quinta-feira, 2 de maio de 2019

NT - Contexto Histórico: Contribuição dos Gregos



            A Soberania de Deus sobre a História é claramente manifestada no estabelecimento de Impérios, assim como também a causa direta de suas quedas. Poucos impérios influenciaram tantos, em tantos lugares, por tanto tempo como o império grego. As conquistas de Alexandre o Grande a partir de 334 a.C., quando desembarcou em Trôade, até sua morte, na Babilônia em 323 a.C., demarca o momento da introdução do pensamento grego no mundo. Suas conquistas transformaram vida no Oriente Próximo e a cultura helenística espalhou-se rapidamente por todos esses países. O comércio internacional progrediu vigorosamente sob o novo clima cultural e político.
Ainda hoje o mundo ocidental ainda sente indelevelmente os efeitos do chamado helenismo. As contribuições da civilização grega para a implantação e expansão do cristianismo têm sido estudas exaustivamente, perfazendo milhares de páginas de pesquisas e ainda há muito a ser pesquisado. Vejamos alguns aspectos do império grego que contribuíram efetivamente à expansão da mensagem cristã:
§Helenismo: As conquistas de Alexandre o Grande transformaram  o modus vivendi no Oriente Próximo e a cultura helenística espalhou-se rapidamente por todos esses países. O comércio internacional progrediu vigorosamente sob o novo clima cultural e político. Helenismo, que é o substantivo derivado do verbo “ellenizo” (falar grego), originalmente significava o uso adequado da língua grega. Na Grécia do século IV, era uma exigência para distinguir o grego do estrangeiro, pois os estrangeiros tinham se tornado tão numeroso que tornou-se um risco cultural, pois se constituía em uma influência corruptora do idioma dos próprios gregos. Por esta razão a retórica fazia parte integrante do currículo acadêmico no Liceu de Atenas, que era dividida em cinco partes denominadas de “virtudes da dicção”, cuja premissa básica era o Helenismo, ou seja, a gramatica e correta utilização da linguagem grega sem qualquer corrupção estrangeira (bárbaros). Posteriormente, fora da Grécia o termo foi adquirindo um sentindo cultural mais amplo de adoção do estilo de vida grego. Com o desenvolvimento do cristianismo, helenismo passou a incluir também um sentido religioso abarcando todas as manifestações cúltica não apenas dos gregos, mas de todas as religiões não cristãs (pagãs), sendo esse o sentido que os chamados Pais da Igreja, principalmente de origem grega, fizeram uso deste termo em suas obras polemistas, onde defendem e fazem distinção entre o cristianismo e as demais religiões.
§Idioma Grego (Koinê): Sem dúvida alguma a maior contribuição do helenismo foi popularizar a língua grega. O grego Koinê (popular) tornou-se a língua comercial-cultural de âmbito internacional (o inglês dos nossos tempos).
Como a maioria dos judeus, após a diáspora,[1] permaneceu vivendo foram da Palestina, houve a necessidade de se efetuar uma tradução da Bíblia Hebraica para a língua grega, que recebeu o nome de Septuaginta e/ou Versão dos Setenta (LXX),[2] e que foi amplamente utilizada nas Sinagogas espalhadas por todo o Império Romano.
O cristianismo, apesar de iniciar na Palestina, nasce permeado pelo helenismo. A literatura cristã, ainda que fosse escrita por judeus, com exceção de Lucas, utilizou-se da língua grega popular para comunicar sua mensagem e desta forma se universalizar. O foco irradiador deste cristianismo helenizado foi a cidade de Antioquia, substituindo Jerusalém (o centro judaico) e onde pela primeira vez os seguidores de Cristo são denominados de cristãos (christianoi).
apóstolo Paulo compreendia muito bem o processo transcultural helenista e utilizou-se dele para expandir o cristianismo, partindo sempre das sinagogas espalhadas por todo o mediterrâneo, onde o grego era falado e a Septuaginta era utilizada, por isso a razão de se encontrar tantos prosélitos nessas sinagogas. Suas inúmeras correspondências, portanto, suas argumentações, foram elaboradas nesse contexto helenista e na língua grega, o que se pode comprovar pela sua utilização das citações da Septuaginta e não dos textos hebraicos.
Entretanto, torna-se precipitado concluir que Paulo e os demais escritores neotestamentários foram totalmente absorvidos pela mentalidade e conceitos gregos, ao contrário, o pensamento deles continuou hebraicamente concreto e não filosoficamente abstrato como no pensamento grego.

Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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Referências Bibliográficas
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DRANE, John (Org.) Enciclopédia da Bíblia. Tradução Barbara Theoto Lambert. São Paulo: Edições Paulinas e Edições Loyola, 2009.
HALE, Broadus David. Introdução ao Estudo do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2001.
JEREMIAS, Joachim. Jerusalém no Tempo de Jesus: pesquisa de história econômico-social no período neotestamentário. 4 ed. São Paulo: Paulus, 1983.
OTZEN, Benedikt. O Judaísmo na Antiguidade: a História política e as correntes religiosas de Alexandre Magno até o Imperador Adriano. São Paulo: Paulinas, 2003.
POPE, Arthur. The History of the Persian Civilization. s/ano.
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TENNEY, Merrill C. (Org.). Enciclopédia da Bíblia. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.



[1] Diáspora [Dispersão]: é utilizado para se referir os judeus que após o Cativeiro Babilônico optaram por permanecerem morando fora da Palestina (https://reflexaoipg.blogspot.com/search/label/Gloss%C3%A1rio%20B%C3%ADblico)
[2] Septuaginta [LXX]: foi a primeira tradução da Bíblia Hebraica para uma outra língua, no caso, o grego. Foi realizada no período de 250 a.C., sendo amplamente utilizada pelos judeus da diáspora que estavam perdendo o contato com a língua materna. É conhecida também pelo nome de “Setenta” abreviada pelos algarismos romanos LXX. No cristianismo primitivo foi fundamental para comunicar a mensagem evangélica tanto aos judeus quanto aos gentios (https://reflexaoipg.blogspot.com/search/label/Gloss%C3%A1rio%20B%C3%ADblico)

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