sexta-feira, 28 de março de 2025

Harmonia dos Relatos Evangélicos da Crucificação - Jesus chega ao Gólgota

 

Mateus 27.33 - Chegaram a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer lugar da Caveira,

Marcos 15.22 - E levaram-no ao lugar do Gólgota, que se traduz por lugar da Caveira.

Lucas 23.33 - E, quando chegaram ao lugar chamado a Caveira, ali o crucificaram, e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.

João 19.17 - "E, levando ele às costas a sua cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota."

Análise e Comentário dos Textos

Mateus - Podemos incluir esse verso 33 em uma pequena perícope (32-34) onde Mateus acompanha Jesus no chamado caminho do Gólgota (em latim, Calvário). Após ser traído por Iscariotes, Jesus é conduzido à casa de Anás, sogro de Caifás, e depois a Caifás, o sumo sacerdote, onde é interrogado e enfrenta falsas acusações. É aqui também que Pedro o negará por três vezes sucessivas.

A noite vai passando e Jesus é levado de um para outro lugar: Conselho do Sinédrio, Pilatos, Herodes Antipas, que o devolve a Pilatos. É aqui, já pela manhã que a sentença é proferida: conforme a prática romana da época, Ele foi açoitado em 39 vezes. Depois dos açoites implacáveis, os soldados romanos passaram a zombar dele e confeccionando uma coroa de espinhos, e gravando na cabeça dEle, se curvavam e o chamavam zombeteiramente de o “rei dos judeus”.

Então lhe entregam a trava horizontal da cruz, chamada patibulum, pois a parte vertical já estava no local da sentença. Essa trava pesava aproximadamente 30 a 50 quilos, e a pessoa deveria levá-la em todo o trajeto, que ficou conhecido como Via Dolorosa ou Via Crucis, que significa "Caminho da Dor" ou "Caminho da Cruz", em uma extensão de aproximadamente 600 metros.  A noite não dormida, os flagelos físicos sofridos, debitaram fisicamente Jesus e no meio do caminho o soldado ordena que um expectador, Simão de Cirene, para ajudá-Lo até chegar ao Gólgota.

Depois de mais de uma hora “Eles chegam ao lugar chamado Gólgota, que recebia a alcunha de “Lugar da Caveira”, pois a rocha que compunha o local tinha um formato semelhante. Era o lugar estabelecido para a crucificação dos criminosos mais perigosos, após a sentença definitiva.

O local é fora dos muros da cidade, mas todo o trajeto era percorrido por pessoas que entrava e saiam pelos portões da cidade, de modo que a crucificação se tornava um “espetáculo público”. Gólgota é o nome aramaico do local, mas no grego é κρανίον (kranion) quer foi traduzido para o latim como “calvaria”, de onde vem a transliteração para “calvário”.

Marcos - Calvário é uma palavra latina e Gólgota sua versão hebraica. Esse pequeno verso é a dobradiça das eras; tudo que foi escrito no Primeiro Testamento e/ou Antigo Testamento e tudo que será escrito no Segundo Testamento e/ou Novo Testamento, tem sua apoteótica no Calvário. Como escreve de forma contundente Erich Sauer: “...é o ponto de virada; de todo amor é o ponto mais alto, e de toda salvação é o ponto de partida, de todo culto é o ponto central". Um detalhe sublime é que as palavras "Calvário" e "eternidade" são encontradas apenas uma vez, mas elas fazem toda diferença na nossa história, pois no Calvário toda a nossa eternidade foi transformada. Estávamos destinados a uma eternidade sem Deus, mas por causa do Calvário (Cristo) estaremos eternamente com Ele. As versões que trocam o uso de Calvário, por “a Caveira”, lamentavelmente empobrece a mensagem teológica do texto.

O Calvário é o centro da História da Humanidade. O nascimento e a crucificação de Cristo são o epicentro em torno do qual giram todos os acontecimentos históricos dos séculos. O Calvário mostra até onde os homens irão em seu estado de pecado e miséria, mas também revela até onde Deus irá pela salvação do ser humano pecador.

Mas uma das coisas mais extraordinárias que acontece no Calvário é que não havia apenas três cruzes ali, mas sim milhares/milhões de cruzes ali representadas. O apostolo Paulo entendeu isso como poucos, como ele expõe em suas epistolas: “Ora, se morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos,” (Rm 6.8); “Fui crucificado com Cristo; e já não sou eu que vivo, mas Cristo vive em mim;” (Gl 2.20).

Quando você perguntar quem O crucificou, olhe para sua mão, e verá o martelo.

Uma peculiaridade da narrativa de Marcos é que menciona o tempo em que Jesus Cristo fica crucificado. Quem pode penetrar esses profundos mistérios ou profundezas dos sofrimentos do Cordeiro de Deus, quando Ele foi obediente até a morte, a morte da Cruz! Longas e intermináveis seis horas, equivalentes a 360 minutos...e durante todo esse tempo Ele poderia ter descido da Cruz... mas não o fez... ficou pendurado lá, bebendo gota a gota o cálice da morte... horas e minutos carregados de dor e sofrimento... mas Ele permaneceu ali... pregado... unicamente por amor de mim e de você!

O desfio que Jesus lançou para aqueles que queriam segui-Lo foi: “... tome a cruz... e siga-Me”. O caminho percorrido por Cristo é uma ilustração real daqueles que se dispõem a crer Nele como único e suficiente Salvador e Senhor. Milhares de cristãos “caminharam” para a morte (muitas vezes em desfiles abertos) para satisfazer a crueldade das multidões que os escarneciam e amaldiçoavam, até chegarem aos Coliseus Romanos espalhados pelo Império.

Com sua ressurreição Jesus transformou a cruz de símbolo de morte, para símbolo de esperança e salvação para cada que Nele crê. Muitas vezes temos que enfrentarmos nossos próprios "Gólgotas", e devemos sempre nos lembrarmos que nossas lutas e dores (traições, abandono) podem nos levar a um profundo crescimento e transformação pessoal. Da mesma forma que o sacrifício de Jesus trouxe a salvação, nosso sofrimento pode ser a ponte para aprofundar nossa comunhão com Deus e fortalecer no esperança Nele.

Lucas - Deveríamos ler os relatos da crucificação com temor e tremor. Quem está sendo crucificado ali é o Filho Amado de Deus! A indiferença e frieza com que os cristãos evangélicos tratam essas narrativas é assustadoramente preocupante, pois revela muito da falta de essência em suas profissões de fé. Vivemos dias em que para alguns os cultos são cátedras para expor seus pontos teológicos e para outros shows para satisfazerem suas necessidades de exposição e notoriedade. É preciso urgentemente lermos esses textos com alma e coração, e nos jogarmos aos pés da cruz e clamarmos por perdão e graça!

“E eles o crucificaram” – ainda que pensássemos uma eternidade nesta frase não alcançaríamos a profundidade e a altura do significado dela para pessoas pecadoras como nós.  Essas 3 palavras são encontradas em todos os quatro relatos evangélicos. Mas a peculiaridade é que pouco se fala do tamanho da cruz, dos pregos, do esforço para empurrar Suas pernas, das feridas em Suas costas esfregando contra a madeira áspera da Cruz; da Sua dificuldade em respirar...sucintamente... “E eles o crucificaram”.

O escritor romano Cícero descreveu a crucificação como "a punição mais cruel e hedionda possível". Esse tipo de morte tem sua origem aparentemente na Pérsia, sendo adotada posteriormente pelos cartagineses e gregos, finalmente pelos romanos. O dissuadir rebeliões e aumento dos crimes. Se as autoridades judaicas odiavam e condenavam Jesus por causa de Seus ensinos, os romanos que não tinham qualquer interesse religioso, estava condenando-O como agitador político e possível fomentador de rebeliões.

Ao recusar a bebida oferecida pelos executores romanos (vinho misturado com mirra), Jesus estava apenas refirmando o que havia dito a Pedro: "O cálice que o Pai me deu, não o beberei?" (Jo 18.11, cf. Mt 26.39). Esse cálice cheio ilustrava a ira total de Deus que seria derramado totalmente sobre Ele - "aquele que não conheceu pecado foi feito pecado por nós, para que nele nos tornemos justiça de Deus" (2Co. 5.21). Amor Imensurável!  

Os dois personagens que ladeiam Jesus na cruz são representativos de toda a humanidade. O deboche e a ironia de um são semelhantes às reações daqueles que viram o julgamento e estão assistindo à crucificação d'Ele com o mesmo espírito de desprezo. O outro, que inicialmente expressa a mesma atitude, diante da postura de Jesus, repensa e, ao fazer uma autoanálise, expressa sua conclusão ao outro: “Eu e você merecemos estar aqui, pois temos consciência das ações erradas que temos feito; mas Este nada fez para merecer uma morte tão cruel”. Infelizmente, muitos chegam a este ponto e param. Mas aquele homem, depois de olhar para si e perceber seu estado miserável de pecado, olha para Jesus, e isso faz toda a diferença em sua vida – e conclui com uma das orações mais curtas da Bíblia: “Lembra-Te de mim quando entrares em Teu reino”. Ó glória! Quem dera todos os pecadores no mundo inteiro pudessem olhar para Jesus e fazer a mesma oração!

A resposta de Jesus foi imediata, e, como a oração, a resposta é curta e direta: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso” (vv. 39-43). Este verso não é apenas sobre a crucificação, mas é Deus escancarando o coração. Seu amor gracioso e imensurável pelo ser humano feito à Sua imagem e semelhança resplandece em todo o seu esplendor e poder. Hoje e não talvez, ou quem sabe, ou mais tarde...Hoje estará Comigo...para sempre!

João - João não registrou muitos detalhes encontrados nas anteriores redações de seus colegas. Este versículo é tudo o que João relatou da Via Dolorosa. Uma das razoes é que ele, por escrever em tempo bastante posterior, tinha conhecimentos do material produzido pelos evangelistas que o antecederam. O Espírito Santo não é repetitivo ou enfadonho e ao inspirar os escritores o faz com sabedoria e discernimento, registrando os detalhes que realmente fossem relevantes e edificantes para todos os leitores futuros, pois nem um dos evangelistas, incluído João, poderia imaginar que no século 21 estaríamos lendo suas narrativas.

 “Então Ele saiu para um lugar...” uma frase tão simples reveste-se de um valor extraordinário. Tudo o que aconteceu com Jesus até este ponto ocorreu dentro dos muros da cidade de Jerusalém e, portanto, nas proximidades do templo. A nossa “justiça e/ou justificação” precisa ser buscada em Cristo e em Seu sacrifício. E, para tirar qualquer dúvida de que Ele é, de fato, o sacrifício em nosso favor, para remissão de nossos pecados, Jesus precisa ser levado para fora da cidade e ser levantado no madeiro, como prescrito em Levítico (6.30).

Segundo a prescrição da Lei, o sacrifício cujo sangue fosse derramado pelo pecado deveria ser levado para fora do acampamento, e a mesma Lei declara que aquele que está pendurado no madeiro é amaldiçoado. Ambas as prescrições foram literalmente cumpridas em Jesus Cristo, que se submeteu à maldição para nos redimir da maldição da Lei que nos condenava.

O escritor de Hebreus (12.12) entendeu perfeitamente esta cena: “Que Ele foi levado para fora da cidade a fim de levar consigo e tirar as nossas contaminações que foram colocadas sobre Ele”. A perfeita harmonia de todas as partes das Escrituras é maravilhosa.

Ao sair carregando a cruz, Jesus sabia que Seu destino era o Gólgota. Lembrando-se de Sua oração no horto do Getsêmani, cuja agonia verteu-se em gotas de sangue, Jesus mantém-se firme e resoluto em cumprir plenamente a vontade do Pai, e não a Sua. Diferentemente de Isaque, que não sabia, Jesus sabe que Ele próprio é o Cordeiro e que não aparecerá outro cordeiro para substituí-Lo – “Cumpra-se em mim a Tua vontade, ó Pai” (Mt 26.39; Lc 22.42). Temos fé suficiente para fazer essa declaração em todos os momentos da nossa vida?

A caminhada de Jesus é também a nossa. Haveremos de enfrentar as mais difíceis e dolorosas circunstâncias. Seremos incompreendidos muitas vezes, perseguidos e até mortos. Mas, assim como Jesus, devemos nos manter firmes e resolutos em fazer toda a vontade de Deus, sorvendo até a última gota do cálice das aflições. Ele não é apenas o nosso modelo, mas também a nossa força na tribulação, o nosso abrigo no temporal e a nossa esperança eterna. Bendito seja o nosso Deus, que nunca nos desampara. Amém!

 

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante

 

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Referências Bibliográficas

MAGGIONI, Bruno. Os relatos evangélicos da Paixão. Tradução Bertilo Brod. São Paulo: Paulinas, 2000. (Coleção: Espiritualidade sem fronteiras).

SAUER, Errich. The Triumph of the Crucified - A Survey of the History of Salvation in the New Testament. Translated by G. H. Lang. Eerdmans Publishing, 1985. [p. 22 versão PDF].

SAULNIER, Christiane & ROLLAND, BernardA Palestina nos tempos de Jesus. 7ª ed. São Paulo: Paulinas, 1983.

SCHUBERT, Kurt. Os Partidos Religiosos Hebraicos da época Neotestamentária. 2 ed. São Paulo: Paulinas, 1979.

SPEIDEL, Kurt A. A sentença de Pilatos. São Paulo: Paulinas, 1982.


quinta-feira, 27 de março de 2025

Páscoa: Cantata Messiânica de Isaías

 

Este artigo é o início de uma série relacionada à Páscoa conforme registrada no livro do profeta Isaías. O corte literário está expresso n título geral desta série: Cantata Messiânica de Isaías.

Este profeta viveu no mínimo setecentos anos antes dos acontecimentos ocorridos no Calvário, mas foi capacitado pelo Espírito Santo a contemplar os acontecimentos relacionados ao Messias em seus mais relevantes detalhes. Em aproximadamente 11 capítulos (42.1 – 53.13) ele descreve tudo que Jesus haverá de fazer (conforme relatos dos evangelistas) de forma maravilhosa e impactante.

O fato de Isaías utilizar o formato musical poético não era incomum, pois grande parte dos textos proféticos bíblicos são igualmente na linguagem poética, pois facilitava a memorização da mensagem em um mundo onde os registros de textos eram raros e caros, bem como transmitia mais intensamente as emoções da mensagem proferida (além do que chamava mais atenção do público). Podemos dizer (em tom humorístico) de que os profetas foram em seus dias os “multimidias” da comunicação. Neste detalhe vemos o cuidado de Deus para que Sua mensagem não ficasse restrita ao ambiente dos poderosos ou ricos, mas pudesse ser propagada e apreendida por todas as pessoas, incluindo crianças, mulheres e os pobres que sempre eram negligenciados. As pessoas ouviam, memorizavam a letra e a música, e cantavam em casa, trabalhando, viajando... Deus ama os detalhes!

Dentro de nossa proposta temos as divisões abaixo, e dentro das possibilidades iremos explorar cada uma dela e apreendermos seu conteúdo e mensagem, como também no transcorrer iremos fazendo os links com as narrativas evangélicas contidas no Segundo Testamento e/ou Novo Testamento.

Quero convidar você a embarcar nessa proposta e juntos usufruirmos desta belíssima e indescritível Cantata Messiânica. 

Apresentação do Servo Escolhido (42.1-4)

A Missão do Servo (49.1-6)

Um Servo Obediente e Firme (50. 4-9)

O Servo Sofredor (52.12-53.13)

A extraordinária obra musical conhecida como “O Messias de Handel”, que popularmente podemos chamar de “A Cantata Messiânica de Handel”, tem muitas de suas composições extraídas dos cânticos Messiânicos do profeta Isaías, conforme abaixo podemos constatar.

O libreto (espécie de roteiro musical) foi elaborado por Charles Jennens, que os buscou nos textos bíblicos encontrados no Antigo e no Novo Testamento.

Em sua primeira parte que trata sobre a vinda do Messias e o seu nascimento (Jesus Cristo), o compositor busca nas passagens do profeta Isaías, como por exemplo "For unto us a child is born" (Porque um menino nos nasceu cf. Isaías 9.6) e "Comfort ye, my people" (Consolai o meu povo cf. Isaías 40.1). Mas também busca em outras fontes bíblicas e na última e apoteótica, grandiosa, sublime e triunfante conclusão ele busca em textos do livro de Apocalipse. Dando à obra uma profundidade e impacto que penetra além da mente e toca o coração de quem a ouve, mesmos aqueles mais céticos e até descrentes da inspiração dos textos bíblicos.

Desta forma esta extraordinária obra musical não é exclusiva de Handel apenas, mas uma obra a quatro mãos, pois Charles Jennens construiu o roteiro literário bíblico, com clara intensão teológica e artística, abordando os temas centrais da obra de Cristo: as profecias, seu sacrifício e sua obra da redenção efetivada através de sua morte e ressurreição e concluindo com sua glorificação e/ou entronização na glória celestial. Um detalhe é de que Jennens entrega o roteiro a Hendel que a transforma nesta impactante ópera em apenas 24 dias.

Mas, em um país onde o povo e destituído de cultura musical, incluindo os evangélicos (que deveriam ouvi-la e entendê-la e divulgá-la) esta obra monumental e tocante, passa despercebida e/ou completamente ignorada.

Ainda que muitos a tenham como uma ópera, ela é classificada como uma obra denominada de Oratória, que tem semelhanças, mas é distinta de uma ópera, pois:

·       Mormente sua temática é religiosa, como O Messias, extraídas de textos bíblicos.

·       É executada sem encenação, ou seja, sem figurinos, cenários ou interpretações teatrais.

·       Por fim, os coros assumem a proeminência, (uma característica comunitária/eclesiástica), em lugar dos solos individuais.

Abaixo um esboço da obra com suas referências bíblicas:

Texto, Carta

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Vamos ouvir o profeta Isaías, a entrada é gratuita, pois a mensagem do Evangelho da Salvação é exclusivamente pela Graça. Jesus Cristo já pagou o preço com Seu precioso sangue. Aleluia!

 

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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Historiologia Protestante

 

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Referências Bibliográficas
GUFFIN, Gilbert. The Gospel in Isaiah [O Evangelho em Isaías] (Nashville, TN: Convention Press, 1968).
HORTON, Stanley M. Isaías – o profeta messiânico. Tradução de Benjamim de Souza. Rio de Janeiro: CPAD, 2002. [Série Comentário Bíblico].
OSWALT, John N. Comentário do Antigo Testamento – Isaias. vol. 02 / tradução de Valter Graciano Martins. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.
RIDDERBOS, J. Isaías - introdução e comentário. Tradução de Adiel Almeida de Oliveira. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1990.
SMITH, James E. An expository commentary on the book of Isaiah. 2005.