Ele
acordou naquela manhã com um forte sentimento de que aquele seria um dia
diferente. Se lhe perguntassem o porquê ele não saberia responder, mas o seu
coração lhe dizia que algo especial estava para acontecer em sua vida.
Desde quando nasceu
Bartimeu foi impedido de ver. Todos os anos de sua vida foram passados numa
profunda escuridão. Podia ouvir muito bem e suas mãos adquiriram ao longo dos
anos uma capacidade extraordinária de sentir as coisas ou pessoas de maneira
que aprendera a imaginar suas formas e aparências. Seu olfato era tão sensível
que dificilmente alguém poderia se aproximar dele sem que fosse notado e as
pessoas mais próximas eles os identificava mesmo em meio a um grupo maior de
pessoas.
Mas
apesar de tudo isto, ele não podia enxergar. Jamais pode olhar o rosto de sua
amada mãe querida ou de seu pai Timeu; nunca pode ver os tons maravilhosos do
nascer do sol ou seus tons pastéis ao se por no horizonte. Podia pegar, sentir
e imaginar, mas jamais pode ver as cores delicadas de uma flor.
Ainda quando criança
Bartimeu sonhava constantemente de que ao acordar abriria os olhos e pela
primeira vez poderia ver. Muitas vezes acordava impulsionado pelo sonho, para
apenas bater de frente com a dura realidade da escuridão total. Agora após os
longos anos ele não sonha mais e nem acorda com qualquer esperança de mudança.
Daí
a sua surpresa ainda maior pelo sentimento que permeou toda sua alma e que
mesmo contrariando sua razão teima em permanecer em sua mente, de que algo novo
vai acontecer.
Como
todos os dias, prepara-se para sair e se posicionar à beira da estrada que via
para Jericó, afim de receber de alguma pessoa generosa alguma moeda, que ao
final do sai lhe possibilitaria comprar o necessário para sua sobrevivência.
Logo
ao sair de casa percebe que há um movimento diferente, uma agitação maior das
pessoas. Muitas vozes, homens e mulheres e até crianças, todas comentando e
falando ao mesmo tempo. Mesmo em dias de festas ele percebera tanta agitação.
Na
medida em que se aproxima da estrada principal nota sem qualquer esforço que a
movimentação de pessoas é exageradamente maior do que qualquer outro dia.
Certamente alguém muito importante vai passar pela estrada hoje. Será alguma
autoridade romana, o rei Herodes ou Pôncio Pilatos o atual prefeito de Jerusalém,
ou ainda, o Sumo Sacerdote Caifás ou algum grande Mestre da Torá. Mas por mais
que use sua imaginação e procure em suas memórias, jamais ouvira e sentira tão
grande agitação por parte de tantas pessoas.
Seus
ouvidos sensíveis ficam ainda mais atentos para captar qualquer informação: é o
Nazareno ouve uma mulher falando a uma outra; o Galileu diz um homem a alguns
outros; ele está indo para Jerusalém alguém mais distante grita; sim ele tem
feito muitos milagres afirma alguém num tom cheio de convicção; ele comeu na
casa de um cobrador de impostos, que absurdo, comenta outro com voz de total
desaprovação; nunca vi uma multidão tão grande afirma alguém passando pertinho
de Bartimeu.
Ele
precisa saber quem realmente é esta pessoa que tem causado tanto alvoroço.
Tenta parar alguém, mas todos querem se posicionar melhor para ver tão
importante personagem. Tateando consegue segurar no braço de um jovem, que no
primeiro momento tenta se desvencilhar, mas diante de sua insistência em não
soltá-lo dá-lhe atenção: informa que o nome da pessoa é Jesus, que ele realizou
muitos milagres, que seus ensinos tem irritado muitos os fariseus e escribas e
que ao passar por Jericó entrou na casa do maior coletor de impostos da cidade,
o baixinho Zaqueu. Soltando o braço o rapaz afastou-se rapidamente balbuciando
mais algumas informações que se perderam em meio ao tumulto crescente da
multidão.
Rapidamente
Bartimeu processa as informações recebidas e começa a fazer ligações com
algumas outras que ouvira de pessoas que viajam por aquela estrada. Sim, agora
se lembra de que certa vez alguém comentou de um jovem rabi que encantava as
multidões ensinando com uma autoridade que jamais havia sido vista. Em outra
ocasião uma senhora comentou que vinha da vila de Naim onde fora comprovar a notícia
de que o único filho de uma viúva fora ressuscitado por um tal de Jesus. Ainda se
lembrou de alguns homens que passando por ali discutiam em voz alta sobre este
Jesus que tinha a ousadia de dizer que era o Filho de Davi que os profetas
tanto anunciaram que viria para realizar a obra messiânica da salvação de
Israel e de todas as nações.
O
coração de Bartimeu disparou. Se Jesus de fato estava para passar ali ele não
podia de forma alguma perde esta oportunidade. Ele precisava falar com Jesus de
qualquer maneira.
O
barulho da multidão torna-se ensurdecedor – são centenas de pessoas que se
atropelam tentando se aproximar de Jesus e todos falando e gritando para chamar
a atenção dele.
Bartimeu
sabe que esta é sua grande oportunidade, sabe que esta é a sua hora. Percebe
que Jesus está próximo e começa a gritar com toda força de seus pulmões: JESUS , FILHO DE DAVI, TÊM MISERICÓRDIA DE
MIM!
Imediatamente
as pessoas mais perto dele o mandam calar a boca. Mas Bartimeu não lhes dá a
mínima atenção e cada vez mais alto continua a gritar: FILHO DE DAVI, TÊM MISERICÓRDIA DE MIM!
Quando
seu clamor pareceu se perder em meio ao grande barulho da multidão, eis que de
repente, um grande hiato se faz e alguém segura suas mãos e diz: Anima-te, pois Jesus quer falar com você!
Bartimeu
não acredita no que está ouvindo, mas antes que sua mente processe a
informação, seus pés e pernas já o está impulsionando para frete. Joga para
longe a velha e corroída capa que sempre trazia consigo e sem saber como se
coloca frente a frente com Jesus.
A
multidão como que pressentindo que algo especial vai acontecer, cala-se
completamente. Os ouvidos sensíveis de Bartimeu capta apenas respirações
ofegantes e podia como que sentir os olhares da multidão depositas em Jesus e
nele.
Então,
a voz inconfundível de Jesus chega aos seus ouvidos: “Que queres que te faça?” Bartimeu como quem sonha responde e sem
qualquer dúvida responde: “Senhor, que
eu veja! ” E antes que pudesse dizer
qualquer outra coisa, Jesus diz: “Vê, a
tua fé te salvou” e ele imediatamente passou a ver. A multidão explode em
frases de louvor e glória a Deus. Muitos daqueles que ali estavam o conheciam desde
criança e conhecia sua triste história de cegueira.
Bartimeu
extravasa toda sua alegria – pulando como criança e gritando frases desconexas
de gratidão a Deus. E agora ele próprio faz parte da grande comitiva que
continua a seguir a Jesus pela estrada rumo a Jerusalém.
Agora
ele pode ver os rostos das pessoas e suas roupas coloridas; pode contemplar a
beleza da vegetação à beira da estrada. Bendito seja o nome do Senhor Jesus!
Meu
querido amigo(a), talvez como aquele cego Bartimeu você acordo com uma sensação
de que algo maravilhoso vai acontecer HOJE
em sua vida. E se alguém lhe perguntasse você também não saberia responder o
que ou o porquê desta sensação.
Meu amigo(a)
quem sabe você também não tem estado à beira da estrada da vida e HOJE não é o dia em que Jesus, o Filho
de Davi, o Salvador vai estar passando por você.
Esta
é a sua HORA, não deixe para outro
dia, clame neste exato momento – JESUS,
FILHO DE DAVI, TEM MISERICÓRDIA DE MIM!
Não
se importe com aqueles que vão te mandar calar. Não se incomode com aqueles que
vão ridicularizar esta sua decisão de fé. Não dê ouvidos para os que não podem
lhe salvar a alma.
Clame
com todo o seu coração: JESUS, FILHO DE
DAVI, TEM MISERICÓRDIA DE MIM!
E Aquele, que jamais deixou de ouvir os
Bartimeus da vida, haverá parar e abrir seus olhos espirituais, curar sua alma
e dar-lhe a salvação eterna.
E
como Bartimeu a tantos séculos atrás, você também haverá de seguir a Jesus, louvando-o e glorificando seu
bendito nome.
Referências: Mateus 9.27; Marcos 10.46-52; Lucas 18.35)
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
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Historiologia Protestante
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