sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Natividade Quero Ver Jesus!

Em um bairro de periferia de uma grande cidade morava um sapateiro chamado Martim. Era um bom homem que lia sempre as narrativas evangélicas e acalentava um desejo muito grande de poder ter tido a oportunidade de ver Jesus, como aquelas pessoas dos evangelhos o tinham visto.
Na noite de antevéspera do Natal ele sonhou que Jesus lhe dizia: “Martim amanhã passarei em seu bairro!
Ao amanhecer Martim acordou, tomou seu café, fez sua leitura bíblica e saiu para ir a sua oficina, pois algumas pessoas ficaram de buscar suas encomendas. Ao sair para a calçada lembrou-se das palavras de Jesus em seu sonho e começou a olhar mais atentamente na esperança de que de fato pudesse vê-lo passando por ali.
Viu um velhinho esforçando-se para colocar o lixo para fora, mas a lixeira era alta. Aproximou-se então e ajudou aquele pobre homem. Continuou então seu percurso e duas quadras depois viu uma jovem mãe com sua pequena filha ao lado, com um semblante de grande apreensão. Conversando com a mulher descobriu que não haviam comido nada ainda naquela manhã e como estavam próximos da padaria entrou com ela e mandou lhes servirem um lanche e um café com leite. Estava já se aproximando de sua sapataria quando percebeu o movimento de dois adolescentes que assediavam uma senhora na tentativa de roubar-lhe a bolsa. Apressou seus passos e colocou-se entre eles e a mulher iniciando uma conversa como se a conhecesse, de maneira que os jovens desistiram de suas pretensões.
Chegando ao seu estabelecimento comercial, após abrir a porta, olha atentamente para a rua, na esperança de que por alguma razão seu sonho de ver Jesus passando por ali se concretizasse – mas tudo lhe pareceu exatamente como todos os dias. Resignado mergulhou em seu trabalho.
A noite chegou. Martim prepara-se para dormir, em seu pensamento dizia: “O natal chegou e Jesus não veio.” Fez sua oração e deitou-se. Enquanto dormia teve mais um sonho onde ouvia uma voz que dizia: “Martim você não me reconheceu hoje?” Ele então pergunta: “quem?”. A voz lhe respondeu: “Eu, Jesus!” Então Martim viu o rosto de cada uma daquelas pessoas que ajudara naquela manhã, Enquanto caminhava até sua sapataria, e cada um deles dizia: “sou Eu, sou Eu....
Para vermos Jesus é preciso reconhecê-Lo em nosso próximo!
Disse Jesus:
“Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”. (Mt. 25.40)


Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
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Historiologia Protestante
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Natividade: Ilustrações – A Anunciação

   
        Os evangelistas gastaram pouco espaço para se referirem à infância de Jesus Cristo. Dos quatros escritos evangélicos da Segunda parte da nossa Bíblia Cristã (NT) apenas dois, Mateus e Lucas nos trazem alguma informação sobre o nascimento e a infância de Jesus.
            Um dos maiores ilustradores de cenas bíblicas, Gustave Doré (1832-1883), nos proporciona cenas maravilhosas dessas poucas narrativas natalinas. A primeira delas é o momento em que um anjo enviado por Deus comunica/anuncia (Lucas 1:26-28) à Maria que o próprio Deus por meio de Seu Espírito, fertilizaria o útero dela, gerando assim um bebê, portanto, não seria apenas mais um ser humano, mas o próprio Filho de Deus, a terceira pessoa da Trindade.
            O evangelista Lucas declara na sua introdução do relato evangélico que conversou com diversas testemunhas oculares, ou seja, pessoas que ainda viva haviam presenciado os acontecimentos que ele haveria de narrar. Portanto, não é difícil que ele tivesse conversado pessoalmente com Maria e ouvido dela o relato desse momento único em que ela toma conhecimento do que Deus haveria de fazer através dela e do bebê que seria gestado em seu útero.
            A narrativa lucana é sintética, como todas as demais, entretanto permeada por uma esfera de delicadeza feminina e repleto de informações preciosas. A então ainda muito jovem Maria tornar-se-ia então a mulher mais privilegiada entre todas as mulheres na história da humanidade. Muitas foram mães de reis, de sacerdotes, de profetas, mas somente Maria carregaria por nove meses em seu útero o Filho de Deus, o Deus Eterno.
            As palavras do anjo não são apenas informativas, mas tem o propósito de tranquilizar o coração da jovem moça que teria toda sua história, seus sonhos e projetos, transformados radicalmente com a notícia trazida pelo ser celestial que surge diante dela.
            O Natal inicia-se desta forma, com Deus comunicando a uma jovem judia o que Ele haveria de fazer!! Como Deus nos surpreende!! Ainda hoje Deus continua se “preocupando” em comunicar a nós Sua vontade e Seus propósitos, através de Sua Palavra. As narrativas evangélicas não se constituem apenas em uma forma informativa, mas muito além disso, os acontecimentos relatados é a forma pela qual o Deus Eterno escolheu compartilhar a cada um de nós, o Seu plano da Salvação do ser humano pecador.
            A gestação de Jesus era necessária, pois Ele teria que assumir a plenitude da nossa humanidade, para que no tempo determinado Ele pudesse morrer a nossa morte. Somente sendo plenamente humana Jesus poderia ser o nosso substituto diante do Tribunal da Justiça divina.
            Deus continua falando insistentemente que o único caminho que o ser humano perdido deve trilhar é Jesus Cristo. Qualquer outro caminho, por mais encantador que possa parecer, não resultara na salvação do pecador.

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Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Natividade Segundo Mateus – Genealogia

Estamos nos aproximando mais uma vez da época natalina, onde recordamos os fatos relacionados ao nascimento de Jesus Cristo.
Evidentemente que são muitos aqueles que criticam esta e outras datas do calendário cristão, argumentando que os fatos evangélicos não aconteceram nesta época do ano. 
Com certeza Jesus não nasceu em 25 de dezembromas a questão não está na data exatamas no fato incontestável de que Jesus nasceu. 
Portanto, quando comemoramos o natal trazemos à nossa memória o maior e mais extraordinário acontecimento na história da humanidade - nasceu Jesus o Salvador!

NATAL NOS EVANGELHOS
Cada Evangelista inicia sua narrativa sobre Jesus de uma forma diferente:
MARCOS nos coloca como uma daquelas pessoas que presenciaram o momento em que JESUS se submete ao Batismo de João no rio Jordão – e nos faz ouvintes dá voz do céu que declara: “ESTE É O MEU FILHO AMADO
JOÃO – transcende as fronteiras do Tempo e nos arremessa para o momento em que DEUS resolve trazer a existência o MUNDO – e afirma que JESUS estava ali desde o Princípio – “O VERBO ESTAVA COM DEUS, O VERBO ERA DEUS ... e o Verbo se fez Carne (gente) e Habitou entre Nós, cheio de graça e de verdade”
LUCAS – Opta por registrar a Primeira Cantata de Natal da História – diversos Cânticos entoados por diversos personagens que irão participar ativamente do NASCIMENTO DE JESUSo cântico de Isabel; o cântico de Maria; o cântico de Zacarias; o cântico do ANJOS e o cântico do sacerdote Simeão....

MATEUS O evangelista inicia sua narrativa com uma genealogia (1.1-17)
AINDA que pareça enfadonha e cansativa HÁ RAZÕES muito fortes para que Mateus comece desta forma sua narrativa evangélica.
Vejamos alguma dessas razões:
É que os primeiros LEITORES de Mateus são de origem judaica e eles davam VALOR muito grande a esta questão genealógica.
De forma mais acentuada após o cativeiro da Babilônia, os judeus passaram a valorizar muito as genealogias, pois era fundamental para reivindicarem seus direitos civis e religiosos
Desde a posse de Canaã a titularidade da terra era definida segundo as tribos, as famílias e as casas dos pais (Nm 26.52-56; 33.54).
 No livro de Neemias há o registro de que alguns levitas foram impedidos de continuarem exercendo suas funções sacerdotais porque não puderam comprovar suas descendências genealógicas - Ne 7.63-65; ao se casar a esposa do sacerdote tinha que comprovar sua linhagem arônica em até cinco gerações;
o rei Herodes era menosprezado pelos judeus por ter ascendência edomita (NÃO ERA JUDEU PURO) e ele chegou a ordenar a destruição dos registros oficiais, sob a guarda do Sinédrio, para que ninguém tivesse uma linhagem mais pura que a sua.
PORTANTO, ao abrir seu relato evangélico com uma genealogia Mateus quer deixar claro desde as primeiras linhas que Jesus tem as credencias oficiais para REIVINDICAR seu oficio messiânico.

DOIS NOMES PRECIOSOS
Mateus apresenta seu personagem principal através de seus dois nomes - Jesus Cristo
 - Estes dois nomes se completam de forma maravilhosa. Jesus (Salvador) faz explodir em jubilo o coração crente, mas este nome fica ainda mais sublime e maravilhoso quando colocado ao lado do nome Cristo (Ungido). Assim, os dois nomes juntos querem dizer: "Salvador Ungido"; isto é, nosso Salvador é totalmente capacitado e habilitado para realizar a Obra da Redenção dos pecadores. 
Jesus vem do hebraico, que após o cativeiro ficou com a grafia de Jeshua, que significa "Jeová, o Salvador".
Os dois personagens do AT que recebem este nome são tipos: Josuéfilho de Num, é um tipo em sua função de libertador de seu povo; o sumo sacerdote Josué (Zc 3) o prefigura como nosso sumo sacerdote. 
Cristo era um adjetivo que se tornou nome próprio ao ser associado com Jesus (23.8-10), é a tradução da palavra grega "Messias", que no hebraico significa "Ungido".
As principais autoridades israelitas - rei (Jr 23.5; Mt 2.2), sacerdote (Sl 110.4; Hb 6.20) e profeta (Dt 18.15-19; At3.22) eram ungidos como símbolo da confirmação de suas funções especiais.                    
Jesus é o maior de todos eles, por isso é chamado de "o Cristo", pois, enquanto todos os anteriores a Jesus foram ungidos com azeiteJesus foi ungido pelo próprio Espírito Santo (Mt 3.16).

LINHAGEM REAL
Mateus coloca Jesus na Linhagem Real ...
Ele é filho de Davi, descendente direto da linhagem do maior dos reis de Israel, prerrogativa profética que identifica o Messias e vai aparecer com frequência na narrativa desenvolvida por Mateus. 
A própria estrutura desta genealogia conecta Jesus com Davi. Os três grupos de quatorze nomes, em que se subdivide, resumem a trajetória da dinastia davídica: o primeiro grupo apresenta a origem da descendência davídica; segundo, seu apogeu e declínio; o último grupo sua quase extinção.
Mas, assim como uma árvore pode ser quase totalmente dizimada, mas que restando apenas o tronco com a raiz, começa novamente a brotar e formar uma nova árvore, assim afirmavam as profecias messiânicas, Deus haveria de fazer ressurgir o reino davídico "então brotará um rebento do tronco de Jessé [pai de Davi](Is 11.1).
ATRAVÉS da GENEALOGIA Mateusdesde as primeiras linhas, declara em alto e bom som que Jesus é este rebento que vem para estabelecer um Reino Eterno.
BÊNÇÃO PARA TODAS AS NAÇÕES
Se Mateus tivesse restringido a genealogia até Davi, poderia dar a falsa impressão de que a SALVAÇÃO era exclusividade dos JUDEUS.
Por isso o Evangelista faz relação direta de Jesus com outra figura maior do povo judeu, "...filho de Abraão".
O próprio Abraão sabia que Isaque, o filho da promessa, era apenas um tipo daquele que haveria de vir (cf Jo 8.56; Hb 11.13, 17-19); e o apóstolo Paulo vai interpretar que Jesus era "o filho por excelência de Abraão" (cf Gl 3.16).
É por meio da fé em Jesus que Deus haveria de cumprir Sua promessa de abençoar todas as famílias da terra (Gn 15.6; Rm 4.3; Gl 3.6; cf Jo3.16) e não apenas os judeus. 
No desenvolvimento da narrativa Mateus reafirma este propósito divino: João Batista declara que Deus pode "suscitar filhos a Abraão" até mesmo das pedras (3.9); o próprio Jesus alerta que no "grande banqueta no Reino dos céus" muitos gentios se assentariam ao seu lado, enquanto muitos israelitas [descendentes de Abraão] seriam deixados de fora.
Assim, a identificação de Jesus como filho de Abraão tem enormes implicações quanto a obra de Jesus e a sua abrangência Mundial.
Ao apresentar Jesus como filho de Davi e filho de Abraão, no primeiro versículo do evangelho, MATEUS não quer apenas colocá-lo no centro de toda tradição do AT, o qual seus leitores tão bem conheciam. Ele deseja que seus leitores, desde as primeiras linhas, entendam que Jesus é Aquele que cumpre e completa o ATmas também é Aquele que introduz o Novo Testamento e/ou Aliança (9.16-17; 26.28-29; cf Jo 3.34; 1 Co 11.25; 2 Co 3.6; 5.17; Hb 9.15; 10.20; 12.24; Ap 21.5). 
Em Jesus Cristo o antigo e o novo se encontram 
Ele é o Alfa e Ômega - o centro convergente de todas as coisas, e
fora Dele não há esperança salvação nem para Israel e nem para a humanidade.
Mulheres na genealogia 
Mateus ao incluir o nome de mulheres na genealogia de Jesus rompe com toda a cultura israelita até então vigente, uma vez que a mulher não tinha direitos legais naqueles dias.
E se não bastasse incluí-las, entre tantas mulheres "virtuosas" da história genealógica de Jesus, Mateus inclui mulheres que possuem grandes restrições morais e/ou étnicas: 
Tamar, além de estrangeira (cananita) ela seduziu e teve filhos com o próprio sogro (Gn 38); 
Raabe era uma prostituta, que deu guarida aos espias, quando da conquista da cidade de Jericó (Js 2.1-21); 
Rute, era uma moabita, que segundo o livro de Deuteronômio 23.3 era enfático: "Nenhum moabita entrará na assembleia do Senhor";
Bete-Seba que era mulher de um hitita (Urias), adulterou com Davi o que resultou no assassinato do marido dela. 
Qual a razão de Mateus incluir estas mulheres? 
Uma resposta é que Mateus deseja mostrar que Deus está fazendo algo novo e totalmente diferente. Deus mais uma vez intervém diretamente na história humana quebrando paradigmas e invertendo a ordem natural das coisas.
Jesus vem para os "pecadores"; ele vem para ser o "salvador" de todas as pessoas sem qualquer distinção de sexo ou raças;
MATEUS realça desde as primeiras linhas de que a Salvação por meio de Jesus é unicamente por meio da Graça, sem qualquer méritomesmo genealógico, de seus leitores.
É isso que transforma o Evangelho em Boas Novas para toda a humanidade e Mateus quer deixar bem claro para seus leitores que o nascimento de Jesusidentifica-o plenamente com a nossa humanidade e incluía toda sorte de pessoas.

Por isso Jesus pode se identificar comigo e com você.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
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terça-feira, 22 de novembro de 2016

A Bíblia Hebraica e o Antigo Testamento Cristão

A expressão "mundo greco-romano" é utilizado pelos historiadores para identificarem o mundo geográfico que abrangem as cercanias do Mediterrâneo desde a época de Alexandre, o Grande, durante os primeiros três ou quatro séculos do Império Romano.
Alexandre foi indiscutivelmente o conquistador mundial mais significativo na história da civilização Ocidental. Em 356 a.C., ele teve que assumir o trono da Macedônia como apenas vinte anos de idade, após seu pai, o rei Filipe II, ter sido assassinado. Apesar de sua juventude ele cultiva o sonho de conquistar as terras do Mediterrâneo Oriental. Rapidamente demonstra ser um estrategista militar brilhante, e corajosamente - alguns diriam impiedosamente - invadiu a Grécia ao Sul e foi conduzindo seus exércitos ao longo das regiões costeiras da Ásia Menor (Oriente moderno) para o Oriente, alcança a região da Palestina (onde viviam Israel e outros povos) e chega às fronteiras do grande Egito. Depois de tantas conquistas parte ousadamente para o coração do Império Persa, derrubando o monarca persa Dario, e estendendo seus territórios tão distantes como a Índia moderna.
Alexander é particularmente significativo na história da civilização Ocidental por causa de seu projeto de unidade cultural sobre os povos conquistados do Mediterrâneo oriental. Em sua juventude, ele fora pupilo do grande filósofo grego Aristóteles e a partir de então torna-se convencido de que a cultura grega era superior a todas as outras. Como conquistador, deu uma dimensão universal para o idioma grego, que posteriormente gerou um grego popular denominado de Coiné; fez o maior empreendimento imobiliário daquela época, ordenando a construção cidades de estilo grego, com ginásios, teatros e banhos públicos, para servir como centros administrativos e comerciais. Além disso, ele geralmente incentivava a adoção da cultura e da religião gregas em todas as suas cidades, especialmente entre as classes superiores. Os historiadores chamaram este processo cultural de "helenismo".
Após a morte precoce de Alexandre na idade de trinta e três (323 a.C.), seu reino foi dividido entre seus principais generais, que evidentemente não conseguiram manter o mesmo nível de comando político dele. Durante seus reinados e os de seus sucessores, o helenismo (ou seja, a cultura grega) permaneceu florescendo nos grandes centros urbanos ao redor do Mediterrâneo Oriental (menos em áreas rurais). Ao longo deste período, mesmo diante das continuas alterações fronteiriças e alternâncias de reis e reinos, uma pessoa podia viajar de uma parte do antigo domínio de Alexandre para a outra e se comunicando razoavelmente através da língua comum do dia-a-dia, o grego Coiné. Além disso, os viajantes sentiam-se relativamente em casa na maioria das grandes cidades, por causa do padrão helenista - costumes, instituições, tradições e religiões gregas. Assim, mais do que em qualquer outro tempo da história antiga, o Mediterrâneo oriental que emergiu na esteira de Alexandre experimentou uma forma de unidade cultural e cosmopolita (um "cosmopolita" é um "cidadão do mundo", ao contrário de uma pessoa que pertence apenas a uma localidade).
Ao sucederem o pódio do domínio territorial, o império Romano mergulhou no contexto do mundo helenístico e aproveitou plenamente a sua unidade, promovendo o uso da língua grega, aceitando aspectos da cultura grega, e até mesmo assumindo características da religião grega, a tal ponto que o panteão grego e panteão romano de deuses e deusas passaram a ser considerados como o mesmo, apenas com nomes diferentes (um dos maiores sincretismos religiosos da história).
Esta unificação tão ampla e complexa alcançada através do helenismo cultural e da política imperial de Roma são sintetizadas no termo "mundo greco-romano".

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Guedes, Ivan Pereira
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Referências Bibliográficas
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. São Paulo: Hagnos, 2006.
Charlesworth, J. H. The Old Testament Pseudepigrapha. (Hendrickson Publishers, 2010).
Pseudepigrapha, Apocrypha and Sacred Writings - http://www.pseudepigrapha.com/
The New Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge [Dictionary edition] http://www.ccel.org/ccel/schaff/encyc09.html?term=Pseudepigrapha,%20Old%20Testament
 YOUNG, Edward J. Introdução ao Antigo Testamento. Vida Nova, São Paulo, 1964.