É necessário, ainda que seja uma tarefa complexa tentar
desenvolver este tema num espaço tão sucinto, procurar obter uma visão do
desenvolvimento do exercício profético no transcorrer da história do povo de
Israel.
Atividade Profética no Antigo Israel: Encontraremos a presença dos dois tipos básicos de
profetas: o navi e o roeh, conforme acima mencionado, e ambos bem afeitos a
época e ao momento cultural do povo. O primeiro está mais ligado à uma vida
agrícola, e o segundo, caracterizado pela figura do vidente, associa-se mais
com a uma vida nômade. O certo é que Israel perde bem cedo essa figura do
vidente assim como os conceitos da vida nômade. Os nevi’im assumem então um
papel importante na vida do antigo Israel desenvolvendo assim seu ministério
profético debaixo dos limites da fé javista.
O movimento profético, como escola, tem um momento
histórico preciso para o seu início: Samuel.
É apontado o décimo século antes de Cristo como a época do início do
movimento, cuja característica era ser espontâneo e leigo, sem conexão com a
instituição sacerdotal. Ao contrário dos profetas das outras religiões, os
profetas hebreus eram anunciadores da moralização e espiritualidade requeridas
por Deus, e isso não tem paralelos nos outros profetas. Em lugar de feiticeiros
e adivinhadores, Deus levanta profetas que busquem o bem espiritual do povo,
para que o mesmo cumpra os propósitos de Deus.
O Profetismo e o Estabelecimento da
Monarquia: É certo que no período dos juízes
percebemos uma certa instabilidade na teocracia e no período de Samuel
encontramos um momento de transição entre a teocracia e a monarquia.
Pergunta-se qual é a relação do profetismo com a Monarquia? A resposta poderia
ser dada considerando-se vários ângulos, mas o que podemos fazer aqui é tão
somente levantarmos alguns aspectos. Samuel é testemunha ocular e agente
influente nesta transição. Ele representa a tradição anfictiônica e nos parece
à luz dos argumentos de Brigth que Samuel resistiu e muito a ideia da
monarquia, pois “manteve-se viva a vontade
de resistir e de perpetuar a tradição carismática, graças, sobretudo aos
profetas que surgiram nesse tempo (...) tais profetas, certamente, por meio de
sua fúria extática, procuraram incitar todos a um zelo santo para combater a
Guerra Santa contra o odioso invasor (Filisteus). ” A escolha do primeiro rei de Israel deu-se
por dois mecanismos: a aclamação popular e a designação profética (I Sm 10:1;
11:14). A importância dos profetas não é vista somente na consagração dos reis,
mas também na manutenção do princípio da teocracia. Depois de Samuel, temos
alguns profetas mencionados tais como: Natã, Gade, Abiú, Micaías, Aías,
Semaías, Jeú, Elias e Eliseu.
Em geral, os profetas dos séculos X
e IX eram ‘conselheiros dos reis’.
Talvez tivessem mensagens proféticas para o povo, mas a maior parte das
evidências indica que aconselhavam os reis, ajudando-os a discernir a vontade
de Deus, incentivando-os a andar no caminho de Javé ou, com maior frequência,
censurando-os por falharem neste aspecto.
No período do Reino dividido, profetas surgiram e
advertiram o povo de um modo geral. Durante a apostasia que tomou conta da
nação israelita vemos a veemência com que Elias
e Eliseu proclamam mensagens de Deus
contra a impiedade dos líderes e os pecados por eles cometidos. Na época do Reino do Norte, o movimento era
bastante extenso, a ponto de haver grupos de cinqüenta profetas num só lugar,
como Betel. O Reino do Norte teve o fim
trágico anunciado pêlos profetas exatamente porque não dera ouvido aos seus
oráculos. Judá também não escapa da infidelidade e caí nas mãos dos seus
inimigos e é levado ao exílio.
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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