Alexandre, o
Grande, estabeleceu um dos maiores Impérios que a história humana registrou. Em
332 a.C. ele conquista o até então podereso Egito. Mas sua proposta não era uma
conquista belica tão somente, pois tinha como meta o estabelcimento da cultura
grega como padrão civilizador para todos os povos. Deste modo em 331 a.C.
funda a cidade de Alexandria. Por ocasião de sua morte, em 323 a.C., seu
império foi divido entre seus quatro maiores generais.
Coube a Ptolomeu [do grego Ptolemaios], receber a satrapia do
Egito. Apesar de ser filho de um desconhecido
comandante de guarnição chamado Lagos da Macedônia, ele havia se casado com uma
prima em segundo grau que havia sido amante de Felipe da Macedônia, o pai de
Alexandre. Ptolomeu governou por aproximadamente dezesseis anos como sátrapa
(uma espécie de vice-rei), autenticado pelo papiro grego mais antigo e descoberto no presente - o Papiro de Elefantina nº 1 - que menciona o décimo quarto ano da satrapia de Ptolomeu. Somente em 306
a.C., após todos os herdeiros legais de Alexandre terem morrido, ele se
auto-proclama rei [basileus] do Egito, com o majestoso nome de Ptolomeu I Sóter [Salvador] . Estabelece a
dinastia Lágida [lágida em função do nome do pai do fundador da dinastia], e funda a Academia de Alexandria (313 a.C.) que era composta de uma escola, um museu e uma biblioteca.
Tendo como inspiração o faraó Sesóstris
III (1842-1797 a.C.) Ptolomeu I Sóter inicia uma série de conquistas que se
estende até o sul da Síria e na região da Grécia continental, elevando o Egito
novamente ao seu apogeu bélico-econômico. Além das conquistas gloriosos e de
suas ilusões de grandeza divina, esse monarca era um apaixonado pelas artes e
pelas letras. Coube a ele registrar as campanhas de Alexandre, da qual fez
parte. Ele elevou a cidade de Alexandria ao ápice da grandeza intelectual em
todo o Mediterrâneo, atraindo para esse centro cultural os mais conceituados
pensadores da época. Foi por sugestão de um desses pensadores que Ptolomeu I
iniciou e concluiu, cerca de doze anos antes de sua morte (282 a.C.), uma das
mais extraordinárias bibliotecas do mundo – a Biblioteca de Alexandria.
Seu sucessor foi Ptolomeu II Filadelfo [que ama a irmã] que manteve a mesma política bem-sucedida de
seu pai tanto na política quando na cultura. Era um colecionador de livros e
não havia limites para conseguir papiros e rolos e até mesmo bibliotecas
inteiras, como a de Aristóteles. Após seus quarenta anos de reinado a Biblioteca
de Alexandria transbordava de livros, sendo necessário construir uma segunda
biblioteca para dar guarida a todos eles, que foi concretizado por seu filho Ptolomeu III Evergeta.
De 320 a.C. a 198 a.C. a Palestina ou Judeia esteve sob à dominação dos
Ptolomeus. Foi nesse período e por iniciativa do próprio Ptolomeu II Filadelfo, acatando
a sugestão do seu bibliotecário que se promoveu a tradução da Torá hebraica, para a língua grega, na
versão que ficou conhecida por Septuaginta
ou Versão dos Setenta (LXX). Esta
versão foi amplamente utilizada pelas comunidades judaicas de Alexandria e
rapidamente se espalharam cópias dela por todos os demais países onde havia
sinagogas judaicas. Somente os judeus mais ortodoxos da Palestina/Jerusalém se
mantiveram resistentes em adotar oficialmente o texto grego, optando por manter
o texto aramaico (sucessor do hebraico). O apóstolo Paulo e as comunidades
cristãs primitiva utilizaram a Septuaginta como sua única bíblia, pois o Novo
Testamento ainda estava sendo fecundado pelas penas apostólicas e somente seria
acatada como Escritura Sagrada no final do processo canônico no século quarto
d.C.
Após a morte de Ptolomeu III Evergeta [o Benfeitor] há um declínio degenerativo de seus sucessores e finalmente pelos anos 30 a.C.
o então general romano Otávio, o futuro imperador Augusto, conquistará o Egito vencendo em batalha a mais famosa das rainhas egípcias - Cleópatra VII, integrando o Egito como uma província romana.
Mas esse longo período de 75 anos de
intenso patronato às artes e letras tornaram Alexandria o centro de irradiação da
cultura influenciado todo o mundo ocidental, o que somente veria acontecer fenômeno
semelhante no movimento da Renascença, dezesseis séculos depois – Idade Média.
Me. IPG
Nenhum comentário:
Postar um comentário