Biblioteca do Segundo Testamento ou Novo Testamento
(Romanos).
Esta série original (Tyndale New Testament Commentaries)
traduzida pela editora brasileira Vida Nova[1]
com o título geral de “Série Cultura
Bíblica” na década de 1980 preencheu uma lacuna imensa de bons comentários
bíblicos. A editora brasileira optou por capas dos volumes do Antigo Testamento em vermelho e do Novo Testamento em azul,
para distingui-los. Suas reiteradas edições são testemunho de quão relevante
estas séries se tornaram para as lideranças e estudantes evangélicos brasileiros,
que finalmente tinha à sua disposição comentários de todos os livros da bíblia
em uma perspectiva acadêmica contemporânea cujos mais diversos autores eram
eminentes catedráticos tanto do Antigo quanto do Novo Testamento.
ROMANOS: INTRODUÇÃO E COMENTÁRIO - F. F. Bruce.
M.A., D.D.
O autor deste comentário
da epístola de Paulo aos Romanos é um reconhecido e respeitável acadêmico o Dr.
F. F. Bruce[2]. Ele foi
um acadêmico bíblico escocês que sempre defendeu a confiabilidade histórica do
Novo Testamento. Um de seus primeiros livros “Documentos do Novo Testamento: São Confiáveis?” (New Testament
Documents: Are They Reliable?), tem influenciado positivamente gerações de
evangélicos em todo o mundo.
A proposta dos editores originais era produzir uma série
bíblica que tivesse relevância acadêmica, mas sem perder sua essência
devocional, de maneira a poder suprir tanto as necessidades dos estudantes e
pastores, quanto oferecer ao leitor leigo uma oportunidade de se aprofundar no
estudo dos livros da bíblia. E certamente está proposta vinha de encontro às
necessidades prementes dos evangélicos brasileiros.
O autor organiza seu comentário primeiramente resumindo
os argumentos de Paulo e depois aborda os temas específicos e destaca individualmente
os versos mais relevantes, onde ele amplia um pouco mais sua discussão. Os
resumos iniciais são de grande ajuda para que os leitores possam obter uma boa
compreensão da mensagem desta preciosa carta paulina.
Em sua introdução Bruce alerta quanto aos perigos de
extrair o apóstolo de seu contexto histórico e transportá-lo para o século
XX/XXI, erro lamentável que grande parte dos comentaristas atuais insiste em
fazer. A hermenêutica e exegese mais honesta é aquela em que se permite ao
próprio Paulo falar por si mesmo. Para Bruce os dois capítulos finais da carta
são parte integrante do texto epistolar e não há razão convincente para se duvidar
de sua autoria paulina. Concluindo a introdução sua paráfrase[3]
do texto epistolar é de grande utilidade para os leitores menos familiarizados
com o texto paulino e clareia ainda mais as ideias centrais da preciosa carta.
Como mencionado acima a brevidade do comentário, seguindo a proposta
editorial, significa que algumas questões controversas não são discutidas,
enquanto outras, como por exemplo a "Nova Perspectiva", são apenas mencionadas.
Todavia, o comentarista deixa muito claro seus posicionamentos e pressupostos
exegéticos/hermenêutico, onde por exemplo ele rejeita a interpretação de que a
ira de Deus é meramente "impessoal", demonstrando que Paulo entende
claramente que Deus não apenas justifica o pecador, como o mantém justo.
Para Bruce o capítulo 7 é basicamente autobiográfico, ainda que Paulo
entenda que seja essa a realidade universal da raça humana. Todo cristão vive o
conflito da sobreposição da velha e nova vida. Sem a ação do Espírito Santo o
fracasso é inevitável, pois naturalmente jamais preencheremos os requisitos da
Lei. Para Bruce a expressão paulina “estar em Cristo” implica a inserção do
convertido na Igreja – “corpo de Cristo”, de maneira que o cristão deve expressar
o caráter de Cristo em seu viver cotidiano.
Outro assunto que ele discute é a relação entre glória e sofrimento. O
sofrimento é visto como a experiência cristã normal, e a glória não é a
compensação, mas o resultado final desse sofrimento e por esta razão o crente
não deve se desesperar, mas confiar e aguardar. Quanto ao capítulo 9 Bruce
prefere pensar em Paulo como se opondo à qualquer possibilidade de salvação por
obras.
Os capítulos 12 em diante se constituem na segunda parte da carta onde
Paulo vai aplicar os ensinos dos capítulos anteriores, e Bruce aponta as
semelhanças com o ensino de Jesus, para irritação de muitos que desejam
desassociar o ensino paulino do ensino evangélico. Paulo defende plenamente sua
liberdade em Cristo, de maneira que não aceita qualquer tipo de cerceamento, o
que não significa que Paulo é libertino, mas que submisso à orientação do
Espírito Santo é livre para fazer ou não fazer. Infelizmente hoje uma parcela
expressiva de evangélicos distorce esse ensino de Paulo, pois defendem apenas a
liberdade para “fazerem” e não a
igual liberdade para “não fazerem”. Para
Paulo “ser livre” não significa em hipótese alguma dar vazão à toda sorte de concupiscência
e depravação, claramente afrontosa aos princípios bíblicos, mas “ser livre”
significa dizer “não” à toda sorte de ações e manifestações pecaminosas.
Seguindo a proposta editorial este não é de forma alguma um comentário
exaustivo sobre a epístola aos Romanos, mas é de grande valia, e lançará uma
nova luz sobre diferentes passagens. O leitor leigo provavelmente encontrará um
pouco de dificuldade, principalmente por não esta familiarizado com a
utilização de comentários, mas aqueles que querem ter uma melhor compreensão de
Romanos, sem ter que ler um comentário exegético mais complexo, haverão de apreciar
este comentário de Bruce.
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[1]
Cujo um dos fundadores foi o querido Pastor Russell P. Shedd (1929 2016), que
tanto se preocupou em disponibilizar aos estudantes de teologia no Brasil
material bíblico de qualidade.
[2] Frederick
Fyvie Bruce (12 de outubro de 1910 - 11 de setembro de 1990).
[3]
Interpretação, explicação ou nova apresentação de um texto (entrecho, obra
etc.) que visa torná-lo mais inteligível ou que sugere novo enfoque para o seu
sentido.
[1]
Cujo um dos fundadores foi o querido Pastor Russell P. Shedd (1929 2016), que
tanto se preocupou em disponibilizar aos estudantes de teologia no Brasil
material bíblico de qualidade.
[2] Frederick
Fyvie Bruce (12 de outubro de 1910 - 11 de setembro de 1990).
[3]
Interpretação, explicação ou nova apresentação de um texto (entrecho, obra
etc.) que visa torná-lo mais inteligível ou que sugere novo enfoque para o seu
sentido.
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