O
grande diferencial da mensagem cristã do primeiro século estava na conexão
entre a retórica e a pratica. Para poderem serem ouvidos em meio ao barulho
ensurdecedor da sociedade greco-romana e atrair a atenção das pessoas era
preciso um testemunho impactante e instigante.
Como
os cristãos eram vistos pelos de fora? O escritor da epístola a Diagoneto,
escrita provavelmente no início do segundo século se refere aos cristãos nestes
termos:
“Se casam como todos; tem filhos, porém não matam seus
descendentes. Tem uma mesa comum, porém não uma cama comum. Estão na carne,
porém não vivem na carne. Passam seus dias na terra, porém são cidadãos do céu.
Obedecem a lei em vigor e ao mesmo tempo vão muito além das exigências da lei
em suas vidas. Amam a todos os homens e são perseguidos por todos”
Se
suas vidas eram assim tão exemplares, por que eles atraiam tantos problemas?
Duas razões principais era a falta de disposição em participar dos rituais
religiosos e o fato de não se inclinarem diante das imagens dos imperadores
(considerados deuses).
Como
sabemos os cultos cívicos eram fundamentais na estrutura social daqueles dias.
As pessoas criam que os deuses exigiam sacrifícios e outras cerimônias caso
contrário acabariam por se irritarem e descarregarem sua ira sobre toda a
população. A recusa dos cristãos em participarem das cerimônias era entendida
como motivo de irritação aos deuses.
A
outra questão era o culto ao imperador. Quando Roma conquistou o mundo
ocidental, os governantes viram quanto a religião era importante para os povos
conquistados. Ao invés de combatê-los, eles optaram por se aproveitar desta
situação e começaram a colocar imagens dos imperadores romanos nos lugares de
culto, juntos às imagens dos outros deuses. Isto nunca foi problema para os
gregos. Aparte o fato de que os romanos eram os governantes de plantão, os
gregos não eram exclusivistas em seus cultos, de maneira que adorar uma
determinada deidade não o impedia de adorar a outras também.
Entretanto,
para os cristãos Jesus era o único Senhor e não podia haver qualquer outro deus
em Seu lugar e por esta razão não podiam inclinar-se diante de nada que se
atribuísse autoridade divina, incluindo o imperador. Assim, como para os
romanos o imperador representava o Estado, recusar-se a inclinar-se diante de
sua imagem era se colocar em oposição ao próprio império.
Por
causa destas atitudes, os cristãos eram chamados de ateus e inimigos do Estado.
O comportamento radical deles deixava seus contemporâneos desconcertados. Por
que não simulam apenas? Afinal, um deus a mais ou amenos não faria qualquer
diferença! A grande maioria das pessoas nem sequer criam nos deuses a quem
faziam sacrifícios. E, era evidente que não havia qualquer conexão entre a
religião professada e a ética, as atividades religiosas deles não afetavam sua
vida moral. Por tudo isto, ficava muito difícil às pessoas entenderem o
comportamento radical dos cristãos. A razão pela qual Paulo e seus companheiros
não podiam inclinar-se ante os imperadores e outras imagens era que a idolatria
se constituía em pecado abominável no ensino da igreja primitiva.
O cristão daqueles primeiros dias tinha
que decidir até onde poderia conformar-se com a sociedade e até onde
comprometeriam sua fé. Havia uma diferença de
opinião entre o que era apropriado e o que não era apropriado. Porém era claro
que todo aquele que se identificava como cristão teria que se posicionar
radicalmente sobre um ponto: Jesus Cristo é Senhor, e não há outro.
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes,
Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia
Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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Referência Bibliográfica
DUNN, James D. G. A Nova Perspectiva Sobre Paulo. São
Paulo: ed. Academia Cristã/Paulus, 2011.
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