Prólogo (1.1-13)
Na segunda unidade (v. 9-11) Mt 3.13-17;
Lc 3.21,22; Jo 1.32-34 o evangelista Marcos registra o Batismo de Jesus
feita por João Batista. E aqui temos alguns detalhes que são importantes e
devem ser compreendidos corretamente.
v.9
–
E aconteceu naqueles dias = ou seja, nos dias em
que João Batista estava exercendo seu ministério de Precursor do Messias.
veio Jesus de Nazaré da Galileia – Jesus não vem da Judeia
– centro de poder político e religioso (Templo) – na verdade tanto o poder
político quanto religioso judaico no transcorrer da narrativa irão tramar a
morte de Jesus.
Nazaré era
um povoado sem nenhuma importância econômica ou religiosa e não há qualquer
referência dela no AT, tanto que Marcos precisa ajudar seus leitores a
localizarem – da Galileia.
A famosa frase de Natanael quando Felipe fala
de Jesus – “pode vir alguma coisa boa de Nazaré” (Jo 1.43) – resume bem
o descaso e menosprezo pelos nazarenos.
Para
chegar às margens do rio Jordão onde está João Batista, Jesus percorre em torno
de 160 km. No final de sua narrativa Marcos novamente faz a referência: Jesus
de Nazaré (16.6).
A
região da Galileia ficava ao Norte e era composta por milhares de
pescadores e camponeses pobres, que dependiam dos ricos da Judeia e por isso
mesmo era palco de sucessivas revoltas e rebeliões contra os opressores
estrangeiros (romanos), mas também dos exploradores judeus da região rica da
Judeia (Jerusalém-Templo).
Portanto,
ser Galileu já era suficiente para ser tido como suspeito e visto com
desconfiança e ainda mais nazareno – realmente o Currículo de Jesus não era
dos melhores.
e foi batizado por João no Jordão - o rio Jordão tem uma
referência histórica muito forte na mente dos judeus (israelitas). Marca a
transição da liderança de Moisés para Josué e demarca a entrada
ou posse da Terra Prometida (Canaã).
O
nome Josué e Jesus tem o mesmo significado (o Senhor Salva
ou o Senhor é a nossa Salvação). Marcos trata com todas essas
referências quando compõe sua narrativa evangélica – assim como Josué
introduziu os israelitas na Canaã terrena; Jesus é aquele que Salvará e
introduzirá um novo povo formado de todas as tribos, povos e raças na Canaã
Celestial. Por isso podemos cantar: “Caminhando vou para Canaã!”.
Questão importante: por que Jesus se submete ao
batismo de João (arrependimento e remissão de pecados)?
O
próprio evangelista já deixou claro que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, o
Prometido e o doador do Espírito Santo (o que será reafirmado logo após o
batismo). Qual o motivo; qual a razão?
Assim
como João é o intermediário entre a Antiga e a Nova Aliança – Jesus é o intermediário
(Mediador) entre Deus e o ser humano.
Assumindo
a nossa natureza humana Jesus se submete ao batismo, pois se identifica conosco
– torna-se plenamente solidário com a nossa humanidade. Quando ele sai das
águas – os céus se abrem - para nós – pois Ele torna-se a ponte que liga
novamente os céus e a Terra.
Em
Adão fomos lançados fora do Jardim de Deus (sua comunhão) e os nossos
pecados nos impediam de voltarmos novamente a Deus; mas em Cristo voltamos a
ter livre acesso ao Jardim e à Comunhão com Deus, como o Princípio Apocalipse
22.1-5.
E o Espírito como uma pomba descia sobre ele: essa
cena nos remete a Gn 1.1s quando no princípio da Criação o Espírito
Santo pairava sobre as águas – aqui na Nova Criação o mesmo Espírito vem
sobre Jesus – na forma de uma pomba (Noé e a nova geração de seres humanos).
A
grande diferença é que o Espírito PERMANECE com
Jesus e quando derramado (Pentecostes) PERMANECERÁ em cada crente – para
sempre!
ENTÃO,
como que para AUTENTICAR toda a Cena – ouve-se uma voz dos céus (Pai) que
declara: “Tu és o meu Filho amado, em quem tenho todo o meu prazer”. Nos
remetendo ao Salmo 2.7 e reaparecerá no transcorrer da narrativa
marqueana.
Resumo
deste segundo parágrafo: Jesus de Nazaré é o Ungido (Messias) de
Deus, seu Filho amado e Nele e por Meio Dele podemos fazer parte da Nova
Criação e retornarmos ao Jardim da Comunhão com Deus.
Utilização livre desde que citando a fonteGuedes, Ivan PereiraMestre em Ciências da Religião.Universidade Presbiteriana Mackenzieme.ivanguedes@gmail.comOutro BlogHistoriologia Protestantehttp://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
Referências
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