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O conjunto de cento e cinquenta
salmos é chamado de Saltério e se constituem no maior livro de toda a Bíblia.
Portanto, se cremos que a revelação (bíblica) de Deus é progressiva, temos aqui
a maior porção individual de toda a orientação divina para as nossas vidas.
Muitos
gostam de chamar os salmos de "o coração das Escrituras",
pois se você abrir a Bíblia exatamente no meio se deparara com os salmos. Mas
também porque temos aqui o derramar do coração e da alma dos salmistas tanto na
alegria, quanto na triste, tanto nos pastos verdejantes quanto nos vales da
sombra da morte.
Além de
conter também palavras que foram apropriadas pelo próprio Jesus Cristo (1Pe 1.11) nos momentos derradeiros do
calvário, este conjunto de canções-orações expressam as glórias e sofrimentos
de Cristo e exalam os sentimentos mais profundos do coração dele.
Evidentemente
que dentre os cento e cinquenta salmos há alguns que no transcorrer dos
séculos, tanto no judaísmo quanto no cristianismo, acabaram ocupando um lugar
especial no coração do crente. Um exemplo é sem dúvida alguma o Salmo 23
conhecido também como o salmo do “Bom Pastor”. Mas haveremos de nos deter nessa
série de artigos no Salmo 119,[1]
o mais longo de todo o Saltério e o mais longo capítulo de toda a Bíblia.
O grande
tema do Salmo 119 é a própria Palavra de Deus,
a amada Torá (Lei, Instrução)[2]
de Deus para o seu povo em todos os tempos. Todas e cada uma das vinte e duas
partes deste extraordinário poema musical expressão de forma única o valor
intrínseco e extrínseco das Escrituras Sagradas, quer seja no seu Primeiro
quanto em seu Segundo Testamentos. Ele contém 176 versos, ou seja, 22 estrofes
com 8 versos cada. Com exceção de três versos (v. 90, 122, 132), que não
contém uma referência expressa à Torá, todo o restante do salmo é o esforço do
salmista em compartilhar conosco eus próprios sentimentos sobre a incomparável
excelência da Palavra de Deus.
A leitura
e contemplação desta maravilhosa parte das Escrituras nos paz pensar sobre a
nossa postura cristã diante de uma sociedade totalmente alienada de Deus e que
se opõe continuamente a tudo que se relaciona com a vontade de Deus. Nos dias
do salmista, provavelmente durante ou após o Cativeiro Babilônico, seus
contemporâneos apesar de conhecerem a Torá, optaram por não obedece-la e as
consequências nefastas desta escolha trouxe sobre todos eles a manifestação do
juízo de Deus.
A
sociedade brasileira e especificamente os evangélicos também conhecem (ouvem) a
Palavra de Deus, mas tem se negado a obedece-la e como aconteceu nos dias do
salmista está prestes acontecer também nos dias atuais – a manifestação da ira
de Deus sobre toda injustiça e todo o pecado. Deste modo, ao compor esse longo
Salmo, o salmista tem como objetivo despertar a mente e o coração de seus
contemporâneos para o valor do conhecimento e da obediência à Palavra de Deus,
para que não mais precisem receber a disciplina de Deus, mas possam usufruir em
abundância de sua graça e bênçãos.
Este
longo Salmo tem uma característica peculiar, ele é um dos chamados salmos acrósticos. É uma
forma literária na qual as letras iniciais de cada linha, lidas de cima para
baixo, formam uma palavra ou frase. Temos um acrostico alfabético quando
as linhas começam com as letras do alfabeto (a primeira com a primeira letra, a
segunda com a segunda letra e assim por diante). A poesía hebraica não tem
ritmo regular nem rima e muitas vezes são extremamente emocionais de maneira
que, a estrutura acróstica facilita a memorização[3] e o Sl 119 é o exemplo
maior onde cada um dos oito versos inicia-se com uma letra do alfabeto[4] hebraico sempre
enaltecendo o valor da Torá. Os acrósticos formam um pequeno hinário dentro do
Saltério (9-10, 25, 34, 37, 111, 112, 119, 145).[5] O Salmo 119 é sem dúvida o
mais complexo deles, pois cada estrofe tem todos os versículos começando com uma
mesma letra do alfabeto. Assim, as vinte e duas estrofes cantam a plenitude da
perfeição da Torá, com todas as suas letras, desde o alef
até o tau. Em cada uma das
estrofes, os oito versículos mencionam a Lei, designada como Torá ou por meio
de um dos seus sinônimos. Não há um fio condutor de maneira que cada versículo
é uma sentença que se sustenta por si mesma, sempre com um elogio e declaração
de amor a Deus que se expressa no anseio do salmista (crente) de viver segundo sua
Palavra. Todos os acrosticos na Bíblia são alfabéticos.[6]
As vinte
e duas estrofes do Salmo 119 são na verdade vinte e duas orações que são
iniciadas pelos primeiros três versículos do Salmo. E na primeira estrofe o
salmista une a Palavra de Deus e a oração, atestando que a Palavra e a oração se
unem em um único rio e quando somos plantados às suas margens nossas não
murcham e produzimos frutos o ano inteiro. Não tem como desenvolver uma vida espiritual
saudável e proveitosa, capaz de resistir às tentações sem a Palavra de Deus e a
oração, de maneira que o salmista sabia muito bem disso, por esta razão inicia o
Salmo com esta junção.
Mas além
do tema central que é o valor permanente da Palavra de Deus, o salmista aplica
esta Torá às varias instâncias ou particularidades da vida humana: se refere às
tentações da mocidade (119:9); trata do apego material exarcebado (119:36-37),
do “opróbrio e (...) desprezo" constantes (119:22), da tristeza (119:28) e
da difamação (119:69). Além disso, segundo o salmista, ao amarmos e obedecermos
a Palavra de Deus não teremos do que nos envergonhar (119:6,22), cultivaremos
um coração íntegro (119:7) e uma vida pura (119:9), e não nos desviaremos dos
mandamentos de Deus nem pecaremos contra ele (119:10,11,30).[7]
Em cada
uma destas situações cotidianas ele se volta para a Palavra de Deus. Assim
deveria viver cada cristão diante das situações e circunstâncias semelhantes. A
palavra de Deus deve ser sempre a nossa fonte de força, consolo, alegria,
esperança e salvação.
Os Sete Sinônimos
da Torá no Salmo 119
Ainda
dentro desta parte introdutória da exposição do Salmo 119 é preciso ao menos
fazer referência aos diversos sinônimos que o salmista utiliza para se referir
diretamente à Palavra de Deus (Torá). Ao fazer isso o salmista explora de forma
maravilhosa todas as dimensões da Palavra de Deus, que se referem a todas as
áreas da nossa vida cristã, “a soma da sua
palavra é verdade e todas as tuas justas ordenanças são eternas”, diz
o verso 160.
A Torá
(Instrução, Lei) expressa a revelação dos pensamentos de Deus sobre tudo o que
é benéfico e abençoador. Neste salmo a palavra de Deus encontra sua
aplicação na lei, nos testemunhos, nos mandamentos, nas ordenanças, nos
estatutos, nos direitos e nos julgamentos.
No
contexto cristão o objetivo da Palavra de Deus é trazer o ser humano para a luz
de maneira que ele receba a vida por causa da obra de Cristo na
Cruz. No Salmo 119 o crente encontra a regra perfeita que se adapta a
todas as suas circunstâncias morais e práticas. A obediência da Palavra,
fruto da graça em nossos corações, é uma resposta amorosa ao amor perfeito de
nosso Senhor. No desenvolvimento do Salmo os termos abaixo são utilizados
como sinônimos da Palavra de Deus:
1 – Dereb = caminho
2 – Eduth =
testemunho
3 – Pikkudim = preceitos
4 – Mizvah =
mandamentos
5 – Imrah = dito, promessa,
palavra
6 – Torah = lei
7 – Mishpat = juízos
8 – Zedeb, Zadib =
justiça
9 – Hukab = estatutos
10 – Dabar = palavras.
Agora vejamos o número de vezes que
estas palavras ocorrem no Salmo 119, bem como a sua primeira
ocorrência bíblica:
Caminho (dereb)
de dareb – caminho, estrada, jornada, curso da vida -
toda a vida, estilo de vida. Nos versos 3 e 37 encontramos a expressão: דְדְכ –
caminhos, sem o acompanhamento de nenhum dos termos mencionados abaixo. Lembra
o Salmo primeiro que abre o Saltério
apresentado os “dois caminhos” do justo e do
ímpio. Trás sempre a ideia de estilo de vida ou modo de viver – obedecendo a
Palavra de Deus ou rejeitando-a. A primeira ocorrência se encontra em Gênesis 3.24 – Deus colocou o refulgir de
uma espada para guardar o caminho da
árvore da vida. Aparece neste salmo 13 vezes (versos
1, 3, 5, 14, 26, 27, 29, 30, 32, 33, 37, 59, 168).
Testemunho (eduth
-
עֵדוֹת). Derivado de ud = voltar
outra vez, passar novamente, renovar. Testificar, testemunho (significa
lealdade aos termos da aliança entre o Senhor e Israel), é a expressão dos pensamentos
e vontade de Deus, uma prova certa de uma palavra ou ação de Deus em favor de
seus servos (povo). Existia uma cópia da lei de Deus colocada dentro do Santo
dos Santos no Tabernáculo e do Templo em Jerusalém, para servir de testemunha de acusação contra o povo de
Israel diante do único Deus verdadeiramente misericordioso e perdoador (cf. Dt
31.26). Em Gênesis 21.30
temos a primeira passagem bíblica que a emprega. “Respondeu Abraão: Receberás
de minhas mãos as sete cordeiras, para que me sirvam de testemunho de que eu cavei este poço”. Foi usada neste salmo 23 vezes (versículos
2, 14, 22, 24, 31, 36, 46, 59, 79, 88, 95, 99, 111, 119, 125, 129, 138, 144,
146, 152, 157, 167, 168).
Preceitos (pikkudim
- פִקֻּד).
É derivada de pakad: aceitar, mudar. Seu
equivalente português pode ser “instruções com detalhes explícitos” e “regra de
ação”. A Palavra de Deus supervisiona a conduta do povo de Deus para que não
pratiquem o mal. Apenas os salmistas a empregaram, sendo a primeira em Salmos 19:8 – “Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração”. O autor
de Salmos 119 a
empregou 21 vezes (versos 4, 15, 27, 40, 45, 56, 63, 69, 78, 87, 93, 94,
100, 104, 110, 128, 134, 141, 159, 168, 173).
Mandamento (mizvah),[8]
procedente de Zavah – levantar, erguer,
constituir. Daí o sentido de mandamentos constitucionais. A ênfase é
freqüentemente na autoridade direta do que é dito, de maneira que o termo
hebraico trás a ideia de uma obediência absoluta a uma ordenança cuja
autoridade máxima é o próprio Deus. Sua primeira referência está em Gênesis 26.5 – “Porque Abraão obedeceu à
minha palavra, e guardou os Meus mandamentos”.[9]
E aparece 22 vezes neste Salmo (versículos 6, 10, 19, 21, 32, 35, 47, 48, 60, 66, 73,
86, 96, 98, 115, 127, 131, 143, 151, 166, 172, 176).
Promessa [Palavra] (imrah
- אִמְרַה) – do verbo amar – trazer à luz, dizer. Ela se refere a tudo o
que Deus falou, ordenou, prometeu. Como nem tudo o que Deus fala é promessa no
sentido nato da palavra em português os tradutores têm optado por traduzir a
mesma por “palavra”. Quem primeiro a
empregou foi Moisés, em Gênesis 4.23 – “E disse Lameque…: escutai
o que passo a dizer-vos”. Aparece
no salmo em
estudo 19 vezes (versos
11, 38, 41, 50, 58, 67, 76, 82, 103, 116, 123, 133, 140, 148, 158, 162, 170,
172).
Lei[10] (torah
- תּוֹרָה) –
palavra derivada de yarah –
projetar, planejar, mostrar. Daí instruir, ensinar. A Torá contém as Instruções
de Deus para Seu Povo, apontando para eles Sua vontade, revelação, direção é
divulgada. Mas como poderia o coração humano corrompido pelo pecado manter essa
lei? Deus mesmo ordenou que parte da lei escrita, provavelmente os dez
mandamentos, fosse colocada na Arca da Aliança,
um tipo da pessoa de Cristo. Somente o coração do Filho
(Servo) amado conseguiu guardar (obedecer) toda a Lei:
"Sua lei
está dentro do meu coração" (Sl 40.9). A primeira vez que esta
palavra é usada está em Gênesis 26.5 – “Abraão guardou as Minhas leis”. Nos Salmos 119
aparece 25 vezes, sempre no singular (versos
1, 18, 29, 34, 44, 51, 53, 55, 61, 70, 72, 77, 85, 92, 97, 109, 113, 126, 136,
142, 150, 153, 163 165, 174).
Juízo (mishpat
- מִשְׁפְּט), de shaphat –
estabelecer direito, instituir. Mishpat significa
o que deve ser observado, o que ajuda as pessoas a discernirem o certo e o
errado e decidir em conformidade. Refere-se às decisões do Juiz onisciente a
respeito de situações humanas comuns, de maneira que as Escrituras se
constituem no padrão que deve
reger o relacionamento entre as pessoas. É emprega pela primeira vez para
descrever o procedimento de Abraão: “Porque Eu o escolhi para que ordene a seus
filhos e a sua casa depois dele, a fim de que guardem o caminho do Senhor, e
pratiquem a justiça e o juízo” (Gênesis 18.19). Nos Salmos 119
aparece 23 vezes (versículos 7, 13, 20, 30, 39, 43, 52, 62, 75, 84, 91
(ordenanças), 102, 106, 108, 120, 121, 132, 137, 149, 156, 160, 164, 175).
Justiça (zedeb),
de zadab – estar reto, direito, justo. Quando
comparado a primeira ocorrência em Levítico 19.15, com a segunda, 19.36, podemos deduzir que a palavra
tem referência especial ao equilíbrio daquilo que é justo, correto. É do
conhecimento de todos que a balança
é o símbolo da justiça. O salmista a
emprega 14 vezes neste salmo (versículos 7, 40, 62, 75, 106, 121, 123, 137, 138,
142, 144, 160, 164, 172).
Estatuto (hukka
- חֻקַּת),
de hakab – cortar, gravar, inscrever; portanto,
decretar ou ordenar. Contém a idéia da palavra escrita de Deus e a autoridade
de Sua palavra escrita. Refere-se da força obrigatória e do valor permanente
das Escrituras como Palavra de Deus. Sua primeira ocorrência está em Gênesis 26.5 – “Abraão guardou os Meus estatutos (preceitos)”. Nos Salmos 119
ocorre 22 vezes (versos
5, 8, 12, 16, 23, 26, 33, 48, 54, 64, 68, 71, 80, 83, 112, 117, 118, 124, 135,
145, 155, 17).
Palavra/Palavras (dabar
- דְּבָר
– debariym - דְּבָרִים) –
arranjar em uma fila, daí relatar no falar. A palavra falada, a palavra
revelada de Deus para a humanidade, quer seja falada ou escrita. Este é o termo
mais comum e abrange toda a verdade de Deus seja ela declarada, prometida ou ordenada,
"procedendo de Sua boca e revelada a nós".. Os “Dez
Mandamentos” em tradução literal seria as “Dez
Palavras”. Aparece pela primeira
vez em Gênesis 11.1
– “Ora em toda a terra havia uma linguagem e uma só maneira de falar (de usar as palavras)”. Nos Salmos 119
aparece 24 vezes (versículos 9, 16, 17, 25, 28, 42, 43, 49, 57, 65, 74,
81, 89, 101, 105, 107, 114, 130, 139, 147, 160, 161, 169).
Contam
que um rabino, bom conhecedor e amante entusiasta da Lei, que a tinha na ponta
da língua, de modo que sempre podia encontrar um versículo apropriado para
felicitar algum membro da comunidade por um acontecimento feliz, ou consolá-lo
em qualquer adversidade, ou para aconselhá-lo em uma dúvida, dizia sempre: “A Torá serve para tudo. Nào há situação na vida que
nào possa ser iluminada por um versículo da Torá". Um dia ele
foi preso e levado, como tantos outros judeus, para um campo de concentração
nazista. Mas mesmo ali continuava dizendo: “A
Torá serve para tudo, até para viver em um campo de concentração".
E confortava seus companheiros com citações da Lei. Finalmente foi levado, com
um grande grupo de correligionários, para a câmara de gás. E, quando estavam
para entrar, o rabino disse: “A Torá serve para
tudo, até para morrer". E também nessa provação extrema
encontrou palavras sagradas com as quais deu forças àqueles que iam morrer com
ele.
Quem dera os
evangélicos de hoje pudessem falar assim da Palavra de Deus!
Utilização
livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre
em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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Referências
Bibliográficas
ARNOLD, Bill T. e BEYER,
Bryan E. Descobrindo o Antigo Testamento. São Paulo: Cultura Cristã, 2001.
BAXTER, J. Sidlow. Examinai as Escrituras, v.3, São Paulo:
ed. Vida Nova, 1993.
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CALVINO, João. O livro
dos salmos. Tradução Valter Graciano Martins. São Paulo: Edições
Parakletos, 2002.
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Janeiro: Imago Ed., 1998. [Coleção Bereshit].
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KIDNER, Derek. Salmos
73-150 – introdução e comentário, v. 14. São Paulo: Sociedade Vida
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livro de Salmos, v.3 Tradução Valdemar Kroker e Haroldo Janzen. Rio de
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RODRIGUES, José
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sobre o Velho Testamento, v.1. Rio de Janeiro: 1921.
SCHREINER, Josef. Palavra
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Paulo: Editora Teológica, 2004.
[1] A autoria do salmo 119 é
desconhecida, embora alguns estudiosos a atribuam a Esdras. Aqueles que
atribuem a Esdras o Salmo 119 filiam-se à corrente de estudiosos que identifica
indícios de sua composição após o exílio babilônico. Os Pais da Igreja inicialmente
optaram por Davi, mas os Latinos preferiram deixar sem definição. Ainda outros
defendem a autoria por um dos profetas e os mais indicados seriam Jeremias e
Daniel.
[2] No transcorrer do tempo, o termo Torá
passou a ser usado para se referir principalmente à lei
de Moisés, ou seja, aos cinco primeiros livros do AT. Mais
acentuadamente durante e depois do Cativeiro (Diáspora) os judeus começaram a
considerar a Torá apenas como regras e normas a ser obedecido, e não como um
guia para um modo de vida no qual
deveríam levar em conta o espírito e o propósito da lei. Inevitavelmente
acabaram caindo na armadilha do legalismo. É justamente esse contexto espúrio
da interpretação legalista da Torá que Jesus condenou energicamente em sua
época (Mt 23.23-24). O Salmo 119 é o contraponto desta nefasta interpretação
legalista, pois o que importa para o salmista é expressar seu amor a Deus na
observância ou vivendo em harmonia com a vontade de Deus. Não há neste salmo
qualquer vestígio do conceito de retribuição, mas tão somente o desejo amoroso
de um coração crente por seu Deus e Salvador. Como falta isso no evangelismo
atual.
[3] É preciso lembrar sempre que não
havia disponibilidade de material didático de maneira que o ensino era feito
normalmente de forma oral. Assim, a forma literária acróstica com sua estrutura
peculiar e repetitiva era ideal para se poder ensinar a importância da Palavra
aos jovens e às crianças, que teriam uma maneira mais fácil de aprender e
memorizar o Salmo, pelo menos em partes, já que cada estrofe utiliza pelo menos
seis desses sinônimos e contém em si mesma um resumo de tudo o que o salmista
quer dizer.
[4]
As letras que compõem o alfabeto hebraico são na ordem: Álef, Bêt, Guimel, Dálet, He, Vav, Zaim, Hêt, Tét, Iode, Caf, Lámed, Mem,
Num,
Sâmeq, Áim,
Pê, Tsade,
Cof, Rêsh,
Shim/Sim e Tau.
[5] Além destes temos ainda dois outros
acrósticos: Provérbios 31:10—31 – O louvor da mulher virtuosa e Lamentações de Jeremias – Capítulos 1 a
4 dos quais o capítulo 3 é o mais
detalhado.
[6] Diferentemente dos acrósticos
encontrados na literatura da Mesopotâmia que é
representada por versos, as primeiras letras das linhas das quais formam um
nome ou frase (uma vez que a letra Akkadiana é silábica, não havia alfabeto
nele, e, portanto, também acrosticos alfabéticos) e referem-se
principalmente à primeira metade do primeiro milênio aC. e. Os
acrósticos egípcios são
sequências numéricas ou mensagens complexas que formam linhas horizontais e
verticais. Eles são principalmente baseados em trocadilhos que contribuem
para a solução desta tarefa estilística.
[7] Cristo mostrou o papel das Escrituras
para combater as artimnhas do diabo quando foi tentado (cf. Mt 4:1-11). Por
esta razão devemos como o salmista pedir continuamente a Deus que, em sua
bondade, nos ensine seus decretos e preceitos (119.12,26-27,29).
[8] Quando
um menino judeu vai completar os treze anos,
se torna maior de idade segundo a lei judaica, a sua família celebra
isso com bar mitzvah, porque ele se
torna então ‘filho do mandamento’, quer
dizer, é responsável a partir deste momento em obedecer os mandamentos por si.
[9] É muito interessante a forma com que
Paulo orienta o jovem pastor e sucessor dele, Timóteo: “Ordeno-lhe diante de
Deus, que dá vida a todos, e diante de Cristo Jesus, que deu um destemido
testemunho perante Pôncio Pilatos que você cumpra tudo quanto
Ele lhe mandou fazer, a fim de que ninguém ache nenhuma falta em
você, desde agora até a volta do nosso Senhor Jesus Cristo” (1Tm 6.13,14).
[10] O termo lei vem do verbo latino ligare, que significa “aquilo que liga”, ou legere, que significa “aquilo que se lê” é o conjunto de
normas recolhidas e escritas, baseadas na experiência das relações humanas, que
servem para ligar os factos ou os acontecimentos ao direito.
amem,amei esses estudo porque aprende um pouco
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