Muitas
pessoas que não estão familiarizadas com os textos bíblico, principalmente do
Primeiro Testamento, fazem certa confusão com os termos: hebreu, judeu e israel.
São povos diferentes? São nomes sinônimos? Vejamos, pois:
Etimologicamente,
o termo “hebreu” (ברי ע - pronuncia-se "Ivri") significa aqueles que vão de um lugar para outro ou
nômades. Historicamente o vocábulo vem de Eber,
descendente de Sem, filho de Noé. Isso significa que “hebreu”
identificava um dos povos semitas, ou seja, de Sem (Gn 10.21, 25). Abraão era
hebreu por ser da descendência de Sem por Eber (Gn 11.10-26; 14.13) e desta
forma, os descendentes de Abraão também eram chamados de hebreus (Gn 39.17; 40.15;
43.32). De acordo com o rabino Samuel Lerer (1984, p. 305) Abraão foi chamado
de hebreu porque a raiz dessa palavra significa – do outro lado – e Abraão recebe este etnônimo por duas razões: ele
chegou a Canaã do outro lado do Eufrates, portanto, e não era um cananeu nativo; a segunda
razão é que ele foi o primeiro monoteísta (Noé, Sem, Eber) e, de alguma forma,
ele era do outro lado, acreditando em um Deus, portanto, diferentes dos outros
clãs canaanitas que acreditavam em diversos deuses. Em tábuas cuneiformes datada
de 1.400 a.C., descobertas em Tell el-Amarna, no Egito, identifica-se as
pessoas que vinham de Canaã, os familiares de José (Jacó), como “habiru –
hebreus”. Embora usualmente o termo “hebreu” seja atualmente menos utilizado
para identificar os descendentes de Abraão, ele continua sendo usado para
identificar a língua hebraica – de origem semítica.
Uma
peculiaridade bíblica é que a última pessoa a ser identificado como “hebreu” é José. Ainda adolescente foi trazido para
o Egito como escravo. Em meio ao panteão egípcio José manteve firme sua fé monoteísta,
herdada de seus ancestrais (Noé, Sem, Eber, Abraão, Isaque e Jacó, seu pai). E
foi depois que não cedeu aos caprichos sexuais da esposa de Potifar (seu dono)
que ele é identificado pela primeira vez como sendo um “Ivri – hebreu”. Posteriormente Deus o colocou como o segundo em
comando no Egito e trouxe seus familiares para viverem no Egito e ali habitaram
e se tornaram um grande povo.
O
termo “israelita”
(Israel), também é extremamente antigo, vem do terceiro patriarca Jacó (neto de Abraão), que teve seu nome
mudado por Deus para Israel, “príncipe de Deus” (Lerer, 1984, p. 306),
mas, independentemente do seu significado, foi o nome utilizado nos tempos
antigos para identificar os descendentes de Jacó e posteriormente, após o
período monarquista, os moradores da nação de Israel até o desaparecimento do
Reino do Norte (Israel), cuja queda é considerada como tendo ocorrido no ano
722 ou 721 AEC. Também é um termo amplamente conhecido por ser a denominação
atual da população do Estado de Israel, tanto para os judeus nascidos no país,
mas também inclui imigrantes judeus de diferentes partes do mundo que vieram
via imigração para a terra de Israel (Zadoff, Efraim, 2009, p. 16).
O
mais conhecido dos três termos é o “judeu”
e de acordo com Lerer (1984, p. 306) a origem do termo relaciona-se com as doze
tribos que se originaram dos doze filhos de Jacó (Israel). Como mencionado
acima todos eles inicialmente eram denominados de israelitas, mas no período monárquico,
após a morte do rei Salomão, o reino foi dividido em duas nações: Israel formado
pelas tribos ao Norte e a tribo de Judá que ficava ao Sul. A região da Judéia
sobreviveu além do tempo em que o reino do norte foi destruído. O povo da
Judeia era chamado de judeu e no transcorrer da história e principalmente após
a destruição da cidade de Jerusalém e do Templo pelos romanos em 70 d.C., o
termo passou a identificar todos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó.
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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