quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O MUNDO DO APOSTOLO PAULO: A Moral

 Coliseu, de Roma. O Anfiteatro Flaviano, dedicado a Tito em 80 d.C., era de 188 m por 156 m, 
com uma altura de 57 metros. (Cortesia Philip Gendreau)

A orientação moral e o mundo helenista estavam fundamentadas tanto na filosofia quanto na religião. A religião estava centrada muito mais nos ritos externos do que em uma transformação interna. A filosofia é quem tinha a responsabilidade de orientar as pessoas em sua forma de viver. Os filósofos davam especial atenção às questões como a virtude, a amizade e a responsabilidade cívica.
O historiador Everett Ferguson (2003) sinaliza que as evidências do período greco-romano indicam que muitas pessoas viviam vidas bastante virtuosas. As inscrições em tumbas, por exemplo, incluem elogios a maridos e esposas por sua bondade e fidelidade.
Todavia, apesar deste esforço, a história revela uma cultura moralmente depravada no primeiro século. A linguagem grega é carregada em termos conectados à questão sexual, o que indica uma preocupação muito grande com este aspecto da vida. Como já foi mencionado no artigo anterior, o adultério era encarado com certa normalidade. O meretrício era algo completamente inserido no cotidiano dos homens. O homossexualismo era abertamente defendido e incentivado. Nos templos havia os serviços prestados pelas sacerdotisas sexuais que faziam parte integrante das cerimônias ali realizadas.
O mundo helenista tinha em baixa conta o valor da vida humana. A forma como as crianças eram tratadas revelam este menosprezo. Os bebes não desejados, frequentemente mulheres, eram jogadas fora ou abandonadas com alguma parte retirada para que morressem. Podiam ser tomadas para ser usadas, vendidas como escravas ou podiam servir como prostitutas.
A brutalidade e violência desta época pode ser mais claramente vista nos jogos realizados nos anfiteatros romanos. Ferguson (2003, p. 102) destaca que:
“os anfiteatros do ocidente testificam o desejo de sangue do império. Os espetáculos de combates entre gladiadores, homem contra homem, homem contra animal e animal contra animal, atraiam multidões enormes e era o contraponto dos teatros gregos e os jogos atléticos em sua popularidade”.
As execuções eram consideradas menos emocionantes do que os combates mortais. Em consequência, quando se incluíam execuções no programa do dia, somente eram realizadas durante o recesso para o almoço. Uma das formas de eliminar os criminosos era vesti-los com peles de animais e coloca-los na arena com animais selvagens famintos.
Esta brutalidade se estendeu aos cristãos nos tempos de perseguição por parte de vários imperadores romanos. O Livro dos Mártires de Fox registra que Nero ordenou que os cristãos fossem lançados aos animais selvagens. Que também os cobria com cera e os pendurava em arvores para que fossem queimados como tochas gigantescas em seus jardins.
A este mundo de imoralidade e brutalidade chegou a mensagem de amor e justiça que se encontram em Jesus. Como ocorreu com o judaísmo antes, o cristianismo junto a religião com a moralidade. Revelou a norma de bondade de Deus e o amor sacrificial de Cisto, e propuseram realizar tal tarefa na dependência da obra regeneradora do Espirito fundamentada na obra realizada por Cristo na cruz.
Somente após a cristianização do Império Romano por Constantino, as legislações foram sendo alteradas e tais crueldades foram sendo proibidas. A primeira proibição ocorreu em um decreto de 325 d.C., mas somente em 430 d.C. tais práticas vil e degradante foram totalmente inibidas.
Infelizmente hoje a religião e a ética estão divorciadas litigiosamente. Os resultados desta dicotomia podem ser vistos todos os dias nos jornais e meios de comunicação. ENTRETANTO, como aconteceu no primeiro século, os cristãos continuam tendo uma mensagem de graça e esperança para a sociedade. Deus não apenas nos disse o que é bom, como também nos torna habilitados a fazermos o bem.


Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/



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Referência Bibliográfica
FERGUSON, Everett. Backgrounds of early christianity, third Edition. Michigan: William B. Eerdmans Publishing Company Grand Rapids, 2003.
DUNN, James D. G. A Nova Perspectiva Sobre Paulo. São Paulo: ed. Academia Cristã/Paulus, 2011.

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