Nos centros acadêmicos tem ocorrido um movimento para se
utilizar a nomenclatura de Primeiro Testamento e Segundo Testamento para se referir
ao que até então era denominado de Velho e/ou Antigo Testamento, referindo-se à
primeira parte da bíblia cristã (também chamada de bíblia judaica) e Novo
Testamento que correspondia à segunda parte da literatura que perfaz a
totalidade da literatura canônica cristã.
Certamente que esta mudança pode causar em um primeiro
momento certo desconforto, ou mesmo, se houver espírito apologético, de se
incitar uma guerra santa ou teológica, todavia antes que isso venha ocorrer é
preciso enfatizar que se preservou o termo mais importante da nomenclatura
anterior ou seja o termo “Testamento”, que é de fato fundamental para a
compreensão correta do conteúdo da mensagem em ambas as partes da bíblia.
A motivação para essa mudança de nomenclatura é mais acadêmica
do que religiosa, mais de ordem pratica do que teológica. O termo “Antigo” a
muito vem perdendo seu significado positivo de se referir a algo relevante,
primário ou de primazia, resgatado principalmente no período renascentista e
mantido pelos séculos posteriores. Todavia, no final do século XX e início do
novo Século XXI o termo “Velho” passou a representar no imaginário popular algo
ultrapassado e obsoleto que não tem mais utilidade e deve ser descartado ou na
linguagem mais atualizada, algo a ser deletado.
Isso é fácil de ser identificado quando se pesquisa entre os
cristãos evangélicos quem são aqueles que leem o “Antigo” Testamento. A grande
maioria, quando lê a Bíblia, opta pelo “Novo” Testamento, pois invoca a ideia
de algo mais atualizado e portanto, relevante para suas vidas. Na utilização
das nomenclaturas “Primeiro” Testamento anula-se a ideia pejorativa de que a
maior parte da bíblia cristã é uma literatura ultrapassada e que pode ser
descartado pelo cristão do século XXI.
Outra razão para essa mudança está no fato de que a
nomenclatura Antigo e Novo Testamento pode fomentar a ideia equivocada de que
há uma ruptura entre a primeira e a segunda parte da bíblia de maneira a se
abrir espaço para uma depreciação do valor intrínseco daquela que se constitui
na maior parte da revelação bíblica. A utilização de Primeiro e Segundo
Testamento evoca entre outras a ideia de primazia e continuidade, de modo a se
enfatizar a relevância da literatura bíblica em sua totalidade, motivando os
seus leitores em geral a valorizar desde o primeiro até o último livro sem nuances
depreciativas em relação aos livros que foram anteriormente escritos e
preservados.
Portanto, a substituição de nomenclatura para identificar as
duas partes da bíblia cristã é salutar e ressalta a melhor compreensão da
ligação umbilical que une ambos Testamentos, como também fortalece a verdade de
que a mensagem contida na primeira parte continua se desenvolvendo na segunda,
de maneira que ambas as partes são imprescindíveis para a genuína compreensão
da totalidade da mensagem cristã.
Me. ipg
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