sábado, 3 de maio de 2025

LEWIS – Pequenas Reflexões: O Desafio de Perdoar

 


Todo mundo acha que o perdão é uma ideia adorável, até que eles tenham algo a perdoar...

Falamos de perdão e perdoar como se fosse a coisa mais simples e fácil de se fazer. Mas a realidade nos confronta violentamente quando, de fato e de verdade, temos que perdoar alguém por algo que ela fez contra nós.

Há raros cristãos como José, que, assumindo os inúmeros prejuízos que seus “amados irmãos” lhe causaram, conseguiu perdoá-los. Ele tinha apenas 17 anos quando foi vendido e os reencontrou com mais de 30 anos – aproximadamente 22 anos depois. Eles não conseguiam se perdoar pelo que fizeram com José e sentiam medo e vergonha; mas José já os havia perdoado, tinha paz consigo mesmo e ofereceu paz a eles.

A maioria das pessoas acha relativamente fácil perdoar ofensas menores, especialmente aquelas que não são intencionais. Mas e quanto a transgressões graves — abuso físico ou sexual, infidelidade conjugal, traição de amizade, engano, rejeição pessoal, fraude? Infelizmente, a lista é longa. É quando nos deparamos com esses casos difíceis que o perdão deixa de ser uma ideia adorável e se torna um desafio extremamente complexo.

Durante seu ministério, Jesus preparou seus discípulos para os dias difíceis que estavam prestes a começar. E, sabendo como os seres humanos são propensos a guardar rancor e buscar vingança, ele falou claramente sobre a necessidade de perdoar todos os que praticam o mal contra nós. Primeiro, ele ensinou a orar: “Perdoa-nos os nossos pecados, assim como nós perdoamos a quem peca contra nós.” Sobre este princípio/mandamento, C. S. Lewis diz: “Não há a menor sugestão de que nos seja oferecido perdão em quaisquer outros termos. Fica perfeitamente claro que, se não perdoarmos, não seremos perdoados” (cf. Mateus 6.12, 14-15).

Para que não percamos o ponto ou o racionalizemos, Jesus, mais tarde, conta a história de um rei que perdoou uma dívida enorme a um de seus escravos, apenas para descobrir que o escravo havia, posteriormente, forçado um companheiro escravo à prisão por não lhe pagar uma dívida muito pequena. Enfurecido, o rei entregou o escravo implacável aos torturadores. Jesus conclui dizendo: “É assim que meu Pai celestial tratará cada um de vocês, a menos que perdoem a seu irmão de coração” (cf. Mateus 18.21-35).

Aqueles que receberam a graça magnânima de Deus não podem reter o perdão de seus semelhantes. Fazer isso desonra a Deus, fere nosso próximo e envenena nossa própria alma.

Por mais difícil que seja, devemos perdoar — e, com a ajuda graciosa de Deus, podemos. Ao fazermos isso, provaremos a doce liberdade e alegria conhecidas apenas pelos corações perdoados e perdoadores.

Sejam bondosos uns com os outros, compassivos, perdoando-se uns aos outros, assim como Deus, em Cristo, também nos perdoou (Efésios 4.32).

 

Texto Adaptado e Comentado

Mere Christianity. C.S. Lewis (1960)

The Macmillan Company. p. 104.

Instituto C.S. Lewis

 

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