sábado, 28 de março de 2020

GLOSSÁRIO BÍBLICO D-Z [Ampliado]


Diáspora [Dispersão]: é utilizado para se referir os judeus que após o Cativeiro Babilônico optaram por permanecerem morando fora da Palestina.
Didaquê: foi um dos primeiros livros textos de catequese cristã, cujo escritor é anônimo. De forma elementar e suscita trata de temas relacionados à doutrina, ética e prática cristã nas comunidades. Sua datação está entre 85 a 135 d.C.
Discípulo - Os professores (mestres/rabinos) do mundo antigo tinham um grupo de estudantes (de qualquer idade) que os seguiam, ouviam o seu ensinamento e aprendiam com eles. Esses alunos eram chamados de "discípulos".
Dote – Valores que eram entregue pela família da noiva no momento do casamento, e, posteriormente, de propriedade da esposa. Era sua parte da herança familiar, o suficiente para agir como uma renda em caso dela ser abandonada ou ficasse viúva.
Edom [Iduméia]. Situada no Sudoeste da Palestina, chamada também de Monte Seir. Eram de origem semita descendentes de Esaú (irmão Jacó). Sempre foram inimigos dos israelitas. Durante a invasão dos babilônios eles ajudaram a saquear a cidade de Jerusalém e o Templo. Um eminente personagem edomita foi Herodes, o que explica a grande rejeição dele por parte dos judeus.
Éfode: Veste sacerdotal utilizada especialmente pelo sumo sacerdote e descrito em pormenores nas instruções que Deus deu a Moisés (Êx 28.6-14, 22-28). Esta vestimenta não era usada diariamente, mas apenas em ocasiões especificas: quando era necessário consultar ao Senhor, juntamente com o peitoral de Urim e Tumim (Nm 27.21; 1Sm 28.6; Esd 2.63); no Dia da Expiação, após apresentar as ofertas pelo pecado, ele tirava as roupas brancas e vestia as vestimentas coloridas, incluindo o Éfode, para oferecer as ofertas queimadas (Lv 16.23-25). Gideão (Jz 8.27) e um tal efraimita (Jz captos 17 e 18) fizeram éfodes de ouro, mas redundaram em idolatria e juízo de Deus sobre eles, ainda que Gideão em si não o adorou, mas seus descendentes.

Escribas: A palavra escriba no hebraico, grego e outras línguas adquiriu um leque significado ao longo do tempo, mormente identificando vários papéis sociais. O equivalente mais próximo de nosso português é o termo "secretário", que se refere aquele funcionário de gabinete nos mais diversos níveis de governo. Tanto no uso semita como no grego, o escriba era comumente um funcionário do governo de nível médio, por exemplo, um "secretário" encarregado do Conselho da cidade (Atos 19:35).
Essênios: fazem parte das seitas judaicas no período neotestamentários. Seu diferencial era a ênfase apocalíptica, o severo asceticismo e sua obediência à literalidade da Lei (Torá) de Moisés. Formaram uma comunidade separada na região de Qumran próximo do Mar Morto. Tudo leva a confirmar que foram eles que preservaram os chamados Manuscritos do Mar Morto, que têm atestado a veracidade histórica dos escritos do Antigo Testamento.
Evangelho: é um termo grego que significa “boas novas” e que foi amplamente utilizada pelos cristãos de forma geral e posteriormente pelos escritos neotestamentários, para comunicarem os fatos concernentes à vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo (cf. Paulo em 1Co 15.1-8). Com o passar do tempo tornou-se sinônimo dos quatro primeiros livros, bem como de todo o conjunto do Novo Testamento.
Evangelhos sinóticos: o termo “sinótico” significa “visão compartilhada” e foi aplicada aos três primeiros evangelhos do NT porque compartilham de materiais semelhantes e se utilizam de um esquema literário comum. Todavia, cada um deles conservou sua própria ótica pessoal, de maneira que não são simples cópias. O quarto evangelho, de João, utiliza fontes e esquema distinto.
Família - Na Bíblia, esta palavra geralmente significava o clã ou grupo de parentesco estendido, incluindo não só os pais, crianças, tias e tios e primos, etc, mas também as pessoas que trabalhavam com e para o grupo e suas famílias.  Uma "família" poderia muito facilmente incluir até duas centenas de pessoas ou apenas dez, dependendo do status e renda do grupo. No Antigo Testamento se utiliza a expressão “eu e minha casa” onde se têm essa ideia de família mais abrangente.
Fariseus: O termo significa “separados” e se constituíam em outro grupo religioso distinto dentro do judaísmo (cf. essênios). Aparecem muitas vezes nas narrativas evangélicas e eram ferrenhos defensores da Torá (Lei) escrita e das leis desenvolvidas nas tradições advindas das interpretações da Torá. Criam nas doutrinas básicas do judaísmo, como a providência divina, a ressurreição dos mortos, atividades angelicais. Foram sistematicamente opositores de Jesus e sua mensagem evangélica, de modo que, perseguiram fortemente os primeiros discípulos, participando ativamente no apedrejamento do diácono Estevão. Apesar de não serem números, aproximadamente seis mil na Palestina, exerciam forte influência na sociedade judaica antes e durante o período neotestamentário.  
Ferezeus: Um povo da região de Canaã, também descendentes de Cam, filho de Noé. Nos dias de Salomão foram obrigados a servirem como mão de obra escrava.
Filisteus: eram um dos chamados "povos do mar". Entre 1200 e 1000AC os povos do mar invadiram Egito e Canaã. Eles tinham exércitos bem disciplinados e armas de ferro superior. Eles tentaram invadir o Egito, mas Ramsés III (1198-1167BC) os expulsou. Eles encontraram menos resistência em Canaã, e se estabeleceram ao longo de toda a costa do sudoeste do Neguebe e Sefalá (Vale de Sarom), atualmente o território entre a moderna Tel-Aviv e Gaza. Eles construíram cinco grandes cidades-estados, Gaza, Asdobe, Asquelom, Gate e Ecrom. Embora nunca tenham ocupado toda a terra, deram seu nome à Palestina. Quando os israelitas tomaram assento na região de Canaã os filisteus foram sempre perigosos inimigos e salteadores, conforme registros no livro de Juízes. 
Girgaseus: Era um povo extremamente belicoso para com todos os demais povos, durante a conquista israelitas resistiram de forma consistente às investidas de Josué.

Go'el - A palavra go'el é muitas vezes traduzida como “parente próximo”, mas significa mais do que isso. Um go'el era um parente próximo que tinha o dever de cuidar da família e dos bens daquele parente que morrera, para isso deveria se casar com a viúva (Deuteronômio 25), mas não podia ser coagido a assumir esse papel. Rute conhece Boaz, seu go'el. 
Haggadah [Agadá]: refere-se ao material não-legal produzida pelos rabinos encontrado no Talmude. Esses princípios não se revestiam de tanta autoridade quanto os de outras fontes didáticas religiosas da época. É constituida de folclore, narrativas, lendas, parábolas, interpretações alegóricas e também abrange as ciências, tais como filosofia, medicina, matemática, astronomia e teologia.
Halakhah: refere-se ao material legal (Lei) do Talmude que se referem à conduta e modo de vida dos judeus conforme interpretadas pelos rabinos.
Hasideano: era aqueles judeus piedosos que jamais renegaram sua fé, mesmo diante do martírio, durante o período de perseguição promovida por Antíoco IV, Epifânio, no segundo século a.C. (cf 1Mb 2.41).
Hebraísmo: são palavras e expressões peculiares do idioma hebraico que não encontram correspondentes em outros idiomas (português) e por isso são transcritos de forma literal. Exemplos do hebraísmo na versão portuguesa da nossa bíblia: aleluia, amém, bálsamo, éden, fariseu, hosana, jubileu, maná, páscoa, querubim, rabino, sábado, e muitos outros. Em nossa língua portuguesa temos uma palavra que não tem correspondentes em outros idiomas: saudade e somente nós entendemos o seu significado, sem necessidade de ser explicado.
Hebreus - Até o período de assentamento em Canaã, os descendentes de Abraão são chamados de "hebreus". Posteriormente quando se estabeleceram em Canaã, passaram a serem chamados de "israelitas".   

Helenismo: Processo de aculturamento grego iniciado durante as conquistas promovidas por Alexandre o Grande no século quatro a.C., em que os povos conquistados acabaram adotando os conceitos e o modo de vida dos gregos. Mesmo depois da morte precoce do jovem conquistar o processo permaneceu tão forte que é chamado de “a era helenística”. Todo o pano de fundo neotestamentário, incluindo os escritos bíblicos do NT, estão dentro desse processo político-cultural-religioso.
Herodianos: um partido político-religioso que tinha como objetivo manter a dinastia de Herodes no poder, nos dias de Jesus. Teologicamente se assemelhavam aos saduceus, mas não tinham pudor em se aliar aos fariseus para desacreditarem Jesus, como por exemplo na questão envolvendo o pagamento dos tributos ao Império Romano (Mt 22.16; Mc 12.13). Foi um dos primeiros segmento judaico a tramar a morte de Jesus (Mc 3.6).
Heteus: Eram chamados de filhos de Hete, e se estabeleceram do norte da Palestina ao Rio Eufrates e se constituiam de pequenas colônias do império da Ásia Menor denominados pelos assírios de "Khatti".
Heveus: Estavam estabelecidos em varias partes de Canaã setentrional, central e meridional, antes da conquista dos israelitas. Também descendentes de Cam, todavia havia uma mistura entre os amorreus e cananeus.  
Héxapla: do grego sêxtuplo, uma obra crítico-textual produzida por Orígenes próximo de 220 d.C., onde ele coloca seis versões do Antigo testamento em forma de colunas paralelas: (1) o texto hebraico; (2) uma transliteração grega; (3) a tradução de Áquila; (4) a tradução de Símaco; (5) a Septuaginta e (6) Teodocião.
Ignácio: (105 d.C.) Bispo da igreja de Antioquia e discípulo pessoal do Apostolo João. Foi executado para o fim do primeiro século. Em seus escritos há muitas referências aos diversos livros que compõe o Novo Testamento.

Irineu: (120-205 d.C.) - Foi discípulo de Policarpo, que por sua vez fora discípulo do Apostolo João, de modo que Irineu se constituiu em elo importante com a época dos Apóstolos. Foi martirizado cerca do ano 200. Em seus escritos há muitas referências aos diversos livros que compõe o Novo Testamento.
Isagoge: palavra grega que significa "trazer ou levar para dentro", equivalente da palavra "introdução" (latim introducere). É a disciplina que trata dos assuntos preliminares ao estudo e interpretação da Bíblia (contexto: linguístico, integridade e transmissão do texto,  histórico, cultural, autoria, data, destinatário).
Israelitas – Após saírem do Egito e se estabeleceram em Canaã os descendentes de Jacó (12 tribos) passaram a serem chamados de "israelitas" em decorrência do novo nome que Jacó havia recebido de Deus (Israel). Depois do período do exílio em Babilônia, os israelitas passaram a serem chamados de "judeus". Eles derivaram das duas tribos do reino de Judá, e seus descendentes.
Jebuseus: Descendentes de Jebus, filho de Canaã e viviam em colônias ao redor de Jerusalém, se constituindo em uma forte e aguerrida tribo de maneira que conservou sua forte cidadela até os tempos de Davi.
Judaísmo: abrange todo o sistema religioso judaico, suas crenças e conceitos teológicos, a ética e leis sociais derivadas dos textos do Antigo Testamento, bem como do Talmude. O surgimento desse sistema religioso tem suas origens no Cativeiro Babilônico-Persa (586-539 a.C.). Hoje os estudiosos falam de “judaísmos” por causa da pluralidade de formas, até mesmo divergentes, que ele foi produzindo ao longo do tempo. O judaísmo e o helenismo se constituem no contexto histórico do ministério de Jesus e do cristianismo primitivo.
Judaizantes: eram judeus que haviam adotado o cristianismo, mas que desejavam manter as tradições do judaísmo, incluindo a circuncisão e a observação da Lei de Moisés como necessário para a salvação. Por causa disso, tornaram-se opositores do apóstolo Paulo que defendia um cristianismo livre para os gentios. A questão somente foi resolvida no chamado Concílio de Jerusalém, por volta do ano 50 d.C., quando as teses de Paulo e Barnabé prevaleceram sobre a proposta judaizante (Atos 15.1-21).
Justino Mártir: (110-165 d.C.) Filósofo que após sua conversão ao cristianismo tornou-se um dos mais ardorosos defensores diante das autoridades romanas. Afirmava que o cristianismo era a única filosofia verdadeira e valiosa. Por suas pregações e escritos converteu a muitos romanos à fé cristã, tanto cultos como incultos. Escolheu ser martirizado (165 d.C.) à negar sua fé em Cristo, durante o reinado de Marco Aurélio. Depois de sua morte, foi conhecido por muitos como Justino o mártir.
Kerigma: significa “proclamação” ou em nossos dias “pregação”, que incluía o conteúdo da mensagem cristã apostólica. Lucas no livro de Atos registra pequenos extratos ou esboços dessa pregação com ênfase na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. O kerigma também serviu de espinha dorsal, principalmente, dos evangelhos sinóticos.
Lamed: [ l] é a  12ª letra do alfabeto hebraico, correspondendo à letra grega lambda [ l ] e a nossa letra "L" portuguesa. Seu significado é "aguilhão" utilizado para conduzir bois, indicando-lhe o caminho, de maneira que têm um sentido pedagógico de ensinar (lamed) que é o nome próprio da letra. No salmo 119 (acróstico) inicia os versos 89 a 96. Essa  letra compõe também a palavra "El" [deus] no sentido genérico. 
Lamentações [livro de): normalmente agregado ao livro do profeta Jeremias e narra o sofrimento que adveio à cidade e moradores de Jerusalém quando os exércitos babilônicos de Nabucodonosor tomaram a cidade no ano 586 a.C.
Láquis (cartas de): um conjunto de vinte cartas escritas em hebraico antigo, datadas de 589 a.C., que foram encontradas em escavações arqueológicas no oriente nos anos de 1935 a 1938. Oferece informações importantes sobre o contexto político-social de Judá durante o cerco dos exércitos babilônicos de Nabucodonosor (587 a.C.) no período do profeta Jeremias. Seu autor, Hosaías,  estava em um posto militar avançado e escreve pára um homem chamado Joás, provavelmente um oficial em Láquis. 
Lei [Torá]: o uso desse termo é amplo no Novo Testamento. Inclui os princípios legais e morais contidos no Antigo Testamento (Jo 7.19); pode se referir ao padrão que deve ser adotado pelos cristãos (Rm 7.23, 25; Tg 2.12) ou simplesmente se referir as regras judaicas de forma geral (Atos 25.8).
Levirato: é uma derivação do termo latino "levir" (cunhado), relativo à tradição bíblica hebraica de que um israelita casado viesse a morrer antes de gerar um filho, o parente mais próximo, solteiro, deveria se casar com a viúva, gerando um filho que manteria o nome do falecido, inclusive tornando-se seu herdeiro legal. O livro de Rute ilustra de forma prática esta tradição.
Levitas: descendentes da tribo de Levi, filho de Jacó, dos quais descendem os sacerdotes que haveriam de se ocupar de tudo que se relacionasse ao culto e ao templo. Essa tribo tornou-se representante das doze tribos diante do Senhor. Eram divididos em três classes: o Sumo sacerdote, os sacerdotes e os levitas, de maneira que todos os sacerdotes tinham que ser levitas, mas nem todos os levitas exerceram o oficio de sacerdotes.
Levítico: terceiro livro da Bíblia Hebraica/Cristã, que trata sobre a questão do culto e da comunhão com Deus. Não é um manual especifico para os sacerdotes, mas para todo o povo israelita.
Literatura de Sabedoria: é a classificação dada para alguns livros do Antigo Testamento (Provérbios, Eclesiastes e Jó) bem como alguns salmos, que registram a sabedoria vivencial dos israelitas em seu relacionamento com Deus e familiar-social.
Lugares Altos: do hebraico (bamah - elevação, santuário) comum entre as religiões cananitas e os povos semitas. A conexão entre divindades e as montanhas eram comum nas religiões de forma geral. Os profetas bíblicos sempre condenaram israelitas por buscarem esse lugares altos (idólatras) e deixarem o Deus verdadeiros.

Macabeus: significa “martelo” e nome dado a Judas, o filho de Matatias. Foi o líder das batalhas contra os exércitos sírios cerca de 167 a.C.  Foi sua família, os Asmoneus, que governaram (reinaram) sobre Judá até a ocupação da Palestina pelos romanos em 63 a.C.
Massoretas: Estudiosos gramáticos hebreus, do quinto ao décimo séculos d.C., que pelo uso do “Masorá” (anotações referentes aos textos hebraicos) foram responsáveis pela preservação do texto bíblico, copilando e preparando o texto com sinais fixos de vogal (havia apenas as consoantes) e acentos, números de letras e espaçamento, de maneira que se preservou as pronuncias adequadas possibilitando que pudesse continuar a ser utilizada ainda hoje, visto que a língua hebraica estava se tornando uma língua morta. O auge da atividade dos massoretas foi a primeira metade do século X, com os trabalhos das famílias Ben Asher e Bem Naftali, ambas de Tiberíades, na Palestina e no Oriente também surgiu outro grupo de massoretas e de sistemas massoréticos localizados na Babilônia. Foram então estabelecidos três sistemas de vocalização, de acentuação e de observações textuais: babilônico, palestino e tiberiense.

Messias: esse nome de origem hebraica significa “ungido” e no Antigo Testamento está vinculado fortemente com a figura messiânica. A mensagem profética anunciava a vinda do que haveria de restaurar o reino de Israel (Sl 110; Dn 9.25,26). Jesus Cristo abertamente assume esse papel e os relatos neotestamentários demonstram que Ele cumpre as profecias que inauguram o reino de Deus (Mt 16.13-20; Atos 17.3). No grego a tradução é “Cristo” e tornou-se nome próprio agregado a Jesus (cf. Gl 3.14,16,17,22, 24 e 26).
Midrash: é a interpretação exegética judaica dos textos da Torá (Antigo Testamento); há duas temáticas desta interpretação - a Halakhah e a haggadah.

Mikveh - é um recipiente de banho ritual concebido para o rito judaico de purificação. O mikveh não é meramente um reservatório de água; deve conter uma certa percentagem de água derivada de uma fonte natural, como um lago, um oceano ou a chuva. Tanto os homens como as mulheres usaram o mikveh para a purificação ritual, mas sempre teve um significado especial para as mulheres judias. Lei judaica prescreve que as mulheres mergulham nas águas do mikveh seguindo seus períodos menstruais ou após o parto, a fim de tornar-se ritualmente pura e permissão para retomar a atividade sexual. Em relação às mulheres o livro de Levítico declara que uma mulher (judia) seria ritualmente impura durante sete dias durante seu fluxo menstrual, durante o qual o contato sexual era proibido.
Moabitas: São os descendentes de Ló, sobrinho de Abraão, com sua relação incestuosa com sua filha primogênita. Dominavam as regiões da Transjordânia sendo subdivididos em três partes - a terra de Moabe, o campo de Moabe e as campinas de Moabe.
Nômade - Um termo usado para descrever grupos de pessoas que seguiam com seus rebanhos de animais de pasto a pasto, de acordo com as estações e condições que lhes fossem mais favoráveis. Abraão, Isaque e Jacó foram nômades. 
Obadias: Quarto dos doze profetas menores. O livro da Bíblia que contém sua profecia consiste num único capítulo. Seu objetivo é revelar o juízo de Deus sobre Edom que no momento em que os judeus foram atacados, não apenas se recusaram a ajudá-los, mas cooperaram com os exércitos inimigos.
Parashás: do hebraico "seção" constituindo os textos selecionados para leitura semanal da Torá, que segundo o sistema ou ciclo babilônico, possibilita a leitura total da bíblia hebraica no período de um ano.

Paz Romana (Pax Romana): refere-se ao período de governo do Império Romano, que perdurou por trezentos anos, tendo iniciado no primeiro século a.C. Essa estabilização política-econômica-social, onde foram abolidas as fronteiras étnicas, foi um dos fatores preponderantes para a rápida expansão do cristianismo por todo o Império Romano, no Mediterrâneo.
Pentateuco: do grego "livro em cinco rolos", que designa academicamente o conjunto dos cinco primeiros livros da Bíblia Hebraica/Cristã, tendo com autor Moisés. No judaísmo é denominado de Torá (instrução, lei). 
Pentateuco Samaritano: a versão independente do texto hebraico do Pentateuco produzida pelos samaritanos, que no final do século II a.C. havia se separado definitivamente do judaísmo proveniente de Jerusalém. Os samaritanos não reconhecem as demais literaturas da bíblia judaica como inspiradas (Escritos e Proféticos).
Perícope: do grego "recortado" refere-se a uma seção (parágrafo) de texto delimitada a partir de seu conteúdo. Por causa da divisão do texto bíblico em versículos, muitas vezes dificulta a identificação de uma perícope textual.
Pesher: do hebraico "explicação" referindo-se ao tipo de comentário bíblico hebraico verso a verso, muito empregado nos textos da comunidade de Qumran, dos textos proféticos, relacionando-os aos acontecimentos contemporâneos.
Peshita: do siríaco "a simples ou difundida" referindo-se à tradução do Antigo Testamento hebraico e se constitui em importante testemunho da integridade textual.
Pictográfica: a primeira forma de escrita, que utilizava desenho das coisas que desejavam exprimir. 
Poliglota: do grego "muitas línguas" e se refere à Edição bíblica em que se coloca em colunas paralelas ao lado do texto hebraico outras traduções, possibilitando um exame mais amplo dessas traduções em relação ao texto hebraico. 

Ptolomeus: descendência de Ptolomeu I, um dos generais que governou o Egito de 323 a 30 a.C., após a morte de Alexandre o Grande. Foi vencido pelos exércitos do poderoso Império Romano. Eles alternaram com os selêucidas o domínio sobre a Palestina durante o segundo século a.C.
Rabi: significa “mestre” ou “senhor” e identificava a pessoa que tinham profundo conhecimento da Lei de Moisés (Torá) e, portanto, qualificado para ensiná-la. Havia várias escolas rabínicas já nos dias de Jesus. Ele foi assim chamado (Mt 26.25; Mc 11.21; Jo 3.2), mas alerta seus discípulos quanto a se buscar tais títulos para engrandecimento pessoal (Mt 23.7,8). E Lucas registra que Saulo de Tarso (ap. Paulo) estudou aos cuidados de Gamaliel um dos mais respeitados Rabi dos seus dias.
Recensão: do latim "exame" é uma revisão da Septuaginta que parte da mesma base textual e corrige a Septuaginta tornando-a mais fiel ao original.
Refaíns: Eram chamados e conhecidos também por anaquins e emins, e apesar de habitarem as regiões ao lado do rio Jordão e Hebrom, não possuíam nenhum parentesco com Canaã. 

Sabbath [Sábado]: o dia que Deus separou para o descanso e reflexão sobre a Aliança estabelecida com Israel (Êx 20.8-11 e reafirmada em Dt 5.12-15). Todavia, Jesus alerta para o perigo da idolatria do Sábado, pois ele foi estabelecido para o bem do ser humano e não para escraviza-lo (Mc 2.23.28). O autor de Hebreus interpreta o Sabbath como sendo um prenuncio do descanso celestial eterno (Hb 4.9-11). O cristianismo primitivo optou pelo primeiro dia da semana (domingo) devido ao fato de que Jesus (a Nova Aliança) ressuscitou neste dia.
Sacerdotes: são aquelas pessoas ordenadas (ungidas) para realizarem rituais de sacrifícios e exercerem a função de intercessores diante de Deus, em um lugar especifico de adoração. Nos dias de Jesus este local era o Templo de Jerusalém. A mensagem evangélica de Jesus suplantava o sistema sacrificial vigente (Mt 24.1,2) o que lhe trouxe a inimizade e ódio dos sacerdotes e demais que orbitavam ao redor do Templo. O cristianismo primitivo defendia ardorosamente o “sacerdócio real”, ou seja, todo cristão é um sacerdote diante de Deus (1Pe 2.9), uma vez que seu corpo se torna templo vivo com a habitação do Espírito Santo (1Co 6.9) e cada em cada culto suas vidas tornam-se um aroma agradável “como sacrifício aceitável e aprazível a Deus” (Fp 4.18). Assim, todo e qualquer cristão pode fazer súplicas, orações e intercessões por ele mesmo, como também, por outras pessoas (1Tm 2.1). Este princípio foi se perdendo na História da Igreja, sendo resgatado tão somente no século XVI na chamada Reforma Religiosa e/ou Reforma Protestante, como um de seus pilares fundamentais.
Saduceus: mais um dos grupos religiosos do judaísmo que atuavam nos dias de Jesus. Faziam era formado basicamente pela classe sacerdotal e tinham no Templo seu referencial maior. Utilizavam praticamente o Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia Hebraica/Cristã), visto que a literatura profética notadamente é crítica do sistema sacerdotal. Opostamente aos fariseus, rejeitavam os conceitos de anjos, vida após a morte (ressurreição do corpo) e a providência divina.
Sedarim: do hebraico "séries" formada por perícopes ou paragrafos da Torá selecionados para serem lidos a cada semana, de maneira que segundo o ciclo palestino, toda a Torá seja lida no período de três anos.

Selêucidas: Após a morte de Alexandre o Grande, o seu general Seleuco tornou-se governador da Síria de 312 a.C. até o domínio dos romanos. A cidade de Antioquia tornou-se a capital dos selêucidas e dominaram sobre a Palestina no segundo século antes de Cristo. Foi no período deles que os Macabeus se revoltaram e derrotaram os exércitos de Antíoco IV.
Semitismo: é a tradução literal de uma palavra ou expressão dos povos semitas (descendentes de Sem, filho de Noé): babilônios, assírios, sírios, árabes e israelitas/judeus. Um numero expressivo de semitismo ocorre na literatura do Novo Testamento, e nas versões da bíblia em português.

Septuaginta [LXX]: foi a primeira tradução da Bíblia Hebraica para uma outra língua, no caso, o grego. Foi realizada no período de 250 a.C., sendo amplamente utilizada pelos judeus da diáspora que estavam perdendo o contato com a língua materna. É conhecida também pelo nome de “Setenta” abreviada pelos algarismos romanos LXX. No cristianismo primitivo foi fundamental para comunicar a mensagem evangélica tanto aos judeus quanto aos gentios.
Símaco [σ´]: tradução a partir do latim do Antigo Testamento para o grego, dentro do estilo da prosa literária grego-romana, cujo o autor seria Símaco (170 d.C.) e também incluída na quarta coluna da Héxapla.

Sinagoga: após a destruição do Templo quando da terceira e última invasão babilônica (587 a.C.), quando mais uma leva de judeus foram levados cativos, criou-se a necessidade de um lugar especifico para o exercício religioso judaico. A Sinagoga prolifera no chamado período inter-testamentário, aproximadamente 400 anos entre o Antigo e o Novo Testamento. Era na Sinagoga que os judeus se reunião para o estudo da Torá, a adoração e também onde tratavam de suas questões sociais sempre à luz do ensino da Lei de Moisés. Após o regresso dos cativos e a reconstrução do Templo em Jerusalém, as sinagogas continuaram a serem utilizadas, até mesmo no território da Palestina e Jerusalém. Elas se espalhavam por todo o Mediterrâneo durante o Império Romano, e foram amplamente utilizadas por Paulo e os cristãos primitivos como ponto inicial de suas pregações evangélicas. A liturgia cristã tomou como referencial os cultos realizados nas Sinagogas. Diferentemente do Templo qualquer pessoa podia participar, incluindo as mulheres e estrangeiros e nelas não eram (são) oferecidos sacrifícios. 
Sincretismo religioso: quando diferentes religiões se amalgamam. Sempre houve esse tipo de movimento religioso, porém, foi no helenismo que ele se tornou popular. Durante o reinado grego as religiões dos povos dominados foram se amoldando à religião grega. Isto ocorreu também no catolicismo brasileiro, onde as religiões indígenas e africanas se adaptaram às expressões litúrgicas do catolicismo português.
Sinédrio: este era o órgão religioso maior dentro do judaísmo neotestamentário. Ele se formou aproximadamente no quarto século a.C., e nos dias de Jesus era composto por setenta e um membros, sendo distribuídos por três classes: o sumo sacerdote atual, os anciãos e os escribas. Mesmo subordinados ao Império Romano eles mantiveram autoridade para regerem sobre as questões religiosas, mediante aplicação das leis judaica, e suas sentenças, podendo chegar à pena capital, eram definitivas. Tanto Jesus (Mt 26.59), quanto o diácono Estevão (Atos 6.12-15) foram condenados pelo conselho do Sinédrio. Também compareceram diante desse conselho Pedro e João (Atos 4.5-21) onde foram proibidos de falarem sobre Jesus, e o apóstolo Paulo (Atos 22.30-23.1), que não foi condenado à morte, porque apelou para sua cidadania romana e teve que ser enviado à Roma. Após a destruição de Jerusalém (70 d.C.) perdeu sua função.
Sitz im Leben: expressão alemã que significa “fazer cenário de vida”, utilizada pela escola da crítica da forma para tentar estabelecer o contexto histórico de determinado livro da bíblia ou determinado registro neles contidos.  
Talmude: é a compilação de tradições judaicas que moldaram a vida e o pensamento judaico. Foi desenvolvido ao longo da história dos judeus e foram duas coleções especificas – a palestina e a babilônica, ao final dos séculos quatro e cinco d.C. A babilônica é a mais completa e ambas estão divididas basicamente em duas partes: o Midrash, que são as interpretações da Lei (Torá) e a Gemara, comentário da Mishnah.
Tanakh: Essa palavra é um acrônico composto das iniciais das três principais divisões da Bíblia hebraica: Torah (a "Lei", o nosso Pentateuco), Nevi'im (Profetas) e K'tuvim (Escritos).

Targum: é a livre tradução do texto da Bíblia Hebraica feita para o aramaico, tendo inicio no período pós-cativeiro (inicio 586 - fim 538), quando os judeus haviam perdido o contato com a língua pátria. Foi o aramaico, língua contendo a mesma raiz do hebraico, amplamente utilizada pelos povos do Oriente Médio, que substituiu o hebraico no cotidiano dos judeus no período inter-testamentário e neotestamentário. Por um tempo era apenas oral, mas posteriormente começaram a serem escritas e preservadas. Nenhum dos Targum abrange todos os textos do AT. Os mais importantes são: Targum de Onkelos; Targum de Jonathan Bem Uziel. A relevância deles esta em atestar muitos textos originais e indicar o tipo de exegese judaica da época, ou seja, como eles interpretavam os textos bíblicos.Essas traduções se constituem ainda hoje em fontes importantes para atestarem a veracidade dos textos hebraicos.
Templo [Jerusalém]: foi desde quando construído por Salomão o centro religioso de toda história Israelita. Sua reconstrução após o retorno do Cativeiro Babilônico foi o marco fundamental, mas somente nos dias de Herodes, o Grande, ele foi restaurado em sua riqueza e beleza como semelhante nos dias iniciais. Tornou-se o centro nevrálgico do judaísmo nos dias de Jesus e a influência do Sumo-Sacerdote extrapolou em muito o espaço religioso e tornou-se proeminentemente político-econômico. Jesus, diante da admiração de seus discípulos, profetiza que aquele Templo tão suntuoso, mas vazio de Deus, seria destruído e não ficaria pedra sobre pedra, o que veio a ocorrer na década de 70 d.C. pelo exército romano, após mais uma rebelião dos judeus.

Torá: essa palavra muitas vezes é interpretada com apenas um de seus sentidos – Lei – empobrecendo seu valor. Além de “lei” ela tem o sentido de “orientação” e “instrução ou ensinamento”, o que a torna muito mais abrangente e rica. Inicialmente se referia ao Pentateuco, mas no transcorrer da formação final do cânon hebraico, passou a ser referência ao conjunto total dos livros do Antigo Testamento. Toda a vida religiosa e social dos judeus está fundamentada na Torá. Ela está subdividida em três partes: o Pentateuco e/ou cinco livros de Moisés; os Profetas e os Escritos. Foi a bíblia de Jesus e dos cristãos primitivos e somente no quarto século d.C., com a efetivação do cânon cristão, ambos foram unificados e tornaram-se a Bíblia cristã.
Tradição: são todos aqueles ensinamentos religiosos paralelos aos textos canônicos, que são elevados à mesma categoria de regra de fé e prática. As grandes discussões de Jesus com os fariseus estavam nas questões das tradições aguerridamente defendidas por eles, mas que conforme Jesus estavam equivocadas em relação à Torá. O cristianismo católico romano também constituiu sua tradição paralela aos ensinos bíblicos, que foi um dos motivos que levaram à Reforma Religiosa do século XVI.
Tradição oral: são as tradições (histórias) de um grupo étnico ou religioso que são passadas às outras gerações de forma verbal, sem registro escrito. Nos dias dos patriarcas bíblicos (Abraão, Isaque e Jacó) como também nos de Jó, era o único meio de preservação da revelação divina. Somente com Moisés passou-se a registrar esta revelação de forma escrita, dando origem à Torá. No cristianismo primitivo o período de tradição oral foi relativamente curto, visto que entre os anos 33 e 70 d.C. quase toda literatura neotestamentária já está circulando entre suas comunidades, ainda que o cânon fosse completamente estabelecido apenas no século quarto.
Uncial: é a forma que os críticos textuais identificam um grande numero de manuscritos gregos da Bíblia, por serem utilizadas letras grandes, igualmente desenhadas à semelhança das letras maiúsculas. Esses manuscritos unciais são datados pelos séculos terceiro até o nono d.C.
Via Egnatia: se constitui na maior estrada comercial construída nos tempos antigos. Era a grande rota comercial dos dias romano, ligando o Leste e o Oeste. Além do comercio era também utilizada para rápido deslocamento de exércitos, quando não era viável a via marítima. Inúmeras cidades foram construídas ou valorizadas (ex. Filipos) pela proximidade desta grande artéria viária. Uma das estratégias missionária de Paulo foi alcançar estas cidades à beira desta rota comercial, além do que viajar por ela era a forma mais segura naqueles dias.
Vetus Latina: tradução do AT para o latim ao redor de 150 A.D. Foi feita a partir da Septuaginta (LXX) versão grega, e a segue fielmente, inclusive em seus equívocos linguísticos e na formatação com a inclusão dos apócrifos. Tertuliano, Cipriano, Agostinho utilizaram está versão latina.
Vulgata [Latina]: derivado do latim “vulgatus”, que se traduz “comum e/ou popular”. Mais especificamente se refere à tradução feita por Jerônimo (383-405 d.C.), no final do século quarto, que por mais de mil anos (domínio do latim) se constituiu na Bíblia do mundo Ocidental. Ela acabou por ofuscar completamente a Septuaginta, versão grega do AT hebraico, bem como toda literatura bíblica em grego do NT. Essa situação somente mudará com o período da Renascença e os chamados Humanistas, que resgataram os textos originais da Bíblia para seus estudos e traduções. Tem importância histórica e crítica, se constituindo na versão oficial da Igreja Católica Romana, e sendo sempre uma obra muito aclamada.
Zelotes: o grupo religioso-político mais radical do judaísmo no período neotestamentário. Eram nacionalistas extremados que rejeitavam qualquer influência helenística no judaísmo e defendiam até mesmo a rebelião armada contra o Império Romano. Eles contribuíram em muito para o levante judaico, durante os anos sessenta e seis a setenta d.C., que acabou gerando a destruição completa da cidade de Jerusalém, pelo general romano Tito, que viria depois a ser constituído imperador. Entre aqueles que Jesus chamou para formar o grupo apostólico havia Simão, denominado de Zelote (Mc 3.18, Atos 1.13).

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/

Glossário Bíblico A-D [Ampliado]
Hermenêutica: Glossário
Vocabulário Bíblico Teológico
Hermenêutica Bíblica


terça-feira, 24 de março de 2020

O Peregrino: Contexto Histórico Religioso – Puritanismo



            A vida e obra de John Bunyan esta inserida no contexto histórico da Inglaterra dos dias da rainha Elisabete I e sua complexa e extremamente conturbada questão religiosa. Ela havia herdado uma nação em convulsão religiosa e depois de muitos embates internos, e mortes, conseguiu impor um sistema híbrido entre calvinismo e catolicismo. Evidentemente que ela não agradou a nenhum dos dois lados da questão, mas ao menos pacificou o reino. Dentro deste quadro religioso surge um movimento denominado de puritanismo, pois eles procuravam por todos os meios impor uma reforma mais profunda e abrangente dentro da perspectiva da Reforma realizada por João Calvino em Genebra na Suíça.
              John Bunyan está associado ao movimento Puritano que frequentemente tem sido mal compreendido e até mesmo hostilizado e ridicularizado. Os Puritanos são na maioria das vezes retratados com seus chapéus e roupas negras e pessoas totalmente avessos aos prazeres da vida e a quaisquer outros temas que não fossem religiosos – seriam os beatos ou fanáticos religiosos da época. Mas o puritanismo nunca foi um movimento uniforme e rígido em seus conceitos. Esse movimento surge sem um personagem e data fundante. O movimento se desenvolve na esteira do espírito das reformas que estão sendo produzidas por toda Europa e principalmente através da ferramenta mais eficaz naquele momento – a literatura – da qual sem dúvida alguma a obra “The Pilgrim’s Progress” (O Progresso do Peregrino) escrito por Bunyan ajudou a moldar muitos dos conceitos do puritanismo inglês.
            Somente a partir da década de 1560 o puritanismo tornou-se reconhecidamente um movimento organizado. Se buscarmos seus antecedentes históricos haveremos de retroceder até o maior e mais frutífero movimento pré-reforma inglês liderado por John Wycliffe e seus Lollards que foram instruídos e depois enviados por todas as cidades e vilarejos ingleses no final dos séculos XIV e XV. Evidentemente que o movimento bebeu das águas que emanaram do manancial reformado genebrino conduzido por João Calvino, bem como nos demais movimentos reformistas produzidos a partir de Lutero na Alemanha.
O puritanismo inglês somente assumiu a forma de um movimento organizado na década de 1560, durante o reinado da rainha Elizabete I. Pragmaticamente torna-se um movimento político e teologicamente fundamenta-se na teologia calvinista: a depravação do homem, a soberania de Deus, a salvação pela fé em Cristo, a eleição de Deus de indivíduos para a salvação, a irresistibilidade da graça de Deus e a centralidade da Bíblia como única regra de fé e prática. O Propósito deles era uma reforma interna da igreja Anglicana, principalmente no que se relacionava com suas cerimônias ritualísticas (liturgia) e estrutura eclesiástica de episcopal para presbiteriano e/ou congregacional. No transcorrer do século XVII os diversos grupos puritanos vieram a se constituir em grupos conhecidos como separatistas ou não conformistas.
Ao contrário do sentido pejorativo em que os puritanos são vistos com frequência, a teologia puritana não foi uma camisa de força ou um estilo de vida monástico de negativismo, abstinência ou ascetismo. Apesar de que eles viveram uma prática de fé de intensidade poucas vezes vista em uma sociedade cristã, eles não se desconectaram dos aspectos positivos e prazerosos da vida cotidiana. Para eles as atividades e prazeres moralmente harmonizados com as Escrituras deviam ser praticados e incentivados, pois contribuíam para uma mente e um corpo sadio, mas repudiavam ardorosamente toda sorte de atividades libertinas e ilegais. Comer, beber, cantar e dançar fazem parte da narrativa de “The Pilgrim's Progress” e tais prazeres não contrariavam a Palavra de Deus. Todavia, mantiveram um apresso especial pelo domingo, que era separado (consagrado) para o exercício religioso - o dia deveria ser gasto em descanso e adoração. Nas palavras de Richard Baxter, um autor puritano, o domingo deveria ouvir a Palavra de Deus e assim aprender a fazer Sua vontade e para isso a pregação e o Culto era os pilares dos puritanos. Dentro desta conjuntura não havia dicotomia entre usufruir das coisas boas da vida e buscar uma vida de santidade e pureza. Para eles todas as esferas da vida deveriam ser permeadas por um cristianismo dinâmico. Para isso a autodisciplina precedida por um autoexame era extremamente importante, pois uma vida relaxada e desregrada não era condizente com a vontade de Deus estabelecida nas Escrituras. Para os Puritanos a vida tinha um propósito: Deus deu a cada indivíduo um chamado e os talentos ou dons para segui-lo e honra-lo (tudo para a glória de Deus). Eles não tinham uma visão fragmentada da vida: não havia sagrado e secular, apenas obediência e desobediência, e todas as vocações eram sagradas.
De igual modo os puritanos valorizavam as atividades intelectuais. Eles entendiam que o desenvolvimento da ciência no século XVII e suas teses, bem como as demais áreas do saber humano deveriam ser explorados e examinados. A própria natureza com sua beleza e plasticidade deveriam ser apreciada, em muitos dos seus sermões Bunyan se referia com entusiasmo às atividades da aranha, a organização de uma colmeia, à beleza do sol, da lua e das estrelas, ao canto dos pássaros, aos encantos de um jardim inglês bem cuidado. Para Bunyan negligenciar a beleza da criação era ignorar as manifestações do próprio Deus.
Apesar de ele viver o epicentro do movimento Puritano inglês e de ser comumente referido como sendo um puritano, ele nunca esteve engajado nas questões eminentemente eclesiásticas daqueles que desejavam a todo custo mudar o sistema da Igreja Anglicana ou a Igreja Estabelecida. Sua preferência pessoal recaia sobre forma simples de adoração, com ênfase na centralidade do Bíblia, em vez de forma litúrgica anglicana, mais ao estilo católico romano. Em vários de seus escritos, Bunyan faz duras críticas àqueles que gastavam precioso tempo da pregação em discussões intermináveis sobre picuinhas doutrinárias, do que proclamando a graça que pode levar indivíduos a Deus. As divisões e subdivisões do movimento puritano entre presbiterianos, congregacionais, metodistas, batistas entre outros, a ponto de não mais poderem ter comunhão uns com os outros, sempre foi motivo de tristeza para o coração de Bunyan.
Mas isso não significa que Bunyan não tinha disposição para polemizar com quem quer que fosse sobre questões que envolvessem as verdades do Evangelho. Sua polêmica com Edward Burrough um líder Quakers foi longa e dura; a questão estava no ensino deles de que a conversão era um ato interior da alma e independente de uma profissão de fé externa e de que além das Escrituras Deus continuava falando e revelando Sua vontade. Bunyan enfatizava que a única experiência pessoal válida era aquela abalizada e fundamenta no ensino das Escrituras. Em seu julgamento, a doutrina quaker da 'luz interior' carecia do caráter objetivo da revelação especial.
            As lutas políticas e religiosas de sua época foram acentuadas e amargas e muitos morreram, mas Bunyan jamais foi omisso ou permaneceu “equidistante” – seu posicionamento sempre foi a de Lutero e jamais a de Erasmus. Nunca temeu em tomar um posicionamento firme e contundente contra o mal e a injustiça. Ele jamais se escondeu atrás de púlpitos e sistemas eclesiásticos; ele não passava os dias distante dos interesses públicos e disputas ao seu redor, ao contrário, mergulhou neles e lutou e sofreu as consequências, inclusive passando longo período de doze anos preso, por causa de seus posicionamentos. Bunyan não apenas assistiu a história de seu país e seu povo, mas participou efetivamente dela.
            Mas como na história bíblica de José o aprisionamento prolongado de Bunyan se transformou em bênção para ele e milhões de leitores em todo o mundo e épocas. Enquanto livre suas energias foram canalizadas para suas múltiplas tarefas de pregador e polemista, de maneira que pouco tempo lhe sobrava para outro tipo de literatura. Mas dentro da providencia de Deus e moldado pelas circunstâncias adversas o seu aprisionamento lhe proporcionou a oportunidade de escrever sua maior obra literária, que tem sido colocada lado a lado de expoentes como John Milton o indiscutível poeta inglês e o dramaturgo William Shakespeare seus contemporâneos.


Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/

Artigos Relacionados
O Peregrino: Autoria e Relevância
O Peregrino (John Bunyan) Um Guia de Estudo – Parte 1A
Puritanismo
Protestantismo
Evangelho
Referências Bibliográficas
Brown, John. John Bunyan, His Life, Times and Works. Ed. Frank Mott Harrison. London: The Banner of Truth Trust, 1964.
BUNYAN, John. O peregrino: com notas de estudo e ilustrações. Trad. Hope Gordon Silva. São Paulo: Editora Fiel, 2005.
_____________. Grace abounding to the chief of sinners. Disponível em
<http://acacia.pair.com/Acacia.John.Bunyan/Sermons.Allegories/Grace.Abounding/Account.Ministry.html>. Acesso em abril de 2017.
 FOXE, John. O livro dos mártires. Traduzido por Almiro Pizetta. São Paulo: Mundo Cristão, 2003.
GREAVES, Robert L. John Bunyan. Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing Company, 1969.
HARRISON, G. B. John Bunyan, A Study in Personality. London: J.M. Dent and Sons, 1928
MARGUTTI, Vivian Bernardes. Peregrinos em busca: alegoria, utopia e distopia em Paul Auster, Nathaniel Hawthorne e John Bunyan. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2010. (Tese Doutorado em Letras: Estudos Literários, Orientador: Prof. Dr. Luis Alberto Ferreira Brandão Santos.
SANTOS, Tiago. A Peregrinação cristã: sofrimento e vida de John Bunyan. http://voltemosaoevangelho.com/blog/2014/03/a-peregrinacao-crista-sofrimento-e-vida-de-john-bunyan-tiago-santos/

domingo, 22 de março de 2020

O Peregrino (John Bunyan) Um Guia de Estudo – Parte 1A



O livro [1] começa com a defesa e/ou explicação do autor, escrita em verso, da razão pela qual escreveu o livro e porque utilizou a linguagem alegórica. A razão é   que ele deseja comunicar a mensagem do Evangelho a todos quantos estão interessados. Ele utiliza a linguagem alegórica [2] por dois motivos: primeiro é que é uma linguagem encontrada em partes das Escrituras e elas são incrivelmente importantes para Bunyan, e o leitor pode sentir essa influência ao longo do livro, porque há uma alusão ou citação das Escrituras em quase todas as páginas; e segundo para atrair e despertar a mente apática das pessoas, pois assim como o pescador utiliza as mais variadas iscas para atrair o peixe, ele haverá de utilizar-se das mais variadas linguagens para captar atenção de seus leitores. E conclui sua defesa conclamando o leitor a ler tanto com o coração quanto com a mente.
Começa o sonho do autor
Caminhando pelo deserto deste mundo, parei num sítio onde havia uma caverna; ali me deitei para descansar. Em breve adormeci e tive um sonho.

Nas primeiras linhas Bunyan apresenta ao leitor um homem infeliz e profundamente abalado, lendo um livro. Não é possível identificar de imediato quem é essa pessoa, ou seja, pode ser qualquer um, pois na verdade representa a humanidade sobrecarregada e perdida. Posteriormente se descobre que esse homem chama-se Cristão e o livro que ele está lendo é a Bíblia, enquanto lê toma conhecimento de que é um pecador, mas se sente impotente em mudar por si mesmo essa situação miserável.
 Vi um homem coberto de andrajos, de pé, e com as costas voltadas para a sua habitação, tendo sobre os ombros uma pesada carga e nas mãos um livro (Isaías 64.6; Lucas 14.33; Salmo 38.4; Habacuque 2.2).
Olhei para ele com atenção e vi que abria o livro e o lia; e, à proporção que o ia lendo, chorava e estremecia, até que, não podendo conter-se por mais tempo, soltou um doloroso gemido e exclamou. “Que hei de fazer?” (Atos 2.37 e 16.30; Habacuque 1.2-3).

Deus não planejou que a jornada do cristão fosse fácil, e o primeiro grande obstáculo que o cristão enfrenta é sua família relutante.
Nos dias de Bunyan a Inglaterra passava por uma crise religiosa muito grande e os que defendiam o catolicismo perseguiam os que não eram católicos, especialmente os chamados Puritanos. Mas para seguir o que ele sabe ser verdade, o cristão deve enfrentar a oposição sistemática do mundo, incluindo sua própria família.
Diante da resistência de seus familiares ele haverá de tomar a decisão comovente de iniciar solitariamente sua jornada. Apesar de todos os percalços que ele haverá de enfrentar e muitas vezes da sensação de solidão, o Peregrino nunca se arrepende de sua decisão.
Neste estado voltou para sua casa, diligenciando reprimir-se o mais possível, a fim de que sua mulher e seus filhos não percebessem sua aflição. Como, porém, o seu mal recrudescesse, não pôde por mais tempo dissimulá-lo, e, abrindo-se com os seus, disse por esta forma.
 “Querida esposa, filhos do coração, não posso resistir por mais tempo ao peso deste fardo que me esmaga. Sei com certeza que a cidade em que habitamos vai ser consumida pelo fogo do céu, e todos pereceremos em tão horrível catástrofe se não encontrarmos um meio de escapar. O meu temor aumenta com a ideia de que não encontre esse meio.”
Ao ouvir estas palavras, grande foi o susto que se apoderou daquela família, não porque julgasse que o vaticínio viesse a realizar-se, mas por se persuadir de que o seu chefe não tinha em pleno vigor as suas faculdades mentais.
E, como a noite se avizinhava, fizeram todos com que ele fosse para a cama, na esperança de que o sono e o repouso lhe sossegariam o cérebro. As pálpebras, no entanto, não se lhe cerraram durante toda a noite, que passou em lágrimas e suspiros.
Pela manhã, quando lhe perguntaram se estava melhor, respondeu negativamente, e que a moléstia cada vez mais o afligia.
Continuou a lastimar-se, e a família, em lugar de se compadecer de tanto sofrimento, tratava-o com aspereza. Esperava, sem dúvida, alcançar por este modo o que a doçura não pudera conseguir até ali, algumas vezes zombavam dele; outras o repreendiam; e quase sempre o desprezavam.
Só lhe restava o recurso de se fechar no seu quarto para orar e chorar a sua desgraça, ou o de sair para o campo, procurando na oração e na leitura lenitivo a tão indescritível dor.

Cristão depois de muitos dias de sofrimento, angústia e oração é visto andando nos campos, lendo seu livro (sua Bíblia). Ele está sozinho e grita fazendo a pergunta mais importante que um homem pode fazer: "O que devo fazer para ser salvo"?
Enquanto Cristão pensa o que fazer a seguir, aproxima-se dele um homem chamado Evangelista, pois Deus em sua bondade não deixa o ser humano sem orientação, nem mesmo na hora mais sombria, mas envia seus servos para explicar e apontar o Caminho.
O simbolismo da chegada do evangelista é bastante flagrante, ou pelo menos teria sido para os leitores de Bunyan.
No cristianismo, os autores dos evangelhos são referidos como evangelistas, uma palavra derivada do termo grego para “boas novas”. O evangelista chega para entregar as boas novas ao homem, que foi divinamente chamado para a salvação. O evangelista diz ao cristão (na verdade, a Bíblia diz a ele) como começar no caminho da salvação. Este é o primeiro de muitos exemplos no texto em que Bunyan descreve a maravilhosa graça de Deus em ação. No coração da teologia reformada está uma teologia da graça, e o poder da graça é um tema que impregna todo o texto.
Embora o personagem seja chamado de Evangelista, identificando especialmente a figura pastoral, biblicamente todos os crentes têm um ministério "ensinando e admoestando uns aos outros" (Colossenses 3.16); todos os crentes têm a missão de orientar outros para que sigam a Jesus (Mateus 28.19) e todos nós devemos estar prontos para compartilharmos a razão da esperança que existe em nós (1 Pedro 3.15).

“Senhor, oramos por aqueles que agora estão sobrecarregados, sob o peso e a culpa do pecado. Pai ajude-nos a apontar para Jesus, aqueles que fogem da ira vindoura,
      para que encontrem o portão e a entrada para a cruz, o caminho da salvação”.

"Uma oração para os peregrinos"
Ken Puls

Certo dia, em que ele andava passeando pelos campos, notei que se achava muito abatido de espírito, lendo, como de costume, e ouvindo-o exclamar novamente.
“Que hei de fazer para ser salvo?”
O seu olhar desvairado volvia-se para um e outro lado, como em busca de um caminho para fugir; mas, não o encontrando de pronto, permanecia imóvel, sem saber para onde se dirigir.
Vi, então, aproximar-se dele um homem chamado Evangelista (Atos 16.30-31; Jó 33.23) que lhe dirigiu a palavra, travando-se entre ambos o seguinte diálogo.
Evangelista – Por que choras?
Cristão – (Assim se chamava ele). – Porque este livro me diz que eu estou condenado à morte, e que depois de morrer, serei julgado (Hebreus 9.27), e eu não quero morrer (Jó 16.21-22), nem estou preparado para comparecer em juízo! (Ezeq. 22.14).
Evangelista – E por que não queres morrer, se a tua vida é cheia de tantos males?
Cristão – Porque temo que este pesado fardo que tenho sobre os ombros, me faça enterrar ainda mais do que o sepulcro, e eu venha a cair em Tofete (Isaías 30.33). E, se não estou disposto a ir para este tremendo cárcere, muito menos para comparecer em juízo ou para esse suplício.
Eis a razão do meu pranto.
Evangelista – Então, por que esperas, agora que chegaste a esse estado?
Cristão – Nem sei para onde me dirigir.
Evangelista – Toma e lê. (E apresentou-lhe um pergaminho no qual estavam escritas estas palavras. “Fugi da ira vindoura” - Mateus 3.7).
Cristão – (Depois de ter lido). E para onde hei de fugir?
Evangelista – (Indicando-lhe um campo muito vasto). Vês aquela porta estreita? (Mateus 7.13-14).
                       Cristão – Não vejo.
Evangelista – Não avistas além brilhar uma luz? (Salmo 119.105; II Pedro 1.19).
                       Cristão – Parece-me avistá-la.
Evangelista – Pois não a percas de vista; vai direito a ela, e encontrarás uma porta; bate, e lá te dirão o que hás de fazer.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/

Artigos Relacionados
O Peregrino: Autoria e Relevância
Puritanismo
Protestantismo
Evangelho
Referências Bibliográficas
Brown, John. John Bunyan, His Life, Times and Works. Ed. Frank Mott Harrison. London: The Banner of Truth Trust, 1964.
BUNYAN, John. O peregrino: com notas de estudo e ilustrações. Trad. Hope Gordon Silva. São Paulo: Editora Fiel, 2005.
______________. Grace abounding to the chief of sinners. Disponível em
<http://acacia.pair.com/Acacia.John.Bunyan/Sermons.Allegories/Grace.Abounding/Account.Ministry.html>. Acesso em abril de 2017.
 FOXE, John. O livro dos mártires. Traduzido por Almiro Pizetta. São Paulo: Mundo Cristão, 2003.
GREAVES, Robert L. John Bunyan. Grand Rapids: William B. Eerdmans Publishing Company, 1969.
HARRISON, G. B. John Bunyan, A Study in Personality. London: J.M. Dent and Sons, 1928
MARGUTTI, Vivian Bernardes. Peregrinos em busca: alegoria, utopia e distopia em Paul Auster, Nathaniel Hawthorne e John Bunyan. Belo Horizonte: Faculdade de Letras da UFMG, 2010. (Tese Doutorado em Letras: Estudos Literários, Orientador: Prof. Dr. Luis Alberto Ferreira Brandão
Santos).
 SANTOS, Tiago. A Peregrinação cristã: sofrimento e vida de John Bunyan. http://voltemosaoevangelho.com/blog/2014/03/a-peregrinacao-crista-sofrimento-e-vida-de-john-bunyan-tiago-santos/ 



[1] Depois da Bíblia esse livro é o mais vendido em todos os tempos.
[2] Uma alegoria (do grego αλλος, allos, "outro", e αγορευειν, agoreuein, "falar em público", pelo latim allegoria) é uma figura de linguagem, mais especificamente de uso retórico, que produz a virtualização do significado, ou seja, sua expressão transmite um ou mais sentidos além do literal.