sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Natividade : Tudo tem sua Origem

 


No princípio era o verbo e o verbo era Deus
e o verbo estava com Deus ...E o verbo se fez carne e habitou entre nós... 
(Jo 1:1,14) 

As folhas do calendário de 2020 estão passando rapidamente e mais uma vez as primeiras luzes e os primeiros sons alegres do Natal começam a serem percebidos.

O Natal é uma época incomparável, pois nos faz pensar na VIDA.

Os evangelistas Mateus e Lucas optaram por registrarem alguns dos importantes acontecimentos e eventos que interagiram diretamente no nascimento de Jesus. O primeiro, objetivando seus leitores judaicos, vai entrelaçando as profecias do AT e atualizando sua efetivação no nascimento daquele que tantos profetas pré anunciaram e que cada descendente de Abraão fiel aguardavam ansiosamente. Lucas cujos leitores eram de origem estrangeira, ou seja, não eram tão familiarizados com o pano de fundo judaico e suas profecias, opta por apresentar os personagens principais, fazendo uma narrativa dual de João Batista, o precursor, e Jesus. E na alternância destas duas histórias o evangelista agrega os demais personagens sendo que Jesus sempre é o foco principal e no final, como em ato apoteótico, Jesus é proclamado como aquele que veio para Salvar o ser humano de sua situação desesperadora.

Mas o evangelista João, que não trás nenhum detalhe da infância de Jesus, mas também diferentemente de Marcos que inicia sua narrativa a partir de seu batismo no rio Jordão, o quarto evangelista inicia sua narrativa evangélica com um hino incomparável em sua beleza e que demonstra não somente a origem Humana de Jesus, quando de Seu nascimento de Maria, mas também a sua origem Divina.

Muitos estudiosos entendem que este hino já era cantado nas primeiras comunidades cristãs dos dias do Evangelista e pensando na maneira como iniciaria a apresentação do personagem central de sua narrativa e provavelmente já tendo conhecimento das narrativas elaboradas por Mateus e Lucas, ele opta por inserir este hino que de forma incomparável apresenta Jesus Cristo como a palavra substancial do Deus vivo, salvador de todos aqueles que cressem ou viessem a crer.

O hino nos proporciona uma visão cósmica do Cristo em quem Deus revela o mistério, que segundo Paulo, estava “escondido desde antes dos séculos e predeterminado para a nossa glória” (1Co 2.7,8).

A palavra Logos para se referir ao Jesus preexistente, esta vinculada à ideia de revelação pela Palavra, comprovação da presença e da ação do Deus vivo revelando Seu próprio mistério. Jesus, portanto, é a intervenção direta de Deus na História da humanidade pela Sua Palavra pessoal; Deus, por meio de Jesus Cristo, esgota o que nos tem a dizer!

“Ninguém jamais viu Deus, o Unigênito que está no seio do Pai, foi ele que no-lo manifestou” (1.18).

João inicia sua narrativa evangélica com a declaração de que a Revelação máxima de Deus, esta unicamente na pessoa de Jesus Cristo, cuja glória o evangelista expressa através de dois movimentos entrelaçados: em um, ao se referir ao Cristo, ele se transfere ao principio de todas as manifestações de Deus e, para tal fim, utiliza-se dos termos utilizados na narrativa da Criação e do Novo Gênesis; no outro movimento, ele faz entender que a ação criadora e salvadora de Deus jamais será corretamente compreendida a não ser em função da glória revelada por meio de Jesus Cristo.

A pessoa de Jesus é o cerne das narrativas evangélicas. A única preocupação dos escritores do Novo Testamento foi, sem qualquer sombra de dúvida, a de dar uma resposta a esta questão sobre quem Ele era. Portanto, suas narrativas não são amontoadas de teorias abstratas, mas testemunhos singulares sobre Aquele que foi visto por olhos humanos, apalpado por mãos humanas, apresentado por palavras ouvidas por criaturas humanas.

Jesus Cristo!

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
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Referência Bibliográfica
BRUCE, F. F. (Editor) Comentário bíblico NVI – Antigo e Novo Testamento. São Paulo: Editora Vida, 2008.
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FEUILLET, O prólogo do quarto evangelho. São Paulo: Edições Paulinas, 1971.
DODD, Charles H. A interpretação do quarto evangelho. São Paulo: Editora Teológica, 2003.
PACK, Frank. O evangelho segundo João. São Paulo: Editora Vida Cristã, 1983.


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