Há muitos personagens interessantes nas páginas evangélicas.
Alguns nem ao menos sabemos os seus nomes – a mulher samaritana; a viúva de Naim; o Centurião romano; o paralitico de Betesda; outros seus nomes são
mencionados – Nicodemos, Zaqueu, Marta, Maria; mas certamente um dos
personagens mais enigmático seja Lázaro, irmão
de Marta e Maria. Seu nome é citado em algumas passagens dos evangelhos e ele
torna-se personagem importante em um dos milagres mais extraordinários, a sua
ressurreição após três dias morto, realizado por Jesus já nos últimos dias do
seu ministério. Entretanto, em nenhum momento das narrativas evangélicas
ouvimos uma única palavra da boca de Lázaro – mas não é necessário, pois a sua própria vida é um manifesto do
poder vivificador de Jesus e Seu Evangelho.
Lázaro e suas
irmãs moravam num vilarejo chamado Betânia, bem próximo da cidade de Jerusalém.
Talvez por ser um lugar tranquilo e próximo da capital Jesus fazia de Betânia
seu lugar preferido para descansar, depois dos dias de intensa agitação entre
curas, ensino e embates com seus sempre ferrenhos adversários – e que aumentou
ainda mais no transcorrer da última semana.
Os evangelistas não explicam por que Jesus escolheu a casa de Lázaro e suas irmãs, mas em várias ocasiões vemos
Ele se refugiando no aconchego desta pequena família. É provável que uma de
suas irmãs, mais provavelmente Maria, tenha sido curada ou libertada pelo poder
de Jesus, mas não podemos afirmar com plena certeza. Mas por razões muito
pessoais, Jesus tinha enorme satisfação em permanecer na companhia deles.
Há uma frase no evangelho redigido por João (11.11) em que Jesus
faz uma referência preciosa sobre o relacionamento deles: “Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou até lá para acordá-lo”. Ao
chamar Lázaro de “amigo” Jesus o coloca em um
grupo muito especifico de intimidade. É alguém por quem se nutre um sentimento
forte e especial; alguém pelo qual se está disposto aos maiores sacrifícios;
alguém pelo qual se dispõe a ir às últimas consequências. Jesus não tinha
apenas discípulos, Ele também tinha amigos. Em meio a todas as pressões às
quais Ele estava sujeito, não apenas por parte de seus inimigos, mas muitas
vezes da própria multidão e até mesmo por parte de seus próprios discípulos – é
na casa de Seu amigo Lázaro – que Jesus encontra um momento de tranquilidade,
para descansar e se reanimar, para continuar sua extraordinária obra da
redenção dos pecadores.
Por razões que desconhecemos Lázaro ficou gravemente enfermo e suas irmãs
imediatamente mandaram avisar Jesus. Ao receber a notícia da gravidade da
enfermidade de seu amigo Jesus ainda permanece dois dias na região em que
estava e somente depois se dirige à Betânia. Neste intervalo Lázaro morre e tem que ser sepultado. Quando Jesus
chega seu amigo já está sepultado ao menos três dias. Aparentemente nada mais
poderia ser feito e uma das irmãs declara que se Ele tivesse chegado antes seu
irmão certamente não teria morrido.
Jesus dirige-se ao túmulo de seu amigo e as irmãs, os discípulos
e provavelmente uma pequena multidão acompanham, alguns solidários com a dor
produzida pela morte, outros curiosos e talvez até alguns críticos de plantão.
Ao chegar diante da sepultura Jesus dá uma ordem completamente absurda e sem
propósito – “Tirai a pedra!” A
própria irmã do morto expressa sua apreensão – “o corpo já está em estado de decomposição”. Mas diante da ordem
enfática de Jesus a pedra que demarcava o território dominado pela morte é
tirada.
Então Jesus emite outra ordem, ainda mais descabida – “Lázaro,
sai para fora” - ainda que atônitos com tal ordem,
todos imediatamente olharam para a entrada do túmulo. Os segundos tornam-se uma
eternidade; a respiração de todos fica como que suspensa, os batimentos
cardíacos aceleram – então Lázaro começa se mexer, ainda que totalmente envolto
pelos tecidos finos e tiras com que o tinham sepultado. Completamente atônitos
ninguém conseguia se mexer ou falar uma única palavra que seja. Cabe a Jesus
romper o silêncio – “Libertem ele das ataduras e o deixem ir”
para casa. Então se ouve uma explosão de exclamações de admiração e à porta de um túmulo celebra-se a
vida!
Poucos minutos depois, Lázaro está em sua casa, na companhia de suas irmãs
e de seu precioso e incomparável amigo Jesus. A notícia deste milagre
espalha-se rapidamente por toda Jerusalém e Judeia. A morte foi vencida! A morte foi
vencida!
Mas o que somente Jesus sabia, é que a morte e ressurreição de Lázaro, apenas
prefaciava a Sua própria
morte e ressurreição, que aconteceria não muitos dias depois, não em Betânia, mas na
própria cidade de Jerusalém a apenas algumas horas de distância. E que somente depois de sua morte e
ressurreição é que a morte seria totalmente esvaziada de toda e qualquer poder.
Ela
que desde o rompimento da raça humana com Deus havia assumido seu domínio sobre
cada ser humano que nascia, agora estava prestes a ser destronada. Através de
Sua morte e ressurreição Jesus arrancaria definitivamente o aguilhão venenoso
da morte – se o pecado permitiu o reinado da morte, Jesus trouxe a ressurreição e a
vida!
Alguns anos depois do glorioso dia que marcou a morte e
ressurreição de Jesus, o apóstolo Paulo transcreve um cântico de vitória que
era entoado por todos os crentes de seus dias e continua sendo cantado por
todos os crentes ainda hoje e continuará sendo cantado na eternidade:
A morte foi destruída pela vitória.
Onde está, ó morte, a sua vitória?
Onde está, ó morte, o seu aguilhão?
Meu querido leitor, o que Jesus é para você?
Um completo estranho; um personagem histórico, um mito religioso
... ou um Amigo?
Para Lázaro Ele foi o mais precioso Amigo, foi o seu Senhor e Salvador; foi
aquele que não apenas o ressuscitou de entre os mortos, mas que também lhe deu
a Vida Eterna!
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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