terça-feira, 28 de abril de 2020

História Bíblica: Hebreu, Judeu ou Israel



Muitas pessoas que não estão familiarizadas com os textos bíblico, principalmente do Primeiro Testamento, fazem certa confusão com os termos: hebreu, judeu e israel. São povos diferentes? São nomes sinônimos? Vejamos, pois:
Etimologicamente, o termo “hebreu” (ברי ע - pronuncia-se "Ivri") significa aqueles que vão de um lugar para outro ou nômades. Historicamente o vocábulo vem de Eber, descendente de Sem, filho de Noé. Isso significa que “hebreu” identificava um dos povos semitas, ou seja, de Sem (Gn 10.21, 25). Abraão era hebreu por ser da descendência de Sem por Eber (Gn 11.10-26; 14.13) e desta forma, os descendentes de Abraão também eram chamados de hebreus (Gn 39.17; 40.15; 43.32). De acordo com o rabino Samuel Lerer (1984, p. 305) Abraão foi chamado de hebreu porque a raiz dessa palavra significa – do outro lado – e Abraão recebe este etnônimo por duas razões: ele chegou a Canaã do outro lado do Eufrates, portanto, e não era um cananeu nativo; a segunda razão é que ele foi o primeiro monoteísta (Noé, Sem, Eber) e, de alguma forma, ele era do outro lado, acreditando em um Deus, portanto, diferentes dos outros clãs canaanitas que acreditavam em diversos deuses. Em tábuas cuneiformes datada de 1.400 a.C., descobertas em Tell el-Amarna, no Egito, identifica-se as pessoas que vinham de Canaã, os familiares de José (Jacó), como “habiru – hebreus”. Embora usualmente o termo “hebreu” seja atualmente menos utilizado para identificar os descendentes de Abraão, ele continua sendo usado para identificar a língua hebraica – de origem semítica.
Uma peculiaridade bíblica é que a última pessoa a ser identificado como “hebreu” é José. Ainda adolescente foi trazido para o Egito como escravo. Em meio ao panteão egípcio José manteve firme sua fé monoteísta, herdada de seus ancestrais (Noé, Sem, Eber, Abraão, Isaque e Jacó, seu pai). E foi depois que não cedeu aos caprichos sexuais da esposa de Potifar (seu dono) que ele é identificado pela primeira vez como sendo um “Ivri – hebreu”. Posteriormente Deus o colocou como o segundo em comando no Egito e trouxe seus familiares para viverem no Egito e ali habitaram e se tornaram um grande povo.
O termo “israelita” (Israel), também é extremamente antigo, vem do terceiro patriarca Jacó (neto de Abraão), que teve seu nome mudado por Deus para Israel, “príncipe de Deus” (Lerer, 1984, p. 306), mas, independentemente do seu significado, foi o nome utilizado nos tempos antigos para identificar os descendentes de Jacó e posteriormente, após o período monarquista, os moradores da nação de Israel até o desaparecimento do Reino do Norte (Israel), cuja queda é considerada como tendo ocorrido no ano 722 ou 721 AEC. Também é um termo amplamente conhecido por ser a denominação atual da população do Estado de Israel, tanto para os judeus nascidos no país, mas também inclui imigrantes judeus de diferentes partes do mundo que vieram via imigração para a terra de Israel (Zadoff, Efraim, 2009, p. 16).
O mais conhecido dos três termos é o “judeu” e de acordo com Lerer (1984, p. 306) a origem do termo relaciona-se com as doze tribos que se originaram dos doze filhos de Jacó (Israel). Como mencionado acima todos eles inicialmente eram denominados de israelitas, mas no período monárquico, após a morte do rei Salomão, o reino foi dividido em duas nações: Israel formado pelas tribos ao Norte e a tribo de Judá que ficava ao Sul. A região da Judéia sobreviveu além do tempo em que o reino do norte foi destruído. O povo da Judeia era chamado de judeu e no transcorrer da história e principalmente após a destruição da cidade de Jerusalém e do Templo pelos romanos em 70 d.C., o termo passou a identificar todos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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