos os seres e, particularmente, na atividade humana.
Para  nós a definição oferecida por J. Mackee Adams é o nosso referencial nesse empreendimento de estudá-la, para ele a Geografia Bíblica é o “painel bíblico em que o Reino de Deus teve o seu início e onde experimentou seus triunfos”.

Desenvolvimento da Geografia
            Um dos primeiros a elaborar conceitos geográficos foram os egípcios, mas limitavam-se ao Nordeste da África, à Ásia Ocidental e à Assíria. Os fenícios, por sua natureza aventureiro chegaram até às ilhas britânicas.
            Mas foram os gregos, principalmente com as conquistas de Alexandre, o Grande, que saindo da Macedônia, na Europa Oriental, alcançou a Índia, no Extremo Oriente. Foram os gregos que começaram a utilizar o termo “Geografia” e muitos deles se dedicaram ao estudo dela, entre os quais podemos nomear Píteas, Heródoto, Hipócrates, Anaximandro, Tales, Eratóstenes e Aristóteles; evidentemente suas concepções geográficas estavam limitadas ao seus conhecimentos rudimentares, mas suas concepções de que a Terra tinha a forma esférica e não achatada (Aristóteles) e de que os oceanos formavam uma só massa liquida foi a base para motivar os navegadores europeus dos séculos XV e XVI. Apesar da imensa contribuição dos nomes citados, foram, sem dúvida, Estrabão (Geografia Descritiva) e Cláudio Ptolomeu (Geografia Matemática) os maiores responsáveis pela sistematização dos conhecimentos geográficos na Antiguidade Clássica. “Suas obras,ressaltamos, serviram de modelo para os geógrafos responsáveis pela grande retomada da produção de conhecimentos geográficos, ocorrida a partir do século XV, como veremos mais adiante” (ROCHA, 1997, p. 04; PRADO JR., 1961, p. 171). Estrabão,[2] com sua obra tão bem elaborada composta de 17 volumes, “Geographia(Γεωγραφικά), onde descrevia suas próprias experiências do mundo da Galícia e Bretanha para a Índia, e do Mar Negro, foi denominado o pai da Geografia.
            Os romanos com seu pragmatismo e em decorrência de sua expansão militar tiveram que elaborar relatórios cada vez mais abrangentes e minuciosos das diversas regiões em que tinham demarcado sua presença dominante.[3] Um exemplo é a obra produzida por Julio César “Comentários sobre a guerra contra os gauleses”, que contém inúmeras e preciosas informações geográficas.
         Na medida em que o Império Romano entrava em decadência, os árabes passam a ser os grandes responsáveis pela evolução da geografia grega. A preocupação deles tinha tanto um interesse expansionista, que se estendiam do Oriente Médio até o norte da África e ia rumo à Ásia (Cálcaso e Pérsia), quanto religioso, pois demarcavam as rotas pelas quais os peregrinos islâmicos haveriam de percorrer até Meca, centro religioso do islamismo. Muitas das obras gregas foram versadas para o árabe, tendo eles o mérito de resgatarem os pressupostos geográficos que ameaçavam desaperecer. Foi graças aos califas árabes que financiaram e mantiveram escolas superiores e observatórios em muitas cidades dentro de seus domínios e que fomentaram sem precedentes os estudos geográficos. Nomes como Ibn Fosslan, Del Cordadbeh, Ibn Haukal, Massudi, El Edrise, Ibn el Wardi, Ibn Batuta, Abulfeda, se destacam no desenvolvimento dos estudos geográficos, que nortearam e fundamentaram a Geografia no período da Idade Média (ROCHA, 1997, p. 08-09; KRESTSCHMER, 1942, p. 51-54).
            No chamado período da Idade Média houve uma estagnação e retrocesso nos estudos geográficos. Detendo o monopólio cultural a Igreja limita qualquer conhecimento à sua imagem e semelhança. Interpretando equivocadamente inúmeros textos bíblicos rejeita qualquer possibilidade diferente. Ensina que a Terra é plana e que o Sol gira em torno da Terra, condenando Copérnico por suas heresias. Censura os escritos de Marco Polo, que havia viajado até a China. Somente com a chegada do Renascimento, resgata-se os estudos grego-romano, e a geografia de Estrabão e Ptolomeu são revalorizados. A partir dos séculos XV, XVI e XVII ocorre uma explosão de viagens marítimas na chamada expansão européia, e nessas novas relações comerciais e culturais com outros povos, novos conhecimentos são agregados, e a geografia é uma das beneficiadas nesse processo.[4]
            A partir dos feitos de Colombo, Vasco da Gama e Cabral, começaram a ser produzidas, com mais regularidade, obras geográficas especializadas. A geografia recebeu novas subdivisões, entre as quais, a geografia social,[5] antropológica e a geografia política.
            No século XIX, surge a Escola Alemã, trazendo a discussão se o clima era capaz de estimular ou não a força física e o desenvolvimento intelectual das pessoas. A Escola Francesa, década de 30, discute o quanto o meio ambiente determina o desenvolvimento físico e cultural.
Tomando por base os estudo de Kant, novos métodos e rumos são elaborados para os estudos geográficos. Nessa somatória de postulados torna-se possível se fazer a correlação dos fenômenos característicos de uma região. Caminha fortemente para se desvencilhar de seus algoses seculares – militares e administradores – para assumir-se como ciência madura e dinâmica. Seus métodos e instrumental são utilizados inclusive para o estudo das informações geográficas bíblicas. 

A Geografia Bíblica e a Sua Relevância
Derivada da Geografia Geral, a Geografia Bíblica objetiva o estudo das diversificadas áreas da Terra que perfazem o Mundo bíblico estabelecidos nos registros da Bíblia, tanto em sua Primeira parte quanto na Segunda. Na medida que descreve e delimita os registros bíblicos, proporciona-lhes mais consistência e autenticidade e torna-se um precioso instrumento auxiliar na interpretação e compreensão dos fatos bíblicos. A Geografia Bíblica, definida por Mackee Adams como o "painel bíblico em que o Reino de Deus teve o seu início e onde experimentou seus triunfos" é indispensável a todos os estudiosos da Bíblia.
 Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/


Artigos Relacionados
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VT – INTRODUÇÃO GERAL

Referências Bibliográficas
ADAMS, J. McKee. A Bíblia e as civilizações antigas. Rio de Janeiro: Dois Irmãos, 1962.
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Geografia bíblica. Rio de Janeiro: CPAD, 1987
KRESTSCHMER, K. Historia dela geografia. 3ªed. Barcelona: Editorial Labor, 1942
PRADO JR. Caio. Evolução política do Brasil e outros estudos. São Paulo: Brasiliense, 1961
ROCHA, Genylton Odilon Rêgo da. Geografia clássica – uma contribuição para historia da ciência geográfica. Presença - Revista de Educação, Cultura e Meio Ambiente, dez. nº 10, vol. I, 1997 (Universidade Federal de Rondônia). Disponível em: http://www.revistapresenca.unir.br/artigos_presenca/10genyltonodilonregodarocha_geografiaclassicaumacontribuicaoprahistoriadaciencia.pdf. Acesso em 04/08/2014.





[1] Formação Acadêmica: Mestre em Ciências da Religião (Universidade Mackenzie); Teologia (Seminário Presbiteriano); Especialização em História do Cristianismo (Universidade Metodista de Piracicaba); Ciências Contábeis (Universidade Cruzeiro do Sul); Profº Introdução Bíblica: Seminário Bíblico de São Paulo (SBB); Faculdade de Teologia Integral da América Latina (FLAM);  Coordenador de Teologia - Faculdade de Teologia Paschoal Dantas (SP). Dissertação de Mestrado: O protestantismo na capital de São Paulo - Igreja Presbiteriana Jardim das Oliveira. Dissertação [Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2013]; Blogs: Reflexão Bíblicahttp://reflexaoipg.blogspot.com.br/  e Historiologia Protestante - http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
[2] Mais informações sobre ele e suas obras - http://pt.wikipedia.org/wiki/Estrab%C3%A3o
[3] No período de auge do Império Romano, a geografia irá contribuir com mais uma gama de conhecimentos, como por exemplo o chamado "périplo", ou seja, a descrição dos portos, rotas e escalas que os navegantes da época dispunham para realizar o comércio, tão necessário ao funcionamento do Império, e também, por outro lado, garantindo sua eficaz proteção militar.
[4] Já no século XV, viajantes como Bartolomeu Dias e Cristóvão Colombo redescobríriam o interesse pela exploração, pela descrição geográfica e pelo mapeamento. A confirmação do formato global da Terra veio quinze anos mais tarde, em uma viagem de circunavegação realizada pelo navegador português Fernando Magalhães, permitindo uma maior precisão das medidas e observações.
[5] A geografia social, por exemplo, recebeu a dedicação de nomes como Goethe, Kant, e Montesquieti, preocupados em estabelecer em seu estudo a relação entre a humanidade e o meio ambiente. 

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

NT - CONTEXTO HISTÓRICO: Contribuição dos Judeus

Posição Central de Cristo e da Igreja na História do Mundo.
A religião cristã nasceu na Palestina, uma pequena faixa de terra no Mar Mediterrâneo oriental. Os judeus consideravam Palestina sua Terra Prometida, mas nem um outro pedacinho do mapa mundial foi alvo do desejo e cobiça de tantas potências estrangeiras quanto a Palestina judaica.
O Egito e a Assíria disputaram esse espaço geográfico durante séculos, então surgiu a Babilônia que conquista a Assíria e por tabela também a Palestina. Em seguida veio a Persa liderada por Ciro, que dentro de uma nova forma de conquistar e dominar permite que os judeus, e demais povos transladados, voltassem para a Palestina. Levanta-se o grande império Grego, sob Alexandre, o Grande cerca de 400 a.C., que mantém a política de domínio babilônico e finalmente, nos anos que antecedem e perduram os acontecimentos evangélicos de Jesus Cristo e neotestamentários do cristianismo primitivo, assume poder o extraordinário império Romano.
Mas nenhum destes movimentos no tabuleiro da História das civilizações foram aleatórios, pois todos e cada um deles estava em perfeita coordenação com o advento de Jesus e da Igreja Cristã. Quando começamos a deslumbrar nesses fatos históricos a forma maravilhosa com que Deus conduz cada evento, somos obrigados a concordar em grau, gênero e número com as palavras do apóstolo Paulo, quando afirma que na “plenitude dos tempos” Jesus Cristo veio e a Igreja nasce. Vejamos, ainda que muito sucintamente a participação de ao menos três povos que efetivamente contribuíram para tudo que aconteceu nos dias de Jesus e da Igreja Primitiva.

Contribuição da Nação Judaica
Diáspora Judaica: A diáspora judaica, principalmente após o chamado “cativeiro babilônico”, espalhou comunidades judaicas por todo o mundo conhecido daqueles dias; mesmo com a reconstrução da cidade e do Templo em Jerusalém, a grande maioria optou por permanecerem nos países onde se haviam estabelecido. Nessas comunidades eles preservaram seus textos religiosos e sua mensagem da expectativa messiânica.
Uma religião monoteísta: O Judaísmo, pós cativeiro babilônico, em nítido contraste com as nações idólatras da antiguidade, tornou-se um oásis em meio a um deserto, claramente definido e isolado; separados e delimitado por uma lei moral e cerimonial rígido eles se radicaram em uma fé monoteísta, de maneira que três séculos antes de Cristo, toda região do Mediterrâneo já tomava conhecimento de que havia somente um Deus verdadeiro. A religião judaica era de cunho espiritual e não filosófico como as religiões greco-romanas. Eles não se propunham a provar a existência de Deus, apenas lhe prestavam o culto conforme lhes havia revelado.
A esperança messiânica: Muitos séculos antes dos imperadores romanos se avocarem de “Senhor” e tentarem pelo poder bélico implantarem seus “reinos”, os israelitas, através de seus Profetas, já ensinavam que um Messias (Senhor/Rei) viria para governar sobre todos os povos e nações. Mas diferente dos imperadores romanos, o Messias governaria com Justiça e Misericórdia. Assim, enquanto os gregos e os romanos contemplavam a sua idade de ouro no passado, os judeus contemplavam o deles no futuro. Toda a sua história, as suas instituições e costumes religiosos, políticos e sociais apontavam para a vinda do Messias, e o estabelecimento futuro de seu reino glorioso na terra. Onde houvesse uma família judaica ou uma sinagoga, a esperança messiânica se fazia ressoar. Quando Jesus veio já encontrou a expectativa messiânica estabelecida. E esta esperança messiânica estava tão consolidada que muitos dos seus discípulos após a sua morte e ressurreição esperavam para seus dias a concretização do reino messiânico [Atos 1.6]. O próprio Apóstolo Paulo escreve sobre essa expectativa eminente da Volta gloriosa de Cristo e da manifestação do Reino.
Uma Religião Ética: Diferentemente das religiões em geral, o judaísmo ensinava que o pecado se manifestava de dentro para fora (coração/mente) e não de fora para dentro (corpo/matéria – dualismo: alma é boa, corpo é mau). O judeu era ensinado a manifesta sua fé através de suas ações e não o contrário. A Lei promulgada por meio de Moisés expressava de forma clara a vontade santa de Deus antes do advento de Cristo. Sua síntese no Decálogo é a substância de toda a verdadeira piedade e amor supremo a Deus e ao próximo. Este ideal de justiça, é suficiente para o ser humano ao conhecimento do seu pecado e da sua culpa, servindo como um aio para levar as pessoas a Cristo, afim de alcançarem sua justificação pela fé. O sistema de sacrifícios diários mantinha constantemente vivo a necessidade de reconciliação entre a pessoa pecadora e o Deus santo. Tanto o Tabernáculo no deserto, quanto o Templo e toda lei cerimonial se constituíram em um maravilhoso sistema de tipos e sombras, perpetuamente apontando para às realidades da Nova Aliança, que culminou com o sacrifício expiatório todo-suficiente de Cristo na cruz. No que se refere a lei, a economia judaica era uma religião de arrependimento.
A Septuaginta e/ou Antigo Testamento: A maior herança Cristianismo derivados do judaísmo foram os escritos do Antigo Testamento. Cada um dos trinta e nove livros foram altamente valorizados e preservados pelos judeus. Um dos maiores historiadores judeus, Josefo, faz uma declaração contundente sobre a relevância deste conjunto de livros sagrados:
Como firmemente temos dado crédito aos livros de nossa própria nação é evidente pelo que fazemos; pois durante tantos séculos como já se passaram, ninguém foi tão ousado como quer acrescentar alguma coisa a eles ou tirar nada deles, ou para fazer qualquer alteração neles; mas torna-se natural a todos os judeus, imediatamente e de seu próprio nascimento, para estimar esses livros para conter as doutrinas divinas, e para persistir neles, e, se a ocasião ser, de bom grado para morrer por eles. (Josephus 1987, p. 398).
A tradução dos textos hebraicos para a língua grega cuja versão recebeu o nome de “Septuaginta” foi fundamental para a preservação e internacionalização da mensagem veterotestamentária. Fora da Palestina, onde se utilizava a versão aramaica, os judeus utilizavam a versão grega. Talvez seja essa a razão pela qual os estrangeiros, que compreendiam o idioma grego, foram grandemente atraídos para a religião judaica. Os missionários cristãos utilizaram-se desta versão para comunicar a sua mensagem evangélica, de maneira que as primeiras comunidades cristãs tinham na Septuaginta sua única bíblia.
A Sinagoga: foi uma instituição, se não filha da diáspora, mas certamente popularizada pelas comunidades, primeira em cativeiro, e posteriormente pelas que estavam espalhadas pelo mundo. Na Sinagoga as Escrituras judaicas eram lidas e estudas, de maneira que foram copiadas e preservadas. Mesmo na Palestina e em Jerusalém as Sinagogas continuaram sendo amplamente utilizadas como local especifico para suas reuniões religiosas e sociais. Durante seu ministério Jesus utilizou bastante as Sinagogas para proclamar sua mensagem evangélica e está também foi a estratégia do apóstolo Paulo quando realizou suas viagens missionárias por todo Império Romano, sendo que, em algumas ele foi duramente perseguido (ex. Tessalônica), mas em outras ele foi bem acolhido (ex. Beréia). Nessas Sinagogas havia sempre um número expressivo de não judeus, que desanimados com suas religiões, encontravam na mensagem hebraica uma esperança para suas vidas. As primeiras comunidades cristãs foram formadas em sua grande maioria por estes prosélitos ou amigos da Sinagoga. Segundo o historiador Earle E. Cairns ela foi a casa de pregação do cristianismo nascente.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Referências Bibliográficas
ANDRADE, Claudionor de. Geografia Bíblica: a geografia da Terra Santa é uma das maneiras mais emocionantes de se entender a história sagrada. 13ª. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
BRIGTH, Jonh. História de Israel. 7ª. ed. São Paulo: Paulus, 2003.
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. São Paulo: Hagnos, 2006, 8ª ed. [v. 6 – S-Z]
DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1995.
DRANE, John (Org.) Enciclopédia da Bíblia. Tradução Barbara Theoto Lambert. São Paulo: Edições Paulinas e Edições Loyola, 2009.
HALE, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2001.
JEREMIAS, Joachim. Jerusalém no Tempo de Jesus: pesquisa de história econômico-social no período neotestamentário. 4 ed. São Paulo: Paulus, 1983.
OTZEN, Benedikt. O Judaísmo na Antiguidade: a História política e as correntes religiosas de Alexandre Magno até o Imperador Adriano. São Paulo: Paulinas, 2003.
POPE, Arthur. The History of the Persian Civilization. s/ano.
REICKE, Bo. História do Tempo do Novo Testamento. São Paulo: Ed. Paulus, 1996.
SAULNIER, Christiane & ROLLAND, Bernard. A Palestina nos tempos de Jesus. 7ª ed. São Paulo: Paulinas, 1983.
SCARDELAI, Donizete. Da religião bíblica ao judaísmo rabínico: origens da religião de Israel e seus desdobramentos na história do povo judeu. São Paulo: Paulus, 2008.
STEGEMANN, Ekkehard W. e STEGEMANN, Wolfgang. História social do protocristianismo. São Leopoldo, RS: Sinodal; São Paulo: Paulus, 2004.
TENNEY, Merrill C. (Org.). Enciclopédia da Bíblia. São Paulo: Cultura Cristã, 2008. v. 5.



CONTEXTO HISTÓRICO DO NOVO TESTAMENTO: Judá e o Domínio Persa

Retomamos nossa proposta de verificarmos o pano de fundo histórico do Novo Testamento. O profeta Daniel e os demais livros deste período (Ester, Esdras e Neemias) estão inseridos no contexto histórico do Império Persa. Encontramos nestas páginas referências aos seus grandes imperadores: Ciro, Dario I, Xerxes e Artexerxes I.
Todos estes impérios têm como referência geográfica a região do Irã, que abrange a região montanhosa entre a Assíria e a Índia Transcaspiana e o golfo Pérsico. Vejamos inicialmente um pouco da formação destes grandes impérios.
Em primeiro lugar temos o império dos medos. Eles fundaram ao nordeste do Irã um dos reinos mais poderosos e temidos o qual deram o nome de Média (700-550 a.C.; cf. Jr 25.25). Por não deixarem fontes escritas pouco sabemos sobre eles e por esta razão acabaram sendo associados aos persas. O historiador grego Heródoto não faz distinção entre eles, em seu relato sobre as guerras gregas se refere às Guerras Médicas, como se os dois povos fossem apenas um. Eles sempre foram um povo difícil de ser conquistado. Os assírios chegaram a dominar parte da Média, mas nunca sua totalidade. Depois da vitória sobre o reino de Israel, em 740 a.C., os israelitas foram enviados ao exílio em lugares na Assíria e "nas cidades dos medos", indicando que eram cidades vassalas da Assíria. Foi com Ciáxares II (645-585 a.C.) que após acabar com as invasões Citas, inimigos naturais, estabeleceu uma aliança com Nabopolasar (Babilônia) e juntos enfrentaram e venceram o então poderoso Império Assírio, tomando-lhe sua capital Nínive em 612 a.C. Nesse momento ocorre uma mudança na geografia mundial: os babilônicos ficaram com as terras baixas da Mesopotâmia e formando um dos maiores impérios já visto com Nabucodonosor (605-562 a.C.); os medos ficaram com as terras altas do leste e se tornaram em uma nova potência no Próximo Oriente. Mas em meados do século VI a.C., os persas, que de um sistema tribal haviam evoluído para um aglomerado de pequenos reinos, liderados por Ciro II e/ou Ciro, o Grande (550 a.C.) rebelou-se contra o rei medo Astíages (seu avô), derrotando-o e capturando-o e após vencer os aliados dos Medos reinou na capital Ecbátana.[1]
Após a conquista do rei persa Ciro II e/ou Ciro, o Grande[2] temos o início da chamada Pérsia grega, estabelecendo a dinastia dos Aquemênida que passaram a ter um domínio mundial (550-331 a.C.).[3] Em seu apogeu os Aquemênidas construíram um império com cerca de 8 milhões de quilômetros quadrados que abrangia três continentes: Ásia, África e Europa, estimando um número de 50 milhões de pessoas que viviam debaixo da autoridade e governo desta dinastia Persa, ou cerca de 44% da população mundial daquele período histórico.  
Posteriormente temos um terceiro império denominado de Partas (250 a.C.). A dinastia parta dos Aquemênida controlaram as estradas comerciais durante o tempo anterior ao cristianismo, incrustado no meio de dois dos maiores impérios China e Roma. Finalmente em 224 d.C. eles foram expulsos pelos vassalos romanos. Duas cidades importantes foram Ecbátana na Média e Selêucia à margem ocidental do rio Tigres.
Os persas voltaram a dominar esta região sob a dinastia dos sassânidas, considerada um dos períodos mais relevantes e influentes da história da Pérsia. Em seu apogeu foi o último grande Império Persa antes da conquista muçulmana e da adoção do islamismo. Antes, porém, disputou metro a metro com o império Romano a predominância da região, até a ocupação da Mesopotâmia pelos árabes em 636 d.C. Os sassânidas davam a seu império o nome de Irã e a capital deste último império persa foi a cidade de Ctesífon. Segundo o notável orientalista estadunidense Arthur Pope (1881–1969), referindo-se a todos os governos persas conclui: "o mundo ocidental tem uma dívida enorme a ser paga à civilização persa" ( p.11). Para o filosofo Georg Hegel, em sua obra História da Filosofia, o Império Persa foi o primeiro império no sentido moderno e seu povo foram as "primeiras pessoas históricas". E complementado citamos as palavras de outro grande historiador, Will Durant, quando se refere à relevância da civilização Persa:
Por milhares de anos os persas têm produzido beleza. Vocês têm sido uma espécie de divisor de águas da civilização, derramando seu sangue e pensamento, da arte e da religião para leste e para o oeste no mundo ... Eu não preciso mencionar para você novamente as realizações de seu período Aquemênida. Pois, pela primeira vez na história um império quase tão extensa como os Estados Unidos estabeleceram um governo ordenado, com competência administrativa, uma rede de comunicações rápidas, uma garantia de circulação de pessoas e mercadorias em estradas majestosas, igualados antes do nosso tempo unicamente pelo auge da Roma imperial (Palestra proferida na Sociedade Irã-Estados Unidos em Teerã em 21 de abril de 1948).
Diante deste pequeno quadro geopolítico podemos perceber a tremenda influência que os persas exerceram sobre a região da Palestina e sobre a vida dos judeus. Tanto Israel quanto Judá estiveram alternadamente sobre a influência do vale do Nilo e da Mesopotâmia. Tanto Ciro quanto os persas inseriram os judeus numa ampla e poderosa civilização cosmopolita (equivalente à globalização atual), incluindo a culta região da Ásia Menor. O Império Aquemênida deixou uma impressão duradoura, bem como influenciou o desenvolvimento e estrutura dos impérios futuros. Na verdade, os gregos e, mais tarde, os romanos assimilaram as melhores características do método persa de governar o império, e indiretamente as adotou. Mais ainda, as influências persas haverão de transpassar os séculos e influenciar até mesmo o próprio cristianismo em seus primeiros séculos.
Olhando pelo prisma da Providência de Deus, esta inserção cosmopolita da Palestina proporcionou o desenvolvimento externo do judaísmo que por sua vez tornou-se o roteiro a ser seguido pelos missionários cristãos e ninguém soube aproveitar melhor esta vantagem do que Paulo e seus companheiros.

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Mestre em Ciências da Religião.
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Referências Bibliográficas
ANDRADE, Claudionor de. Geografia Bíblica: a geografia da Terra Santa é uma das maneiras mais emocionantes de se entender a história sagrada. 13ª. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
BRANDON, Samuel George Frederick. Jesus and the Zealots – a study of the political fator in primitive christianity. New York: Charles Scribner’s Sons, 1967.
BRIGTH, Jonh. História de Israel. 7ª. ed. São Paulo: Paulus, 2003.
DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1995.
HALE, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2001.
HORSLEY, Richard A. & HANSON, John S. Bandidos, profetas e messias: movimentos populares no tempo de Jesus. 2 ed. São Paulo: Paulus, 1995.
JEREMIAS, Joachim. Jerusalém no Tempo de Jesus: pesquisa de história econômico-social no período neotestamentário. 4 ed. São Paulo: Paulus, 1983.
LOPES, Augustus Nicodemus. A Bíblia e seus intérpretes: uma breve história da interpretação. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
OTZEN, Benedikt. O Judaísmo na Antiguidade: a História política e as correntes religiosas de Alexandre Magno até o Imperador Adriano. São Paulo: Paulinas, 2003.
PIXLEY, Jorge. A História de Israel a partir dos pobres. 9ª ed. Petrópolis: Vozes,
2004.
POPE, Arthur. The History of the Persian Civilization. s/ano.
REICKE, Bo. História do Tempo do Novo Testamento. São Paulo: Ed. Paulus, 1996.
SAULNIER, Christiane & ROLLAND, Bernard. A Palestina nos tempos de Jesus.
ed. São Paulo: Paulinas, 1983.
SCARDELAI, Donizete. Da religião bíblica ao judaísmo rabínico: origens da religião de Israel e seus desdobramentos na história do povo judeu. São Paulo: Paulus, 2008.
SCHUBERT, Kurt. Os Partidos Religiosos Hebraicos da época Neotestamentária. 2 ed. São Paulo: Paulinas, 1979.
STEGEMANN, Ekkehard W. e STEGEMANN, Wolfgang. História social do protocristianismo. São Leopoldo, RS: Sinodal; São Paulo: Paulus, 2004.


[1] Depois da vitória sobre o reino de Israel, em 740 AEC, os israelitas foram enviados ao exílio em lugares na Assíria e "nas cidades dos medos", algumas delas sendo então vassalos da Assíria. Quando a reconstrução da cidade e do Templo judeu de Jerusalém foram questionados por autoridades persas, ainda nos dias de Zorobabel, uma comunicação foi enviada ao Rei Dario I, da Pérsia, solicitando a confirmação do decreto de Ciro que autorizava esta reconstrução (Ed 5.1-17). Após uma consulta nos arquivos reais o decreto de Ciro foi encontrado em Ecbátana, confirmando assim a legalidade da obra de reconstrução do templo. De fato, Dario emitiu uma ordem com o fim de que a obra dos judeus prosseguisse sem impedimento, e os opositores deles receberam até mesmo a ordem de prover-lhes os materiais necessários, o que “fizeram prontamente”. O templo foi finalmente completado “ao terceiro dia do mês lunar de adar, isto é, no sexto ano do reinado de Dario, o rei”, ou já perto da primavera setentrional de 515 a.C. (Esd 6.6-15).
[2] Segundo os historiadores gregos segundo Heródoto e Xenofonte ele teve pai persa e mãe média, e foi ele o responsável por unir os persas sob a sua liderança. (Heródoto, I, 107, 108; Ciropedia; ambos de Clássicos Jackson, Vol. XXIII, e Vol. I, Livro I, p. 7.).
[3] A desagregação do Império Aquemênida ocorreu nos conflitos com as cidades gregas, culminando com a conquista do Império por Alexandre, o Grande (século IV a.C.).

terça-feira, 25 de outubro de 2016

CONTEXTO HISTÓRICO DO NOVO TESTAMENTO: Fontes Literárias

Introdução
Para se entender com mais clareza os acontecimentos narrados na segunda parte da Bíblia, denominada de Novo Testamento, é preciso compreender o seu contexto histórico mundial, uma vez que segundo o Apóstolo Paulo o Senhor Jesus veio “na plenitude dos tempos” (Gl 4.4). Portanto, segundo Bo Reicke, “é a História Universal, que forma o pano de fundo e a moldura do Evangelho e da Igreja primitiva” (1996, p. 07)”.
Um período de tempo que nos possibilita uma visão bem apurada dos acontecimentos neotestamentário seria do ano 500 a.C., que marca a reestruturação religiosa, política e cultura do judaísmo pós-exílio babilônico. Mas, apesar de todo o progresso alcançado eles permaneciam ainda debaixo de uma hegemonia persa. É fundamental entender a extraordinária relação de amor e ódio entre o judaísmo e o helenismo, incluindo também o apogeu do império asmoneu que imprime de forma perceptível sua marca no tempo evangélico. O período romano, desembocando na tragédia política do judaísmo nos anos finais de 60 d.C., é onde desenrolam os acontecimentos bíblicos do Novo Testamento e certamente deve ser esmiuçado de forma mais cuidadosa.
As fontes para o estudo deste amplo contexto histórico, entre outros, podem ser:
- Os livros dos últimos profetas (Ageu, Zacarias, Malaquias) bem como alguns dos livros que são colocados no final do cânon judaico e denominados “Escrituras” (Ester, Daniel, Crônicas, Esdras, Neemias).
- Depois temos a literatura denominada de apócrifos[1] e pseudepígrafos[2] do AT, produzidos durante o chamado “período de silêncio” que cobrem os últimos quatrocentos anos antes do nascimento de Cristo. Aqui também é de suma importância os chamados escritos de Qumrã, que além de preservarem os livros que compõe o cânon do AT também preservaram muitas outras informações históricas deste período.
- As preciosas obras produzidas pelo maior historiador judeu – Josefo (37-95 d.C.) são fontes muito importantes: Guerra Judaica, Antiguidades Judaicas, Vida de Josefo e Contra Apião.
- Vários escritores gregos e latinos também podem trazer certo grau de contribuição, uma vez que fizeram parte ou registraram os fatos deste período: Políbio, Deodoro, Estácio, Tácito, Plínio – o Jovem, Suetônio e Dio Cássio.
- Os escritores do NT contribuem de forma consistente para uma compreensão das muitas particularidades das circunstâncias histórica dos anos iniciais da chamada era cristã.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/


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Referências Bibliográficas
ANDRADE, Claudionor de. Geografia Bíblica: a geografia da Terra Santa é uma das maneiras mais emocionantes de se entender a história sagrada. 13ª. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
BRANDON, Samuel George Frederick. Jesus and the Zealots – a study of the political fator in primitive christianity. New York: Charles Scribner’s Sons, 1967.
BRIGTH, Jonh. História de Israel. 7ª. ed. São Paulo: Paulus, 2003.
DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1995.
HALE, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2001.
HORSLEY, Richard A. & HANSON, John S. Bandidos, profetas e messias: movimentos populares no tempo de Jesus. 2 ed. São Paulo: Paulus, 1995.
JEREMIAS, Joachim. Jerusalém no Tempo de Jesus: pesquisa de história econômico-social no período neotestamentário. 4 ed. São Paulo: Paulus, 1983.
LOPES, Augustus Nicodemus. A Bíblia e seus intérpretes: uma breve história da interpretação. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
OTZEN, Benedikt. O Judaísmo na Antiguidade: a História política e as correntes religiosas de Alexandre Magno até o Imperador Adriano. São Paulo: Paulinas, 2003.
PIXLEY, Jorge. A História de Israel a partir dos pobres. 9ª ed. Petrópolis: Vozes,
2004.
REICKE, Bo. História do Tempo do Novo Testamento. São Paulo: Ed. Paulus, 1996.
SAULNIER, Christiane & ROLLAND, Bernard. A Palestina nos tempos de Jesus.
ed. São Paulo: Paulinas, 1983.
SCARDELAI, Donizete. Da religião bíblica ao judaísmo rabínico: origens da religião de Israel e seus desdobramentos na história do povo judeu. São Paulo: Paulus, 2008.
SCHUBERT, Kurt. Os Partidos Religiosos Hebraicos da época Neotestamentária. 2 ed. São Paulo: Paulinas, 1979.
STEGEMANN, Ekkehard W. e STEGEMANN, Wolfgang. História social do protocristianismo. São Leopoldo, RS: Sinodal; São Paulo: Paulus, 2004.



[1] Entre a redação do livro de Malaquias e a dos primeiros textos neotestamentários houve uma produção literária judaica abundante, contudo, eles não foram inseridos no cânone do Antigo Testamento Hebraico que os protestantes também adotam. Este conjunto de obras que não figura nos cânones hebraico e protestante são chamados de apócrifos. Apócrifo significa literalmente "coisas ou escritos ocultos". Este termo é utilizado para denominar os livros judaicos que foram rejeitados, primeiro pelo judaísmo, ainda na antiguidade, e, depois, pelo protestantismo por que não foram considerados sagrados. Alguns deles - Tobias, Judite, A Sabedoria de Salomão, Eclesiástico ou a Sabedoria de Jesus ben Sirac, Baruque e A Carta de Jeremias, I e II Macabeus e acréscimos aos livros de Ester e Daniel (Susana, Bel e o dragão, o Cântico dos três jovens) - são denominados pelos católicos como deuterocanônicos e encontram-se nas Bíblias deste grupo religioso.
[2] Os Pseudepígrafos são escritos judaicos que só eram estimados dentro de determinados grupos, embora tenham surgido quase na mesma época que os apócrifos. Dentro do significado do termo “pseudepígrafo”, incluíram-se aqueles escritos que eram postos em circulação sob o nome de um autor fictício. O mais das vezes tratava-se de célebres varões piedosos da antigüidade, tais comoAdão, Henoc, Moisés, Elias, Jeremias, Baruc ou Salomão, sob cujo nome um autor de época tardia esperava encontrar audiência.