Somos
bem-aventurados, pois qualquer aproximação do Apocalipse hoje se torna muito
mais simples por causa dos trabalhos exaustivo realizado por todos aqueles
estudiosos que tiveram que lidar com suas inúmeras dificuldades, e entre tantos
que são reconhecidos podemos citar: Mounce, Barclay, Caird, Hailey, Hendriksen,
Hughes, Joson, Ladd, Lang, Milligan, Morris e Wilcock.
O
perigo comum daqueles que tratam do Apocalipse é contaminá-lo com sua própria
bagagem, suas próprias suposições doutrinais, e este pequeno trabalho não está
imune disto. Correndo um risco de ser mal compreendido podemos afirmar que
ninguém tem “a” interpretação correta do Apocalipse, isto decorre do fato de
que ele mostra os princípios, mas nem sempre os detalhes. Assim, a sua interpretação depende das
circunstâncias da igreja no momento. Para alguns a sua mensagem pode ser “Acorde! Fortaleça o que está para morrer...”,
para outros pode ser “Permaneça firme, de
forma que ninguém tome sua coroa”.
O
livro do Apocalipse tem se constituído uma bênção para todo aquele que ouve e crê em sua mensagem e por esta razão ele tem falado a todas as
igrejas, em todas as épocas. Você mesmo deve julgar se os parâmetros aqui
utilizados têm peso ou não. Todo o esforço empreendido nesta série de artigos é
no sentido de que todo o material fornecido se constituam em diretrizes para
formação de uma interpretação pessoal, fundamentada numa base bíblica sólida
construída a partir do próprio livro do Apocalipse. As diferenças em alguns
pontos serão inevitáveis, mas creio que serão toleráveis, pois “todos nós tropeçamos de alguma maneira”
(Tiago 3:2); e Paulo nos ensina a “examinar
tudo e reter apenas o que for bom” (I Ts 5:21), e este é o espírito com que
devemos caminhar neste trabalho.
Nestes
dias que em que os evangélicos brasileiros, incluindo as chamadas igrejas
tradicionais, sucumbem uma a uma à tentação da denominada “teologia da
prosperidade”, que não passa de um hedonismo transvestido de teologia, de
maneira que cada uma à sua maneira, mais ou menos escancaradamente, buscam por
todos os meios possíveis “construir seus
pequenos e insignificantes impérios”, fazendo com que a igreja e sua
preciosa mensagem evangélica retroceda aos terríveis e funestos dias da Idade
Média. É nestes “tenebrosos” dias iniciais do século XXI que se faz necessários
resgatar o valor e a importância deste incomparável livro que fecha não somente
o cânon do Novo Testamento, mas encerra toda a Revelação de Deus dada aos seus
servos desde os primeiros dias do Antigo Testamento.
Abaixo
resgato apenas alguns, dentre incontáveis referências, que demonstram a
importância relevante deste último livro da Bíblia, por parte dos grandes
estudiosos e expositores das Escrituras Sagradas:
“Hoje como nunca
talvez esse livro seja tão pouco lido e conhecido, tanto que até mesmo se
perdeu o significado literal da palavra ‘apocalipse’ (revelação) que, na mente
da maioria, evoca exclusivamente uma idéia de destruição, catástrofe, fim”. (CORSINI,
1984, p.13).
“Negligenciado, mal interpretado e grosseiramente torcido,
o Livro do Apocalipse permanece quase que isolado dentro do Novo Testamento.
Muitos leitores da Bíblia contentam-se em passar por cima dele, como a dizer –
‘Não há quem o entenda’”. SUMMERS Ray, A Mensagem do Apocalipse, Ed. JUERP, Rio
de Janeiro, 1980, p.13.
“Livro estranho, e para muitos um livro fechado, é esse que
aparece em nossas Bíblias sob o título de ‘O Apocalipse de João’. Entretanto,
mesmo que continue estranho, não é necessário que permaneça fechado. Se não podemos
compreendê-lo todo, dele podemos compreender muito”. (McDOWELL, 1960, p.15).
“É o último livro da
Bíblia e, para a maioria dos cristãos, um dos lidos com menos frequência e um
dos mais difíceis. Algumas poucas passagens do mesmo são bem conhecidas e
amadas (ex. 7:9-17); mas quanto à sua generalidade os leitores modernos acham o
livro ininteligível”. (DOUGLAS, 2001, p.
87).
“O livro do Apocalipse não deve e não pode ser interpretado
senão pela Palavra de Deus, e para compreender bem a Palavra de Deus e não nos
afastarmos de sua verdade é preciso tomar sempre o cuidado de procurar O QUE A
BÍBLIA DIZ DA BÍBLIA. Realmente, em sua diversidade, a Bíblia é a única
intérprete de si mesma”. “Lendo este livro, percebe-se que é quase inteiramente
composto de palavras e imagens do Velho Testamento. O estudo do Apocalipse
subentende o do Velho Testamento. Nele se encontram pelo menos 320 citações da
primeira parte de nossa Bíblia, ... Assim, a sabedoria de Deus termina o Cânon
sagrado com essa maravilhosa aprovação, esse divino selo sobre o Velho
Testamento; por isso, aquele que repele o Apocalipse, repelirá virtualmente o
Velho Testamento”. (ALEXANDER, 1987, p.16 e 20).
“O livro do Apocalipse é belo além de toda e qualquer
descrição. É belo em sua forma, simbolismo, propósito e significação. Onde
encontraremos em toda a literatura algo que exceda em majestade a descrição do
filho do Homem andando no meio dos sete castiçais de ouro (1.12-20), ou a
vívida descrição do Cristo, Fiel e Verdadeiro, marchando triunfante, montando
um cavalo branco, vestindo um manto salpicado de sangue, seguido dos exércitos
celestiais (19.11-16)? Onde acharemos um contraste mais veemente que aquele
entre a destruição de Babilônia de um lado, e o regozijo da Jerusalém de ouro
do outro (18-19; 21-22)? E onde se descrevem com tamanha simplicidade e
inusitada beleza o trono posto no céu e a bem-aventurada vida celestial
(4.2-5,14; 7.13-17)? Que abundância de conforto! Que visão do futuro! Acima de
tudo, que revelação singular do sublime amor de Deus divisarmos nas palavras da
profecia deste livro! ” (HENDRIKSEN, 1987, p. 16).
“Ele é ao mesmo tempo o livro mais respeitado, o mais
incompreendido e o mais negligenciado dos escritos do Novo Testamento”. (LAYMON,
1960, p. 7).
“Estou satisfeito em saber que ainda não foi descoberto um
modo certo de interpretar as profecias desse livro, e não vou acrescentar um
outro monumento à insignificância ou insensatez da mente humana ao empenhar-se
em iniciar um novo estudo. Vou repetir o que já disse, não entendo esse livro;
e estou satisfeito em saber que ninguém que escreveu a respeito desse assunto
sabe mais do que eu [...] Eu havia resolvido, por um tempo considerável, não me
ocupar com esse livro, porque previ que não poderia produzir nada satisfatório
acerca do mesmo [...] Mudei minha decisão e acrescentei breves notas,
principalmente filológicas, nos trechos em que achei que entendi o
significado”. (CLARKE, Adam, s. d., pp. 965-6).
“O livro do Apocalipse é o único livro da Bíblia que
envolve uma promessa especifica de bênção para aqueles que o lerem ou ouvirem
(nos cultos públicos). Lemos ali: ‘Bem-aventurados aqueles que leem e aqueles
que ouvem as palavras da profecia e guardam as cousas nela escritas, pois o
tempo está próximo’ (Ap 1.3). Temos entre as mãos uma revelação, o que
significa que a mesma deve ser lida; ela nos abençoa, pelo que também devemos
lê-la, estudá-la. Fala de acontecimentos que breve terão lugar, pelo que
cumpre-nos lê-la”. (CHAMPLIN, 1988, p. 363).
“O livro do Apocalipse é o livro mais estranho do Novo
Testamento. Ele é tão difícil para a maioria dos leitores modernos, que eles o
negligenciam completamente. Porém, muitos que não ignoram este livro, fazem
algo ainda pior: usam-no mal. Algumas vezes o mau uso não é nada mais sério do
que um exagero de minúcias, sem importância. Outras vezes, contudo, a mensagem
central é obscurecida ou passada por alto. Os estudantes da Bíblia não devem
permitir que tal negligência ou abuso deste livro os desencoraje. A mensagem
deste livro mergulha nas profundezas da fé cristã e retrata, em termos
exaltados, a vitória final de Cristo e seus seguidores”. (ASHCRAFT, 1983, p. 283).
“Estudar o livro do Apocalipse é adentrar ao mundo
fascinante da soberania de Deus, onde podemos perceber a forma incomparável com
que Ele dirige cada e todos os acontecimentos que aconteceram, acontecem e
haverão de ainda acontecer na história humana” Me. Ivan Pereira Guedes
Poderia
citar uma infinidade de outras referências de estudiosos deste livro, que
gastaram anos se debruçando sobre esta mensagem, para ao final se renderem ao
fato de que ele é grande demais para mentes tão pequenas quanto às nossas.
Entretanto,
todos aqueles que investirem tempo na leitura e estudo deste livro, jamais
sairão vazios. Pois ele é parte integrante da biblioteca inspirada e preservada
pelo Espírito Santo, para fortalecimento e edificação de todos aqueles que
creem.
“Quem tem ouvidos, ouça, o que o Espírito diz ...”
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br//
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Referências Bibliográficas
ALEXANDER H. E. Apocalipse. São Paulo: Ed. Ação Bíblica do Brasil,
1987.
ASHCRAFT,
Morris. Comentário Bíblico Broadman,
v.12, ed. JUERP, 3ª ed., 1983.
CHAMPLIN,
Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado, v. 6, ed Milenium, São Paulo, 1988.
CLARKE,
Adam, The New Testamento of Our Lord and
Saviour Jesus Christ. Nova York: Abingdon-Cokesbury Press, vol. II, s. d.
CORSINI
Eugênio. O
Apocalipse de São João. São Paulo: Edições
Paulinas, 1984.
DOUGLAS J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo:
Ed. Vida Nova, 2001.
HENDRIKSEN, William. Mais Que Vendedores - Interpretação do livro do Apocalipse.
São
Paulo: ed. CEP, 1987.
LAYMON,
Charles M. The Book of Revelacion. Nova York: Abingdon Press, 1960.
McDOWELL, Edward A. O Apocalipse – Sua Mensagem e Significação.
Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1960.
SUMMERS Ray. A Mensagem do Apocalipse. Rio de
Janeiro: Ed. JUERP, 1980.
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