É possível que o nome seja
derivado da expressão hebraica que significa “ser separado”, no caso, das
práticas e conceitos pagãos, outros optam pela tradução “expositor” dos textos
bíblicos e da lei oral; seus oponentes os chamavam de “persa” ou “inovadores”
por causa de suas interpretações teológicas que tinham muitos pontos em comum
com o pensamento persa (ex. a crença na multiplicidade de demônios e anjos).
Durante o cativeiro babilônico
ou o período do segundo Templo (516-570 a.C.), em que o Sacerdócio perdeu sua
influência, abriu-se espaço para o surgimento de leigos que passaram a exercer
a função de interpretes e guardiões dos preceitos da Lei. Segundo duas
informações de Josefo, não harmoniosas, eles já atuavam no tempo de Jonatas
(160-143 a.C.), mas são mencionados pela primeira vez na história judaica
quando do conflito com João Hircano (134-104) [Ant. 13.5.9, seção 171-3]. O
mais provável é que tenham adquirido maior prestigio ou visibilidade após a
rebelião dos Macabeus (165-160 a.C.).
Eles não chegaram a constituir
um partido político, mas permaneceram como uma seita religiosa leiga,
constituída em sua maioria pela classe média da sociedade judaica, em contraste
com os Saduceus que eram aristocráticos. Nos dias de Jesus eles ocupavam uma
forte posição religiosa e social na comunidade.
Era a maior seita e a de maior
influência nos dias de Jesus e no período dos Atos dos Apóstolos e mantinham um
conflito permanente com os Sacerdotes (apoiados pelos Saduceus) e conseguiram
tirar várias cerimônias do Templo e começaram a realizá-las nas Sinagogas e nos
lares.
Aceitavam o cânon completo do
Antigo Testamento e o interpretavam de forma alegórica; entretanto, davam muita
importância à lei oral ou tradição que defendiam como sendo parte integrante da
revelação de Deus a Moisés;
Ensinavam que Deus fez o ser
humano com a tendência tanto para o bem como para o mal e ele deveria fazer sua
própria escolha; mas Deus ajudava o povo a fazer o bem; acreditavam em anjos e
outros espíritos, na imortalidade da alma e na ressurreição.
Seguindo o processo iniciado
no cativeiro babilônico e consolidado na institucionalização das Sinagogas dentro do judaísmo, os fariseus “democratizaram” o estudo e a interpretação da
Torá, de maneira que a leitura da Torá acompanhada de uma tradução interpretativa
na língua dos ouvintes é ainda hoje uma característica dos ofícios realizados
nas Sinagogas em todo o mundo.
O ranço legalista sempre foi
uma característica do farisaísmo, desde os dias de Jesus. O seu apego à forma
externa acabava por desvia-los do genuíno sentido das Escrituras. Entretanto,
foram responsáveis pela existência de um espírito piedoso e devocional que
afetou profundamente as vidas de um número expressivo de pessoas, resgatando a
posição de relevância do estudo da Torá de Deus na vida cotidiana. Por esta
razão, apesar de duramente criticados por Jesus, por seus excessos e hipocrisia
(Mt 23.5,23ss; Lc 18.1ss), o apostolo Paulo defende sua herança como fariseu
(At 22) e há muitos pontos de convergência entre as convicções teológicas dos fariseus
e as doutrinas da igreja primitiva.
Os judeus ortodoxos ainda
preservam muito das ideias e doutrinas dos fariseus.
Me. IPG
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