segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

LEITURA EFICAZ DA BÍBLIA: Métodos de Estudo

            Quando nos propomos a estudar um livro, em nosso caso a Bíblia, precisamos primeiramente definir que tipo de estudo desejamos fazer. Abaixo nomeamos de forma muito sucinta alguns métodos que podem ser utilizados para abordarmos o conteúdo de um determinado livro:

Sintético — Este é um método que proporciona um estudo panorâmico da Bíblia, de modo a se adquirir uma visão global da sua mensagem. O termo “sintético” é a junção de duas palavras gregas que traz a ideia de “contiguidade” ou “justaposição”.  Aqui utiliza-se o telescópio para compreender qual a mensagem do livro estudado, como bem define Tenney: “O método sintético ignora os detalhes e trata exclusivamente da interpretação de um documento como um todo” (1967, p.25). Algumas perguntas são úteis nesse tipo de estudo: O que o escritor tinha em mente quando escreveu? Qual é a ideia principal ou central do livro? Qual o caminho que o autor utiliza para alcançar o seu objetivo? É necessário que o estudante leia muitas vezes o livro, pois a cada leitura as respostas haverão de ficar mais claras.

Analítico — Esse é método para o estudo de um livro da Bíblia onde se analisa perícope[1] por perícope a fim de se obter uma compreensão mais profunda do texto. É o método microscópico. Conforme Tenney (1967, p. 204-205) se constitui de três etapas: buscar a estrutura gramatical do texto; elaboração de um esboço de todo o livro e por fim “o registro de observações pessoais sobre o texto, assim analisado, a fim de encontrar tanto as verdades explicita como as verdades implícitas ali contidas”.

Doutrinário ou Teológico — É um estudo da Bíblia segundo seus muitos tópicos e doutrinas que estão explicitas ou implícitas em seus textos. Um princípio sadio para se estabelecer uma doutrina ou elaborar um conceito teológico é o exame cuidadoso de cada livro da Bíblia, comparando cuidadosamente onde aparecem aquele tema particular e coordenando-os de forma sistemática de maneira que não haja contradições entre os textos. Três etapas são necessárias aqui: a tentativa de definir as implicações que sublinham o ensino do livro; a codificação de tópicos dos ensinamentos explícitos que são proeminentes no texto; e o tratamento separado de qualquer seção do livro que possa ser predominantemente teológica em seu caráter (TENNEY, 1967, p. 137-138). 

Histórico — Um dos fatos mais impressionante da literatura bíblica é que ela foi escrita e produzida dentro do tempo-espaço histórico. A Bíblia não é um livro místico-exotérico-misterioso, por essa razão o leitor-estudante deve procurar sempre saber quais sãos as referências internas oferecidas no próprio texto (pessoas, locais, datas...), bem como as referências externas, onde e que época o texto foi produzido. Essas informações haverão de trazer maior esclarecimento para uma melhor interpretação do pensamento da obra estudada. “Somente na medida em que o ensino de qualquer volume pode ser visto no contexto mais lato da situação que o produziu é que se pode obter uma verdadeira perspectiva de sua significação” (TENNEY, 1967, p. 116).  

É recomendável que todo aquele que deseje estudar o texto bíblico inicie pelo método sintético ou panorâmico, pois através desta aproximação sintética, será capaz de contemplar a floresta inteira, de modo que mais tarde poderá explora-la em toda as suas variedades e particularidades.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br


Bibliografia
HENRICHSEN, Walter A. Princípios de Interpretação da Bíblia. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1989.
MERRILL C. TENNEY – Gálatas: Escritura da Liberdade Cristã. Edições Vida Nova, São Paulo, 1967.
KAISER, Walter C. Jr. e Moisés Silva. Introdução à hermenêutica bíblica. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003.
STEIN, Robert H. Guia Básico para a Interpretação da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
ZUCK, Roy B. A interpretação bíblica – meios de descobrir a verdade da Bíblia. Tradutor Cesar de F. A. Bueno Vieria. São Paulo: Vida Nova, 1994.





[1] Perícope é um termo grego que significa “cortar ao redor” ou seja uma parte destacada de um texto o que chamamos de parágrafo ou uma unidade narrativa. A divisão atual do texto bíblico em versículos e capítulos acompanhados de subtítulos acabaram desfigurando as perícopes, de maneira que é necessário utilizar um texto grego (NT) e hebraico (VT) para definirmos com mais acuidade quais sãos os parágrafos.  

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