Há um ditado bem brasileiro que diz – “me engana que eu gosto” – e expressa o comportamento daquelas pessoas que se deixam iludir, sem se preocupar de verificar se de fato aquilo é verdadeiro e até mesmo quando constatado que se trata de uma inverdade, ela não muda sua diretriz, permanecendo no erro.
O velho apostolo João
está tratando nesse início desta sua primeira correspondência sobre as três
maior ilusões nas quais as pessoas vivem, e não estão interessadas em se
desvincular delas. Vejamos cada uma delas:
É
possível ter comunhão com Deus e ainda andar em pecado (1.6-7).
Muitas
pessoas rejeitam a Cristo por acreditarem que são boas e que fazem o suficiente
para merecer a salvação, assumindo que já são filhos de Deus. Esta forma
equivocada de pensar gera resistência quando se afirma que, sem Cristo, não há salvação
ou verdadeira comunhão com Deus.
O mundo está em trevas
e, por causa do pecado, o ser humano não consegue enxergar Deus claramente.
Isso explica por que tantos vivem na idolatria e na confusão espiritual. Assim
como o cego curado por Jesus teve sua visão restaurada após obedecer (João 9.1-7),
somente em Cristo o ser humano pode ver a Deus plenamente.
Nenhuma tecnologia,
ciência ou intelecto humano pode alcançar o conhecimento verdadeiro de Deus por
conta própria. João enfatiza que Deus precisou vir ao mundo e se revelar à
humanidade. Jesus disse: "Quem vê a mim, vê o Pai que me enviou"
(João 14.9).
Paulo observou na
Grécia que "Ao passar e contemplar as vossas devoções, encontrei um altar
com esta inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO" (Atos 17.23). Em seu registro evangélico
o próprio João declarou: "E a luz brilha nas trevas, e as trevas não a
compreenderam" (João 1.5)
Muitos acreditam que
podem ter Comunhão com Deus, e manter suas práticas pecaminosas. Cumprir ritos
religiosos não substitui uma vida comprometida com a luz divina. A Bíblia é
clara: Se alguém diz que está salvo e vive nas trevas, está mentindo. Deus é
luz, e quem anda nas trevas não está em comunhão com Ele. Luz e trevas não
podem coexistir. Pois onde há luz não há trevas, e onde impera as trevas há
completa ausência de luz.
O conceito de trevas
refere-se à ausência de fótons. Quando fótons (partículas de luz) estão
presentes, há iluminação; quando estão ausentes, há escuridão.
Assim, se uma fonte de
luz estiver presente, a escuridão não pode "permanecer"; ela se
dissipa proporcionalmente à quantidade de luz emitida. Portanto, na física, luz
e trevas são opostas, mas não coexistem no mesmo espaço ao mesmo tempo. João
está utilizando esta verdade para ilustrar o princípio espiritual.
Desta forma você tem
que escolher entre andar na luz, vivendo em compromisso com a Palavra de Deus e
sendo moldado por ela, ou viver pelos padrões desta sociedade depravada e sendo
moldado por ela. Ou você está cada dia mais parecido com Cristo, ou está cada
dia mais semelhante a este mundo que jaz no maligno.
O ser
humano não é totalmente pecador e depravado (1.8-9)
Paulo ensina que
"todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus" (Romanos 3.23).
A solução providenciada por Deus é clara: "Se admitirmos/confessarmos
livremente que pecamos, achamos Deus totalmente confiável e direto – Ele perdoa
nossos pecados e nos torna completamente limpos de tudo o que é mau" (1
João 1.9).
O sangue de Jesus
purifica constantemente aqueles que vivem em comunhão com Ele. Como no exemplo
do rei Davi, o arrependimento sincero resulta em perdão total e restauração
diante de Deus. Por outro lado, os que camuflam seus pecados apodrecem seus
ossos, suas vidas secam e volta ao pó.
A
pessoa pode se tornar justa e sem pecado por conta própria (1.10-2.2)
Nada tem levado mais
pessoas ao inferno do que esta inverdade. Enquanto a pessoa nega seu pecado, ela
não percebe sua necessidade de um Salvador. Alguém escreveu no muro – Jesus é a
resposta – no dia seguinte outra pessoa escreveu – e qual é a pergunta? Se uma
pessoa não sabe a pergunta ela jamais vai procurar uma resposta.
Jesus afirmou: "Os
que não estão doentes não precisam de médico, mas os que estão doentes sim"
(Mateus 9.12). E em outra ocasião: "Não vim chamar os justos, mas os
pecadores ao arrependimento" (Lucas 5.32), e por fim "O Filho do
homem veio buscar e salvar o que se perdeu" (Lucas 19.10).
A verdadeira comunhão
com Deus exige reconhecer e confessar os pecados,
orar, louvar e buscar a
Deus continuamente (e não apenas nos domingos).
Conclusão
O Evangelho é para
aqueles que reconhecem sua necessidade de salvação. Quem deseja ter comunhão
com Deus precisa abandonar as ilusões falsas, aceitando com exclusividade a
graça redentora oferecida unicamente por Jesus.
VAMOS
ORAR!
Meu
Deus! Que eu possa ver a minha necessidade diária de perdão.
Limpe e
purifique minha mente e coração,
para que
possa viver na Tua presença,
e ter alegria
em fazer a Tua vontade.
Em nome
de Jesus. Amém
Utilização livre
desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências
da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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Traduzido por Valter Graciano Martins. São Paulo: Editora Fiel, 2015. (Série
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