A
Importância
O ponto central para entendermos Paulo e seus escritos é o
seu encontro com o Cristo ressurreto ou o que chamamos de conversão. No livro
de Atos encontramos três relatos deste momento marcante na vida do Apóstolo
(9.1-19; 22.3-21; 26.9-20)[1].
Qual é o aspecto determinante para Paulo neste momento
exato de sua conversão? Sem dúvida alguma o fato de “Cristo vive!”
Ao experimentar esta profunda e radical conversão no
caminho de Damasco, Paulo sentiu-se totalmente desapegado de sua vida. Naquele
instante os valores mais nobres pelos quais ele está disposto a viver e morrer
desvaneceu-se totalmente, pois outros muito mais elevados surgiram diante dele,
como ele mesmo declara: “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda
por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da
sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual
perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo” (Fp
3.7,8, comparando com Mt 16.26).
A conversão de Paulo vai remodelar completamente a sua
teologia. As mudanças não são apenas pequenos ajustes, mas uma ruptura com uma
antiga teologia para se estabelecer uma nova teologia e isto pode ser visto no
uso grande de paradoxos que ele utiliza em suas diversas correspondências.
Desde seu encontro com o Senhor Jesus, Paulo se dedicará
por completo à missão de anunciar a Cristo a todos os povos. Esta missão lhe
foi dada pelo próprio Cristo: “Vai, porque este é para mim um instrumento
escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como
perante os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer
pelo meu nome” (Atos 9.15,16). E esta é a vocação na qual ele se glória: “por
causa da graça que me foi outorgada por Deus, para que eu seja ministro de
Cristo Jesus entre os gentios, no sagrado encargo de anunciar o evangelho de
Deus, de modo que a oferta deles seja aceitável, uma vez santificada pelo
Espírito Santo” (Rm 15.15,16). É por esta razão que ele se denomina Apóstolo,
pois se dedicou a anunciar o evangelho aonde ainda não havia sido anunciado (Rm
15.20). Se apresentava como apóstolo por vocação, separado para o Evangelho de
Deus (Rm 1.1), devedor a todos (Rm 1.14) e não via ou podia imaginar fazer
outra coisa a não ser gastar sua vida para anunciar o Evangelho (1 Co 9.16).
A
Data da Conversão
Para Lucas existe uma conexão entre a morte de Estevão e a
conversão de Paulo (Atos 7.60-8.1). Não transparece na narrativa que houvesse
muito tempo entre as perseguições aos cristãos em Jerusalém e adjacências e a
missão de Saulo a Damasco.
Com base nas indicações cronológicas fornecidas por Paulo
em sua correspondência aos gálatas (1.8; 2.1) e colocando o Concílio de
Jerusalém em 49 d.C., podemos auferir uma data próxima de 37/36 d.C. para o
momento de sua conversão. Se de fato quando do martírio de Estevão ele ainda
era um “jovem” (entre 24-40 anos), sua experiência em Damasco ocorreu com 29-30
anos, portanto, seu nascimento seria em torno de 6/7 d.C.
Um fato político de pano de fundo seria o regresso de
Poncio Pilatos, prefeito da Judéia, ter regressado à Roma, por volta do ano 36.
A chegada de um novo prefeito à Jerusalém, com pouco conhecimento dos últimos
acontecimentos e mudanças no sistema religioso judaico, foi uma ocasião
propicia para uma sistemática perseguição aos “hereges cristãos” que acabou
culminando na morte trágica de Estevão e a subsequente perseguição à igreja de
Jerusalém (Atos 6.87-90; 8.1). Sendo assim, a conversão de Paulo esteve
relacionada com estes acontecimentos. Estamos nos tempos do imperador Tibério.
Utilização livre desde que
citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da
Religião.
Universidade Presbiteriana
Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br//
Artigos Relacionados
NT Introdução Geral - http://reflexaoipg.blogspot.com.br/search/label/NT%20-%20Introdu%C3%A7%C3%A3o%20Geral
[1] Cada
texto aponta algum aspecto da vocação de Paulo: em 9 destaca o papel de
Ananias, encarregado de introduzir Paulo na comunidade cristã; em Jerusalém
(22) insiste em seu passado de judeu zeloso para explicar sua atuação como
perseguidor; ratifica sua vocação de Apóstolo dos gentios; ante Festo e Agripa (26)
faz um comentário da mensagem recebida no caminho de Damasco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário