O primeiro livro da bíblia, Gênesis,
abre com os atos criadores de Deus. Somente depois de ter criado todo o sistema
é que Ele cria o ser humano e os coloca em um Jardim autossuficiente. Mas no
capítulo três o ser humano rompe com Deus e é lançado em um mundo hostil e
perigoso no qual o ser humano terá que enfrentar a cada dia seu desafio.
A partir do capítulo três de Gênesis
Deus inicia seu Projeto Redentivo que vai possibilitar o ser humano se reconciliar
com Ele. Ainda no primeiro livro Deus chama Abraão (Abrão) e estabelece com ele
uma Aliança na qual há promessa de que através dele uma nação extremamente
numerosa se formará ao longo dos tempos e que eles receberiam também uma terra
onde pudessem viver Gênesis 15.18-21.
Desta forma, quando Deus estabeleceu o sistema
sacrificial descrito em Levítico como meio pelo qual eles deveriam se
relacionar corretamente com Deus, bem como tipos do sacrifício perfeito de
Cristo em tempo futuro.
Tudo que era necessário para os diversos sacrifícios
levítico estava acessível a todos os israelitas. Animais como ovelhas, cabras,
touros ou bois (e em menor grau em pombas ou passarinhos) e distinguidos entre animais
“limpos” e animais “impuros” que eram impróprias para consumo
ou sacrifício. A obediência às leis sacrificiais demarca a fé e
fidelidade do povo para com seu Deus.
Os profetas estão sempre corrigindo a nação
pelo descaso com que em determinados períodos tratavam a questão dos sacrifícios,
não apenas por deixarem de oferecerem as ofertas ou por utilizarem animais
inapropriados, mas acima de tudo por fazeres sacrifícios sem o devido
compromisso de fé e obediência às demais normativas estabelecidas na Lei.
O profeta Isaias fala que a fumaça e o cheiro
de seus sacrifícios estavam provocando ânsia de vômito em Deus, pois não havia
fé e lealdade deles, eram apenas rituais sanguinários sem qualquer compromisso
de lealdade da parte deles Isaías 1.10-17. Seria como se eles estivessem
subornando a Deus, para continuarem pecando licenciosamente.
Outros elementos importantes envolvem o
calendário festivo do AT, que conecta eventos específicos na história da
salvação de Israel com os diversos ciclos agrícolas. Ao longo de todo o período
descrito nos livros históricos, existe uma tensão permanente entre a verdadeira
adoração de Yahweh, estabelecida nas normativas levíticas, e a adoração
idólatra de Baal, predominante na Síria-Palestina, que também tinham seus
deuses ligados à natureza.
As promessas de Deus que a terra que haveriam
de receber por graça (sem terem feito algo por merecer) eram abundantemente férteis
podem serem comprovadas na formação geográfica, pois desempenham um papel
importante na formação dos padrões agrícolas e socioculturais israelitas. A
interação entre planícies e terras altas, com suas determinadas sazonais climáticas,
são fundamentais para o desenvolvimento da agropecuária de subsistência.
No período da monarquia vemos um ponto de
inflexão na agricultura e pecuária israelitas. Primeiramente há os avanços
tecnológicos do período particular no início da Idade do Ferro, mas também as
mudanças organizacionais e ideológicas decorrentes de uma administração
centralizada baseada no domínio dinástico e que por decorrência passam a
interferir tremendamente na produção e distribuição de alimentos.
Na leitura dos textos bíblicos percebemos
vislumbres interessantes dessas mudanças. Já no princípio do período formativo
da monarquia, nota-se uma mudança no status de animais (como mulas e cavalos de
carruagem), que estão ausentes no período tribal dos tempos pré-monárquicos. As
disciplinas como iconografia, paleozoologia e paleobotânica fornecem insights uteis
para ajudar o estudante a entender o texto bíblico em suas verdadeiras
dimensões culturais, históricas e religiosas.
Pois os israelitas, como todo nós, vivenciavam
as duas dimensões: teológica no que tange sua relação com Deus, bem como o
cotidiano real, com vínculos genuínos com seus vizinhos e em lugares, climas e
culturas materiais concretas. O que a literatura bíblica histórica nos ensina é
que não se deve viver estas duas realidades distintamente, mas de forma amalgamada.
Tudo que se faz no cotidiano deve ser vinculado ao relacionamento com Deus e o
reverso é tão verdadeiro quanto, pois o relacionamento espiritual correto com
Deus deve ser espelhado no vivencial cotidiano. Uma dicotomia destas duas
dimensões jamais foi proposta por Deus que é o autor de toda a Criação. E uma
das mais lindas promessas escatológicas bíblicas é que no retorno do Cristo
ressurreto, haverá uma Nova Criação e o ser humano voltara a experimentar a
plenitude da harmonia com a natureza, e o apostolo Paulo declara que a própria
Criação anseia por este tempo Romanos 8.22-28; 2
Coríntios 5.17 (provavelmente muito mais do que muitos pseudos
cristãos ditos ecológicos).
Síntese Bíblica – Levítico
https://reflexaoipg.blogspot.com/2016/02/sintese-biblica-levitico.html?spref=tw
Gênesis Capítulo 1 – Verdades Fundamentais
https://reflexaoipg.blogspot.com/2022/02/genesis-capitulo-1-verdades-fundamentais_26.html?spref=tw
Lendo o Livro da Criação (Salmo 19.1-6)
https://reflexaoipg.blogspot.com/2021/12/lendo-o-livro-da-criacao-salmo-191-6.html?spref=tw
Síntese de Levíticos
https://reflexaoipg.blogspot.com/2016/02/sintese-biblica-levitico.html?spref=tw
Literatura Histórica do Antigo Testamento: Introdução
http://reflexaoipg.blogspot.com.br/2016/08/literatura-historica-do-antigo.html
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