Começamos
aqui uma caminhada fascinante pelos escritos dos profetas do Primeiro
Testamento e/ou Antigo Testamento. Os profetas, seus escritos e sua função são
muito mal compreendidos, pois existe um distanciamento de séculos e de cultura.
Esta
falta de compreensão correta leva a maioria das pessoas a distorcerem o
significado da mensagem profética e do oficio profético. A impressão que se tem
é que eles viviam em transe espiritual recebendo e transmitindo a mensagem de
Deus, como se fossem fax humanos. Todavia veremos que todos eles eram pessoas,
seres humanos, que dentro de suas limitações foram utilizados por Deus para
transmitirem com fidelidade a mensagem que seus contemporâneos necessitavam
ouvir.
O
propósito desta série é resgatar a importância da mensagem profética bíblica,
bem como o papel daquelas pessoas que foram escolhidos por Deus para serem Seus
mensageiros ao Seu povo. Seja bem-vindo!
Lugar na nossa Bíblia
A primeira divisão da primeira parte de
nossa Bíblia é denominada de Pentateuco ou Lei (Tora - Instrução) na versão judaica; a segunda divisão chamamos de Históricos enquanto os judeus denominam
de Profetas Anteriores.
Os
dezessete livros considerados nesta terceira
seção eram classificados na Bíblia hebraica como os Profetas Posteriores. O termo
‘posterior’ se refere principalmente
quanto ao seu lugar no cânon e não sua posição cronológica. Estes profetas são
às vezes chamados os profetas da escrita
porque seus autores escreveram ou registraram suas mensagens. Existiram também
os profetas orais, ou seja, aqueles
profetas que não deixaram nenhum registro de suas mensagens, dos quais podemos
destacar: Gade, Natã, Ido, Aias, Semaías, Azarias, Hanani, seu filho Jeú,
Jaaziel, Elias, Micaías, Elias e Eliseu (com certeza os dois últimos são os
mais representativos deste grupo). Principalmente por causa da quantidade de
escritos, os Profetas Posteriores são subdivididos em Profetas Principais ou Maiores
(Isaias, Jeremias, Ezequiel e Daniel), e os doze Profetas Secundários ou Menores,
visto que todos os seus escritos juntos podiam ser incluídos em um único grande
rolo que veio a ser denominado, na versão grega, como “Os Doze Profetas”.
O
profeta Daniel, normalmente visto como um dos Profetas Principais em nossas
versões aparece somente na terceira
divisão do Cânon hebraico denominado de “Escritos”,
a razão parece ser o fato de que ele exerceu seu ofício profético durante o
cativeiro. As Lamentações (Jeremias] serão
também tratadas aqui por causa de seu lugar em nossas versões, entretanto na
Bíblia hebraica está no meio dos chamados “Cinco
Rolos ou Megilloth”, que era sumário o bastante para ser publicamente lido
nas Festas judaicas.
Como Foram Denominados
Os
autores destes livros eram descritos ou referidos devido à natureza de seu
ministério e chamando. Eles foram denominados de videntes, profetas, homem de Deus,[1] mensageiro ou embaixador (cf. Is. 44:26; Ml. 3:1; Dn. 6:20), servo do Senhor,[2] homem do Espírito (cf. Os. 9:7, Mq. 3:8)[3] e atalaia (cf. Ez. 3:17).[4] É
importante a compreensão dos dois
principais termos hebraicos que denominam o profeta ou oficio profético – ro’eh e nabhi’ – ainda que as duas palavras sejam usadas como sinônimas (I
Samuel 9:9), todavia, a segunda é mais rica em significado, como se pode ver
abaixo:
v Vidente (ro’eh) significava que o profeta possuía uma visão
sobrenatural dos acontecimentos presentes e futuros. Dá ênfase ao fato de que possuía poder de
receber a revelação divina em visão (Ex.24:11; Jó 19:26; Is.1:1; 47:13;
Mq.4:11; etc...).
“O profeta vê o que não é dado ver ao restante dos homens,
mas não por mérito próprio, por causa de sua excepcional perspicácia, ou por um
poder de penetração, que são apanágios de inteligência aguda e experiente.
Também não se trata do emprego de meios semelhantes aos que se utilizavam na
adivinhação ou no ocultismo. A visão do profeta resulta exclusivamente de um
dom sobrenatural, independentemente da vontade do mesmo profeta, pois o objeto
dessa visão é revelado por Deus. Não vá julgar-se, porém, que tal submissão a
Deus pode implicar uma passividade absoluta. 0 uso das faculdades normais do
profeta não fica em suspenso, como se pode deduzir da palavra "vidente",
já que, quando mais não seja, a visão exige não pequeno esforço da parte do
profeta, preparando-se para ela, as mais das vezes, com oração e com rogos
(Daniel 9:3).”[5]
v Profeta (nabhi’) cedo este termo tornou-se o mais popular e traz a
ideia de ‘um que tem a função de anunciar
uma mensagem que recebeu da parte de Deus’. E ainda que as derivações desta
palavra sejam um assunto sujeito a controvérsia, a ideia essencial é que tal
pessoa se constitui num ‘porta-voz
autorizado’ e três passagens envolvendo a pessoa de Moisés deixa esta questão bem clara: Êxodo 6:28-7:2; Números 12:1-8 e Deuteronômio 18:9-22. Estes versos
definem enfaticamente que o profeta é um que anuncia a mensagem que Deus
revelou a ele.
Podemos
concluir este primeiro ponto usando uma definição muito precisa feita por
Brown: “O profeta do Antigo Testamento é
um proclamador da Palavra, a quem Deus vocacionou para advertir, para exortar,
para consolar, para ensinar e para aconselhar; tendo vinculações exclusivamente
com Deus, desfrutando, portanto, de uma liberdade que não tem igual”.[6]
Utilização livre desde que citando a
fonte
Guedes, Ivan Pereira Mestre em Ciências
da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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TESTAMENTO
[1] Isha Elohim "homem de Deus". Este título expressa a estreita associação da
pessoa com Deus e quase só aparece nas narrativas sobre Samuel, Elias e Eliseu
(ver I Samuel 2:27; 9:6; II Reis 4:9,25; 17:18; 4:9)".
[2] É
relacionado com aquela pessoa que está inteiramente ocupada no serviço de Deus
(Am. 3:7; Jr. 29:19; Ez. 38:17; Dn. 6:20).
[3] Este
título torna-se expressivo, fornecendo a fonte primária da autoridade do
profeta: o Espírito Santo. E como Miquéias eles chegam a citar nominalmente e
com toda convicção esta verdade.
[4] A
função do Atalaia era alertar imediatamente os demais sobre qualquer perigo que
se avizinhasse. O profeta recebia da parte de Deus os perigos que haveriam de
sobrevir e imediatamente ele prevenia seus ouvintes, concitando-os ao
arrependimento.
[5] O
Novo Comentário da Bíblia, Edições Vida Nova, São Paulo.
[6] BROWN,
Colin. Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento, pg. 761.
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