sábado, 13 de agosto de 2016

Quadro Cronológico dos Reis e Profetas do Primeiro Testamento

Manuscritos Mar Morto
O Período Clássico do Profetismo Bíblico: Século VIII
           Historicamente o período, inaugurado com Oseias e Amós, é frequentemente chamado de “período clássico” da profecia veterotestamentária e eles também iniciaram a prática de “registrar” suas mensagens proféticas.  Entretanto, tal designação é muito mais para efeito didático do que um fato exato, visto que, não há uma radical ruptura entre os profetas antes do início do "período clássico” e aqueles que surgiram depois, como a classificação pode deixar transparecer.
             Conforme coloca de forma clara Bright (1980, p. 353), ainda que a originalidade ou inovação de registrarem suas mensagens tenha enorme valor, pois puderam serem preservadas até hoje, eles não romperam com tradição profética em que estavam inseridos. Tão somente incorporaram e se adaptaram a uma nova realidade, exatamente como fazemos hoje ao nos ajustarmos à comunicação nestes tempos cibernéticos, que muitas vezes exige uma nova linguagem e formatos na transmissão da mensagem a ser comunicada.  Por muitos anos eles transmitiam suas mensagens oralmente, e que foram preservadas e divulgadas por seus ouvintes, também de forma oral, mas paulatinamente os registros destas mensagens foram prevalecendo, dando origem aos livros proféticos como os conhecemos.
           Aqui torna-se oportuno um esclarecimento didático. Os profetas que não deixaram registros de suas mensagens são denominados de “profetas orais” ou “sem escritos”, porque não temos no Cânon Hebraico nenhum livro produzido por eles individualmente, tais como uma “profecia segundo Elias ou Eliseu”. Desta forma, aqueles cujas mensagens foram registradas são chamados de “literários” ou “escritores” porque os livros (mensagem) trazem seus nomes ou estão diretamente ligados a eles.
           Todavia, esta classificação traz suas limitações, como bem demonstra LaSor:
Por um lado, um livro (ou dois) leva o nome de Samuel. (Não vem ao caso se ele escreveu ou não.) Por outro lado, não se deve pressupor que os profetas ‘escritores’ puseram-se a escrever livros de profecia. Os indícios no livro que leva o nome de Jeremias indicam que ele era principalmente um profeta ‘oral’ e que o registro escrito de sua profecia foi em grande parte trabalho de Baruque (Jr.36:4,32). Fica claro pelo conteúdo deles que a maior parte dos livros proféticos foi primeiro mensagem oral, escrita mais tarde, talvez pelo próprio profeta, talvez por seus discípulos”. (1995, p. 243-244).
           É bom destacar também, que Jesus Cristo, o maior de todos os profetas, não escreveu suas profecias; elas foram registradas por outros e preservadas nos evangelhos.
           As datas indicadas para cada livro procuram refletir o ministério ativo dos profetas dentro de uma proximidade e harmonia dos seus respectivos contextos históricos. Entretanto, muitas vezes os escritores e/ou redatores não fornecem subsídios suficientes para se concluir com maior grau de exatidão as datas, fazendo com que os estudiosos ofereçam opções até certo ponto contraditórias.
           O quadro cronológico abaixo é um exercício deste esforço que se tem feito ao longo dos séculos para localizar os profetas e suas mensagens no tempo/espaço da história de Israel e posteriormente Judá. É uma proposta conservadora, optando sempre pelas datas mais consensuais e menos extravagantes de muitos eruditos e/ou escolas mais liberais. Mas mesmo entre os conservadores ainda há muitas controvérsias e alguns profetas muitas vezes são alocados para datas muito distintas entre eles. Os profetas com * são os denominados “profetas orais”.    

Quadro Cronológico dos Reis e Profetas

Reino Unido

Data (a.C.)
1075-931

Rei

Profeta


Saul e Davi
Samuel*

Saul e Davi
Gade* (2 Sm.22:5)

Davi
Natã* (2 Sm.12:1)

Salomão
Ido* (vidente – 2 Cr.9:29)
Reino DIVIDIdo
Em 931, ano da morte de Salomão, a nação dividiu-se em dois reinos, Judá e Israel.
Judá (Reino do Sul)
Israel (Reino do Norte)
Data (a.C.)

Rei

Profeta

Data (a.C.)

Rei

Profeta

931
Roboão

931
Jeroboão I

913
Abias

909
Nadabe

911
Asa

886
Baasa




885
Elá




885

               Zinri





885
Onri

873
Josafá

874
Acabe
Elias* (870-845)



853
Acazias

853/848
Jeorão (Jorão)
Obadias
852
Jorão (Jeorão)
Eliseu* (845-798)
841
Acazias




Em 841, Jeú matou os reis de ambos os reinos, apoderou-se do trono de Israel e destruiu o generalizado culto a Baal no Reino do Norte.
841
Rainha Atalia

841
Jeú

835
Joás
Joel (830-825)
814
Jeocaz




798
Jeoás

796
Amazias

793
Jeroboão II
Jonas (785-760)
792
Azarias (Uzias)



Amós (760)



753
Zacarias
Oséias (755-725)



752
Salum




752
Menaém

750
Jotão




743
Acaz
Isaías (740-680)





Miquéias (730-720)
742
Pecaías




752*
Peca




732
Oséias

728
Ezequias




Em 722, os assírios destruíram Samaria e exilaram Israel para a Assíria. Judá foi poupada em virtude da reforma de Ezequias e do expurgo da idolatria.

Ezequias

710

Naum 710 (aproximadamente)
697
Manassés




642
Amom




640
Josias
Jeremias (627-585)



609
Jeoacaz
Sofonias (625)



609
Jeoaquim




597
Joaquim
Habacuque (607)



597
Zedequias




Em 586, os babilônicos destruíram Jerusalém e exilaram os judeus para a Babilônia.


Daniel (603-536)

Ezequiel (592-570)



Em 538, a Pérsia libertou e devolveu os exilados para eles construírem o Templo em Jerusalém.
536
Zorobabel (Governador)
Ageu (520)

Zacarias (520-480)



Em 444, a Pérsia mandou Neemias reconstruir o muro de Jerusalém e tornar-se governador.
444
Neemias
(Administrador)
Malaquias (430)



             

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/



[*] Estes são denominados de “profetas orais” ou “sem escritos”, porque não temos no Cânon Hebraico nenhum livro produzido por eles individualmente, tais como uma “profecia segundo Elias ou Eliseu”. Os demais profetas mencionados são chamados de “literários” ou “escritores” porque os livros trazem seus nomes ou estão diretamente ligados a eles. Mas esta classificação demonstra ser limitada, como bem demonstra LaSor: “Por um lado, um livro (ou dois) leva o nome de Samuel. (Não vem ao caso se ele escreveu ou não.) Por outro lado, não se deve pressupor que os profetas ‘escritores’ puseram-se a escrever livros de profecia. Os indícios no livro que leva o nome de Jeremias indicam que ele era principalmente um profeta ‘oral’ e que o registro escrito de sua profecia foi em grande parte trabalho de Baruque (Jr.36:4,32). Fica claro pelo conteúdo deles que a maior parte dos livros proféticos foi primeiro mensagem oral, escrita mais tarde, talvez pelo próprio profeta, talvez por seus discípulos”. LASOR, William S. Op. cit., p. 243-244 [É bom destacar também, que Jesus Cristo, o maior de todos os profetas, não escreveu suas profecias; elas foram registradas por outros e preservadas nos evangelhos.] 
As datas procuram refletir o ministério ativo dos profetas dentro de uma proximidade e harmonia do contexto histórico. Mas, muitas os escritores não fornecem subsídios suficientes para se concluir com maior grau de exatidão as datas, fazendo com que os estudiosos ofereçam opções até certo ponto contraditórias.

Artigos Relacionados
O DESENVOLVIMENTO DO PROFETISMO EM ISRAEL
PROFETAS: As Diversidades Contextuais
OS PROFETAS E AS QUESTÕES SOCIAIS

Referências Bibliográficas
BRIGTH, J. História de Israel. São Paulo: Paulus, 1980.
FEINBERG, Charles L. Os profetas menores. Miami, Florida: Ed. Vida, 1988.
FOHRER, Georg. História da religião de Israel. [Tradução: Josué Xavier; Revisão: João Bosco de Lavor Medeiros]. São Paulo: Edições Paulinas, 1982.
HILL, Andrew E. e WALTON, J. H. Panorama do Antigo Testamento. [Tradução:  Lailah de Noronha]. São Paulo, Editora Vida, 2006.
LASOR, William S., HUBBARD, David A. e BUSH, Frederic W. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 1999.
PAPE, Dionísio. Justiça e esperança para hoje – a mensagem dos profetas menores. São Paulo: ABU, 1983.
POTT, Jerónimo. El mensaje de los profetas menores. USA: Iglesia Cristiana Reformada [Subcomissão Literatura Cristiana], 1977.
ROWLEY, A fé em Israel – aspectos do pensamento do Antigo Testamento.[Tradução: Alexandre Macintyre]. São Paulo: Editora Teológica, 2003.

SCHREINER, Josef. Palavra e mensagem do Antigo Testamento. [Tradução: Benôni Lemos], 2ª ed. São Paulo: Editora Teológica, 2004.

Nenhum comentário:

Postar um comentário