Quando
nos referimos a cidades no contexto bíblico e aqui mais especificamente na
literatura neotestamentária, não podemos pensar nas cidades atuais ou metrópoles
como São Paulo por exemplo. O conceito de cidade na literatura bíblica é bem mais
modesto e simples. A nação
de Israel tem suas origens nos povos nômades e posteriormente quando se
estabelecem em Canaã o foco é pastoril e agrícola, portanto, a construção de
grandes centros urbanos não era uma prioridade. O que prolifera são a vilas,
micro cidades, sem muita infraestrutura, composta por uma ou duas ruas
principais e um conjunto habitacional com casas simples e sem muito
embelezamento, mormente com poucos cômodos. Josefo, um historiador judeu da
época, calcula que havia 240 aldeias espalhadas pela Galiléia, com não mais do
que alguns acres e extensão e com uma população de pouco mais do que algumas
centenas de pessoas. Os centros habitacionais maiores (com dez acres ou mais)
exigem uma infraestrutura mais elaborada, bem como muros de proteção e as casas
são construídas com formas arquitetônicas mais desenvolvidas, bem como suas
ruas principais e as ruas transversais, pois o numero de habitantes permanentes
são mais expressivos. A cidade de Jerusalém, por ser a capital
politica-religiosa dos judeus, tinha dimensões muito maiores e não serve de parâmetro
em relação às demais cidades espalhadas por toda Palestina judaica. Mesmo
assim, ela fica muito aquém das dimensões e população das cidades atuais e
mesmo de outras grandes cidades como Roma, Grécia e Éfeso por exemplo. Durante
seu ministério Jesus percorreu cidades e vilas espalhadas por toda Palestina
Judaica anunciando a mensagem do Reino de Deus. Inicia seu ministério na cidade
de Cafarnaum, uma agitada cidade pesqueira e um centro comercial importante e
que se torna uma espécie de base na região da Galiléia. Ali ele chama seus
primeiros discípulos e realiza seus primeiros milagres. Ele perpassa outras
cidades como Jericó, onde cura o cego Bartimeu e entra na casa de um coletor de
impostos chamado Zaqueu. O fato de ter ali um posto tarifário implica de que a
cidade era um importe centro comercial de importação e exportação de
mercadorias. Mas certamente a cidade de Jerusalém é o palco maior e convergente
do ministério terreno de Jesus. Essa cidade representa todo a nação israelita e
por essa razão Jesus chora por ela, quando pela última vez a contempla do alto
do monte das Oliveiras, antes de sua entrada triunfal e posterior paixão. É
aqui também que Ele ressuscita e se revela aos discípulos e depois ascende aos
céus, deixando a promessa de que voltaria (parousia). O apóstolo Pedro vai para
Jope, uma importante cidade de artesãos com vistas impressionantes do mar e sua
vizinha Cesaréia, cujos portos eram rivais, será nessas duas cidades que Pedro
experimentara uma profunda transformação na sua maneira de pensar – transição do
judaísmo para o cristianismo – principalmente com a conversão e comitente batismo
do Espírito Santo do centurião romano (gentil) Cornélio, juntamente com toda a
sua família e demais presentes na reunião e que foram batizados pelo apóstolo. Na expansão do cristianismo
por todo o império Romano, Lucas nos proporciona a oportunidade de
acompanharmos o apóstolo Paulo em suas viagens missionárias, que soube como
poucos aproveitar as estruturas dos grandes centros urbanos, pois uma de suas
estratégias era alcançar um centro maior, estabelecendo ali uma comunidade
cristã bem fundamentada, e a partir dela alcançar as cidades menores da
circunvizinhança, como por exemplo ele o fez na grande cidade de Éfeso, também
portuária, e de onde irradiou a mensagem do Evangelho para outras cidades
menores. Nossa abordagem aqui é um
panorama das cidades que são mencionadas nas narrativas neotestamentárias e o faremos
por região geográfica, na expectativa que possa ser útil aos
leitores as sucintas informações sobre cada uma delas, visto que nossa
mentalidade moderna é urbana e não rural.
JUDEIA |
Terra de ravinas, dura e ingrata, de
clima quente e árido, geralmente acidentada com alturas superiores a 1.010
metros perto de Hebrom e estendendo-se por uma extensão de quarenta
quilômetros. Geograficamente, constitui a parte meridional da Palestina,
limitada a leste pelo rio Jordão e o mar Morto, ao sul pela Idumeia, a oeste
pelo mar Mediterrâneo, ao norte por Samaria.
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Azoto |
No
Primeiro Testamento é denominada de Ashdod (fortaleza). Uma das cinco
principais cidades dos filisteus (Js 13.3), mas no Segundo Testamento é
chamada de Azoto (seguindo a versão da Septuaginta). Ela fazia parte do
território designado à tribo de Judá que não a conquistou (Jz 1.19); foi
palco de muitas cenas na literatura veterotestamentária (1 Sm 5.17-7; 2 Cr
26.6; Am 1.8; Is 20.1; Jr 25.15-29; Sf 2.4; Zc 9.6; Ne 4.7-9; 13.23,24).
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Betânia |
Assim como
Cafarnaum era o lugar de repouso de Jesus na Galiléia (Mc 2.1), Betânia era o
lugar preferido de Jesus, pois quando se concluía a viagem extenuante da
subida da Galileia para Jerusalém, ela era o local onde ele descansava na
casa de seus queridos amigos Lazaro, Marta e Maria (Lc 10.38). Estava
localizada na encosta Leste do monte das Oliveiras, num antigo acesso a
Jerusalém, vindo de Jericó e do Jordão. (Mc 10.46; 11.1; Lc 19.29).
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Belém |
Havia
outra Belém na tribo de Zebulom, perto do mar da Galiléia (Js 19.15). Outro
nome para Belém era Efrata (Gn 35.19; 48.7; Mq 5.2).
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Emaús |
Povoado mencionado apenas em Lucas (24.13). Após a ressurreição, uma das aparições de Jesus foi para dois discípulos que caminhavam de Jerusalém para Emaús, cujo nome de um deles era Cleofas, caminharam com Cristo sem o reconhecer (Lc 24.13-35). Estavam tão desanimados após a crucificação que somente quando Jesus parte o pão na hora da refeição compreenderam a real identidade daquele que caminhara com eles um dia inteiro. foi somente após sua partida que eles entenderam sua identidade. |
Gaza |
Importante cidade
portuária na costa sul da Palestina. Nos dias de Juízes os israelitas
deveriam tê-la conquistado, mas falharam (Jz 1.18; 3.3), e a cidade tornou-se
parte da Pentápolis filisteu, a cidade mais ao sul naquela liga de cinco
cidades (Js 13.3; 1 Sm 6.17; Jr 25.20); Gaza teve um lugar de destaque nas
narrativas de Sansão: enquanto visitava uma prostituta, escapou da captura
pelos filisteus e, tomando os portões da cidade de Gaza, os levou para Hebron
(Jz 16.1-3); depois de ser traído por Dalila, Sansão foi levado como
prisioneiro para Gaza, onde foi torturado e confinado (16.21-25), mas após
recuperar suas forças ele derrubou os pilares do templo de Dagom em Gaza (16.28-30).
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Jericó |
A primeira cidade
Cananeia ao Oeste do Vale do Jordão a ser conquistada pelos israelitas. (Nm
22.1; Js 6.1, 24, 25), 270 metros abaixo do nível do mar, em um local muito
fértil famosa por seus jardins e palmeirais. Depois de destruída nos dias de
Josué o território fixou anexado à tribo de Benjamim, mas posteriormente
acabou ficando de posse dos moabitas, por 18 anos, mas foi reconquistada
novamente pelos israelitas (Jz 3.12-30). O profeta Eliseu transforma águas
contaminadas em águas limpas nas fontes de Jericó ((2Rs 2.11-15,19-22). Após
a libertação do exílio babilônico, 345 “filhos de Jericó” achavam-se entre os
que voltaram com Zorobabel, em 537 AC, e, pelo que parece, fixaram-se em
Jericó. (Ed 2.1,2,34; Ne 7.36) Posteriormente alguns dos homens de Jericó cooperaram
na reconstrução dos muros de Jerusalém (Ne 3.2).
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Jerusalém |
Certamente
a mais importante da história judaica e a grande Capital estabelecida por e
nos dias de Davi. O Templo projetado por Davi e construído por Salomão
tornou-se o coração da jovem nação israelita e depois da divisão do Reino dos
judeus. Nas Escrituras, há mais de 800 referências a Jerusalém. O mais antigo
nome registrado da cidade é “Salém”. (Gn 14.18) cuja raiz hebraica significa
“paz” e quando na forma dual “dupla paz”.
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Jope |
Salomão utilizou seu porto para receber o transporte dos cedros do Líbano usados para a construção do Templo (2 Cr 2.6), Jope foi conquistada durante a revolta dos Macabeus e destruída durante a grande revolta judaica de Vespasiano, que instalou ali uma guarnição romana. Foi nesta cidade que aconteceu a ressurreição da viúva chamada Tabita (At 9.36-42) e foi lá que o apóstolo Pedro recebeu a visão de Deus pedindo-lhe que não fizesse distinção entre alimentos puros e impuros, e, portanto, entre judeus e pagãos quando entrasse na casa de Cornélio um centurião romano (At 10.0-16). |
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
me.ivanguedes@gmail.com
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Referências Bibliográficas
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