Como vimos em artigos anteriores o
Profeta Isaías é com toda propriedade chamado de “Profeta
Messiânico” ou ainda “Profeta Evangélico”
pelo fato de que nenhuma outra profecia do Segundo Testamento trata tanto e de
forma tão minuciosa a questão messiânica como esse grande profeta e nenhum
outro de seus pares proféticos foi tão citado e/ou referenciado do que os
escritos deste profeta.
Na segunda parte de suas profecias
Isaias vai registrar uma série de cânticos denominados de “Cânticos
do Servo de Yahvé” (43.1 – 53.12), onde temos em detalhes a vinda do
Messias que todos os evangelistas e escritores do Segundo Testamento não têm
qualquer duvida em identifica-lo com a pessoa de Jesus Cristo (Mt 8.17; Mc 15.28;
Lc 22.37; Jo 12.38; At 8.27-40; 1Pe 2.21–24). Mas a grande maioria dos judeus
rejeitou e continua rejeitando Jesus Cristo e permanecem aguardando a vinda do
Messias até os dias atuais.[1]
A revelação do programa salvífico de
Deus através da História, registrada na Bíblia, é gradativa. Nesta série
extraordinária de cânticos as mensagens do profeta Isaías alcançam o que
podemos chamar de o clímax das profecias messiânicas. O conjunto dos Cânticos
revela a mensagem maravilhosa da graça salvadora de Deus. Os Cânticos estão em
forma crescente e cada um deles amplia e ilumina o próximo caminhando para o
clímax no quarto e último o Cântico do Servo
Sofredor (52.13-53.12), que tem sido citado por muitos expositores bíblicos
como sendo o texto mais importante do Primeiro Testamento e quase sua
totalidade é utilizada pelos evangelistas nas suas respectivas narrativas da
paixão de Cristo. Nele vemos a convergência de todas as descrições do Messias
que Isaías usou desde o capítulo quatro (4.2-6). Aqui está a descrição mais
clara e abrangente do Primeiro Testamento sobre os sofrimentos do Messias em um
só lugar. No que concerne ao fato e à exatidão da descrição, poderia muito bem
ter sido composta após a tragédia no Calvário (ROBINSON, 1954, p. 146). Policarpo
a chamava de a passagem de ouro do
Primeiro Testamento. (veja o quadro de referências dessa passagem nas
narrativas evangélicas).
Contexto Próximo
Para melhor compreensão deste último
cântico é necessário compreendermos o desenvolvimento narrativo proposto por
Isaías nos capítulos 50 a 52.12. Aqui o profeta apresenta dois tipos de servos:
um é o desobediente servo identificado com a nação israelita, que
abandonou o seu relacionamento com Deus (Isaías 50.1-3, 11), e o outro é o
Servo obediente, Cristo (versos 4-10). Este segundo servo se
identifica com as necessidades das pessoas e submete-se plenamente a Deus (versos
4-5). Ele sofre, mas confia em Deus e continua comprometido em fazer a
vontade de Deus (versículos 6-9). Aqueles que temem o Senhor devem obedecer
(ouvir) o Servo (verso 10). Imediatamente o profeta introduz uma série de
imperativos onde enfatiza a necessidade urgente de que as pessoas ouçam e
obedeçam (51.1–16). O senso de urgência é realçado mediante o fato de que
Deus está pronto para manifesta sua ira (juízo) sobre eles (versos 17–23). A
nação de Israel deve acordar (52.1–2).
A partir daqui Isaías muda o tom e lembra-os de que se no passado Deus agiu
para puni-los (versos 3–6), muito em breve agirá para salvá-los, e esta alegre
mensagem de salvação, não ficará restrita apenas aos israelitas, mas será
anunciada a todos as pessoas da terra (todas as nações - versos 7-10). Mas
este anúncio torna ainda mais urgente que eles abandonem seu estilo de vida
babilônico e retornem à comunhão em santidade com Deus (versos 11-12). Então
quando chegamos aos últimos versículos do capítulo 52 (13-15) somos conectados
diretamente à descrição dos sofrimentos que o Servo haverá de passar, como o
agente da salvação de Deus, pelas quais todos (israelitas e gentios) que vierem
a crer serão redimidos.
Quando
adentramos a este último cântico somos arrebatados ao cume mais alto da
cordilheira profética messiânica do Primeiro Testamento. Este cântico tem sido
chamado de o "Cântico Épico da
Redenção" do Primeiro Testamento quando alcança seu clímax em
sua grande revelação do Redentor. Todos os movimentos inspirados se unem nesta
sinfonia de salvação através do sacrifício vicário do Servo sofredor. A ênfase
do poema está no "Messias vitorioso e triunfante". É através do
sofrimento substitutivo do Servo que a salvação é alcançada e ele é exaltado. Com
uma linguagem poderosa, o profeta Isaías descreve como a graça de Deus
libertara todos os povos da escravidão do pecado através de seu servo sofredor.
Prólogo (52.13-15)
Assim como no livro de Jó este
último cântico abre-se com um prólogo, que ocupa os últimos três versos do
capítulo cinquenta e dois, também é semelhante porque só aqui e no final é que Deus
fala. Outra semelhança é o fato de como em Jó aqui também é o próprio Deus quem
faz a apresentação – “Eis aqui meu servo”
(como havia feito no primeiro cântico 42.1).
Os ouvintes/leitores conhecem os
cânticos anteriores é já sabem que o Servo tem uma missão divina para realizar
(42.1-4) e que implica em muito sofrimento (49.1-7; 50.4-7). O profeta omitiu
propositalmente a razão do intenso
sofrimento para agora, no último cântico, explicitar o grande motivo desse
terrível sofrimento pelo qual o Servo voluntariamente (em obediência a Deus) terá
que suportar.
É o próprio Senhor (Yahweh) que apresenta o Servo e os principais temas da poesia nos versos de
abertura, que aparecem e reaparecem nos grandes movimentos centrais. Todos os
comentaristas são obrigados a debater aqui a questão imposta sobre “quem” é
esse Servo. Uma abordagem ampla sobre esses debates com as diversas opiniões
pode ser encontrada no excelente comentário Albert Barnes - Notes on the Bible
- referente a 52.13-15 a 53.1-12. Mas de forma bem pedagógica cito a explicação
proposta por Stanley M. Horton em seu precioso comentário deste livro
profético:
O uso da frase “o servo do Senhor” pode ser retratada
como três círculos concêntricos, o círculo exterior é a nação de Israel como um
todo, pois ela foi chamada para fazer uma obra para o SENHOR; o círculo mediano
é o remanescente piedoso de Israel que foi fiel ao SENHOR, mas que não poderia
fazer a grande obra que precisava ser realizada, a obra de redenção e
restauração; e o círculo mais interior é o próprio Messias, aquEle que realiza
essa obra pela sua morte e ressurreição (2003, p. 553).[2]
Eis que o meu servo procederá com sabedoria [prosperará];
será exaltado, e elevado,
e mui sublime (52.13)
Apesar de todo sofrimento e
humilhação a Ele infringido, conforme os cânticos anteriores, Deus mesmo
declara que o seu Servo haverá de prosperar sobre tudo e sobre todos, pois
procederá com sabedoria (administrará seu reino com admirável sabedoria).[3]
Mas como tão bem afirmou Paulo a
sabedoria de Deus é loucura para os sábios e entendidos deste mundo tenebroso
(1Co 1.23-24). A sabedoria do Servo o leva a mais profunda humilhação, em plena
obediência ao Senhor, se submete à dolorosa e vergonhosa morte de cruz sendo
completamente abandonado por Deus (Deus meu! Deus
meu! Por que me abandonastes!). E deste aparente fracasso Ele é
elevado pelo próprio Deus ao lugar mais alto de honra e de glória. O mundo
jamais compreendera esse tipo de sabedoria, bem como o evangelicalismo
brasileiro hedonista.
Esse é um jeito estranho de ser sábio, um jeito estranho
de governar, um jeito estranho de ser exaltado, um caminho irracional para ser
bem sucedido. Tudo o que sabemos sobre ser bem sucedido, eficácia e exaltação
diz que se deve afirmar-se para ser exaltado, mas jamais ser humilhado. A
humildade certamente não é o caminho para conquistar o poder. Satanás
apresentou a Jesus o caminho do sucesso e do poder, conforme seu “best-seller”
lido por todos os poderosos deste mundo - um caminho que teria claramente
contornado a humilhação da cruz (Mt 4.1-11). Quando Jesus estava na cruz, Satanás,
através dos espectadores, fez a oferta final; Ele ofereceu-lhe a oportunidade
de descer da cruz e começar seu reinado (Mt 27.38-44). As autoridades
religiosas judaicas e o populacho extravasam seu repúdio a um pretenso
“Messias” que se deixa pregar em uma vergonhosa cruz; e os seus próprios
discípulos ficam atônitos e sem ação diante do Gólgota e o representativo desta
sensação de profunda frustração está nos dois discípulos que retornam para Emaús,
cuja mistura de dor e decepção embaçam seus olhos de tal maneira que não
conseguem reconhecer o Jesus ressurreto que caminha e conversa com eles através
da longa jornada de praticamente um dia inteiro (Lc 21.13-35).
No entanto, Jesus desde o princípio optou pela sabedoria
do alto, escolheu o caminho do Servo - o
caminho da humildade, o caminho da obediência, o caminho da cruz. E
será assim que Ele prosperará. Pouco antes de proclamar que ele seria
levantado (crucificado), ele disse: "Agora o juízo está
sobre este mundo; agora o governante deste mundo será expulso"
(Jo 12.31). A grande batalha que ele travou foi com Satanás, e a grande vitória foi vencida na cruz. Foi
assim que Ele tem atraído milhares e milhares de pessoas para si mesmo. É assim
que ele nos atrai para Ele mesmo. E é esta a razão pela qual Ele foi exaltado
por Deus.
A sequência destas três formas
verbais: exaltado, elevado e sublime,[4]
refere-se à sequência dos eventos relacionados com o Servo: exaltado no sentido que emergirá de seu
estado de humilhação; elevado,
pois receberá honra continuamente; sublime,
pois será alçado à sua glória eterna. Sem muito esforço é possível antever aqui
os eventos ocorridos com Jesus Cristo em sua morte (humilhado), ressurreição (exaltado),
ascensão (elevado)
e entronização (sublime/glorificado).[5]
Nenhum outro alcançou maior glória
do que o Senhor Jesus Cristo. Sua exaltação se realiza
em sua ressurreição, ascensão e entronização na glória
celestial. Ele foi elevado acima de todos poderosos da história humana. Isaías declara
que o Servo haverá de receber a mais alta exaltação. Será uma exaltação total e absoluta.
Deus lhe dará um nome acima de todos os nomes. Portanto, Ele é o único que pode
salvar/redimir/resgatar seu povo.
No livro de Atos temos as declarações de exaltação de
Jesus Cristo: “Ora, a este Jesus, Deus ressuscitou, do que todos nós somos
testemunhas. De sorte que, exaltado pela
destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito
Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis” (2.32-33). “O Deus de Abraão,
de Isaque e de Jacó, o Deus dos nossos antepassados, glorificou
seu servo Jesus, a quem vocês entregaram para ser morto e negaram
perante Pilatos, embora ele tivesse decidido soltá-lo” (3.13; cf. versos 14,15
e 18). “Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus,
primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, no apartar, a cada um
de vós, das vossas maldades” (3.26). Atos (1.1-11) apresenta um relato
histórico da ascensão de Jesus Cristo. O livro do Apocalipse nos apresenta de
forma inigualável o Jesus Cristo glorificado, que governa todas as coisas e que
virá para exercer sua prerrogativa de julgar os vivos e os mortos. Mas este não
é o Jesus que interessa aos evangélicos hedonistas do século XXI.
Os versículos 14 e 15, que concluem a primeira estrofe,
apresentam uma estrutura que se concentra na primeira linha do versículo 15,
marcada com "X". As linhas "A" e "B" apresentam
reação ao Servo do Senhor, e as linhas "1" e "2" apresentam
a razão dessa reação.
Como pasmaram muitos à vista dele,
pois
o seu parecer estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer,
e a sua figura mais do
que a dos outros filhos dos homens. (52.14)
de igual modo ele
aspergirá muitas nações,
e reis calarão a boca por
causa dele.
Pois aquilo que não lhes
foi dito verão,
e o que não ouviram
compreenderão. (52.15)
Os sofrimentos
infligidos ao Servo foram de tal forma que impactou a todos que o contemplaram.
Seu semblante ficou tão deformado que Ele perdeu as características de sua
humanidade: “Sua forma foi tão mudada que quase não
podiam dizer que Ele era um ser humano” (cf. Is 49.7 e 50.6).[6] Toda
a dignidade humana lhe fora roubada de maneira que não se podia reconhecê-lo
como uma pessoa. Jesus tornou-se "o sofrimento personalizado"
conforme o poema deixa claro mais adiante. Seus sofrimentos foram algo
espantoso e não somente físico, mas mental e espiritual.[7] É
como se o profeta estivesse sentado ao pé do Calvário. Ele vê o Servo (Cristo)
pendurado no madeiro depois de ter sido cruelmente fustigado, cheio de
espinhos, ferido e açoitado. Seu rosto estava coberto de contusões e sangue.
Mas esse Servo de Deus, que será brutalmente morto, será exaltado, e essa será
outra visão que espantará os que O contemplarem em seu poder e glória.
Assim como os amigos de Jó as pessoas que vierem a contemplar
tão grande sofrimento do Servo dirão que ele fez algo terrível para receber tão
terrível castigo da parte de Deus, um pecador acima de todos os homens. Mas o
resultado chocante de seus sofrimentos é a provisão de purificação não apenas
para os israelitas de acordo com a carne, mas para todas as nações, isto é, nós
também. O justo pelos injustos, o santo pelos pecadores, pois Ele estará sendo
moído pelas nossas iniquidades e recebendo sobre si a sentença de morte de
nossos pecados. Toda a justiça de Deus cairá sobre Ele, para não cair sobre nós
e Ele será abandonado pelo Pai, para que nós possamos declarar em alto e bom
som “Abba Pai”.
O aspergir [borrifar][8] está
frequentemente associada à purificação do pecado no Primeiro Testamento (Êx 24.8;
Lv 3.6; Nm 19.21, Ez 36.25). Mas diferentemente agora todas as nações e não
apenas Israel/Judá, terão pleno acesso ao perdão e salvação proveniente, não
mais dos sacrifícios de animais levíticos, mas unicamente do único e perfeito
sacrifício de Jesus Cristo (Servo) no Calvário.
Os reis da terra se calaram, o silêncio de reconhecimento
da grandeza daquele que está diante deles. Aqueles de todas as tribos, povos e
raças que nunca souberam e nunca virão
creram. Eles que nunca tinham ouvido as profecias do Primeiro Testamento de um
Salvador (Messias) vindouro; eles que não tiveram a vantagem de séculos de
ritual religioso (Tabernáculo, Calendário religioso Levítico, Templo) apontando
para a necessidade do sofrimento vicário de um Cordeiro perfeito; mas na
proclamação do Evangelho eles poderão ouvir e ver (perceber) a verdade gloriosa
sobre o sofrimento do Servo, ou seja, que ele morreu pelos seus pecados. O
apóstolo Paulo, instrumento para traduzir essa mensagem messiânica do Servo
Sofredor para os gentios, concluindo sua exposição do Evangelho aos crentes da
cidade de Roma, faz esta declaração maravilhosa para todos os povos: Mas antes, como está escrito [Isaías]: “Hão de vê-lo
aqueles que não tinham ouvido falar dele, e o entenderão aqueles que não o
haviam escutado” (Rm 15.21). Tudo aqui se encaixa
harmoniosamente com a escatologia desenvolvida por Isaías de um reino
messiânico universal.
A exaltação de Cristo
(Servo) é para abençoar, não para condenar (verso 13). O reconhecimento de sua grandeza
é ilustrado pelo fato de que reis e nações se prostrarão diante Dele (cf. Is
49.23; Sl 76.12; 102.15; 107.40; 138.4; 148.11; Jó 12.21; ainda Is 41.2; 45.1;
49.7,22,23; 60.3,16).
A mensagem de salvação e dos poderosos feitos do Senhor
que os demais povos nunca haviam ouvido ou visto, lhes serão anunciadas e eles
contemplaram a grande salvação de Deus (Rm 15.21; cf. também 16.25,26). Mesmo
sendo rejeitado por Sua própria nação, Ele será crido por muitos povos que
nunca tinham ouvido falar sobre Ele.
Conclusão
Estas primeiras estrofes que compõe
o prólogo desse último cântico do Servo servem de preparação para a proclamação
completa que se fará a seguir. A descrição da inversão da situação do Servo do
Senhor causará um impacto profundo e intenso sobre as nações e poderosos da
terra e serve para despertar o ouvinte/leitor de que o que virá a ser declarado
é algo maravilhoso e grandioso.
Provavelmente em nenhuma parte do
Primeiro Testamento, há uma exposição tão clara do propósito pelo qual o
Salvador morreu. Isaías precede de forma inigualável toda mensagem evangélica
que se constituirá no Segundo Testamento. Nem mesmo os evangelistas, ou as mais
profundas cartas paulinas e talvez o Apocalipse possa alcançar a sublimidade
das palavras do profeta Isaias aqui proferidas setecentos anos dos eventos
relacionados ao Senhor Jesus Cristo.
Utilização livre desde
que citando a fonte
Guedes,
Ivan Pereira
Mestre em Ciências da
Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
Artigos Relacionados
Profetas:
Os Cânticos do Servo de Yahvé em Isaías – Introdução
Profetas:
Citações de Isaías nos Evangelhos
Profetas:
Os Doze Notáveis – Introdução
Profetas:
Onde Está a Voz Profética?
O
Período Clássico do Profetismo Bíblico - Século VIII
O
Desenvolvimento do Profetismo em Israel/Judá
Profetas:
As Diversidades Contextuais
Os
Profetas e as Questões Sociais
Referências Bibliográficas
BRIGTH,
J. História de Israel. São Paulo: Ed. Paulus, 1980.
CHAMPLIN,
Russell Norman. O Antigo Testamento
Interpretado – versículo por versículo. São Paulo: Hagnos, 2001. [Volume
5].
DARDER,
Francesc Ramis. Isaías 40-66. Bilbao
(Epain): Editorial Desclée De Brouwer, S.A., 2008. [Comentarios a la nueva
Biblia de Jerusalén]
FALCÃO,
Silas Alves. Panorama do Velho Testamento – os livros proféticos. Rio
de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1965.
FRANCISCO,
Clyde T. Introdução ao Velho Testamento. Rio de Janeiro: Junta
de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), 1969.
GUFFIN,
Gilbert. The Gospel in Isaiah [O
Evangelho em Isaías] (Nashville, TN: Convention Press, 1968).
HORTON,
Stanley M. Isaías – o profeta
messiânico. Tradução de Benjamim de Souza. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.
[Série Comentário Bíblico].
KEIL,
Carl Friedrich & DELITZSCH, Franz. Commentary
on Isaiah. https://www.studylight.org/commentaries/kdo/isaiah-42.html.
1854-1889. [42.4].
LASOR,
W. Sanford, DAVI A. Hubbard e FREDERIC W. Bush. Panorama del Antiguo
Testamento - Mensaje, forma y transfondo del Antiguo Testamento. Buenos
Aires: Ed. Nueva Creacion, 1995.
MOULTON,
Richard G. Isaiah. London: Macmillan
& Co., Ltd., 1903. [The Modern Reader’s Bible].
OSWALT,
John N. Comentário do Antigo Testamento –
Isaias. vol. 02 / tradução de Valter Graciano Martins. São Paulo: Cultura
Cristã, 2011.
RIDDERBOS,
J. Isaías – introdução e comentário.
Tradução de Adiel Almeida de Oliveira. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão,
1990. [Série Cultura Bíblica].
ROBISON,
George Livingston. The book Isaiah – in
fifteen studies. New York: Young Men’s Christian Association Press, 1910.
SICRE,
José Luís. Profetismo em Israel – o profeta, os profetas, a mensagem. Tradução:
João Luís Baraúna. Petrópolis: Editora Vozes, 2002.
SMITH,
James E. An expository commentary on the
book of Isaiah - a Work in Progress. 2005.
[1] A partir das interpretações judaicas
ao longo dos séculos têm surgido inúmeras propostas diferentes para interpretar
esses cânticos. O grande comentarista J. Ridderbos em seu precioso comentário
sobre o livro de Isaias nos oferece uma ampla discussão sobre as mais
importantes linhas interpretativas destes cânticos (1990, p. 338-345).
[2] Outra ilustração semelhante e muito
pedagógica é a elaborada pelo comentarista bíblico Franz Delitzsch em que ele propõe
que o conceito de servo poderia ser simbolizado por uma pirâmide: “A base era Israel como um todo; a seção central era
aquele Israel, que não era meramente Israel segundo a carne, mas também segundo
o espírito; o ápice é a pessoa do Mediador da salvação que sai de Israel.” (1889,
p. s/n – 42.1).
[3] O Targum traduz assim essa frase:
“eis que meu servo, o Messias,
prosperará”. Temos aqui uma afinidade com os salmos de entronização nos quais
Yahweh é reconhecido como Rei de Israel. O Calvário sempre foi loucura para os
gregos e escândalo para os judeus, mas para todo crente ensina Paulo o Calvário
é a “sabedoria de Deus” (1Co 1.24). A exaltação de Cristo, vencendo a morte,
demonstra a sabedoria de Deus e a ignorância do ser humano decaído.
[4] “Sublime e elevado” são usados em
combinação quatro vezes neste livro e em nenhum outro livro do Primeiro
Testamento. Nos outros três lugares (6.1; 33.10; 57.15) são usadas para se
referir a Deus. É possível que Paulo estivesse cantando essas músicas enquanto
escrevia aos filipenses e escrevia seu hino cristológico: “assumindo a forma de
um escravo ... ele se humilhou”, mas Deus “exaltou soberanamente” a Jesus
(2.6-9). Também Atos: “teu santo servo” e “foi exaltado” 2.13, 26 e 33).
[5] O Targum tem aqui uma interpretação
messiânica, tal como faziam os antigos rabinos como Aben Ezra e Alshech. Diz o
Targum: "Eis que Meu Servo, o Messias, aparecerá". Banchama afirma
que o Messias seria exaltado acima de Abraão e Moisés, e seria superior aos
anjos ministrantes (assim diz Pesika, no Targum sobre Núm. 27.2).
[6] Não tem faltado comentarista que em
harmonia com a interpretação judaica afirmam que a nação de Israel é o “servo”
em decorrência de sua longa história de abusos sofridos. Mas tais intepretações
acabam sendo prejudicadas pelo conjunto dos Cânticos que enfatizam a
personalidade do Servo e não sua tipificação.
[7] Como tão bem vai descrever Lucas em
sua narrativa evangélica do Getsêmani.
[8] A palavra traduzida como "borrifar/aspergir" também
significa a “assustar”, ainda que o
significado principal desta palavra seja "borrifar/aspergir". O termo
também significa "sobressalto".
Se o significado primário de uma palavra não se encaixa no contexto, então é
possível selecionar um significado secundário ou metafórico que satisfaz essas
exigências. Uma vez que o profeta está traçando um paralelo entre o assombro
dos espectadores com a execução do Messias e o grande assombro dos reis quando
o Messias está sentado em Seu trono de glória, é possível aceitar o significado
"espanto" como o termo
correto expressando a ideia do hebraico nesta conexão. Devemos, portanto,
tornar a expressão: "ele deve surpreender muitas
nações".
Nenhum comentário:
Postar um comentário