Lista dos juízes e suas tribos segundo o
livro Juízes |
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Otoniel |
(Tribo de Judá) - Jz 1.11-15; Jz 3.7-11 |
Eúde |
(Tribo de Benjamim) - Jz 3,12-30; Jz 4,1 |
Sangar |
(desconhecido a origem) - Jz 3.31; Jz 5.6 |
Débora |
(Tribo de Efraim) - Jz 4.1; Jz 5.31 |
Gideão |
(Tribo de Manassés) - Jz 6.1-8; Jz 6.32 |
Tola |
(Tribo de Issacar) - Jz 10.1-2 |
Jair |
Tribo de (Manasses) - Jz 10.3-5 |
Jefté |
(Tribo de Manassés) - Jz 10.6-12; Jz 7 |
Ibsã |
(Tribo de Judá ou Zebulom) - Jz 12.8-9 |
Elom |
(Tribo de Zebulom) - Jz 12.11-12 |
Abdon |
(Tribo de Efraim) - Jz 12.13-15 |
Sansão |
(Tribo de Dã) - Jz 13-16 |
A história narrada no livro dos Juízes começa muito bem –
duas tribos sob a direção do Senhor vencem os inimigos e conquista o território
que lhes havia sido designado, um ideal muito nobre – mas a narrativa vai se
concluir com uma nota muito triste: "Naqueles
dias não havia rei em Israel; cada homem fazia o que era certo em seus próprios
olhos" (Juízes 21.25). Não havia direção, nem ordem, nem lei, mas sim
independência e ilegalidade. A história dos israelitas contém expressões
extraordinárias de fé e coragem, mas também contém profundezas abismais de
pecado, ilegalidade e perversidade. Portanto, é impossível lermos esse livro e
não sermos confrontados com a nossa própria realidade – quantos momentos
maravilhosos nós experimentamos no relacionamento com Deus, mas também, quantas
vezes falhamos miseravelmente; quantas vezes caminhamos tão perto de Deus, como
Enoque, mas por outro lado, quantas vezes tomamos caminhos diferentes e até na
contramão da vontade de Deus. O apóstolo Paulo experimentou intensamente esse
conflito na sua própria vida – as coisas boas eu não faço, mas as coisas ruins eu
faço – e declara: miserável pessoa que sou (Rm 7); mas então ele olha para a
Salvação que emana da Cruz: “Mas não há
nenhuma condenação aguardando aqueles que pertencem a Cristo Jesus - livrou-me
do círculo vicioso do pecado e da morte (Rm 8).
O Inimigo Extremamente Cruel
Periódica e repetidamente os israelitas faziam pouco caso
da Aliança estabelecida por Deus com eles. Esta atitude provocava a
manifestação da disciplina divina e para o qual Deus levantava governante e
povos que viviam ao redor deles.
Nos dias de Otoniel a vara de Deus será Cusan-Risataim
(3.8), cujo nome significa “duplamente
perverso”, um epiteto que revela por si mesmo o tipo de reputação que esse
governante havia construído ao longo de sua vida. Ele reina na Mesopotâmia que
abrangia a região entre os rios Tigre e Eufrates e de onde futuramente surgirão
dois impérios dominadores e violentos a Assíria que será dominada e sucedida pelo
império da Babilônia. Os israelitas tinham apenas que se manterem dentro dos
termos estabelecidos na Aliança com Yahvé, mas voluntariamente optavam por se
afastarem e irem após outros deuses. O fato de estas nações virem sobre os
israelitas não era decorrente apenas da iniciativa de seus desejos de expansões
e domínios, mas Deus mesmo os levantava e incitava, pois a soberania de Deus
nunca se restringiu apenas a Israel/Judá, mas sobre todos os domínios e
potestades (Salmo 75.6-8; Daniel 4.17; Romanos 13.1). "Deus não apenas designa todos os nossos
castigos, mas eles estão sob Sua direção e gerenciamento especial quanto à sua
natureza, grau, continuidade e efeitos. Que reflexo reconfortante este! Ter
todas as circunstâncias de nossa angústia no gerenciamento de tal mão!” (McLean).
Então os filhos de Israel clamaram a Yahvé. Levou oito
anos para que Israel percebesse que continuar a adorar Baal e Assera não trazia
nenhum benefício para eles e não os libertaria da opressão.
A Pessoa de Otoniel, o Primeiro Juiz.
Mas se a disciplina de Deus é dura a sua misericórdia é
um balsamo. Depois de um período os israelitas clamam a Deus e são ouvidos e um
juiz (líder) é levantado dentre eles - Otoniel é uma das luzes brilhantes do
livro de Juízes. Seu nome significa 'leão
de Deus', ou 'força de Deus', mas
qualquer que seja a interpretação, podemos ver que significa que havia força e
poder com este homem; nem sempre se harmonizam o nome e a vida da pessoa, mas
neste caso ao examinarmos sua vida nos poucos detalhes que nos é fornecido na
narrativa bíblica, o significado do nome que ele carrega é amplamente
confirmado nas suas ações.
Otoniel
não era apenas membro de uma tribo favorecida – Judá – “O cetro não se arredará de Judá” (Gênesis 49.10), mas também tinha em
seu tio Calebe um modelo de fé e determinação, um homem que "seguia inteiramente ao Senhor" (Nm
32.12; Dt 1.36; Js 14.14). Por quarenta anos ele tinha vivido no deserto, mas
em seu coração estava a genuína fé que o movia para conquistar a terra
prometida; ele estava preparado para experimentar todas as circunstâncias do
deserto, ele estava preparado para aceitar o governo de Deus por causa do
fracasso dos outros, mas tudo o que estava em seu coração era o desejo de
possuir a terra da promessa. Em certo momento ele desabafa: “Tive fé para entrar e conquistar a terra,
mas os outros não quiseram me ajudar”, mas então chegou o momento em que
ele teve a oportunidade de entrar e ele provou que tinha fé e determinação, e
ele conquistou o território que era seu por direito e ali se estabeleceu. Que
melhor mentor o jovem Otoniel poderia ter!
Agora
era o momento de Otoniel demostrar as mesmas qualificações de seu tio e
mentor. Seria maravilhoso se todos os jovens cristãos seguissem os bons
modelos que Deus colocou em seus períodos de formação – de fé, consagração e
compromisso com a Palavra de Deus - mas, infelizmente, não o fazem – a maioria
deles desiste, revelam um total menosprezo pelas coisas espirituais; mas
aqui estava um verdadeiro discípulo de Calebe; alguém que exibia exatamente as
mesmas características de coragem, determinação e fé para fazer as coisas que
agradavam a Deus; e ele venceu o inimigo e libertou o seu povo (jovens,
sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno – 1Jo
2.14). Otoniel sabia que Deus estava com ele, como sempre esteve com
Calebe, e esta era a fonte de sua coragem e fé. Como faz falta atualmente jovem
com a fé e compromisso de Otoniel e ancião com a fé e coragem de Calebe.
Compromisso em Meio a uma
Geração Descompromissada
Se
precisasse expressar em uma única palavra o que caracteriza a geração
evangélica atual, certamente seria a palavra descompromissada – o
evangelicalismo brasileiro é descompromissado com a Palavra de Deus e por esta
razão suas mentes estão sendo moldadas pelo sistema deste mundo. Otoniel tem
que vivenciar sua fé em meio a uma geração descompromissada com os termos da
Aliança - "surgiu outra geração depois deles, que não conhecia o
Senhor, nem tampouco as obras que Ele fizera por Israel" (2.10). Uma
geração que não foi ensinada em relação a Yahvé – Sua Aliança e Suas obras - e
por esta razão descompromissada. Eles estavam dentro da Aliança, mas não tinham
nenhuma preocupação com ela, e é tão fácil desistir de algo com o qual não
estamos preocupados. O resultado disso foi que eles abandonaram o Senhor e
adoraram ídolos, uma situação muito, muito triste.
Mas
tudo que se semeia um dia há de se colher. Não é possível professar uma fé em
Deus e seguir ídolos e esperar que tudo seja tranquilo e maravilhoso. Não
foi assim no caso de Israel e não será o nosso caso. Somente quando os israelitas
foram entregues nas mãos de seus inimigos, eles sentiram o peso da disciplina
de Deus que sobreveio por causa da infidelidade deles, e somente então clamam
ao Senhor: "E quando os filhos de Israel clamaram ao Senhor, o
Senhor levantou um libertador para os filhos de Israel, que os libertou, sim,
Otniel,... E o Espírito do Senhor desceu sobre ele, e ele julgou Israel, e saiu
para a guerra" (3.9). O exercício da liderança de Otoniel foi de
quarenta anos e houve paz (bênção) entre eles (3.11). Este é o tipo de
pessoa que Deus deseja usar, melhor ainda, que Deus tem prazer em
usar; uma pessoa que se provou em conflito pessoal em relação às coisas de
Deus e venceu. Este é o tipo de pessoa que o Espírito de Deus usará para
abençoar a vida de outros.
Aqui
há uma lição urgente a ser apreendida – somos responsabilizados de assegurarmos
de que a geração mais jovem seja corretamente ensinada, tendo em vista a
continuação do testemunho por meio da graça. Esse é o momento de nos
prostramos diante de Deus e clamarmos por sua misericórdia e graça em relação à
nova geração que esta nos sucedendo. Vamos clamar ao Senhor para que levante
aqueles que são capazes de nos ajudar em nossa fraqueza atual para que haja
bênção, sobre a nossa nação. O Senhor sempre ouve o clamor genuíno por socorro,
não orações egoístas ou religiosas, mas o clamor real que provem de um coração
contrito. E o mesmo Deus que ouviu o clamor dos israelitas e providenciou-lhes
um líder é o mesmo Deus que ouvira nosso clamor e levantara dentre esta geração
uma liderança cheia do Espírito Santo.
Utilização livre desde que citando a
fonteGuedes, Ivan PereiraMestre em Ciências da Religião.me.ivanguedes@gmail.comOutro BlogHistoriologia Protestante
Juízes: Leitura Comentada & Aplicada (1.1- 2.23)
https://reflexaoipg.blogspot.com/2020/08/juizes-leitura-comentada-aplicada.html?spref=tw
Síntese Bíblica – Juízes
http://reflexaoipg.blogspot.com.br/2016/02/sintese-biblica-juizes.html
Josué: Introdução Geral
http://reflexaoipg.blogspot.com/2018/03/josue-introducao-geral.html?spref=tw
Uma Revisão desde a Divisão do Reino – Judá
http.//reflexaoipg.blogspot.com.br/2016/12/historia-do-antigo-israel-uma-revisao.html
História do Antigo Israel. Uma Revisão desde a Divisão do Reino –
Israel
http.//reflexaoipg.blogspot.com.br/2016/09/historia-do-antigo-israel-uma-revisao_30.html
Contexto Histórico do Novo Testamento. Judá e o Domínio Persa
http.//reflexaoipg.blogspot.com.br/2016/10/contexto-historico-do-novo-testamento_26.html
Historia do Antigo Israel. Judá e o Exílio Babilônico
http.//reflexaoipg.blogspot.com/2016/12/historia-do-antigo-israel-juda-e-o.html?spref=tw
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