sexta-feira, 12 de agosto de 2016

O DESENVOLVIMENTO DO PROFETISMO EM ISRAEL


É necessário, ainda que seja uma tarefa complexa tentar desenvolver este tema num espaço tão sucinto, procurar obter uma visão do desenvolvimento do exercício profético no transcorrer da história do povo de Israel.

Atividade Profética no Antigo Israel: Encontraremos a presença dos dois tipos básicos de profetas: o navi e o roeh, conforme acima mencionado, e ambos bem afeitos a época e ao momento cultural do povo. O primeiro está mais ligado à uma vida agrícola, e o segundo, caracterizado pela figura do vidente, associa-se mais com a uma vida nômade. O certo é que Israel perde bem cedo essa figura do vidente assim como os conceitos da vida nômade. Os nevi’im assumem então um papel importante na vida do antigo Israel desenvolvendo assim seu ministério profético debaixo dos limites da fé javista.

O movimento profético, como escola, tem um momento histórico preciso para o seu início: Samuel.  É apontado o décimo século antes de Cristo como a época do início do movimento, cuja característica era ser espontâneo e leigo, sem conexão com a instituição sacerdotal. Ao contrário dos profetas das outras religiões, os profetas hebreus eram anunciadores da moralização e espiritualidade requeridas por Deus, e isso não tem paralelos nos outros profetas. Em lugar de feiticeiros e adivinhadores, Deus levanta profetas que busquem o bem espiritual do povo, para que o mesmo cumpra os propósitos de Deus.

O Profetismo e o Estabelecimento da Monarquia: É certo que no período dos juízes percebemos uma certa instabilidade na teocracia e no período de Samuel encontramos um momento de transição entre a teocracia e a monarquia. Pergunta-se qual é a relação do profetismo com a Monarquia? A resposta poderia ser dada considerando-se vários ângulos, mas o que podemos fazer aqui é tão somente levantarmos alguns aspectos. Samuel é testemunha ocular e agente influente nesta transição. Ele representa a tradição anfictiônica e nos parece à luz dos argumentos de Brigth que Samuel resistiu e muito a ideia da monarquia, pois “manteve-se viva a vontade de resistir e de perpetuar a tradição carismática, graças, sobretudo aos profetas que surgiram nesse tempo (...) tais profetas, certamente, por meio de sua fúria extática, procuraram incitar todos a um zelo santo para combater a Guerra Santa contra o odioso invasor (Filisteus). ”  A escolha do primeiro rei de Israel deu-se por dois mecanismos: a aclamação popular e a designação profética (I Sm 10:1; 11:14). A importância dos profetas não é vista somente na consagração dos reis, mas também na manutenção do princípio da teocracia. Depois de Samuel, temos alguns profetas mencionados tais como: Natã, Gade, Abiú, Micaías, Aías, Semaías, Jeú, Elias e Eliseu.

Em geral, os profetas dos séculos X e IX eram ‘conselheiros dos reis’. Talvez tivessem mensagens proféticas para o povo, mas a maior parte das evidências indica que aconselhavam os reis, ajudando-os a discernir a vontade de Deus, incentivando-os a andar no caminho de Javé ou, com maior frequência, censurando-os por falharem neste aspecto.  
No período do Reino dividido, profetas surgiram e advertiram o povo de um modo geral. Durante a apostasia que tomou conta da nação israelita vemos a veemência com que Elias e Eliseu proclamam mensagens de Deus contra a impiedade dos líderes e os pecados por eles cometidos.  Na época do Reino do Norte, o movimento era bastante extenso, a ponto de haver grupos de cinqüenta profetas num só lugar, como Betel.  O Reino do Norte teve o fim trágico anunciado pêlos profetas exatamente porque não dera ouvido aos seus oráculos. Judá também não escapa da infidelidade e caí nas mãos dos seus inimigos e é levado ao exílio.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/


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