Quando nos propomos a estudar um
livro, em nosso caso a Bíblia, precisamos primeiramente definir que tipo de
estudo desejamos fazer. Abaixo nomeamos de forma muito sucinta alguns
métodos que podem ser utilizados para abordarmos o conteúdo de um
determinado livro:
Sintético — Este é um método que proporciona
um estudo panorâmico da Bíblia, de modo a se adquirir uma visão global da sua
mensagem. O termo “sintético” é a junção de duas palavras gregas que traz a ideia
de “contiguidade” ou “justaposição”. Aqui
utiliza-se o telescópio para compreender qual a mensagem do livro estudado,
como bem define Tenney: “O método sintético ignora os detalhes e trata
exclusivamente da interpretação de um documento como um todo” (1967, p.25).
Algumas perguntas são úteis nesse tipo de estudo: O
que o escritor tinha em mente quando escreveu? Qual é a ideia principal ou
central do livro? Qual o caminho que o autor utiliza para alcançar o seu
objetivo? É necessário que o estudante leia muitas vezes o livro, pois a cada
leitura as respostas haverão de ficar mais claras.
Analítico — Esse é método para o estudo
de um livro da Bíblia onde se analisa perícope[1]
por perícope a fim de se obter uma compreensão mais profunda do texto. É o método
microscópico. Conforme Tenney (1967, p. 204-205) se constitui de três etapas:
buscar a estrutura gramatical do texto; elaboração de um esboço de todo o livro
e por fim “o registro de observações
pessoais sobre o texto, assim analisado, a fim de encontrar tanto as verdades
explicita como as verdades implícitas ali contidas”.
Doutrinário
ou Teológico — É um
estudo da Bíblia segundo seus muitos tópicos e doutrinas que estão explicitas
ou implícitas em seus textos. Um princípio sadio para se estabelecer uma
doutrina ou elaborar um conceito teológico é o exame cuidadoso de cada livro da
Bíblia, comparando cuidadosamente onde aparecem aquele tema particular e
coordenando-os de forma sistemática de maneira que não haja contradições entre
os textos. Três etapas são necessárias aqui: a tentativa de definir as
implicações que sublinham o ensino do livro; a codificação de tópicos dos
ensinamentos explícitos que são proeminentes no texto; e o tratamento separado
de qualquer seção do livro que possa ser predominantemente teológica em seu
caráter (TENNEY, 1967, p. 137-138).
Histórico — Um
dos fatos mais impressionante da literatura bíblica é que ela foi escrita e
produzida dentro do tempo-espaço histórico. A Bíblia não é um livro
místico-exotérico-misterioso, por essa razão o leitor-estudante deve procurar sempre
saber quais sãos as referências internas oferecidas no próprio texto (pessoas,
locais, datas...), bem como as referências externas, onde e que época o texto
foi produzido. Essas informações haverão de trazer maior esclarecimento para
uma melhor interpretação do pensamento da obra estudada. “Somente na medida em
que o ensino de qualquer volume pode ser visto no contexto mais lato da
situação que o produziu é que se pode obter uma verdadeira perspectiva de sua
significação” (TENNEY, 1967, p. 116).
É
recomendável que todo aquele que deseje estudar o texto bíblico inicie pelo
método sintético ou panorâmico, pois através desta
aproximação sintética, será capaz de
contemplar a floresta inteira, de modo que mais tarde poderá explora-la em toda
as suas variedades e particularidades.
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br
Bibliografia
HENRICHSEN,
Walter A. Princípios de Interpretação da
Bíblia. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1989.
MERRILL
C. TENNEY – Gálatas: Escritura da
Liberdade Cristã. Edições Vida Nova, São Paulo, 1967.
KAISER,
Walter C. Jr. e Moisés Silva. Introdução
à hermenêutica bíblica. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003.
STEIN,
Robert H. Guia Básico para a
Interpretação da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 1999.
ZUCK,
Roy B. A interpretação bíblica – meios de
descobrir a verdade da Bíblia. Tradutor Cesar de F. A. Bueno Vieria. São
Paulo: Vida Nova, 1994.
[1] Perícope é um termo grego que significa
“cortar ao redor” ou seja uma parte destacada de um texto o que chamamos de
parágrafo ou uma unidade narrativa. A divisão atual do texto bíblico em
versículos e capítulos acompanhados de subtítulos acabaram desfigurando as perícopes,
de maneira que é necessário utilizar um texto grego (NT) e hebraico (VT) para
definirmos com mais acuidade quais sãos os parágrafos.
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