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A Voz do
Arrependimento
Continuamos nossa viagem na
companhia do evangelista Mateus. Iniciamos nossa viagem conhecendo o personagem
central – Jesus Cristo (capto 1 e 2), onde tomamos conhecimento de diversos
detalhes peculiares relacionados ao seu nascimento. Agora sem qualquer
preâmbulo quanto ao seu nascimento ou origem ele nos apresenta a figura
emblemática de João, o Batista. Ele e seu ministério de pregador nos arremetem
à intrepidez dos antigos profetas e particularmente ele cumpre a profecia de
Isaías. Ele não prega nas cidades e muito menos na capital Jerusalém, mas no
deserto e suas vestimentas e alimentação distinguiam-no dos outros. O tema de
sua pregação é o arrependimento, porque o reino dos céus estava próximo, pois veio
Jesus para inaugura-lo.
O ministério de João foi absolutamente único. Que outro
pregador escolheu um deserto como a esfera geográfica de seu ministério?
Filipe, o evangelista, certamente foi para o sul, num deserto, encontrar uma
pessoa determinada; mas a pregação de João Batista estava tão impregnada do poder
de Deus que as multidões se dirigiam a ele e pediam para ser batizadas,
confessando seus pecados.
Quero convidar você a continuarmos com nossa viagem!
Evangelho Segundo Mateus (NVI)
Capítulo 3.1-10
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Comentários
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Síntese da Perícope: A Voz do Arrependimento
No final
do capítulo 2, José, Maria e o menino Jesus retornam do Egito e se
estabelecem na cidade de Nazaré, na região da Galileia, após a morte do rei
Herodes, o Grande em torno do ano 4 a.C.
Mateus
abre o capítulo três com o ministério de João Batista, cerca de 25 a 30 anos
depois. Distintamente de Lucas (2.51,52) seu colega evangelista, Mateus opta
por não incluir informações sobre a infância de Jesus. Ele apenas nos informa
que Jesus cresceu na cidade de Nazaré, pois segundo a profecia ele receberia
a alcunha de nazareno (Mt. 2.23; cf. Is. 11.1). Desta forma a infância de
Jesus torna-se um enigma para nós, ainda que jamais para Deus. É neste espaço
vazio de informações canônicas que proliferaram as literaturas apócrifas
neotestamentárias que tanto sucesso fazem entre aqueles que anseiam
persistentemente em desvalorizar a inspiração bíblica. Mas nem as literaturas
evangélicas e nem qualquer outra literatura bíblica foi escrita e preservada
para satisfazer quaisquer que sejam as nossas curiosidades, mas unicamente
para comunicar a nós o propósito salvífico de Deus em e por meio de Jesus
Cristo.
Mateus
continua nos conduzindo e agora nos leva à região sul do famoso rio Jordão,
tão caro à história israelita. Eis que surge a figura de João, o Batista,
anunciando sua mensagem de arrependimento e declarando que o Reino dos céus
está próximo, pois ele se constitui no precursor do Messias, tão aguardado
pelos seus ouvintes judeus. A alcunha
de Batista está relacionada à sua pratica de “batizar” aqueles que se
arrependem de seus pecados e se tornam aptos a fazerem parte do reino
messiânico. João Batista quebra o chamado “período de silêncio” desde os dias
dos últimos profetas veterotestamentário. A pregação e ministério dele são o
meio que Mateus utiliza para romper também o silêncio de Jesus em todos os
seus anos anteriores em Nazaré.
A figura
do Batista foi emblemática a ponto dele ser confundido por muitos com a
figura do próprio Messias, mas ele tinha plena consciência de que era tão
somente um precursor que deveria preparar a chegada daquele que de fato
haveria de inaugurar o Reino de Deus.
OBS.: A partir deste capítulo José não aparece
mais em nenhuma outra narrativa de Mateus (ele não é mencionado nem mesmo no
casamento de Caná da Galileia cf. João 2.1-12). A maioria dos comentaristas
entende esse silêncio como indicativo de que neste intervalo de quase trinta
anos José tenha falecido e que Jesus sendo o mais velho dos filhos do casal
assume a responsabilidade da família, até que os demais tenham condições para
isso.
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1 Naqueles dias surgiu João Batista, pregando no
deserto da Judéia.
2 Ele dizia: "Arrependam-se, pois o
Reino dos céus está próximo".
3 Este é aquele que foi anunciado pelo profeta Isaías:
"Voz do que clama no deserto: "Preparem o caminho para o Senhor,
façam veredas retas para ele".
4 As roupas de João eram feitas de pelos
de camelo, e ele usava um cinto de couro na cintura. O seu alimento era
gafanhotos e mel silvestre.
5 A ele vinha gente de Jerusalém, de toda a Judéia e
de toda a região ao redor do Jordão.
6 Confessando os seus
pecados, eram batizados por ele no rio Jordão.
7 Quando viu que muitos fariseus e saduceus vinham
para onde ele estava batizando, disse-lhes: Raça de víboras! Quem lhes deu a ideia
de fugir da ira que se aproxima?
8 Deem fruto que
mostre o arrependimento!
9 Não pensem que vocês podem dizer a si mesmos:
"Abraão é nosso pai". Pois eu lhes digo que destas pedras Deus pode
fazer surgir filhos a Abraão.
10 O machado já está posto à raiz das árvores,
e toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo.
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Mateus
usa uma fórmula indeterminada nos anos para referir-se ao tempo em que João
Batista iniciou seu ministério. "Naqueles dias",
ou também "depois daqueles dias",
fazendo referência aos anos ocultos de Jesus Cristo em Nazaré. Mas também
conecta os acontecimentos anteriores (capto 1 e 2), aos acontecimentos
seguintes. A partir deste momento algo novo estará acontecendo, pois o Reino
e sua Justiça serão implementados.
João
Batista era apenas seis meses mais velho que Jesus (Lucas 1.26, 36). Então
ele tinha cerca de trinta anos quando começou seu ministério. Mateus
refere-se simplesmente ao fato do início do ministério de João, alegando que
ele veio pregando sua mensagem evangélica (evangelho – boas novas) no deserto
da Judéia.
João
não anuncia sua mensagem na capital Jerusalém e muito menos no centro
religioso do Templo, mas na região montanhosa que transpassam a parte central
da Palestina judaica chegando até as margens do rio Jordão, pouco povoada
devido suas condições semiáridas, mas ainda assim havia espalhadas nesta
região ao menos seis pequenas cidades ou vilas (Js 15.61,62).
O cerne
da
mensagem de João Batista é o chamado ao arrependimento (gr.
μετανοείτε, seg. per. pl. pres. imp. de μετανοέω - o
verbo aparece cinco vezes em Mt 3.2:4.17: 11.20,21; 12.41, duas vezes em Mc,
nove vezes em Lc, cinco em Atos, uma em 2Co 12.21 e onze vezes no livro de
Apocalipse. O substantivo cognato μετάνοια é também de
ocorrência frequente, começando com Mt 3.8.11). A ideia é de uma
mudança radical que afeta as emoções, a mente
e a vontade, ou
seja, uma mudança completa de vida.
Não é
apenas um exercício de retórica, mas um imperativo. Os judeus haviam
assimilado em grau, gênero e numero a cultura greco-romana, onde os limites
morais haviam sido totalmente destruídos. A religiosidade a partir do Templo e
seus fragmentados grupos estavam muito longe da proposta de Deus através de
suas leis (Isaías 29.13). A única solução é um arrependimento genuíno e
integral de dentro para fora, que inicia no coração, mas permeia todas as
instancias da vida.
Esse
arrependimento torna-se urgente mediante o
fato de que o Reino dos Céus está próximo e ninguém
adentrara ao Reino sem experimentar um arrependimento profundo.
Evidentemente
que esse arrependimento é consequência da graça de
Deus mediante a fé e a regeneração (novo
nascimento), conforme o ensino neotestamentário.
A
pregação de João é o ressoar dos séculos de pregação profética
veterotestamentária, simples e direta, sem artificialismo.
A
ilusão da religiosidade e descendência abraâmica não subsistira quando o
Reino for instaurado o que o profeta Jeremias há muito tempo atrás havia
proclamado (31.31-34). Uma Nova Aliança será
realizada através de Jesus Cristo.
A
palavra “reino” é encontrada cinquenta e seis vezes neste
Evangelho e a expressão “Reino dos Céus (ou o reinado
de Deus)” só encontram-se aqui em Mateus (aparece 32 vezes),
pois seus colegas evangélicos optam por “Reino de Deus”.
Os
comentaristas mais puristas conseguem fazer uma distinção entre as duas
expressões, mas em geral elas são vistas como intercambiáveis, pois
se referem ao governo soberano de Cristo cujo Reino abrange tudo e todos. Muitos
ensinamentos sobre o reino dos céus
em Mateus são repetidos para o reino de
Deus em Lucas. As distinções são decorrentes principalmente da aplicação
de uma hermenêutica dispensacionalista.
Mateus
extraiu a expressão das profecias de Daniel (2.34, 35, 44; 7.13,14, 23-27). É
representado no reinado de Davi (2 Sm 7.7-10), ratificado pelo profeta
Zacarias (12.8); o anjo ao comunicar a noticia à Maria sobre sua gestação
sobrenatural inclui esses aspectos de um governo universal (Lc 1.32-33), sem
qualquer restrição geográfica ou temporal. As últimas palavras de Jesus
Cristo aos seus discípulos, denominada de a Grande
Comissão, enfatiza o aspecto universal do Seu Reino “discípulos de todas as nações”
(povos, etnias). A nação de Israel/Judá foi estabelecida para ser uma
testemunha (luz) para todas as nações (Ex. 20.2; Dt. 5.6; 6.12: 7.6: etc.),
mas escolheu ser apenas mais uma entre outras nações; Jesus estabelece Sua
Igreja para que cumpra o propósito original de ser luz entre e para todas as
nações do mundo.
Nesse
primeiro momento o Reino é manifestado de forma interna e espiritual; está no
interior (Lc 17.20,21); por isso exige um novo nascimento (João 3.3). A
justiça do Reino não deve ser apenas externa e cerimonial (religiosidade)
como a dos fariseus e escribas, mas decorrente de uma nova natureza
espiritual.
Mateus
e seus companheiros evangelistas concordam que João Batista é o arauto
que
veio para anunciar a chegada do Cristo (Messias), conforme anunciado quase
setecentos anos antes pelo profeta Isaías (40.3-5). Quando os fariseus
perguntam se ele é o Messias, João apenas declara que é tão somente “a
voz” (φωνή – João 1.23) e Jesus faz o
link direto entre João Batista como arauto e a mensagem do profeta
veterotestamentário.
A vestimenta
e alimentação
exótica
de João Batista eram típicas dos moradores em lugares áridos como as
montanhas que contornam o deserto da Judeia e também fazia uma relação direta
ao ministério profético de Elias (2Rs 1.8; Zc 13.4, cf. Lv 11.22) considerado
um representante dos profetas veterotestamentário. O seu estilo de vida é um
contraste aberto do estilo de vida luxuoso dos líderes religiosos e políticos
que o fazem à custa de expolirem os pobres e necessitados, descumprindo
abertamente as leis estabelecidas na Aliança.
A popularidade de João
Batista é tão impressionante que “toda” Jerusalém
e a região da Judeia saem para ouvi-lo, evidente que é a utilização de uma hipérbole, mas
que ilustra a intensa procura das pessoas para ouvir um “homem de Deus”
depois de quatrocentos anos de silêncio. João atrai atenção das pessoas
apesar de sua simplicidade e desapego aos bens materiais; não há milagres e
nem promessas de prosperidade, mas um sermão autêntico e exortativo para um
arrependimento e retorno à comunhão com Deus. Sua pregação era uma brisa
refrescante em meio ao calor do deserto do legalismo e hipocrisia das
lideranças religiosas judaicas.
Em nenhum momento o
evangelista declara que a grande multidão creu na pregação, assim como
aconteceu com os profetas que o antecederam e irá acontecer com Jesus
posteriormente; o mais provável é que um número pequeno de fato recebeu a
mensagem de João. Sempre se encontrará muitos interessados, mas sempre serão
poucos os convertidos.
Na medida em que as pessoas criam
na mensagem e confessavam, ou seja, elas declaravam publicamente o
compromisso de deixar a prática de seus pecados, tais pessoas eram batizadas às
margens do rio Jordão. Os judeus estavam acostumados a
abluções rituais que expressavam limpeza e purificação, muitas delas
prescritas na Lei mosaica (cf. Lv 14.8; 15.5,6,22; 16.24; etc). O
arrependimento (fé) precede o batismo e jamais o contrario, pois
o batismo sempre foi uma manifestação visível de uma regeneração invisível. A
peculiaridade é que João Batista prega e conclama ao arrependimento, não
os gentios e/ou prosélitos do judaísmo, mas os próprios judeus, que se
autodenominavam “filhos de Abraão”. Seus ouvintes judeus haviam perdido o direito
de primogenitura e agora necessitavam de se arrependerem e retornarem à
Aliança.
Mas entre os ouvintes havia
os fariseus e saduceus, ao qual João (como o fará Jesus posteriormente – Mt
12.34; 23.33; cf. Ap 12.9; 20.2) dirige palavras contundentes: “geração de víboras”, nada conduz mais
pessoas ao inferno do que a religiosidade estéril e destituída de um arrependimento
genuíno.
A expressão seguinte: “quem os ensinou
(intimidade,
interioridade) a fugir da ira
eminente”. A ilusória religiosidade
expressada nos fariseus e saduceus, os dois maiores e mais influentes
grupos judaicos, podia encantar as pessoas, mas jamais passariam imunes ao
olhar perscrutador de Deus, que sonda os corações e a alma. O critério do
tribunal divino são os “frutos
de arrependimento”, sem os quais ninguém verá a Deus. A salvação não é
hereditária e o fato genético de ser descendente de Abraão não se constitui
em um passaporte para o Reino dos Céus (de Deus). O mesmo Deus que criou do
pó da terra o ser humano, poderia povoar o deserto da Judeia com uma nova
descendência de homens e mulheres sem qualquer ancestral físico e aqui João esta
fazendo um trocadilho, pois as palavras “pedras” e “filhos” possuem uma
grafia semelhante no aramaico. Simbolicamente Deus pode converter os corações
desobedientes (pedra) em corações obedientes (carne) cf. Ez 36.26.
Assim como Reino e sua
Justiça estão eminentes, o juízo de Deus igualmente será manifestado – “o machado está posto à raiz das
árvores”. A ideia é de se cortar com um único e definitivo golpe.
A vinda do Messias seria uma bênção para os que crendo se arrependessem, mas
seria terrível para todos aqueles que o rejeitassem. Se o Reino dos Céus é
uma realidade, igualmente é real a ira de Deus. Se a graça de Deus salva o
pecador, o juízo de Deus condena o pecado.
Assim como seu
ministério o batismo por ele efetuado é com água, mas aquele que virá após ele batizará com fogo. Assim como as árvores, ainda
que cheia de folhas, que não produzem frutos devem ser arrancadas e lançadas
no fogo (na última semana teremos o exemplo da figueira que não tinha
frutos), toda religiosidade que não produz frutos de justiça será cortada e
lançada ao fogo, que aqui simboliza o juízo de Deus que se manifestará contra
o mal em suas múltiplas formas (Mt 13.40-42, cf. Is 10.34; Jr 46.22).
O batismo com água é um
indicativo de que a pessoa se arrependeu, mas o batismo de Jesus pelo
Espírito Santo e o fogo (At.1.5) testa a genuinidade desse arrependimento.
Mateus utiliza em diversos momentos a imagem do fogo como símbolo do
julgamento divino (5.22; 7.19; 13.40,42; 18.8; 25.41).
|
Aplicação Geral da Perícope 3.1-12
(Mc 1.2-6; Lc 3.1-9; Jn 1.6-8,10-34)
v
O deserto é uma
imagem forte no consciente israelita/judaico. Foi no deserto que Deus
sustentou e renovou as velhas gerações que haviam saído do Egito. É no
deserto que Deus estabelece a Lei que vai reger a relação entre Deus e seu
povo (nação). É no deserto que Davi encontra refugio e segurança quando
perseguido pelo ensandecido rei Saul. O profeta Oséias (2.14) declara que foi
no deserto que Deus ao seu povo em intimidade, palavras de amor, comunhão e
encorajamento. É quando atravessa as tensas sombras dos vales da morte que o
cristão experimenta de forma mais intensa todo o cuidado de seu Pastor (Sl
23). Quando seus servos são obrigados a viverem como párias “errantes pelos
desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra” (Hb 11.38), eles
usufruem da mais doce e intima comunhão com seu Deus e Pai.
v
Quão distantes
estão os atuais pregadores do espírito simples e humilde de João Batista, que
era um arauto não apenas com suas palavras, mas acima de tudo com sua própria
vida. Estava no mundo, mas não se deixou encantar pelas ilusões deste mundo.
A vida de cada crente deve ser uma mensagem visível e silenciosa do evangelho
que o transformou (Rm 1.17). A maneira como o crente vive valida o que ele
prega ou desqualifica suas próprias palavras. A grande necessidade no Brasil
hoje não é de pregadores, há muitos e os mais diversos, mas lhes falta a
credibilidade de uma vida que reflita seu relacionamento com Deus e seu
compromisso com a Justiça do Reino.
v
Continua valendo
ainda hoje que o arrependimento e o subsequente batismo devem atestar uma
nova forma de viver; Jesus inicia seu ministério pregando a mesma mensagem de
João “arrependei-vos”
e exigindo de seus discípulos o mesmo compromisso de uma nova vida onde os
valores do Reino devem ser manifestados na vida diária deles; a primeira
pregação de Pedro após o Pentecostes tem o mesmo imperativo “arrependei-vos
e seja batizado”. Sem o arrependimento as pessoas não permaneceram em pé,
sem arrependimento todos perecerão (Lc 13.3; Atos 17.30,31). O que a nação
brasileira necessita urgentemente é um avivamento espiritual que produza
genuíno arrependimento nos corações e na vida.
v
Portanto, confessar aqui (e no restante da
bíblia) não é simplesmente uma repetição audível de seus pecados, pois Deus
conhece cada e todos eles e até mesmo os que ainda não foram praticados, mas
todo aquele que se submetia ao batismo público sabiam que simbolizava uma
renuncia definitiva com sua antiga forma de viver, e um compromisso público
de buscar uma vida em sintonia com a vontade de Deus, vivenciando os valores
da Justiça do Reino dos Céus. A verdadeira circuncisão (fé) nunca foi a do
prepúcio, mas a do coração. O genuíno arrependimento, consequente de uma fé
fundamentada na Palavra de Deus, inicia-se no coração e é bombeada para cada
uma das células do corpo e se expressa em todas as esferas da vida do crente,
onde prevalece sempre a Vontade de Deus. Como nos dias de João Batista há
milhares de pessoas que vivem iludidas, pensando que a simples religiosidade
é suficiente para conduzi-los ao Reino dos Céus, mas sem um genuíno
arrependimento, efetuado pela ação do Espírito Santo, ninguém entrara no
Reino de Deus.
v
Os fariseus e
saduceus estavam ali não por desejarem se arrepender de seus pecados, mas
simplesmente porque se incomodavam com a popularidade de João. Estavam
preocupados em preservarem suas estruturas religiosas pelas quais se sentiam
seguros e se constituía no instrumento de dominação sobre a população. Preservar
o status quo de suas estruturas religiosas é a razão da vida dos fariseus e
saduceus de ontem e de hoje. As estruturas denominacionais e a construção de
pequenos impérios evangélicos são a razão da vida (e serão também da morte)
de seus líderes. Qualquer um ou qualquer coisa que possa ameaçar seus
domínios serão tratados implacavelmente como inimigos.
v
Na mensagem
proclamada por João há uma urgência de se aproveitar o tempo da graça que
Deus está oferecendo. Uma vez mais é possível ouvir o eco distante do profeta
Isaías quando ele insistia com seus contemporâneos: "Busque o Senhor enquanto ele se deixa ser
encontrado, chame-o enquanto ele está perto" (Is 55.6).
v
Ainda que o
juízo seja eminente, por causa da graça, ainda haverá um tempo para
arrependimento sincero e um retorno a Deus (Lc 13.8). Uma vez mais Deus
pacientemente suporta os vasos da ira (Rm 9.22). O Deus de toda graça e
misericórdia proporciona um tempo para arrependimento (Ap 2.21).
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Utilização livre desde
que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da
Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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