terça-feira, 5 de julho de 2016

PAULO - Sua Conversão

A Importância
O ponto central para entendermos Paulo e seus escritos é o seu encontro com o Cristo ressurreto ou o que chamamos de conversão. No livro de Atos encontramos três relatos deste momento marcante na vida do Apóstolo (9.1-19; 22.3-21; 26.9-20)[1].
Qual é o aspecto determinante para Paulo neste momento exato de sua conversão? Sem dúvida alguma o fato de “Cristo vive!”
Ao experimentar esta profunda e radical conversão no caminho de Damasco, Paulo sentiu-se totalmente desapegado de sua vida. Naquele instante os valores mais nobres pelos quais ele está disposto a viver e morrer desvaneceu-se totalmente, pois outros muito mais elevados surgiram diante dele, como ele mesmo declara: “Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo” (Fp 3.7,8, comparando com Mt 16.26).
A conversão de Paulo vai remodelar completamente a sua teologia. As mudanças não são apenas pequenos ajustes, mas uma ruptura com uma antiga teologia para se estabelecer uma nova teologia e isto pode ser visto no uso grande de paradoxos que ele utiliza em suas diversas correspondências.
Desde seu encontro com o Senhor Jesus, Paulo se dedicará por completo à missão de anunciar a Cristo a todos os povos. Esta missão lhe foi dada pelo próprio Cristo: “Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel; pois eu lhe mostrarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome” (Atos 9.15,16). E esta é a vocação na qual ele se glória: “por causa da graça que me foi outorgada por Deus, para que eu seja ministro de Cristo Jesus entre os gentios, no sagrado encargo de anunciar o evangelho de Deus, de modo que a oferta deles seja aceitável, uma vez santificada pelo Espírito Santo” (Rm 15.15,16). É por esta razão que ele se denomina Apóstolo, pois se dedicou a anunciar o evangelho aonde ainda não havia sido anunciado (Rm 15.20). Se apresentava como apóstolo por vocação, separado para o Evangelho de Deus (Rm 1.1), devedor a todos (Rm 1.14) e não via ou podia imaginar fazer outra coisa a não ser gastar sua vida para anunciar o Evangelho (1 Co 9.16).

A Data da Conversão
Para Lucas existe uma conexão entre a morte de Estevão e a conversão de Paulo (Atos 7.60-8.1). Não transparece na narrativa que houvesse muito tempo entre as perseguições aos cristãos em Jerusalém e adjacências e a missão de Saulo a Damasco.
Com base nas indicações cronológicas fornecidas por Paulo em sua correspondência aos gálatas (1.8; 2.1) e colocando o Concílio de Jerusalém em 49 d.C., podemos auferir uma data próxima de 37/36 d.C. para o momento de sua conversão. Se de fato quando do martírio de Estevão ele ainda era um “jovem” (entre 24-40 anos), sua experiência em Damasco ocorreu com 29-30 anos, portanto, seu nascimento seria em torno de 6/7 d.C.
Um fato político de pano de fundo seria o regresso de Poncio Pilatos, prefeito da Judéia, ter regressado à Roma, por volta do ano 36. A chegada de um novo prefeito à Jerusalém, com pouco conhecimento dos últimos acontecimentos e mudanças no sistema religioso judaico, foi uma ocasião propicia para uma sistemática perseguição aos “hereges cristãos” que acabou culminando na morte trágica de Estevão e a subsequente perseguição à igreja de Jerusalém (Atos 6.87-90; 8.1). Sendo assim, a conversão de Paulo esteve relacionada com estes acontecimentos. Estamos nos tempos do imperador Tibério.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br//

Artigos Relacionados




[1] Cada texto aponta algum aspecto da vocação de Paulo: em 9 destaca o papel de Ananias, encarregado de introduzir Paulo na comunidade cristã; em Jerusalém (22) insiste em seu passado de judeu zeloso para explicar sua atuação como perseguidor; ratifica sua vocação de Apóstolo dos gentios; ante Festo e Agripa (26) faz um comentário da mensagem recebida no caminho de Damasco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário