sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Compartilhando a Bíblia com as Crianças: A Criação



  
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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Historiologia Protestante

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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Páscoa: Contagem Regressiva das Últimas Horas Antes da Cruz (Getsêmani)

20hs – 24hs - Quinta-feira - 14 de Nisan (2 de abril D.C. 33)
            As horas avançam rapidamente! Após cantarem um Salmo, encerrando a refeição da Páscoa, Jesus lidera seus discípulos em direção ao jardim do Getsêmani[1] - estava localizado ao pé do Monte das Oliveiras, além do Cédron e do Vale Josafá[2], a uma distância muito pequena dos muros de Jerusalém, percorrido em apenas alguns minutos, local tranquilo que Jesus frequentava quando de passagem pela cidade (Lc 22.39; Jo 18.2).
            Chegando ao jardim Jesus se distancia do grupo dos discípulos, levando consigo apenas Pedro e Tiago e João[3], mesmo destes três se adianta um pouco mais para orar em particular ao Pai – essa é a Sua luta – “Ele os poupa e considera sua agonia” (Calvino) - Jesus sabe das limitações e fragilidades destes homens, ainda não chegou a hora deles. Os discípulos não estranham essa atitude de Jesus, pois em diversas ocasiões ele se retirou para orar sozinho.
            Na medida em que ora Jesus é tomado por uma profunda e dilacerante sensação de tristeza e angustia (no grego as duas palavras juntas trás a ideia de progressão). O evangelista Marcos utiliza o termo “ekthambeo” – ser lançado ao terror, alarmar, angustiar – é aqui no Jardim que a plenitude de sua Humanidade se revela em toda sua fragilidade “se possível passa de mim esse cálice”; mas é aqui no Jardim do Getsêmani que Jesus VENCE, onde Adão falhou no Jardim do Éden – apesar de toda pressão interna e externa Jesus vai fazer a Vontade do Pai, enquanto Adão preferiu fazer a sua própria vontade – “não seja como eu quero, mas como tu queres”.
            A areia da ampulheta demarcando seu tempo está caindo rapidamente. Ele se levanta vai encontrar os três discípulos dormindo; acorda-os e exorta-os para que fiquem vigilantes. A grande diferença entre Jesus e os discípulos é que ele ora (vigia) e os discípulos dormem. Somos derrotados pela nossa própria displicência, pois enquanto dormimos o diabo trabalha. A nossa natureza pecaminosa trabalha enquanto dormimos, e a nossa nova natureza espiritual trabalha enquanto oramos – essa é a razão pela qual pecamos no atacado e nos santificamos no varejo. Somente a nossa nova natureza tem prazer em fazer a vontade do Pai, enquanto a velha natureza se satisfaz em fazer a nossa própria vontade.
            Jesus retorna para uma vez mais se prostrar com o rosto em terra, não apenas ajoelhado, em completa e total submissão ao Pai – “humilhação suprema” (Bengel). Nem a mais terrível angustia pôde romper Sua comunhão com o Pai. Sua oração é simples e sem qualquer vestígio de contestação ou condicionamento – se possível passa de mim esse cálice - nessas palavras de Jesus não encontramos apenas uma queixa, um grito de dor, mas uma genuína oração, uma súplica ardente. Não há melhor Escola de Oração do que o Getsêmani – pois é na natureza humana decaída que se encontra a fonte do pecado e somente quando oferecemos essa natureza em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus é que podemos experimentar, como Jesus, qual é a perfeita Vontade do Pai. Muito poucos são aqueles que conseguem ser aprovados nessa Escola do Getsêmani.  
Por três vezes Jesus vem e Jesus os encontra (verbos no tempo presente) descrevendo de forma vivida a reação dolorosa de Jesus diante da displicência de seus discípulos mais chegados – em seus últimos momentos Jesus teve que sofrer sozinho (Jo 16.32), e isso certamente fez seu cálice ainda mais amargo. "Não são capazes de orar comigo por algum tempo?" As palavras são dirigidas a todos, mas especificamente para Pedro, afinal não foi ele que fez os maiores protestos de lealdade? As nossas palavras de fidelidade na fé somente tornam-se consistentes quando somos aprovados no teste do Getsêmani – de outra forma são apenas palavras vazias e espúrias e Pedro experimentara isso em sua própria vida algumas horas mais tarde.
O mal e os malefícios de nossa natureza pecaminosa somente podem ser contidos pela oração vigilante. Quando falhamos na oração a nossa vida cristã fica completamente escancarada para toda sorte de pecaminosidade. Os frutos da carne somente serão submetidos aos frutos do espírito quando oramos; a nossa natureza depravada somente será contida enquanto mantivermos uma vida de oração. A grande mentira que Satanás sussurra nos ouvidos dos crentes medíocres é que eles podem vivenciar a fé e os valores cristãos sem a oração – mas assim como Pedro e seus colegas tais crentes também falharão tristemente. A vontade de Deus somente será feita na vida daqueles que se prostrarem em genuína oração!
As palavras finais de Jesus aos discípulos também se dirigem à grande maioria dos crentes de hoje: “podem continuar a dormir”; Jesus pediu a seus discípulos que vigiassem com ele (Mt 26.38); ele os repreendeu por sua sonolência (26.40), exortou-os em vista da tentação que os ameaçava (26.41); os inimigos estão se aproximando e eles continuam dormindo!
O evangelista Mateus deixa claro que Jesus teve ao menos três momentos intensos e prolongados de oração e a cada um deles acrescentava-se maior tensão. O evangelista Lucas descreve que a tensão prolongada chegou ao ponto de transformar as gotas de suor em gotas de sangue. Ali no Getsêmani Jesus antecipa espiritual, mental e fisicamente toda dor e sofrimento que lhe será infringido nas horas que seguirão – o cálice será terrivelmente amargo. Não foi na cruz que Jesus venceu Satanás, mas no Getsêmani; não foi na cruz que Jesus nos salvou, foi no Getsêmani; não foi na ressurreição que Jesus venceu a morte, foi no Getsêmani.
A hora chegou! Ao longe Jesus escuta o som da turba que vem para prendê-lo; o clarão de suas tochas rasga a escuridão da noite e se aproximam rapidamente. O plano forjado nas sombras furtivas do Sinédrio, com a aquiescência da ação traidora de Iscariotes e a complacência das autoridades romanas está para ser concretizada.

Meu orgulho me tirou do jardim
Tua humildade colocou o jardim em mim
Se eu vendesse tudo que tenho em troca do amor
Eu falharia
Pois o amor não se compra
Nem se merece
O amor se ganha
De graça o recebe
Eu quero conhecer Jesus
Quero conhecer Jesus
E ser achado nele
Ser achado nele
Yeshua ah ah ah ah
Yeshua ah ah ah ah
Meu amado é o mais belo
Entre milhares e milhares
Não nasci pra encher o bolso de dinheiro
Eu não nasci pra encher igreja
Eu nasci pra conhecer Jesus
(Quero Conhecer Jesus - Alessandro Vila-Boas)

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Guedes, Ivan Pereira
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Referências Bibliográficas
ÁLVARO BARREIRO, SJ. O itinerário da fé pascal. São Paulo: Edições Loyola, 2005. (4ª edição – revista e ampliada).
ASH, Anthony Lee. O Evangelho Segundo Lucas. Tradução Neyd V. Siqueira. São Paulo: Editora Vida Cristã, 1980.
BINZ, Stephen J. The Passion and Resurrection Narratives of Jesus. , Collegeville (Minnesota): The Liturgical Press, 1989.
CARSON D. A., DOUGLAS, J. Moo & MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1997.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado – versículo por versículo. São Paulo: Millenium, 1987.
DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1995.
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – Marcos. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.
JEREMIAS, Joachim. Jerusalém no Tempo de Jesus: pesquisa de história econômico-social no período neotestamentário. 4 ed. São Paulo: Paulus, 1983.
MAGGIONI, Bruno. Os relatos evangélicos da Paixão. Tradução Bertilo Brod. São Paulo: Paulinas, 2000. (Coleção: Espiritualidade sem fronteiras).
Walker, Peter. Pelos Caminhos de Jesus. São Paulo: Ed. Rosari, 2007.


[1] Esse nome provavelmente corresponde ao hebraico Gath-schemen, que significa prensagem a óleo. Era um jardim particular, provavelmente de algum conhecido de Jesus – Arimateia, Nicodemos ou algum outro morador abastado da cidade e que mantinha o local para seu lazer e descanso. Judas conhecia bem o lugar.
[2] Vale de Josafá ou “baixada de Josafá”– Emek Yehoshafat (em hebraico: עמק יהושפט), que significa "O vale onde Deus julgará" (Vale do Julgamento) - (Joel 3.12).
[3] Esse trio havia testemunhado o momento glorioso da transfiguração (Mt 17.1-8) e agora testemunham o momento da mais profunda angustia do Mestre (Lc 22.44, 53). 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Compartilhando a Bíblia com as Crianças: Um Nome Especial




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