"Cristo
nos redimiu da maldição da Lei, tornando-se uma maldição para nós ..."
(Gálatas 3.13).[1]
O objetivo
dessa série é adquirirmos uma visão panorâmica do conteúdo de cada livro
bíblico explorando capítulo a capítulo. Vamos explorar juntos!
A epístola aos Gálatas[2] foi provavelmente a
primeira correspondência escrita pelo apóstolo Paulo a uma das muitas comunidades
que ele havia iniciando durante sua primeira viagem missionária. Esta correspondência
tem o tom pessoal, portanto está carregada de intensidade emocional. É uma das correspondências
mais ardentes e apaixonadas de Paulo. O melhor de tudo é que Gálatas é um dos
livros mais profundos quando se trata de entender a natureza e o processo da
salvação. Sem mais tardar vamos para o primeiro capítulo desta epístola
importante para a igreja primitiva e para a Igreja de todos os tempos.
Explorando
Paulo
estabeleceu a comunidade cristã na região da Galácia durante suas primeiras
viagens missionárias. Depois de deixar a área, ele escreveu a carta aos
Gálatas, pois, depois de sua saída algumas pessoas adentram no meio deles e
começaram a ensinar coisas estranhas à mensagem evangélica que o apóstolo lhes
havia anunciado.
Paulo começou a carta identificando-se
como autor, o que é importante. Algumas epístolas do Segundo Testamento não são
tão claras em identificar seu autor, mas Paulo se certificou de que seus
destinatários soubessem que o conteúdo da correspondência era dele. O restante
dos cinco primeiros versículos é uma saudação padrão para o seu dia.
Nos versículos 6-7, Paulo expressa
o principal motivo de sua correspondência:
Estou surpreso que vocês estejam tão longe daquele que os
chamou pela graça de Cristo e tão rapidamente se voltam para um evangelho
diferente não que exista outro evangelho, mas há quem os perturbem e querem
mudar as boas novas sobre o Messias.
O que havia acontecido é que
depois que Paulo partiu da Galácia, um grupo de “cristãos” judeus entrou na
região e começou a repudiar o evangelho da salvação [unicamente pela graça] que
Paulo havia pregado. Essas pessoas eram frequentemente chamadas de "judaizantes" porque alegavam que os
discípulos de Jesus deveriam continuar a cumprir todas as regras da lei do Primeiro
Testamento - incluindo circuncisão, sacrifício, cumprimento de dias santos e
mais.
Quando isso chega ao conhecimento
de Paulo sua reação é imediata, pois ele era completamente contra a mensagem
dos judaizantes. O apóstolo identificou imediatamente o que aqueles falsos
mestres estavam querendo fazer, transformar o Evangelho [da graça] em um
processo de salvação através de obras [da Lei]. De fato, os judaizantes desejavam
trazer o movimento cristão de volta a uma forma legalista do judaísmo.
Por essa razão, Paulo gasta
as primeiras linhas dessa correspondência
[capítulo 1] estabelecendo sua autoridade e qualificações como apóstolo
de Jesus. Paulo recebeu a mensagem do evangelho diretamente de Jesus em um
encontro sobrenatural (ver Atos 9.1-9).
Paulo havia passado a maior
parte de sua vida como estudante da Lei do Primeiro Testamento. Ele era um
judeu zeloso, um fariseu, e dedicara sua vida a seguir o mesmo sistema que os
judaizantes agora ensinavam. Desta forma, poucos conheciam como ele o fracasso
desse sistema legalista, especialmente à luz da morte e ressurreição de Jesus.
É por esta razão que Paulo
usou Gálatas 1.11-24 para explicar sua conversão no caminho para Damasco, seu
contato direto com Pedro e os outros apóstolos em Jerusalém e seu trabalho
anterior de ensinar a mensagem do evangelho na Síria e na Cilicia.
Verso Central
Como já dissemos, repito: Se alguém lhe anunciar um
evangelho contrário ao do que vocês receberam [através de mim], que a maldição
esteja com ele! (Gálatas 1.9).
Paulo havia ensinado
fielmente o evangelho àqueles primeiros cristãos da Galácia. Ele proclamou a
verdade de que Jesus Cristo estava morto e ressuscitou, para que todos os
homens pudessem experimentar a salvação e o perdão dos pecados como um presente
gracioso recebido pela fé - não como algo que eles poderiam ganhar através de
boas obras [esforço próprio]. E se tinha algo que Paulo não tolerava era aqueles
que tentavam negar ou corromper a verdade.
Aprendendo
v Como
comentamos acima, o tema central deste capítulo é a repreensão de Paulo aos Gálatas por dar ouvidos as ideias corruptas dos judaizantes. Paulo queria que não houvesse
mal-entendido - o evangelho que ele havia
anunciado/ensinado a eles era a única verdade, qualquer outro evangelho se constituía
em uma nefasta distorção da mensagem original.
v Paulo
deixou claro sua credibilidade como apóstolo de Jesus Cristo, pois uma das
maneiras pelas quais os judaizantes tentaram desautorizar o ensino evangélico
de Paulo era a de minar sua autoridade e desacreditar seu caráter apostólico.
v Os
judaizantes muitas vezes tentaram intimidar aqueles cristãos gentios e,
portanto nada conheciam da mensagem do Primeiro Testamento (Torá/Lei) tentando
impressioná-los com sua familiaridade e conhecimento das Escrituras.
v Paulo
queria ter certeza de que os gálatas entendessem que ele tinha mais conhecimento
da lei judaica do que qualquer um dos judaizantes. Além disso, ele havia recebido
uma revelação direta de Jesus Cristo sobre a mensagem do evangelho – e foi essa
a mesma mensagem que ele havia lhes ensinado, sem qualquer mudança ou distorção.
Utilização livre desde que
citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da
Religião.
Universidade Presbiteriana
Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
Outro
Blog
Historiologia Protestante
http://historiologiaprotestante.blogspot.com.br/
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[2] O termo Galácia foi usado tanto como
étnico quanto político na época de Paulo. Poderia se referir a duas regiões
distintas do Oriente Médio - o que os estudiosos modernos chamam de
"Galácia do Norte" e "Galácia do Sul". A nossa opção é pela
Galácia do Sul, pois entendemos que essa e não aos tessalonicenses se constitui
na primeira correspondência paulina das que foram preservadas no cânon neotestamentário.
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