Alef e Tau - Primeira e Última letra do alfabeto hebraico |
A última (ou seja, 22ª) letra do alfabeto
hebraico é "tav” (ת) também considerada uma forma sintética
de “tau”, que tem o som de "t". No hebraico moderno essa letra
pode aparecer em três formas:
No
quadro abaixo podemos observar o desenvolvimento dessa última letra do alfabeto
hebraico:
O quadro antigo é um tipo de "marca", provavelmente de dois paus
cruzados para marcar um lugar, semelhante ao hieróglifo egípcio, uma figura de dois bastões cruzados. Esta
letra tem os significados de "marca",
"sinal", "assinatura" e “monumento”.
Nota: A
letra Tav também pode ter um ponto ou marca תָּ. No hebraico antigo, um Tav
sem o ponto era pronunciado "th" (por exemplo, como em Sabbath), mas
no hebraico moderno, Tav com ou sem o dagesh (ponto) é pronunciado simplesmente
como "t".
No hebraico não há números de maneira que
cada letra do alfabeto representa um numeral, no caso de Tav = 400.
A palavra Tav ocorre apenas três vezes no
Primeiro Testamento, duas no livro de Ezequiel (9.4,6) onde é traduzida por
“marca”; a terceira referência está no livro de Jó (31.35) e preferivelmente
deve ser traduzida por “marca” ou “assinatura” pessoal.
No livro de Jó a palavra aparece sem o sufixo
(meu, minha) e refere-se a um documento legal, provavelmente um tablete de
argila, onde a pessoa que se defendia de alguma acusação deixava sua assinatura
ou marca – “defesa assinada”.
“Ah! quem me dera um que me ouvisse! Eis a minha defesa, que me responda o
Todo-Poderoso! Oxalá tivesse eu a acusação escrita pelo meu adversário!” (Revisada)
“(Ah, se alguém me ouvisse! Agora assino a minha defesa. Que o
Todo-poderoso me responda; que o meu acusador faça a denúncia por escrito” (NIV).
A versão Corrigida Fiel opta por
uma tradução diferente:
“Ah! quem me dera um que me ouvisse! Eis
que o meu desejo é que o
Todo-Poderoso me responda, e que o meu adversário escreva um livro”.
De fato, muitos comentaristas concordam que
uma tradução melhor da expressão inglesa é “eis minha marca” ou “eis
minha assinatura”. Isso se reflete até mesmo em algumas das traduções mais
recentes:
Oh,
que eu tivesse um para me ouvir! Aqui está a minha marca. Oh, que o Todo-Poderoso
iria me responder, que meu promotor havia escrito um livro! (Nova Versão do Rei Jaime, 1982).
Oh
que eu tivesse um para me ouvir! Eis aqui a minha assinatura; Deixe
o Todo Poderoso me responder! E a acusação que meu adversário escreveu (New American Standard Bible, 1995).
Quando chegamos ao capítulo 31, chamada de “Aliança de Jó”, temos uma virada na
narrativa como Matthew Henry em seu comentário nos informa:
Jó
frequentemente protestou contra sua integridade em geral; aqui ele o
faz em casos particulares, não de maneira elogiosa (pois ele não proclama
aqui suas boas ações), mas em sua própria justa e necessária justificativa,
para se livrar dos crimes com os quais seus amigos o acusaram falsamente, que é
uma dívida que todo homem deve à sua própria reputação.
Jó havia feito desde muito tempo um pacto com
seus próprios olhos (31.1), ou seja, consigo mesmo, em obedecer à vontade de
Deus, expressa em uma forma de conduta moral e religiosa – na abertura do livro
temos a cena em que ele está fazendo sacrifícios por si mesmo e pelos seus filhos.
Se no vigésimo nono capítulo, ele se defende mostrando sua retidão na vida
pública, aqui neste capítulo ele reivindica seu caráter na vida privada.
Depois de sua argumentação agora Jó está
pronto para “assinar”, para deixar
sua “marca” nos autos de sua defesa,
a marca da assinatura era originalmente uma cruz (cf. acima) e
daí a letra Tau, que devem ser “entregue” ao Juiz de todos – o seu Senhor e
Soberano, o Todo Poderoso. As Notas de Tradução da Bíblia de Genebra registram
a intenção de Jó:
Este é um sinal suficiente da minha justiça, que Deus é minha testemunha e
justificará minha causa.
Assim como no Segundo Testamento temos a
expressão “Alfa e Ômega”, a primeira
e última letra do alfabeto grego, que significa o princípio e o fim e está intimamente
relacionado à pessoa e obra de Jesus Cristo, no Primeiro Testamento temos a
referência “Alef e Tav” que
representam a primeira e última letra do alfabeto hebraico e que está
relacionado diretamente à obra da Criação efetuada por Deus no princípio (Gn
1.1):
בְּרֵאשִׁ֖ית
בָּרָ֣א אֱלֹהִ֑ים אֵ֥ת הַשָּׁמַ֖יִם
וְ אֵ֥ת הָאָֽרֶץ
Quando se lê da
direita para a esquerda temos "no
começo criado, Elohim, 'et' ( Aleph-Tav em negrito)
os céus e 'et' ( Aleph-Tav em negrito)
a terra".
Assim, temos a Bíblia começando com o Aleph
e Tav (Gênesis) e terminando com o Alfa e o Ômega (Apocalipse).
Outra vez que "Aleph-tav" aparecem juntas é encontrado em Êxodo nas
instruções referidas ao exercício sacerdócio (Êxodo 28.29-30). O
interessante aqui é que "Urim"
começa com um "aleph" e "Tumim" começa com um "tav". A palavra "Urim" significa "luzes" e "Tumim" está enraizado em uma palavra que significa "conclusão perfeita". Nós entendemos
que a luz é o elemento inicial do relato
da criação e pode ser tranquilamente relacionado com Jesus, a Luz do Mundo, e Jesus é também o autor e consumador de nossa salvação.
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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MUITO BEM EXPLICADO, OBRIGADO.
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