As
literaturas bíblicas antes de qualquer outro motivo ou razão é eminentemente
teológicas. Cada frase, capítulo e livro, bem como suas duas bibliotecas tem como
propósito comunicar a nós JESUS CRISTO e sua obra redentora. Todo e qualquer
outro assunto, assunto ou proposta que se possa inferir dos textos bíblicos são
secundários e muitos supérfluos e irrelevantes.
O
Espírito Santo não compôs a Bíblia, denominada pelas gerações anteriores de
crentes de Sagradas Escrituras, para ser uma enciclopédia de curiosidades excêntricas,
ou para ser uma fonte interminável de especulações exotéricas cristãs ou como atualmente
um reduto de produções literárias religiosas. A Bíblia é, foi e continuara
sendo até o último dia desta dispensação final, o meio pelo qual o pecador pode
conhecer e reconhecer Jesus Cristo como único Senhor e Salvador de suas vidas. Ele
é o Alfa e o Ômega das Escrituras. A Bíblia somente tem sentido com e nele, e se
tirarmos Jesus da Bíblia ela se torna um livro sem sentido e sem propósito.
Mateus deixa
isso claro desce as primeiras linhas de sua narrativa evangélica. Ao final da genealogia
que utiliza para abrir seu registro histórico, no verso 17, o evangelista faz
uma observação peculiar sobre o nascimento de Jesus: "Assim,
todas as gerações, de Abraão a Davi, são quatorze; de Davi à deportação para a
Babilônia, quatorze; e da deportação para a Babilônia para Cristo, quatorze".
Mateus gosta
muito de usar a numerologia três e sete no desenvolvimento de sua narrativa. Uma
razão é de que ambos os números carregam a simbologia de totalidade ou
perfeição quando referidos à pessoa e ações de Deus. E ao utilizar três grupos
de sete gerações ele está indicando desde as primeiras linhas que Jesus é o início
e a conclusão da História humana escrita pelo próprio Deus desde antes do mundo
e o ser humano virem a existir (como dirá Paulo ao escrever a epístola aos Efésios
1.4).
A genealogia apresentada
por Mateus é deliberadamente esquemática, pois ele não esconde ou camufla sua
intenção teológica. Esse arranjo ensina que a história do Antigo Testamento
pode ser concentrada ou sintetizada em três períodos de eventos críticos:
1º iniciado
com o estabelecimento da Aliança de Deus com Abraão e estendendo-se até o
estabelecimento da Monarquia israelita;
2º da dinastia
iniciada com Davi até a queda e rompimento do sistema monárquico com o exílio
babilônico;
3º a partir do
exílio e o retorno dos judeus até a vinda propriamente dita do Messias na
pessoa e obra de Jesus Cristo, o único que poderia restaurar o Reino e de se
assentar no trono definitivo.
Mateus
deixa claro, portanto, que Jesus é “a conclusão” no que se refere à história do
Antigo Testamento (ainda que muitos tentam esticar esta história). Jesus
percorreu toda jornada preparatória para isso, e finalmente seu objetivo e
clímax foram alcançados.
As páginas do
Primeiro Testamento estão prenhas de esperanças futuras. Toda história veterotestamentária
aponta para Aquele que viria. Este movimento escatológico (do grego eschaton,
"evento final" ou "conclusão final"), é irreversível e nem
uma força humana ou infernal podia detê-la, nem mesmo a incredulidade dos
israelitas (reino do Norte) e dos judeus (reino do Sul) foram capazes de anulá-la,
pois Deus manteve em todo o tempo uma raiz que voltaria a brotar seu renovo escatológico
até a vinda de Jesus Cristo. Esse projeto Redentivo estava fundamentado no conceito
do próprio Deus como Aquele que nunca deixou de estar continua e constantemente
ativo dentro da história, com um propósito definido, trabalhando na direção de
Seu objetivo desejado para Seu povo escolhido e para a própria humanidade.
Desta forma, Mateus
sintetiza toda essa história da salvação na forma de uma genealogia, e na
conclusão dela no verso 17 ele deixa claro que o propósito histórico de Deus foi
plena e perfeitamente alcançado em Jesus. A genealogia proclama a todos que queiram
ouvir: a preparação está completa! O Messias chegou! Nesse sentido, Jesus é o Ômega,
a conclusão, o fim. A partir de então, Mateus vai fazer ecoar essa maravilhosa
notícia (boas novas) do Evangelho, primeiramente aos judeus e ao final
expandido para todas as nações, povos e etnias da Terra.
"O tempo se cumpriu, o
reino de Deus está próximo, já chegou, está em vós."
Utilização livre desde que citando a fonteGuedes, Ivan PereiraMestre em Ciências da Religião.me.ivanguedes@gmail.comOutro Blog
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