sábado, 18 de janeiro de 2020

Páscoa: Contagem Regressiva das Últimas Horas Antes da Cruz - Introdução

Quinta-feira 18:00 - 14 de Nisan (2 de abril de 33 d.C.)
Sexta-feira 15:00 - 15 de Nisan (3 de abril de 33 d.C.)

            Depois de quase três anos intensos de ministério itinerante por todas as vilas e cidades da Palestina Judaica, com raríssimas e rápidas incursões em territórios gentios (Mc 7.24-30, cf. Mt 15.21-28; Jo 4.1-42) finalmente – chegou a hora! Em varias ocasiões Jesus havia dito: “Ainda não é minha hora!” (Jo 2.4; 7.6, 30; 8.20). Ou seja, o tempo (kairós) de maturação do projeto salvífico elaborado desde antes da fundação do mundo e a razão pela qual havia se esvaziado de toda sua glória e assumido a plenitude de nossa humanidade com todas as implicações dela ainda não havia alcançado seu ápice.  Mas agora ao realizar sua última entrada em Jerusalém Jesus declara: “A hora chegou” (Jo 12.23, 27; 13.1; 17.1).
            Sua última entrada na cidade de Jerusalém é totalmente distinta das ocasiões anteriores quando passou quase despercebido. Naquele primeiro dia da semana (domingo) montando um jumentinho, característico das entradas triunfantes de reis vitoriosos, e encarnando as mensagens dos profetas, Jesus é ovacionado pelos peregrinos que advêm de todas as partes da Palestina, bem como de outros países (Atos 2.5-11), para participarem da maior festa do calendário religioso judaico – a Páscoa. Na medida em que Jesus adentra pelo portão principal em direção ao Templo pessoas voluntariamente começaram a lançar suas capas e folhas de palmeiras à frente de sua montaria enquanto cantavam trechos dos salmos messiânicos – “Hosana! Bendito o quem vem em nome do Senhor” [Yahvé – Deus da Aliança] (Salmo 118.25,26).
            Toda essa convulsão popular dispara imediatamente o alarme entre as autoridades religiosas judaicas, temerosos da perda de sua autoridade e poder sobre a população através do Templo e as autoridades romanas, representadas na figura de Pilatos (Prefeito) da cidade e Herodes (Governador) da região, que estavam ali para reprimir quaisquer vestígios de rebelião dos contumazes e obstinados judeus.
            Jesus faz da pequena vila de Betânia sua base nessa última semana. Pela manhã vai à Jerusalém aonde os embates com as autoridades religiosas vão tomando proporções cada vez mais intensas e explosivas e no começo da noite retorna ao aconchego dos amigos de Betânia – Lazaro o ressurreto e suas irmãs Marta e Maria. No afã de calarem Jesus definitivamente as facções religiosas judaicas se unem contra seu inimigo comum – planejam em detalhes como matar Jesus. Encontram em Judas Iscariotes o elo fraco e a maneira ardilosa, como uma serpente, de empreender seus planos mortíferos. Tudo está pronto – a Hora chegou!
            Nos próximos artigos estaremos acompanhando em contagem regressiva as últimas horas de Jesus antes de sua morte no calvário. A minha expectativa é de que na medida em que relembramos esses momentos cruentos possamos compreender o quão profundo o mal é inerente na natureza humana decaída; mas também nos apercebermos o quanto Jesus de fato e verdade nos amou e refletirmos sobre o preço incalculável que Jesus pagou pela nossa redenção!
Morri na cruz por ti,
Foi para te livrar.
Meu sangue ali verti
E posso te salvar.
Morri, morri na cruz por ti,
Que fazes tu por mim?
Vivi assim por ti,
Sofrendo a intensa dor!
E tudo fiz aqui
Por ser teu Salvador.

Sofri na cruz por ti
A fim de te salvar.
A vida consegui
E agora ta vou dar.

Eu trouxe a salvação,
Dos altos céus favor.
É livre o meu perdão,
É grande o meu amor.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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Referências Bibliográficas
ÁLVARO BARREIRO, SJ. O itinerário da fé pascal. São Paulo: Edições Loyola, 2005. (4ª edição – revista e ampliada).
ASH, Anthony Lee. O Evangelho Segundo Lucas. Tradução Neyd V. Siqueira. São Paulo: Editora Vida Cristã, 1980.
BINZ, Stephen J. The Passion and Resurrection Narratives of Jesus. , Collegeville (Minnesota): The Liturgical Press, 1989.
CARSON D. A., DOUGLAS, J. Moo & MORRIS, Leon. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1997.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado – versículo por versículo. São Paulo: Millenium, 1987.
DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1995.
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – Marcos. São Paulo: Cultura Cristã, 2003.
JEREMIAS, Joachim. Jerusalém no Tempo de Jesus: pesquisa de história econômico-social no período neotestamentário. 4 ed. São Paulo: Paulus, 1983.
MAGGIONI, Bruno. Os relatos evangélicos da Paixão. Tradução Bertilo Brod. São Paulo: Paulinas, 2000. (Coleção: Espiritualidade sem fronteiras).
Walker, Peter. Pelos Caminhos de Jesus. São Paulo: Ed. Rosari, 2007.

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