quarta-feira, 26 de abril de 2017

PROFETAS: Onde Está a Voz Profética?


“Alguém disse que há duas classes de pregadores: os bons que tem algo a dizer e os medíocres que têm que dizer algo. Porém, há outro tipo e mais elevado: consiste naqueles que uma vez tendo algo a dizer, tem que dizê-lo. Assim são os profetas” (Knudson).

Na história passada e recente do Brasil nunca estivemos envolvidos por um turbilhão de caos tão grande e tão intenso como nessa última década. Vivemos em uma Sociedade totalmente acefálica no que concerne à ética e à moral; uma Sociedade egocêntrica e hedonista; uma Sociedade que perdeu totalmente a consciência de Deus e a sua Palavra. O que aconteceu? Por que chegamos a esta situação crítica e desesperadora? Uma resposta simples e direta: Perdemos a Voz Profética.
Mas diferentemente do que alguns possam estar pensando, o exercício dessa Voz Profética não pode ficar na dependência de alguns “especialistas”; não pode ficar à mercê dos doutores em teologia; não pode depender apenas dos ocupantes dos púlpitos, sejam quais forem os títulos por eles ostentados (pastor, apóstolo, bispo, e tantos outros). Refiro-me às palavras de Moisés: “OXALÁ TODO O POVO FOSSE PROFETA!” (Nm 11.29).
Sim, eu e você e cada um de nós deveríamos exercer esta função nobre e fundamental para a existência de uma nação saudável. A Voz Profética é responsabilidade de cada cidadão brasileiro que tem adquirido o conhecimento da Palavra de Deus. No silêncio está implícita uma concordância mórbida com o caos reinante nesta nação. No permanecer calado há uma conformação com toda sorte de promiscuidade moral ética que corrói os fundamentos deste país e que na continuidade deste processo o Brasil chegará à plena ruína em todas as suas instâncias política-econômica-social.
Houve apenas um único e isolado período histórico brasileiro em que a mensagem contundente e poderosa dos profetas bíblicos foi estudada com ávido interesse e proclamada a plenos pulmões - o período das décadas de 50 e 60 do século XX.
Nesse recorte histórico uma parcela expressiva dos evangélicos brasileiros, em sua esmagadora maioria jovens, imbuídos de um espírito contestador, ousou encarnar com suor, sangue e lágrimas, as mensagens dos profetas conforme registradas e preservadas no Primeiro Testamento e/ou Bíblia Hebraica.
Mas como ocorreu nos registros bíblicos, a mensagem profética foi mal compreendida pelos ouvintes e seus proclamadores foram rejeitados pelas lideranças eclesiásticas com toda sorte de coação, incluindo a perseguição e morte.
A mensagem dos profetas bíblicos nunca foi popular e jamais agradou aos ouvidos sensíveis quer das massas que sempre anseiam conquistar direitos, sem a contrapartida dos deveres; quer dos líderes religiosos, que ávidos pelo poder e as benesses advindas dele rejeitam e até matam para que seus status quo não sejam alterados.
A Sociedade brasileira está moribunda e a religião totalmente subvertida aos interesses mesquinhos de uma casta de líderes abduzidos pela insanidade da riqueza e da luxuria, proveniente de suas funções religiosas. Deste modo, se faz urgente que se levante vozes que se disponham a resgatar as mensagens dos profetas bíblicos e as proclamarem com determinação e destemor. Pois, assim como ocorreu nos dias antigos, a única esperança para os dias atuais está contida nessas mensagens preservas nas páginas da velha bíblia de nossos pais.
O genuíno profetismo está gravado na memória dos vários profetas do mundo bíblico que fizeram diferença na história do seu povo. Eles não optaram pela cômoda posição de “equidistância” ou de “neutralidade”, mas assumiram a responsabilidade diante do chamado de Deus e com coragem e ousadia foram feitos porta-vozes de Deus no anúncio de sua mensagem. Porta-vozes que denunciaram as injustiças, as iniquidades, às violências e anunciaram um novo tempo de esperança, de justiça, de paz, e por está razão se tornaram luzeiros resplandecentes em meio a tensas trevas para seus contemporâneos.
Portanto, ao Brasil resta apenas uma esperança – que entre e dentre nós se levante e se multipliquem a Voz Profética – que haverá como sempre fez em toda História humana de transformar o caos em ordem e harmonia. Somente quando os cidadãos brasileiros, conhecedores da Palavra de Deus, exercerem seu ofício de Voz Profética, nosso País será novamente uma Nação justa e benfazeja para com todos os seus cidadãos.
O modelo de Voz Profética não poderia ser encontrado em outro lugar a não ser nas páginas da Bíblia. É preciso, portanto, redescobrir onde a Voz Profética se originou e de que maneira ela foi exercida.
Assim sendo, esse livro tem duas partes que se complementam: na primeira parte vamos resgatar as origens do oficio profético e seus diversos significados; na segunda parte vamos acompanhar o exercício deste oficio profético na vida e atividades do profeta Amós.
Esta é a proposta singular deste livro, cuja a única pretensão é contribuir para que esta grande Nação brasileira, possa voltar a ser a nossa “Pátria Amada, Brasil! ”

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/

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Referências Bibliográficas
BRIGTH, J. História de Israel. São Paulo: Ed. Paulus, 1980.
FALCÃO, Silas Alves. Panorama do Velho Testamento – os livros proféticos. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1965.
FEINBERG, Charles L. Os profetas menores. Tradução: Luiz A. Caruso. Florida: Editora Vida, 1998.
FRANCISCO, Clyde T. Introdução ao Velho Testamento. Rio de Janeiro: Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP), 1969.
LASOR, W. Sanford, DAVI A. Hubbard e FREDERIC W. BushPanorama del Antiguo Testamento - Mensaje, forma y transfondo del Antiguo Testamento. Buenos Aires: Ed. Nueva Creacion, 1995.
ROBINSON, Jorge L. Los doce profetas menores. Texas: Casa Bautista de Publicciones, 1982.
SICRE, José Luís. Profetismo em Israel – o profeta, os profetas, a mensagem. Tradução: João Luís Baraúna. Petrópolis: Editora Vozes, 2002.

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