REFLEXÃO BÍBLICA: A Ordem dos Livros do Novo Testamento [Atualizado e Expandido]

sábado, 30 de janeiro de 2016

A Ordem dos Livros do Novo Testamento [Atualizado e Expandido]

Os livros que compõem o Novo Testamento não foram organizados em ordem cronológica, mas sim segundo uma lógica temática. Por essa razão, os quatro evangelhos aparecem em primeiro lugar, pois registram a vida e o ministério de Jesus, incluindo sua morte, ressurreição e ascensão. Como destaca F. F. Bruce no Comentário Bíblico NVI, “os evangelhos fornecem um registro detalhado da vida e ensinamentos de Jesus” (Bruce, 2008). D.A. Carson e Douglas J. Moo, em An Introduction to the New Testament, reforçam que “os evangelhos são uma fonte primária para entender a vida e ensinamentos de Jesus” (Carson & Moo, 2005).

O livro de Atos documenta a expansão do cristianismo desde Jerusalém até sua consolidação em Roma, então capital do Império Romano. A partir desse contexto histórico, surgem as correspondências entre os apóstolos e suas comunidades, abordando questões teológicas controversas e estabelecendo diretrizes eclesiásticas e disciplinares para a vida comunitária das igrejas.

Donald Guthrie, em New Testament Introduction, afirma que “as cartas paulinas são uma fonte importante para entender a teologia do Novo Testamento” (Guthrie, 4ª ed.). Raymond E. Brown, em An Introduction to the New Testament, complementa ao dizer que “as cartas paulinas são uma fonte importante para entender a diversidade das comunidades cristãs primitivas” (Brown, 1997). A epístola aos Romanos inaugura essa seção não por ter sido a primeira escrita por Paulo, mas por ser a mais abrangente, teológica e influente. Sua posição no cânon é estratégica, funcionando como elo entre os evangelhos e a teologia apostólica.

A Epístola aos Hebreus aparece após as cartas paulinas e antes das epístolas gerais, refletindo sua complexidade e a ambiguidade quanto à autoria. Embora tenha sido atribuída a Paulo por séculos — inclusive nas versões em português mais antigas, onde é subscrita como sendo de sua autoria —, essa atribuição é insustentável. O estilo e vocabulário distintos levaram estudiosos a sugerirem outros autores, como Apolo, Barnabé, Lucas ou Priscila. O único consenso sólido é que Hebreus não pertence ao corpus paulino. Por isso, foi posicionada entre as cartas paulinas e as gerais.

Tiago inaugura a seção das chamadas cartas gerais, assim denominadas por não se dirigirem a comunidades específicas, mas a grupos judeu-cristãos dispersos geograficamente e por esta razão receberam ao longo dos séculos este subtítulo de "Epístolas Gerais" (ou "Epístolas Católicas", do grego katholikos, que significa "universal"). São atribuídas a outros líderes da Igreja primitiva — Tiago, Pedro, João e Judas — reforçando a diversidade apostólica do Novo Testamento.

O cânon do Novo Testamento se encerra com o livro de Apocalipse porque ele trata da consumação final da história da salvação, oferecendo uma conclusão escatológica à narrativa bíblica. Sua posição reflete tanto seu conteúdo quanto sua função teológica. O autor, identificado como João, afirma estar exilado na ilha de Patmos (Ap 1:9), o que coincide com o período de perseguição sob o imperador romano Domiciano (81–96 d.C.). A situação das igrejas da Ásia Menor descrita nas cartas às sete igrejas (Ap 2–3) sugere comunidades já estabelecidas e enfrentando desafios internos e externos, o que aponta para uma fase posterior do cristianismo primitivo. Portanto, Apocalipse encerra não apenas o cânon, mas também a cronologia da composição dos livros do Novo Testamento, funcionando como o selo profético final da revelação cristã.

Embora seja muito difícil uma conciliação entre os estudiosos na fixação das datas de cada um dos livros, pois em nenhum deles o escritor ou copista teve esta preocupação, optamos abaixo por mencionar uma ordem cronológica de perfil conservador como segue:

Livro	Data (d.C.)	Livro	Data (d.C.)
Tiago Gálatas 1e 2 Tessalonicenses Marcos Mateus 1 Coríntios 2 Coríntios Romanos Lucas Atos Colossenses, Efésios	45-49 49 51 50 ou 60 50 ou 60 55 56 57-58 60 61 60-61	Filipenses Filemom 1Pedro 1 Timóteo Tito Hebreus 2 Pedro 2 Timóteo Judas João [evangelho] 1, 2, 3 João Apocalipse	63 63-64 63-66 63-66 64-68 66 67 68-80 85-90 85-90 90-95 95</TBODY>

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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Referências Bibliográficas Citadas no Artigo
BROWN, Raymond E. An Introduction to the New Testament. New Haven; London: Yale University Press, 1997. 928 p.
BRUCE, F. F. (Ed.). Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento. São Paulo: Editora Vida, 2008. 1600 p.
CARSON, D. A.; MOO, D. J. An Introduction to the New Testament. 2. ed. Grand Rapids: Zondervan, 2005. 784 p.
GUTHRIE, Donald. New Testament Introduction. 4. ed. Downers Grove: Inter-Varsity Press, 1990.

Referências Bibliográficas Gerais
BÁEZ-CAMARGO, Gonzalo. Breve historia del canon bíblico. México: Ediciones Luminar, 1980.
BRUCE, F.F. ¿Son fidedignos los documentos del Nuevo Testamento? Tradução espanhola de Daniel Hall. Miami: Editorial Caribe, 1972.
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. São Paulo: Hagnos, 2006.
GOODSPEED, Edgard J. Como nos Veio a Bíblia. São Paulo: Imprensa Metodista, 1981.
GEISLER, Normam e NIX, William. Introdução Bíblica – Como a Bíblia Chegou Até Nós. São Paulo: Ed. Vida, 1997.
WESLEY, Philip (Editor). Origem e autenticidade da Bíblia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1998.
BRUCE, F.F. ¿Son fidedignos los documentos del Nuevo Testamento? Tradução espanhola de Daniel Hall. Miami: Editorial Caribe, 1972.
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. São Paulo: Hagnos, 2006.
GOODSPEED, Edgard J. Como nos Veio a Bíblia. São Paulo: Imprensa Metodista, 1981.
GEISLER, Normam e NIX, William. Introdução Bíblica – Como a Bíblia Chegou Até Nós. São Paulo: Ed. Vida, 1997.
WESLEY, Philip (Editor). Origem e autenticidade da Bíblia. 1ª ed. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1998.