“Alguém disse que há duas classes de pregadores: os
bons que tem algo a dizer e os medíocres que têm que dizer algo. Porém, há outro
tipo e mais elevado: consiste naqueles que uma vez tendo algo a dizer, tem que
dizê-lo. Assim são os profetas” (Knudson).
Na
história passada e recente do Brasil nunca estivemos envolvidos por um
turbilhão de caos tão grande e tão intenso como nessa última década. Vivemos em
uma Sociedade totalmente acefálica no que concerne à ética e à moral; uma
Sociedade egocêntrica e hedonista; uma Sociedade que perdeu totalmente a
consciência de Deus e a sua Palavra. O que aconteceu? Por que chegamos a esta
situação crítica e desesperadora? Uma resposta simples e direta: Perdemos a Voz Profética.
Mas
diferentemente do que alguns possam estar pensando, o exercício dessa Voz
Profética não pode ficar na dependência de alguns “especialistas”; não pode
ficar à mercê dos doutores em teologia; não pode depender apenas dos ocupantes
dos púlpitos, sejam quais forem os títulos por eles ostentados (pastor,
apóstolo, bispo, e tantos outros). Refiro-me às palavras de Moisés: “OXALÁ TODO O POVO FOSSE PROFETA!” (Nm
11.29).
Sim,
eu e você e cada um de nós deveríamos exercer esta função nobre e fundamental
para a existência de uma nação saudável. A Voz Profética é responsabilidade de cada
cidadão brasileiro que tem adquirido o conhecimento da Palavra de Deus. No
silêncio está implícita uma concordância mórbida com o caos reinante nesta
nação. No permanecer calado há uma conformação com toda sorte de promiscuidade
moral ética que corrói os fundamentos deste país e que na continuidade deste
processo o Brasil chegará à plena ruína em todas as suas instâncias
política-econômica-social.
Houve
apenas um único e isolado período histórico brasileiro em que a mensagem
contundente e poderosa dos profetas bíblicos foi estudada com ávido interesse e
proclamada a plenos pulmões - o período das décadas de 50 e 60 do século XX.
Nesse
recorte histórico uma parcela expressiva dos evangélicos brasileiros, em sua
esmagadora maioria jovens, imbuídos de um espírito contestador, ousou encarnar
com suor, sangue e lágrimas, as mensagens dos profetas conforme registradas e
preservadas no Primeiro Testamento e/ou Bíblia Hebraica.
Mas
como ocorreu nos registros bíblicos, a mensagem profética foi mal compreendida
pelos ouvintes e seus proclamadores foram rejeitados pelas lideranças
eclesiásticas com toda sorte de coação, incluindo a perseguição e morte.
A
mensagem dos profetas bíblicos nunca foi popular e jamais agradou aos ouvidos
sensíveis quer das massas que sempre anseiam conquistar direitos, sem a
contrapartida dos deveres; quer dos líderes religiosos, que ávidos pelo poder e
as benesses advindas dele rejeitam e até matam para que seus status quo não
sejam alterados.
A
Sociedade brasileira está moribunda e a religião totalmente subvertida aos
interesses mesquinhos de uma casta de líderes abduzidos pela insanidade da
riqueza e da luxuria, proveniente de suas funções religiosas. Deste modo, se
faz urgente que se levante vozes que se disponham a resgatar as mensagens dos
profetas bíblicos e as proclamarem com determinação e destemor. Pois, assim
como ocorreu nos dias antigos, a única esperança para os dias atuais está
contida nessas mensagens preservas nas páginas da velha bíblia de nossos pais.
O
genuíno profetismo está gravado na memória dos vários profetas do mundo bíblico
que fizeram diferença na história do seu povo. Eles não optaram pela cômoda
posição de “equidistância”
ou de “neutralidade”,
mas assumiram a responsabilidade diante do chamado de Deus e com coragem e
ousadia foram feitos porta-vozes de Deus no anúncio de sua mensagem.
Porta-vozes que denunciaram as injustiças, as iniquidades, às violências e
anunciaram um novo tempo de esperança, de justiça, de paz, e por está razão se
tornaram luzeiros resplandecentes em meio a tensas trevas para seus
contemporâneos.
Portanto,
ao Brasil resta apenas uma esperança – que entre e dentre nós se levante e se
multipliquem a Voz Profética – que haverá como sempre fez em toda História
humana de transformar o caos em ordem e harmonia. Somente quando os cidadãos
brasileiros, conhecedores da Palavra de Deus, exercerem seu ofício de Voz Profética, nosso País será novamente
uma Nação justa e benfazeja para com todos os seus cidadãos.
O modelo de Voz Profética não poderia ser
encontrado em outro lugar a não ser nas páginas da Bíblia. É preciso, portanto,
redescobrir onde a Voz Profética se originou e de que maneira ela foi exercida.
Assim
sendo, esse livro tem duas partes que se complementam: na primeira parte vamos
resgatar as origens do oficio profético e seus diversos significados; na
segunda parte vamos acompanhar o exercício deste oficio profético na vida e atividades
do profeta Amós.
Esta
é a proposta singular deste livro, cuja a única pretensão é contribuir para que
esta grande Nação brasileira, possa voltar a ser a nossa “Pátria Amada, Brasil! ”
Utilização
livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre
em Ciências da Religião.
Universidade
Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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Diversidades Contextuais
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SICRE, José Luís. Profetismo
em Israel – o profeta, os profetas, a mensagem. Tradução: João Luís
Baraúna. Petrópolis: Editora Vozes, 2002.
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