terça-feira, 26 de janeiro de 2016

A Ressurreição de um Amigo

Há muitos personagens interessantes nas páginas evangélicas. Alguns nem ao menos sabemos os seus nomes – a mulher samaritana; a viúva de Naim; o Centurião romano; o paralitico de Betesda; outros seus nomes são mencionados – Nicodemos, Zaqueu, Marta, Maria; mas certamente um dos personagens mais enigmático seja Lázaro, irmão de Marta e Maria. Seu nome é citado em algumas passagens dos evangelhos e ele torna-se personagem importante em um dos milagres mais extraordinários, a sua ressurreição após três dias morto, realizado por Jesus já nos últimos dias do seu ministério. Entretanto, em nenhum momento das narrativas evangélicas ouvimos uma única palavra da boca de Lázaro – mas não é necessário, pois a sua própria vida é um manifesto do poder vivificador de Jesus e Seu Evangelho.
Lázaro e suas irmãs moravam num vilarejo chamado Betânia, bem próximo da cidade de Jerusalém. Talvez por ser um lugar tranquilo e próximo da capital Jesus fazia de Betânia seu lugar preferido para descansar, depois dos dias de intensa agitação entre curas, ensino e embates com seus sempre ferrenhos adversários – e que aumentou ainda mais no transcorrer da última semana.
Os evangelistas não explicam por que Jesus escolheu a casa de Lázaro e suas irmãs, mas em várias ocasiões vemos Ele se refugiando no aconchego desta pequena família. É provável que uma de suas irmãs, mais provavelmente Maria, tenha sido curada ou libertada pelo poder de Jesus, mas não podemos afirmar com plena certeza. Mas por razões muito pessoais, Jesus tinha enorme satisfação em permanecer na companhia deles.
Há uma frase no evangelho redigido por João (11.11) em que Jesus faz uma referência preciosa sobre o relacionamento deles: “Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou até lá para acordá-lo”. Ao chamar Lázaro de “amigo” Jesus o coloca em um grupo muito especifico de intimidade. É alguém por quem se nutre um sentimento forte e especial; alguém pelo qual se está disposto aos maiores sacrifícios; alguém pelo qual se dispõe a ir às últimas consequências. Jesus não tinha apenas discípulos, Ele também tinha amigos. Em meio a todas as pressões às quais Ele estava sujeito, não apenas por parte de seus inimigos, mas muitas vezes da própria multidão e até mesmo por parte de seus próprios discípulos – é na casa de Seu amigo Lázaro – que Jesus encontra um momento de tranquilidade, para descansar e se reanimar, para continuar sua extraordinária obra da redenção dos pecadores.
Por razões que desconhecemos Lázaro ficou gravemente enfermo e suas irmãs imediatamente mandaram avisar Jesus. Ao receber a notícia da gravidade da enfermidade de seu amigo Jesus ainda permanece dois dias na região em que estava e somente depois se dirige à Betânia. Neste intervalo Lázaro morre e tem que ser sepultado. Quando Jesus chega seu amigo já está sepultado ao menos três dias. Aparentemente nada mais poderia ser feito e uma das irmãs declara que se Ele tivesse chegado antes seu irmão certamente não teria morrido.
Jesus dirige-se ao túmulo de seu amigo e as irmãs, os discípulos e provavelmente uma pequena multidão acompanham, alguns solidários com a dor produzida pela morte, outros curiosos e talvez até alguns críticos de plantão. Ao chegar diante da sepultura Jesus dá uma ordem completamente absurda e sem propósito – “Tirai a pedra!” A própria irmã do morto expressa sua apreensão – “o corpo já está em estado de decomposição”. Mas diante da ordem enfática de Jesus a pedra que demarcava o território dominado pela morte é tirada.
Então Jesus emite outra ordem, ainda mais descabida – “Lázaro, sai para fora” -  ainda que atônitos com tal ordem, todos imediatamente olharam para a entrada do túmulo. Os segundos tornam-se uma eternidade; a respiração de todos fica como que suspensa, os batimentos cardíacos aceleram – então Lázaro começa se mexer, ainda que totalmente envolto pelos tecidos finos e tiras com que o tinham sepultado. Completamente atônitos ninguém conseguia se mexer ou falar uma única palavra que seja. Cabe a Jesus romper o silêncio – “Libertem ele das ataduras e o deixem ir” para casa. Então se ouve uma explosão de exclamações de admiração e à porta de um túmulo celebra-se a vida!
Poucos minutos depois, Lázaro está em sua casa, na companhia de suas irmãs e de seu precioso e incomparável amigo Jesus. A notícia deste milagre espalha-se rapidamente por toda Jerusalém e Judeia. A morte foi vencida! A morte foi vencida!
Mas o que somente Jesus sabia, é que a morte e ressurreição de Lázaro, apenas prefaciava a Sua própria morte e ressurreição, que aconteceria não muitos dias depois, não em Betânia, mas na própria cidade de Jerusalém a apenas algumas horas de distância. E que somente depois de sua morte e ressurreição é que a morte seria totalmente esvaziada de toda e qualquer poder. Ela que desde o rompimento da raça humana com Deus havia assumido seu domínio sobre cada ser humano que nascia, agora estava prestes a ser destronada. Através de Sua morte e ressurreição Jesus arrancaria definitivamente o aguilhão venenoso da morte – se o pecado permitiu o reinado da morte, Jesus trouxe a ressurreição e a vida!
Alguns anos depois do glorioso dia que marcou a morte e ressurreição de Jesus, o apóstolo Paulo transcreve um cântico de vitória que era entoado por todos os crentes de seus dias e continua sendo cantado por todos os crentes ainda hoje e continuará sendo cantado na eternidade:
A morte foi destruída pela vitória.
Onde está, ó morte, a sua vitória?
Onde está, ó morte, o seu aguilhão?

Meu querido leitor, o que Jesus é para você? 
Um completo estranho; um personagem histórico, um mito religioso ... ou um Amigo? 
Para Lázaro Ele foi o mais precioso Amigo, foi o seu Senhor e Salvador; foi aquele que não apenas o ressuscitou de entre os mortos, mas que também lhe deu a Vida Eterna!


Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/

ARTIGOS RELACIONADOS

UM LUTO QUE TERMINA EM FESTA 
http://reflexaoipg.blogspot.com.br/2016/01/um-luto-que-termina-em-festa.html
A MULHER À ABEIRA DO POÇO
http://reflexaoipg.blogspot.com.br/2016/01/a-mulher-beira-do-poco.html


Nenhum comentário:

Postar um comentário