segunda-feira, 5 de março de 2018

Juízes: Introdução Geral




Autoria
A Tradição nos indica que Samuel escreveu o livro, mas sua autoria é realmente incerta. Samuel pode ter reunido algumas das histórias do período dos juízes e profetas assim como os profetas Natã e Gade podem também ter participado da editoração do material (cf. 1 Cron. 29.29). O comentarista bíblico J. Sidlow Baxter expõe a defesa da autoria de Samuel:
Não é certo quem foi o escritor deste livro; alguns designam o rei Ezequias, outros indicam Esdras; mas os escritores judeus geralmente é de opinião que foi escrito por Samuel que foi o último dos juízes; e parece ser escrito claramente antes do reinado de Davi. O próprio Samuel se refere aos anais deste livro; (cf. 1Sm. 12.9-11).  Não há nenhuma dúvida de ser genuíno e autêntico, e escrito por inspiração divina; como é evidente o uso que o Apóstolo Paulo, e o autor da epístola aos Hebreus, fazem dele (cf. At. 13.20; Heb 11.32). A pouca dúvida de que a maior parte do livro consiste dos registros contemporâneos originais das diferentes tribos. Os detalhes minuciosos e descritivos das narrativas, o cântico de Débora, a história de Jotão, a mensagem de Jefté ao rei de Amom, a descrição exata do grande parlamento em Mispa e muitas outras porções semelhantes devem ser documentos contemporâneos. Todavia, ao mesmo tempo é evidente que esses documentos originais foram editados e copilados posteriormente (1993, p.14-15).

Data: 1050-1000 a.C.

Título do Livro:[1] O livro deriva seu nome por causa daqueles líderes chamado juízes “shophetim” que Deus estabeleceu em Israel para livra-los dos seus opressores. O termo hebreu significa "juízes, regras, ou salvadores".  Trazendo também a ideia de alguém que salva ou liberta e mantém a justiça e resolve disputas, não trazendo, portanto, o conceito de rei ou dinastia, que surgirá ao final deste período.  O título do livro é expresso melhor em 2.16, “E levantou o SENHOR juízes, que os livraram da mão dos que os roubaram.” Em última instância, porém, Deus era o Juiz e Salvador de Israel porque era o próprio Deus que permitia as opressões, primeiro como disciplina divina a apostasia repetida de Israel, e então envia os juízes para trazer libertação depois que a nação se arrependia e clamava por ajuda (cf. 11.27 e 8.23).

Tema e Propósito: O contraste entre o momento de Josué e Juízes é tão nítido quanto o dia e a noite. Israel vai da excitação da vitória para a agonia da derrota, da liberdade para a opressão, e do avanço para o do retrocesso. O porquê do livro?
Contexto Histórico: Os registros destes juízes é uma ponte, sobre o buraco do tempo, entre Josué e o começo da monarquia com Saul e Davi. O fato de a história estar estruturada em sete[2] ciclos de declínio, opressão, súplica, e libertação, se tornam simultaneamente uma explicação e argumento para a necessidade de uma monarquia em Israel. Como cada um fazia o que era certo aos seus próprios olhos (21.25), a nação precisava da liderança de um rei que tivesse compromisso com Deus. Mas infelizmente poucos reis realmente cumpriram esse papel, a grande maioria acabou por conduzir o povo à idolatria.
Contexto Doutrinário: Os Juízes chamam nossa atenção para várias verdades importantes. Como Deus tinha advertido em Deuteronômio, obediência traria bênçãos, mas os resultados da desobediência seriam a disciplina e juízo de Deus. Mas o livro de Juízes também nos fazem lembrar que quando as pessoas se voltam para o Senhor, clamando e se arrependendo, Deus que é misericordioso e gracioso, responde com libertação e salvação. A história de Juízes desenvolve seu tema descrevendo ciclos de apostasia, seguido por um período de opressão, como uma forma de disciplina divina, seguida por súplica e arrependimento do povo e conclui sempre com Deus levantando um juiz que libertará a nação de sua opressão.

Termos Relevantes: Mal (14 vezes), julgue, julgou, julgamento (22 vezes); Ciclos.

Versos Importantes: “Por onde quer que saiam a mão do SENHOR era contra eles para mal, como o SENHOR tinha dito e como o SENHOR lhes tinha jurado; e estavam em grande aperto. E levantou o SENHOR juízes, que os livraram da mão dos que os roubaram.” (2.15-16) “Pelo que a ira do SENHOR se acendeu contra Israel; e disse. Porquanto este povo traspassou o meu concerto que tinha ordenado a seus pais e não deu ouvidos à minha voz. Tampouco desapossarei mais de diante deles a nenhuma das nações que Josué deixou, morrendo; para por elas provar a Israel, se hão de guardar o caminho do SENHOR, como seus pais o guardaram, para por ele andarem ou não. Assim, o SENHOR deixou ficar aquelas nações e não as desterrou logo, nem as entregou na mão de Josué.” (2.20-23) “Naqueles dias, não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos.” (21.25).

Capítulos Centrais: Os capítulos 1-2 dão um olhar para trás no que concerne ao pecado de Israel e um olhar para frente no que concerne às consequências de seus pecados. Como tal, estes dois capítulos provêm um tipo de avaliação dos assuntos centrais no livro. Um das chaves para o fracasso de Israel é achado na frase repetida, eles "não expulsaram" os moradores da terra (1.21, 27, 29, 30). Esta desobediência logo cedo, era um ingrediente a mais, que acabaria por levar Israel a fracassar em permanecer fiel ao Senhor. Então, o capítulo 2 nos fornece de antemão um resumo do restante do livro, onde se registra o quadro dos ciclos de apostasia, opressão, arrependimento e libertação.

Personagens Relevantes: Os Juízes - Otniel, Eúde, Sangar, Débora e Baraque, Gideão, Tola e Jair, Jefté, Ibsã, Elom, e Abdom e Sansão. Os juízes mais conhecidos são Débora, Gideão, e Sansão.

QUADRO DOS PRINCIPAIS PERÍODOS DE SERVIDÃO E SEUS LIBERTADORES
Apostasia
Servidão
Libertador
3.5-8

Ao rei da Mesopotâmia
8 anos
Otniel (3.9-11)

3.12-14

Ao rei de Moabe
18 anos
Eúde (3.15-30) ( e  Sangar, 31 )
4.1-3
Ao rei de Canaã
20 anos
Débora (4.5-31) (e Baraque)
6.1-10

Aos midianitas
07 anos
Gideão (6.11-8.35)

10.6-18

Aos Filisteus etc.,
18 anos
Jefté (11.1-12.7)

13.1

Aos Filisteus
40 anos
Sansão


Cristo como Visto em Juizes: Assim como cada juiz funcionou como um juiz-libertador, eles serviram como quadros da obra que o Senhor Jesus Cristo, o Juiz e Salvador perfeito haveria de realizar por seu povo escolhido.

Esboço. Juízes dividem-se facilmente em três seções. Deterioração (1.1-3.4), Libertação (3.5-16.31), e Depravação (17.1-21.25). Todavia, alguns preferem dividir o livro a partir dos sete ciclos de apostasia.
I. Deterioração - uma Introdução, a Razão para o Período dos Juízes (1.1-3.6)
A. A Condição Política (1.1-36)
B. A Condição Espiritual (2.1-3.6)
II. Libertação - a História e Regra do Período dos Juízes (3.7-16.31)
A. Opressão de Mesopotâmia e a Libertação de Otniel  (3.7-11)
B. Opressão dos Moabitas e a Libertação de Eúde     (3.12-30)
C. A Vitória de Sangar em cima dos Filisteus (3.31)
D. Opressão dos Cananitas e Libertação por Débora e Barak (4.1-5.31)
E. Opressão dos Midianitas e a Libertação de Gideão (6.1-8.35)
F. A Tirania de Abimeleque (9.1-57)
G. A magistratura de Tola (10.1-2)
H. A magistratura de Jair (10.3-5)
I. Opressão dos Amonitas e a Libertação de Jefté (10.6-12.7)
J. A magistratura de Ibsã (12.8-10)
K. A magistratura de Elon (12.11-12)
L. A magistratura de Abdom (12.13-15)
M. Opressão Filistéia e a vida de Sansão (13.1-16.31)
III. Depravação - apostasia e anarquia, a Ruína do Período dos Juízes (17.1-21.25)
A. Mica e a Migração do Danitas (17.1-18.31)
B. A Guerra dos Benjamitas (19.1-21.25)

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http.//historiologiaprotestante.blogspot.com.br/

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Referências Bibliográficas
BALANCIN, Euclides Martins. História do Povo de Deus. São Paulo. Paulus, 1989.
BAXTER, J. Sidlow. Examinai as Escrituras – Juízes a Ester, ed. Vida Nova, São Paulo, 1993.
BRIGTH, Jonh. História de Israel. 7ª. ed. São Paulo. Paulus, 2003.
CASTEL, Francois. Historia de Israel y de Judá. Desde los orígenes hasta el siglo II d.C. Estella. Editorial Verbo Divio, 1998.
CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. São Paulo. Hagnos, 2006, 8ª ed.
DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo. Vida Nova, 1995.
DRANE, John (Org.) Enciclopédia da Bíblia. Tradução Barbara Theoto Lambert. São Paulo. Edições Paulinas e Edições Loyola, 2009.
FOHRER, Georg. História da religião de Israel. Tradução de Josué Xavier; Revisão de João Bosco de Lavor Medeiros. São Paulo. Edições Paulinas, 1982.
FRANCISCO, Clyde T.  Introdução ao Velho Testamento. Rio de Janeiro. JUERP, 1969. 
GARDNER, Paul (Editor). Quem é quem na bíblia sagrada – a história de todos os personagens da bíblia. Tradução de Josué Ribeiro. São Paulo. Vida, 1999.
Halley, H. Manual Bíblico. São Paulo. Sociedade Religiosa Edições Nova Vida, 1983.
HOFF, Paul.  Os livros históricos. São Paulo. Vida, 1996.
TENNEY, Merrill C. (Org.). Enciclopédia da Bíblia. São Paulo. Cultura Cristã, 2008.



[1] O título deste livro nas cópias hebréias é “Sepher Shophetim”, o “Livro dos Juizes”; mas o Siriaco e intérpretes árabe o chamam  “o Livro dos Juízes dos filhos de Israel”  e a  Septuaginta só "Juízes".  Assim foi denominado, não porque foi escrito por eles, ainda que alguns  pensem que foi compilado de anais e diários mantidos por eles; mas parece ser o trabalho de uma só pessoa. a verdadeira razão de seu nome é, porque trata dos juízes de Israel, dá conta das vidas e ações deles, e esta especialmente preocupado com trabalho deles; que era bem distinto da função dos futuros reis, pois era  ocasional, e centralizado no objetivo de libertar o povo das mãos dos inimigos, quando oprimidos, afligidos, ou levados cativo por eles; os juízes protegia o direitos e liberdade no país; conduzindo os exércitos deles contra os inimigos  quando necessário; e resolvendo diferenças, julgando e administrando a justiça segundo a lei. O governo da nação, durante o período deles, era uma teocracia.
[2] O numero sete na literatura bíblica sempre está relacionada com algo completo ou seja esses sete períodos dos juízes indica que o tempo está completado.

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