terça-feira, 26 de março de 2019

Jacó e Esaú: Uma luta de Gênesis a Herodes




A história de Jacó e Esaú registrada nas páginas do livro de Gênesis não trata apenas e tão somente das disputas entre dois irmãos, mas se constitui na verdade em uma figura das lutas que estão sendo travadas desde a queda entre a linhagem do Messias e a linhagem da natureza humana decaída.
A mensagem proclamada pelo profeta Obadias é uma consequendia direta da história de Esaú e Jacó ocorrido séculos antes, quando as duas crianças ainda estavam no útero de sua mãe Rebeca (Gênesis 25). A promessa ali proclamada de que o mais velho (Esaú) serviria o mais novo (Jacó) vai se concretizar no transcorrer da história deles e quando Jacó utiliza-se da malandragem para receber a benção da primogenitura seu irmão amargurado promete mata-lo depois dos dias de luto do pai (Isaque) passar. Orientado pela mãe Jacó busca exílio na terra de seus tios em Padã-Arã onde ele trabalhou 14 anos para Labão em troca de se casar com Leia e Raquel (Gênesis 29). Durante este tempo Jacó viu nascer muitos filhos que posteriormente vieram a formar as doze tribos de Israel (Jacó). Simultaneamente Esaú também constitui família e gerou muitos filhos, bem como aumentou grandemente em força econômica e política. Gênesis 36 trás detalhes da linhagem de Esaú e sua expansão geográfica.
Acossado pelo tio Jacó resolve retornar à Canaã, e depois de uma breve reconciliação com seu irmão Esaú, cada um deles vai viver sua vida e não temos mais registro de interação entre os irmãos ou suas famílias. Isto dura até o tempo em que Israel sai da escravidão do Egito, um período de 430 anos. Quando Moisés conduz Israel pelo deserto, ele solicita permissão do rei de Edom (descendentes de Esaú) para passarem através de seu país, mas o rei recusa (Números 20.14-21). Enquanto contornavam Edom os Israelitas vieram a Moabe, que também recusou permissão para atravessarem por suas terras. Neste ponto entra Balaão profetizado a favor de Israel e contra Edom (Números 24.18).
Alguns destaques interessantes da história de Edom e seu relacionamento com Israel podem ser vista no cronograma abaixo:
1406 a.C. Edom recusou passagem a Israel a caminho do Jordão (Nm. 20.14-21)
  992 a.C. Davi conquistou Edom, matando a maioria dos homens (2Sm.8.13; 1Rs. 11.15 ss.)
  860 a.C. Edom (com Moabe e Amom) atacou Judá, mas foi destruído pelo seus aliados, depois de Josafá ter convocado o povo à oração (2Cr.20).
  847 a.C. Edom revoltou-se contra Judá, constituindo o seu próprio rei (2Cr. 21.8).
  845 a.C. Edom e Filístia pilharam Judá (2Cr. 21.16-17). É provável que o livro de Obadias tenha sido escrito logo após estes acontecimentos.
  785 a.C. Amazias atacou Edom, matando 20.000 homens (2Cr. 25.11-12).
  735 a.C. Edom revolta-se novamente, levando muito cativos (2Cr. 28.17).
  586 a.C. Edom vingativamente ajudou a Babilônia a destruir Jerusalém, e por esse motivo foi-lhe permitido estabelecer-se na parte sul de Judá (Sl.137.7, Ez. 25.12). Vários estudiosos entendem que Obadias escreveu neste período a sua profecia.
  300 a.C. Cidades e terra de Edom foram tomadas pelos árabes nabateus, forçando os edomitas a ir para o centro e o sul de Judá.
  165 a.C. Judas Macabeu tomou Hebrom, que se tinha tornado capital dos edomitas.
  126 a.C. João Hircano subjugou os edomitas (agora chamados idumeus) e forçou-os a serem circuncidados com os judeus.
   40  a.C. Herodes, o Idumeu, sucedendo a seu pai Antipater, tornou-se rei da Palestina, conquistando Jerusalém em 37 a.C.
   70  d.C. Os idumeus foram completamente destruídos pelos exércitos romanos de Tito, cumprindo-se as palavras de Obadias. “Serás exterminado para sempre” (v.10), bem como as profecias de Joel (3.19) e Jeremias (49.17,18).

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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