No calvário se
ergueu uma cruz contra o céu,
Como emblema de
afronta e de dor.
Mas eu amo essa
cruz: foi ali que Jesus
Deu a vida por mim, pecador.
Há
poucos dias celebramos o Natal com seu colorido e festividade, todavia ele é
tão somente a preparação para os dias tenebrosos e escuros da Páscoa que se projeta
à sombra da Cruz. Jesus nasceu para morrer, pois somente na sua ressurreição
temos a vitória definitiva sobre o nosso inimigo mais terrível e tenebroso – a morte.
Mateus
e Lucas abrem suas narrativas evangélicas compartilhando alguns poucos, mas
significativos, detalhes que envolveram o nascimento de Jesus. Mas a partir do
terceiro capítulo eles se associam à narrativa de Marcos e juntos, com pequenos
intercursos de Mateus e igualmente de Lucas, eles caminham juntos com Jesus até
o Gólgota. A manjedoura aponta para a Cruz!
O
apostolo Paulo deixa bem claro que o cerne de sua pregação evangélica é Jesus
Cristo e esse crucificado. Entre o Primeiro Testamento e o Segundo Testamento,
temos a ponte que os interliga – a Cruz de Cristo. Sem a cruz o Primeiro
Testamento perde sua significância e valor; sem a cruz o Segundo Testamento nem
mesmo teria sido escrito – não haveria necessidade de narrativas evangélicas,
de cartas e nem de Apocalipse. O que dá sentido a toda literatura bíblica – de Gênesis
ao Apocalipse - é a Cruz.
Evidentemente
que para a mentalidade carnal, materialista e hedonista, a cruz é símbolo de
loucura e abominação. Para a lei romana a cruz era destinada aos piores entre
os piores e para os judeus o madeiro era a marca distintiva da maldição de Deus
sobre aquela pessoa.
Mas
aprouve a Deus chocar as mentalidades humanas de ontem e de sempre, transformar
o instrumento de morte em instrumento de vida. Para os incrédulos a cruz é
objeto de repudio e escarnio, mas para aquele que crê em Jesus Cristo como seu
único e suficiente Senhor e Salvador, a cruz é motivo de louvor e gratidão,
pois foi na cruz que foram e somos resgatados da ira, do juízo e da condenação
de Deus, pois foi na cruz que Jesus pagou o preço de nosso resgate, que Ele rasgou
a promissória da nossa dívida impagável – foi ali crucificado, em meios aos
seus últimos brados, que Jesus tornou-se maldição em nosso lugar, para que nele
pudéssemos ser feitos justo e santo para o nosso Deus e Pai.
Foi na cruz, foi na cruz
Onde um dia eu vi
Meus pecados castigados em Jesus
Foi ali, pela Fé, que meus olhos abri
E agora me alegro em sua luz
Nas
narrativas evangélicas é perceptível de forma clara o esforço permanente de
Satanás em desviar Jesus da cruz. A ordem infanticida do perverso e maligno rei
Herodes (o Grande), para que matassem os meninos nascidos na região de Belém de
dois anos para baixo é o primeiro sinal; ainda quando em preparação para o
inicio de seu ministério terreno, após longo e debilitante período de jejum e
oração no deserto, o próprio Satanás o tenta por três vezes seguidas e cujo
objetivo é demover Jesus do propósito da cruz, mas Jesus lhe resiste com
autoridade e harmonia com o propósito definido no Conselho triuno antes mesmo
da eternidade. E finalmente, enquanto faz sua última subida para Jerusalém, um
de seus discípulos mais próximo, após ouvir novamente as palavras de Jesus que
haveria de ser preso, condenado e morto pelo conchavo das autoridades
religiosas judaicas e romanas, mas que ao terceiro dia ressuscitaria, Pedro
puxa Jesus de lado e começa a insistir com ele para que abandone essa história,
que use seu poder divino, que tantas vezes ele próprio testemunhara, para
impedir sua prisão e sua morte. Então Jesus olha para Pedro e imediatamente lhe
repreende de forma contundente: arreda-te Satanás, pois não fazes parte do
projeto eterno de Deus, mas pensas apenas nas coisas humanas e passageiras
desta vida terrena.
E passados vinte e um séculos,
todo o esforço do inferno ainda continua sendo o de afastar as pessoas da Cruz.
O departamento de marketing infernal trabalha 24 horas por dia, produzindo
milhares de versões de evangelhos SEM A CRUZ. Atraem com riquezas e prazeres
deste mundo milhares de “pregadores” que oferecem aos milhões de ouvintes essa fake news que mantém o pecador debaixo da ira
e condenação no tribunal de Deus.
Quando
chegamos no último livro da Bíblia – o Apocalipse - o tema da cruz continua sendo um dos pilares
centrais da revelação. De imediato João retrata o Jesus ressurreto e glorioso
como sendo “o primogênito dos mortos” (1.5) e “aquele que vive”; que
experimentou a nossa morte, mas “agora vive para sempre” e que em Suas mãos
estão “as chaves da morte e do inferno” (1.18). Então prossegue João
registrando uma doxologia cantada continuamente na glória celestial: “Aquele
que nos ama, e pelo sangue [cruz] nos libertou dos nossos pecados, e nos
constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai, a ele a glória e o domínio
pelos séculos dos séculos” (15-6).
Se
usarmos uma caneta marca texto e destacarmos a expressão “o Cordeiro”, maneira
pela qual João identifica Jesus Cristo haveremos de ver que permeia toda essa
narrativa apocalíptica. E a razão é simples: esse é o Cordeiro, que pelo seu
sangue derramado no Calvário, tira o pecado de todos aqueles que creem, e que
se constituem em uma “grande multidão que ninguém poderia contar”, compostos
por pessoas advindas das mais diversas nações, povos, línguas e etnias e “cujas
vestimentas (vidas) foram lavadas e alvejadas no sangue [cruz] do Cordeiro”. E
que agora somados a todas as miríades angelicais cantam declarando: “Ao nosso Deus que se assenta no
trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação”. Mais ainda, cada nome desta
multidão incontável está registrado no “livro do Cordeiro”. E esse Cordeiro é o
único digno de retirar os selos o Rolo dos desdobramentos e conclusão da
História Humana. O Cordeiro é o Senhor da História, e o que o qualifica é a sua
Cruz – aquele que foi morto, mas vive pelos séculos dos séculos. Amém.
Mas
esse mesmo Cordeiro que salva o pecador arrependido, é o mesmo haverá de julgar
os incrédulos e ímpios que não apenas o rejeitaram, mas que foram instrumentos
de Satanás para infringir dor, sofrimento e morte aos cristãos e servos de Deus
do Primeiro e Segundo Testamentos. Tais pessoas impenitentes e amantes de si
mesmas ficaram transtornados diante do Juízo do Cordeiro: "Caí sobre nós,
escondei-nos da face daquele que se assenta no trono, e da ira do Cordeiro,
porque chegou o grande dia da ira deles; e quem é que pode suster-se?".
O
fato de que “o Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (13.8)” detém
em suas mãos o livro da Vida, significa que desde a eternidade passada até à
eternidade futura o centro é da História é ocupado pelo Cordeiro de Deus que
foi morto [cruz] sim, mas que vive [ressurreição] para sempre e sempre. Aleluia!
Ao nosso Deus que se assenta no trono, e ao Cordeiro, pertence a salvação e
somente e exclusivamente a Ele.
Friederich
Nietzsche (falecido em 1900) em uma de suas famosas obras (O Anticristo (1895),
amada e utilizada como bíblia pelos ideólogos da nova (des)ordem mundial, já
nas primeiras páginas deixa transparecer todo seu asco e repudio pelo Deus e
Cristo revelados na Bíblia. Em relação a Deus ele o chama de “Deus dos
enfermos, Deus como aranha, Deus como espírito" mas ele guarda ainda maior
rancor em relação ao Messias cristão ao qual ele chama de “Deus sobre a cruz”,
que para ele significa fraqueza e portanto deve ser desprezada como algo inútil
e que somente serve de muleta para pessoas fracas e débeis. Nietzsche morreu a
cento e vinte e dois anos, e o evangelho da Cruz continua sendo pregado e
salvando milhares de pessoas. Todos os ideólogos da nova [tão antiga quanto o
inferno] (des)ordem mundial [milionários e empresas transnacionais] combatem
até mesmo fomentam a violência e a morte por asfixia jurídica dos cristãos em
todo o mundo.
“Jesus
e esse crucificado” permanece como o cerne do genuíno cristianismo. Não há
cristianismo, nem evangelho, nem igreja e nem um único salvo sem a pregação da
Cruz. Ninguém pode compreender e crer em Cristo até que compreenda a sua cruz.
Quando a igreja (como instituição) abandona a Cruz ela a sua morte é apenas uma
questão de tempo. Foi e está sendo assim em todos os grandes centros cristãos
de outrora, como a Europa, e será assim em todo lugar em que a Cruz é
rejeitada.
A
História e o esforço de todos os Reformadores, antes e depois do século XVI
para resgatar os princípios cardeais da fé genuinamente cristã e bíblica: sola
fide, o soli deo gloria, e os demais pontos tinham em comum o resgate da
centralidade da Cruz, pois somente aqueles que compreendem corretamente a Cruz
— conforme o pensamento dos reformadores — estarão aptos para compreenderem
corretamente a Bíblia e Jesus Cristo. O apostolo Pedro somente foi entender a
Jesus Cristo, depois que ele entendeu o que se passou no Calvário, até então
ele estava na ignorância como todos os demais.
Jesus
coloca três características de um discípulo dele e um destes é: tome a cruz! Todos
que escondem a cruz, que evitam a cruz e que rejeitam abertamente a cruz – não são
discípulos de Cristo.
O
evangelicalismo secular, materialista e hedonista predominante em grande parte
do mundo hoje e particularmente no Brasil, não são evangélicos de fato e de
verdade. São imitações baratas e vulgares do genuíno Evangelho, pois no centro
da pregação do verdadeiro evangelho bíblico está a Cruz.
Entre
o genuíno Natal e a genuína Páscoa, jamais haverá árvore enfeitada com bolas
coloridas e papais Noel bonachão e nem coelhinhos fofinhos e chocolates, mas sempre
haverá a Cruz ensanguentada de Jesus Cristo!
Utilização livre desde que citando a
fonteGuedes, Ivan PereiraMestre em Ciências da Religião.me.ivanguedes@gmail.comOutro BlogHistoriologia
Protestante
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