terça-feira, 25 de outubro de 2016

CONTEXTO HISTÓRICO DO NOVO TESTAMENTO: Fontes Literárias

Introdução
Para se entender com mais clareza os acontecimentos narrados na segunda parte da Bíblia, denominada de Novo Testamento, é preciso compreender o seu contexto histórico mundial, uma vez que segundo o Apóstolo Paulo o Senhor Jesus veio “na plenitude dos tempos” (Gl 4.4). Portanto, segundo Bo Reicke, “é a História Universal, que forma o pano de fundo e a moldura do Evangelho e da Igreja primitiva” (1996, p. 07)”.
Um período de tempo que nos possibilita uma visão bem apurada dos acontecimentos neotestamentário seria do ano 500 a.C., que marca a reestruturação religiosa, política e cultura do judaísmo pós-exílio babilônico. Mas, apesar de todo o progresso alcançado eles permaneciam ainda debaixo de uma hegemonia persa. É fundamental entender a extraordinária relação de amor e ódio entre o judaísmo e o helenismo, incluindo também o apogeu do império asmoneu que imprime de forma perceptível sua marca no tempo evangélico. O período romano, desembocando na tragédia política do judaísmo nos anos finais de 60 d.C., é onde desenrolam os acontecimentos bíblicos do Novo Testamento e certamente deve ser esmiuçado de forma mais cuidadosa.
As fontes para o estudo deste amplo contexto histórico, entre outros, podem ser:
- Os livros dos últimos profetas (Ageu, Zacarias, Malaquias) bem como alguns dos livros que são colocados no final do cânon judaico e denominados “Escrituras” (Ester, Daniel, Crônicas, Esdras, Neemias).
- Depois temos a literatura denominada de apócrifos[1] e pseudepígrafos[2] do AT, produzidos durante o chamado “período de silêncio” que cobrem os últimos quatrocentos anos antes do nascimento de Cristo. Aqui também é de suma importância os chamados escritos de Qumrã, que além de preservarem os livros que compõe o cânon do AT também preservaram muitas outras informações históricas deste período.
- As preciosas obras produzidas pelo maior historiador judeu – Josefo (37-95 d.C.) são fontes muito importantes: Guerra Judaica, Antiguidades Judaicas, Vida de Josefo e Contra Apião.
- Vários escritores gregos e latinos também podem trazer certo grau de contribuição, uma vez que fizeram parte ou registraram os fatos deste período: Políbio, Deodoro, Estácio, Tácito, Plínio – o Jovem, Suetônio e Dio Cássio.
- Os escritores do NT contribuem de forma consistente para uma compreensão das muitas particularidades das circunstâncias histórica dos anos iniciais da chamada era cristã.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/


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Referências Bibliográficas
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BRANDON, Samuel George Frederick. Jesus and the Zealots – a study of the political fator in primitive christianity. New York: Charles Scribner’s Sons, 1967.
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JEREMIAS, Joachim. Jerusalém no Tempo de Jesus: pesquisa de história econômico-social no período neotestamentário. 4 ed. São Paulo: Paulus, 1983.
LOPES, Augustus Nicodemus. A Bíblia e seus intérpretes: uma breve história da interpretação. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.
OTZEN, Benedikt. O Judaísmo na Antiguidade: a História política e as correntes religiosas de Alexandre Magno até o Imperador Adriano. São Paulo: Paulinas, 2003.
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SCHUBERT, Kurt. Os Partidos Religiosos Hebraicos da época Neotestamentária. 2 ed. São Paulo: Paulinas, 1979.
STEGEMANN, Ekkehard W. e STEGEMANN, Wolfgang. História social do protocristianismo. São Leopoldo, RS: Sinodal; São Paulo: Paulus, 2004.



[1] Entre a redação do livro de Malaquias e a dos primeiros textos neotestamentários houve uma produção literária judaica abundante, contudo, eles não foram inseridos no cânone do Antigo Testamento Hebraico que os protestantes também adotam. Este conjunto de obras que não figura nos cânones hebraico e protestante são chamados de apócrifos. Apócrifo significa literalmente "coisas ou escritos ocultos". Este termo é utilizado para denominar os livros judaicos que foram rejeitados, primeiro pelo judaísmo, ainda na antiguidade, e, depois, pelo protestantismo por que não foram considerados sagrados. Alguns deles - Tobias, Judite, A Sabedoria de Salomão, Eclesiástico ou a Sabedoria de Jesus ben Sirac, Baruque e A Carta de Jeremias, I e II Macabeus e acréscimos aos livros de Ester e Daniel (Susana, Bel e o dragão, o Cântico dos três jovens) - são denominados pelos católicos como deuterocanônicos e encontram-se nas Bíblias deste grupo religioso.
[2] Os Pseudepígrafos são escritos judaicos que só eram estimados dentro de determinados grupos, embora tenham surgido quase na mesma época que os apócrifos. Dentro do significado do termo “pseudepígrafo”, incluíram-se aqueles escritos que eram postos em circulação sob o nome de um autor fictício. O mais das vezes tratava-se de célebres varões piedosos da antigüidade, tais comoAdão, Henoc, Moisés, Elias, Jeremias, Baruc ou Salomão, sob cujo nome um autor de época tardia esperava encontrar audiência. 

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