“Amós clama contra o falso conceito de Deus e de
religião por parte do crente e da Igreja”
Paul F. Barackman
Como todas as demais literaturas do Primeiro Testamento
e/ou Antigo Testamento as mensagens proclamadas pelo profeta Amós não tem a
devida apreciação por parte dos cristãos pós-modernos permeados pelo pseudo
evangelho hedonista e materialista que massageia o ego humano e acaricia suas concupiscências
depravadas.
Para deterioração acelerada do evangelicalismo atual as
mensagens de Amós não são mais lidas e meditadas; o seu contexto não é colocado
de forma acessível mesmo para uma simples leitura; seu conteúdo é na maioria
das vezes mal compreendido e distorcidamente interpretado. É uma literatura
pouco popular e com poucos apreciadores de seus saberes fortes e contundentes.
Sua mensagem não foi totalmente esquecida porque faz parte integrante das
Escrituras inspiradas do povo e da igreja de Deus, do contrário, teria sofrido
o destino de todas as obras que caem em desuso e deixam de ter interesse
público.
A biografia de Amós, o profeta, é no mínimo empolgante. De
boiadeiro e agricultor ele é chamado e enviado por Deus como profeta, não para anunciar
os designíos de Deus para seus contemporâneos do Reino do Sul (Judá), mas para
seus coirmãos do Reino do Norte (Israel). De antemão ele sabia que seria hostilizado
no exato momento em que abrisse sua boca, pelo simples fato de ser do Sul, mas,
além disso, o conteúdo de sua mensagem era de alerta quanto ao eminente juízo
que Deus manifestaria sobre seus ouvintes, caso eles não dessem ouvidos à sua pregação.
Como esperado o profeta foi implacavelmente perseguido e
menosprezado desde suas primeiras palavras e por fim acusado de inimigo e ameaçado
de morte se não se retirasse imediatamente, pondo fim ao seu curto ministério
profético. Todavia, aprove ao Espírito Santo preservar e incluir suas mensagens
no cânon das Escrituras judaicas e posteriormente acrescidas do cânon
neotestamentário, perfazendo deste modo a nossa atual Bíblia e/ou Escritura.
Cabe agora a cada um de nós mantermos acesa essa chama profética e sua mensagem
atemporal do juízo eminente de Deus sobre toda sorte de injustiças e
depravações.
Nunca
a sociedade brasileira e as igrejas evangélicas mais necessitam urgentemente
ouvirem as pregações de Amós como nesses dias atuais, onde uma grande e
terrível tempestade de toda sorte de malefícios ameaçam cair sobre toda a
sociedade. É preciso que se faça ouvir o rugido ensurdecedor do Leão de Judá,
para que o mal seja desbaratado e o bem possa novamente reinar sobre a igreja
do Senhor.
Síntese Biográfica do Profeta Amós (extraída do próprio
livro)
Pastor de Tecoa 1.1
Boieiro e cultivador de sicômoros 7.14
Profeta – suas mensagens
foram incluídas entre as literaturas dos profetas 7.14
Completamente dependente do Poder e Soberania de Deus
O
soberano 7.4-6; 8.11; 9.8
O Deus dos Exércitos 4.13; 5.16; 8.14
Aquele
que fez as Plêiades e o Oriom 5.8
O que transforma o dia em noite 5.8
O
que chama os tsunamis e as derrama sobre a terra 5.8
O primeiro dos profetas cujos escritos foram
preservados
Profunda preocupação com a
espiritualidade do crente – sentir Deus no coração
Modelo dos profetas posteriores
Introduziu
um tipo de profecia inteiramente nova
Tornou-se
um parêntese entre os profetas anteriores e posteriores
Torna-se
um agente para mudança de rumo na história da profecia israelita/judaica
Inicia
um movimento de renovação da expressão religiosa
Pregador
intransigente da retidão e da justiça
O primeiro reformador religioso da antiguidade:
Do culto
Dos conceitos sociais
Da moral
O profeta da integridade espiritual:
Reivindica o conceito da santidade de Deus
A convicção inabalável da presença
de Deus no meio de Seu povo
O Pregador contumaz sobre o juízo de Deus sobre todo o
mal e malefícios:
Condena
com veemência irredutível: a ambição desmedida pela riqueza, a ganância exacerbada
de lucros, a usura descabida, o luxo, a vaidade, a hipocrisia, e todas as formas
explicitas ou implicitas de corrupção moral.
O poeta da verdadeira
religião – na sua essência divina
O proclamador da Justiça Infalível de Deus ao qual estão
sujeito todas as pessoas, independentemente de suas posições sociais ou
religiosas:
Ele
declara que nada ficará oculto, pois Deus conhece quais são o seus pensamentos
4.13
Que
Deus castigará todas as injustiças 3.2
Que
todas as pessoas compareceram diante Dele 4.12
Denuncia incansavelmente os malefícios de seu tempo:
A exploração
escandalosa da religião para afligir os mais necessitados e carentes 2.8
Os
negociantes fraudulentos que manipulam preços e medidas 8.5-6
Os
ricos que desprezam os desfavorecidos 6.4-6
Os
corruptos que distorcem as leis por avareza 5.12
Os
falsos e inescrupulosos juízes que advogam em favor dos poderosos e corruptos
em detrimento da retidão e da justiça 5.7
A
ortodoxia estéril dos cultos a Deus 5.21-26
Toda
sorte de idolatria explicita ou implícita religiosa 5.26
A
utilização de superstições em lugar da fé genuína em Deus 8.14
Quaisquer
formas abusivas de culto que se utiliza de sincretismo com outras religiões estranhas
as Escrituras.
As Teses de Amós:
Toda
pessoa tem que escolher entre o bem e o mal, não escolher é uma escolha do mal;
Os
inimigos de Deus querem matar, roubar e destruir; mas Deus é quem salva e
liberta os seus escolhidos;
Só
existe UM refúgio seguro e UMA fortaleza invencível – o próprio Deus;
O
Senhor dos Exércitos, Eterno, Criador, Supremo Juiz, é a única Salvação do
crente.
Deus Fala e o Ser humano deve ouvir:
“Assim diz o Senhor” 2.1
“Eis-me aqui, ó casa de Israel” 5.4
A Visão Profética de Amós
Destruição
das nações que praticam o mal
Invasão
de Israel (Reino do Norte) por exércitos inimigos
Tristeza
e sofrimento no cativeiro
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro Blog
Historiologia Protestante
Artigos Relacionados
Profetas: Amós e a Justiça
(Onde está a Voz Profética)
Amós: Uma Voz Profética
Contra a Opressão e Escravagismo (1ª Parte)
O Período Clássico do
Profetismo no Primeiro Testamento - Século VIII
O Desenvolvimento do
Profetismo em Israel/Judá
Profetas: As Diversidades Contextuais
Os Profetas e as Questões
Sociais
Profeta Oséias: Contexto
Histórico
Profeta Oseias – Introdução
Geral
Referências Bibliográficas
AMISSAH, Patrick Kofi. Justice
and righteousness in the prophecy of Amos and their relevance to issues of
contemporary social justice in the church in Ghana. [PhD Theology and
Religious Studies]. Awarding institution: King's College London: s/d. [Download
date: 18. Apr. 2019].
BRIGHT, J. História
de Israel. São Paulo: Paulus, 7ª ed., 2004.
CHAMPLIN, Russel
Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. 2.
ed. São Paulo: Hagnos, 2001.
FOHRER, Georg. História
da religião de Israel. [Tradução: Josué Xavier; revisão: João Bosco de
Lavor Medeiros]. São Paulo: Edições Paulinas, 1982.
HASEL, Gerhard F. Teologia
do Antigo e do Novo Testamento: questões básicas no debate atual. [Tradução
do AT: Luís M. Sander, trad. do NT: Jussara Marindir P. S. Arias. São Paulo:
Ed. Academia Cristã Ltda, 2007.
HUBBARD, D. Comentário
bíblico de Joel e Amós. São Paulo: Vida Nova, 1995.
KIRST, Nelson. Amós:
textos selecionados. São Leopoldo, Faculdade de Teologia, 1981.
LASOR, William. Introdução
ao Antigo Testamento. [Tradução: Lucy Yamakamí]. São Paulo: Vida Nova,
1999.
MERRILL, Eugene. História
de Israel no Antigo Testamento. [Tradução: Romell S. Carneiro]. Rio de
Janeiro: CPAD, 2001.
PAPE, Dionísio. Justiça
e esperança para hoje: mensagem dos profetas menores. São Paulo: ABU
Editora, 2ª ed., 1983.
PRADO, José Luiz Gonzaga
do. O pastor de Técua: vida do profeta Amós. São Paulo:
Paulinas, 1987.
ROWLEY, Harold Henry. A
fé em Israel. [Tradução: Alexandre Macintyrel]. São Paulo: Editora
Teológica, 2003.
SINCRE, José Luís. Com
os pobres da terra: a justiça social nos profetas de Israel.[Tradução:
Carlos Feliciano da Silveira]. Santo André, São Paulo: Ed. Academia Cristã
Ltda; Paulus Editora, 2011.
VAUX, R. de. Instituições
de Israel no Antigo Testamento. [Tradução: Daniel de Oliveira]. São
Paulo: Editora Teológica, 2003
Nenhum comentário:
Postar um comentário