Autoria
A Tradição nos indica que Samuel escreveu o livro,
mas sua autoria é realmente incerta. Samuel pode ter reunido algumas das
histórias do período dos juízes e profetas assim como os profetas Natã e Gade
podem também ter participado da editoração do material (cf. 1 Cron. 29.29). O
comentarista bíblico J. Sidlow Baxter expõe a defesa da autoria de Samuel:
Não é certo quem foi o escritor
deste livro; alguns designam o rei Ezequias, outros indicam Esdras; mas os
escritores judeus geralmente é de opinião que foi escrito por Samuel que foi o
último dos juízes; e parece ser escrito claramente antes do reinado de Davi. O
próprio Samuel se refere aos anais deste livro; (cf. 1Sm. 12.9-11). Não há nenhuma dúvida de ser genuíno e
autêntico, e escrito por inspiração divina; como é evidente o uso que o
Apóstolo Paulo, e o autor da epístola aos Hebreus, fazem dele (cf. At. 13.20;
Heb 11.32). A pouca dúvida de que a maior parte do livro consiste dos registros
contemporâneos originais das diferentes tribos. Os detalhes minuciosos e
descritivos das narrativas, o cântico de Débora, a história de Jotão, a
mensagem de Jefté ao rei de Amom, a descrição exata do grande parlamento em
Mispa e muitas outras porções semelhantes devem ser documentos contemporâneos. Todavia,
ao mesmo tempo é evidente que esses documentos originais foram editados e
copilados posteriormente (1993, p.14-15).
Data: 1050-1000 a.C.
Título do Livro:[1] O livro deriva seu nome por causa daqueles líderes
chamado juízes “shophetim” que Deus estabeleceu em Israel para livra-los dos
seus opressores. O termo hebreu significa "juízes,
regras, ou salvadores".
Trazendo também a ideia de alguém que salva ou liberta e mantém a
justiça e resolve disputas, não trazendo, portanto, o conceito de rei ou
dinastia, que surgirá ao final deste período.
O título do livro é expresso melhor em 2.16, “E levantou o
SENHOR juízes, que os livraram da mão dos que os roubaram.” Em
última instância, porém, Deus era o Juiz e Salvador de Israel porque era o
próprio Deus que permitia as opressões, primeiro como disciplina divina a
apostasia repetida de Israel, e então envia os juízes para trazer libertação
depois que a nação se arrependia e clamava por ajuda (cf. 11.27 e 8.23).
Tema e Propósito: O contraste entre o momento de Josué e Juízes é tão
nítido quanto o dia e a noite. Israel vai da excitação da vitória para a agonia
da derrota, da liberdade para a opressão, e do avanço para o do retrocesso. O porquê
do livro?
Contexto Histórico: Os registros destes juízes é uma ponte, sobre o
buraco do tempo, entre Josué e o começo da monarquia com Saul e Davi. O fato de
a história estar estruturada em sete[2]
ciclos de declínio, opressão, súplica, e libertação,
se tornam simultaneamente uma explicação e argumento para a necessidade de uma
monarquia em Israel. Como cada um fazia o que era certo aos seus próprios olhos
(21.25), a nação precisava da liderança de um rei que tivesse compromisso com
Deus. Mas infelizmente poucos reis realmente cumpriram esse papel, a grande
maioria acabou por conduzir o povo à idolatria.
Contexto Doutrinário: Os Juízes
chamam nossa atenção para várias verdades importantes. Como Deus tinha
advertido em Deuteronômio, obediência traria bênçãos, mas os resultados da
desobediência seriam a disciplina e juízo de Deus. Mas o livro de Juízes também
nos fazem lembrar que quando as pessoas se voltam para o Senhor, clamando e se
arrependendo, Deus que é misericordioso e gracioso, responde com libertação e
salvação. A história de Juízes desenvolve seu tema descrevendo ciclos
de apostasia, seguido por um período de
opressão, como uma forma de disciplina divina, seguida por súplica
e arrependimento do povo e conclui sempre
com Deus levantando um juiz que libertará a nação de sua opressão.
Termos Relevantes: Mal (14 vezes), julgue, julgou, julgamento (22
vezes); Ciclos.
Versos Importantes: “Por onde quer que saiam a mão do SENHOR era contra
eles para mal, como o SENHOR tinha dito e como o SENHOR lhes tinha jurado; e
estavam em grande aperto. E levantou o SENHOR juízes, que os livraram da mão
dos que os roubaram.” (2.15-16) “Pelo que a ira do SENHOR se acendeu
contra Israel; e disse. Porquanto este povo traspassou o meu concerto que tinha
ordenado a seus pais e não deu ouvidos à minha voz. Tampouco desapossarei mais
de diante deles a nenhuma das nações que Josué deixou, morrendo; para por elas
provar a Israel, se hão de guardar o caminho do SENHOR, como seus pais o
guardaram, para por ele andarem ou não. Assim, o SENHOR deixou ficar aquelas
nações e não as desterrou logo, nem as entregou na mão de Josué.” (2.20-23) “Naqueles
dias, não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus
olhos.” (21.25).
Capítulos Centrais: Os capítulos 1-2 dão um
olhar para trás no que concerne ao pecado de Israel e um olhar para frente no
que concerne às consequências de seus pecados. Como tal, estes dois capítulos provêm
um tipo de avaliação dos assuntos centrais no livro. Um das chaves para o
fracasso de Israel é achado na frase repetida, eles "não
expulsaram" os moradores da terra (1.21, 27, 29, 30). Esta
desobediência logo cedo, era um ingrediente a mais, que acabaria por levar
Israel a fracassar em permanecer fiel ao Senhor. Então, o capítulo
2 nos fornece de antemão um resumo do restante do livro, onde se
registra o quadro dos ciclos de apostasia,
opressão, arrependimento e libertação.
Personagens Relevantes: Os Juízes - Otniel, Eúde,
Sangar, Débora e Baraque, Gideão, Tola e Jair,
Jefté, Ibsã, Elom, e Abdom
e Sansão. Os juízes mais conhecidos são Débora,
Gideão, e Sansão.
QUADRO DOS
PRINCIPAIS PERÍODOS DE SERVIDÃO E SEUS LIBERTADORES
|
||
Apostasia
|
Servidão
|
Libertador
|
3.5-8
|
Ao
rei da Mesopotâmia
8 anos
|
Otniel
(3.9-11)
|
3.12-14
|
Ao
rei de Moabe
18 anos
|
Eúde
(3.15-30) ( e Sangar, 31 )
|
4.1-3
|
Ao
rei de Canaã
20 anos
|
Débora
(4.5-31) (e Baraque)
|
6.1-10
|
Aos
midianitas
07 anos
|
Gideão
(6.11-8.35)
|
10.6-18
|
Aos
Filisteus etc.,
18 anos
|
Jefté
(11.1-12.7)
|
13.1
|
Aos
Filisteus
40 anos
|
Sansão
|
Cristo como Visto em Juizes: Assim como cada juiz funcionou como um juiz-libertador,
eles serviram como quadros da obra que o Senhor Jesus Cristo, o Juiz e
Salvador perfeito haveria de realizar por seu povo
escolhido.
Esboço. Juízes dividem-se facilmente em três seções. Deterioração (1.1-3.4),
Libertação (3.5-16.31),
e Depravação (17.1-21.25).
Todavia, alguns preferem dividir o livro a partir dos sete
ciclos de apostasia.
I. Deterioração - uma Introdução, a Razão para o Período dos Juízes
(1.1-3.6)
A. A Condição Política (1.1-36)
B.
A Condição Espiritual (2.1-3.6)
II. Libertação - a História e Regra do Período dos Juízes (3.7-16.31)
A. Opressão de Mesopotâmia e a Libertação de
Otniel (3.7-11)
B.
Opressão dos Moabitas e a Libertação de Eúde (3.12-30)
C. A Vitória de Sangar em cima dos Filisteus (3.31)
D.
Opressão dos Cananitas e Libertação por Débora e Barak (4.1-5.31)
E. Opressão dos Midianitas e a Libertação de Gideão (6.1-8.35)
F.
A Tirania de Abimeleque (9.1-57)
G. A magistratura de Tola (10.1-2)
H.
A magistratura de Jair (10.3-5)
I. Opressão dos Amonitas e a Libertação de Jefté (10.6-12.7)
J.
A magistratura de Ibsã (12.8-10)
K. A magistratura de Elon (12.11-12)
L.
A magistratura de Abdom (12.13-15)
M. Opressão Filistéia e a vida de Sansão (13.1-16.31)
III. Depravação - apostasia e anarquia, a Ruína do Período dos Juízes (17.1-21.25)
A. Mica e a Migração do
Danitas (17.1-18.31)
B.
A Guerra dos Benjamitas (19.1-21.25)
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes,
Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia
Protestante
http.//historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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Síntese
Bíblica – Juízes
Josué:
Introdução Geral
Uma Revisão desde a Divisão do Reino – Judá
História do Antigo Israel. Uma Revisão desde a Divisão
do Reino – Israel
Contexto Histórico do Novo Testamento. Judá e o
Domínio Persa
Historia do Antigo Israel. Judá e o Exílio Babilônico
Referências Bibliográficas
BALANCIN, Euclides Martins. História do Povo
de Deus. São Paulo. Paulus, 1989.
BAXTER, J. Sidlow. Examinai
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el siglo II d.C. Estella. Editorial Verbo Divio, 1998.
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DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. São
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DRANE, John (Org.) Enciclopédia da Bíblia. Tradução
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FRANCISCO, Clyde T. Introdução ao Velho
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GARDNER, Paul (Editor). Quem é quem na bíblia
sagrada – a história de todos os personagens da bíblia. Tradução de
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Halley, H. Manual Bíblico. São Paulo.
Sociedade Religiosa Edições Nova Vida, 1983.
HOFF, Paul. Os livros históricos. São
Paulo. Vida, 1996.
TENNEY, Merrill C. (Org.). Enciclopédia da
Bíblia. São Paulo. Cultura Cristã, 2008.
[1]
O título deste livro nas cópias hebréias é
“Sepher Shophetim”, o “Livro dos Juizes”; mas o Siriaco e intérpretes árabe o
chamam “o Livro dos Juízes dos filhos de
Israel” e a Septuaginta só "Juízes". Assim foi denominado, não porque foi escrito
por eles, ainda que alguns pensem que
foi compilado de anais e diários mantidos por eles; mas parece ser o trabalho
de uma só pessoa. a verdadeira razão de seu nome é, porque trata dos juízes de
Israel, dá conta das vidas e ações deles, e esta especialmente preocupado com
trabalho deles; que era bem distinto da função dos futuros reis, pois era ocasional, e centralizado no objetivo de
libertar o povo das mãos dos inimigos, quando oprimidos, afligidos, ou levados
cativo por eles; os juízes protegia o direitos e liberdade no país; conduzindo
os exércitos deles contra os inimigos
quando necessário; e resolvendo diferenças, julgando e administrando a
justiça segundo a lei. O governo da nação, durante o período deles, era uma
teocracia.
[2] O
numero sete na literatura bíblica sempre está relacionada com algo completo ou
seja esses sete períodos dos juízes indica que o tempo está completado.
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