Obedecendo as orientações de Jesus
antes de ascender aos céus, os discípulos permanecem em Jerusalém. Enquanto
aguardam tomam a decisão de recompor o núcleo apostólico, visto que Judas o que
traiu Jesus havia suicidado. Após um período de oração a escolha recaiu sobre
Matias. Então, Lucas o nosso guia nesta viagem nos convida para fazer uma turnê
pela cidade de Jerusalém e recordarmos um pouco dos últimos dias de Jesus na
cidade.
Desde sua conquista por Davi (1.000
a.C.) a cidade de Jerusalém adquiriu um lugar especial no coração dos judeus
que a denominavam de “cidade da paz”,
“cidade sagrada” e “Sião”. Ela fora uma cidade jebusita,
encravada nas montanhas da Judéia e no entroncamento entre o norte e o sul do
território israelita, de maneira que Davi com sua aguçada visão de liderança a
transformou no centro político e religioso unificando definitivamente a Nação.
De imediato ele providenciou que a Arca da Aliança (2Sm 6) fosse levada para Jerusalém
e depois deixou o projeto e os materiais necessários para a construção do
Templo (1Rs 8), que foi erigido por seu filho e sucessor Salomão. A cidade de
Jerusalém e o Templo passaram a ser o ponto convergente de toda a História
israelita/judaica e será nela que se cumpriram as profecias messiânicas que
acalentaram por séculos os corações e a fé piedosa de homens e mulheres como
Simeão e Ana.
A cidade de Jerusalém foi enaltecida
em versos e prosas na literatura do Primeiro Testamento (Sl 48.1-3, 12-13;
87.1-2; 122.1-3, 6-7; 137.5-6). Mas apesar dela ser tão amada os escritores
bíblicos tinham plena consciência de que nela havia a maldade e a intriga (Sl
55.9-11). O próprio Jesus quando de sua última visita à cidade – chora – “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas,
e apedrejas os que a ti são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus
filhos, como a galinha ajunta a sua ninhada debaixo das asas, e não quiseste!”
(Lc 13.34). E de fato a maldade se manifestara da forma mais cruel na morte do
próprio Jesus.
Nos dias dos acontecimentos
evangélicos a cidade de Jerusalém tinha uma população fixa de aproximadamente
40 mil pessoas, mas que durante as grandes festas do calendário judaico chegavam
a 500 mil pessoas que por suas ruas apertadas e vielas transitavam freneticamente.
Jesus percorreu em diversas ocasiões
as ruas apertadas e apinhadas de gente de Jerusalém. Certa vez ele caminhando “em Jerusalém, perto do Portão das Ovelhas”
(lado norte do Templo), foi até um tanque de água chamada “Betesda[2], rodeada por cinco colunas” (Jo 5.2) e ali curou um homem
paralitico a 38 anos.
Uma vez preso pela guarda do Templo,
Jesus é levado à casa do Sumo Sacerdote Caifás, que ficava na parte nobre da
cidade, também chamada de cidade alta (Jo 18.12-14). É nas sombras da madrugada
(qualquer semelhança com o STF não é mera coincidência) que Caifás e outros
membros do Sinédrio elaboram o processo contra Jesus.
“Havia um monte verde ao
longe, além da muralha da cidade, onde nosso querido Senhor foi crucificado e
morreu para salvar todos nós”
(Cecil Alexander).
|
Finalmente Jesus chega ao Gólgota
(Monte da Caveira) onde seria crucificado. Essa era uma forma cruel de matar os
inimigos do Império ou escravos fugitivos. No ano 4 a.C. em decorrência de uma
revolta judaica 2 mil pessoas foram crucificadas[5] –
tornando as palavras de Jesus “cada um carregue a sua cruz” muito mais intensa.
Para a mentalidade judaica a morte na cruz era sinal de maldição divina (Dt
23.34).
Parece que tudo havia terminado e os dois discípulos de
Emaús (lc 24.13-35) é um exemplo da tristeza e decepção que se abateu sobre
todos os discípulos de Jesus. Mas no alvorecer do Domingo (primeiro dia da
Semana) quando algumas mulheres tomadas pela dor e sofrimento foram ao tumulo
para prestarem suas últimas homenagens ao amado Mestre, eis que para surpresa delas
o tumulo estava vazio – Jesus havia ressuscitado!!
É justamente pelo fato de que Jesus ressuscitou que sua
história não termina na narrativa evangélica e Lucas precisou escrever um
segundo volume, narrando a continuidade dessa História que haverá de transpor a
região da Judéia, Samaria e alcançara em poucos anos todo o Império Romano e
posteriormente o mundo inteiro.
E convido você a juntos seguirmos o roteiro de Lucas e percorrermos toda esta trajetória até chegarmos na cidade de Roma a capital do Império. Venha!!
Utilização livre desde que citando a fonte
Guedes, Ivan Pereira
Mestre em Ciências da Religião.
Universidade Presbiteriana Mackenzie
me.ivanguedes@gmail.com
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Referências
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Tradução Eduardo Pereira e Ferreira, Lucy Yamakami. São Paulo, Vida Nova, 2006.
[1] Provavelmente ficavam no Vale do
Tiropeão.
[2] Esse foi um dos lugares reformados
por Herodes e suas águas passaram a ser tidas como curativas (semelhante ao
culto de Asclépio, conforme pratica em outras partes do Império Romano).
[3] A Páscoa (Pessach) e celebrada no
décimo quinto dia de Nisan (final de março e inicio de abril) dando inicio a Festa
dos Pães Ázimos. Era um dos três maiores festivais do calendário religioso
judeu do século I. Suas concorrentes eram a Festa das Semanas (Pentecostes –
acontecia no fim de maio); a Festa dos Tabernáculos (acontecia em outubro).
[4] Alguns estudiosos defendem que
Pilatos estaria na Fortaleza Antônia, junto com a guarnição romana.
[5] Ao menos outras duas revoltas foram
causadoras de novas atrocidades – 70 d.C. e também em 134 d.C.
Na verdade O Senhor Jesus fez o curso da minha Salvaçao a cruz era os meus pecados ELE os deixou cravados nessa , Gloriosa , cruz.AMEM
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